segunda-feira, 22 de agosto de 2005

Triste espectáculo

Os post do Prof. Massano Cardoso sobre a corrupção levam-me a fazer aqui um breve comentário sobre o triste espectáculo a que estamos assistir (e ainda a procissão vai no adro) na campanha eleitoral para as autárquicas. O estilo mudou radicalmente e, em vez dos habituais "mais saúde para o concelho" ou mais "mais qualidade de vida" surgem, sem grande distinção de partidos - infelizmente - as acusações veladas ao adversário.
Parece que o melhor que cada um tem a esperar dos seus autarcas é que não sejam corruptos, por isso se proclama "Mãos limpas" ou "Em boas mãos" ou outras subtilezas parecidas, como o "Polvorosa" ou "Seriedade", como se no momento do ajuste de contas se possa dizer alto o que se calou até então.
Confesso que não gosto do estilo. Se há coisas a denunciar, que se denunciem com frontalidade, para que se não repitam e sejam punidas, mas dar a entender que todos sabem mas que ainda assim se convive bem com isso é que realmente me repugna.
A política não se credibiliza pela negativa mas pela afirmação clara de princípios de conduta que depois têm que ser evidentes para a população.
Quem ande pelo País fora fica com a ideia de que somos um povo de acusadores anónimos, de "não-sei-se-estás-a-perceber..." , aumentando o descrédito e a suspeição sobre todos os que se atrevem a entrar "no meio".
Pode ser que ainda se corrija esta tendência, mas o que está à vista já é suficientemente mau para nos alarmarmos.

1 comentário:

  1. Meus caros já nada me surpreende...e a tendência é só para piorar! Mas a culpa só tem a ver com a inveja e a mesquinhez do nosso "povão"! Nós praticamos todos (ou quase) uma mentalidade do "...eu posso não estar bem, mas o outro não pode estar melhor que eu..." nem que para isso se tenha que meter uns paus nas rodas para que o outro caia da bicicleta.

    Desculpem lá, mas o que é que todos esperavam de um país cujas instituições funcionam com base na denúncia anónima. Quantos de nós já não foram incomodados nas nossas empresas pela SS (leia-se Segurança Social ), ou pela IGT, ou pela DGCI, ou outra qualquer instituição, que foram atiçados por um empregado, ou colaborador descontente com o patrão?

    O que é que se espera quando o Governo adianta que uma das medidas que pondera para o combate à fraude e à evasão fiscal pode passar pela criação de uma Hotline para onde um qualquer cidadão pode ligar e fazer denúncias anónimas e infundadas sobre outro cidadão ou empresa...

    Isto, a nível europeu é sem dúvida uma inovação, o que é grave é que como quase tudo o resto que inovamos neste país a nível político, é pela negativa!...

    É este o país em que nós vivemos, mas será este o país em que queremos ver os nossos filhos a viver?...

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