Estou estupefacto - o termo parece ganhar estatuto no discurso político português, substituindo a guterríssima expressão de "estou chocado" - com a entrevista do sociólogo Fernando Ruivo ao Público a propósito do caso Flegueiras. São autênticos mimos as teses deste coordenador do Observatório do Poder Local. Vamos a alguns exemplos:
"Aquela recepção foi também empolada pelo facto de se chamar Fátima. O culto mariano está muito entrosado na mentalidade das mulheres"
"...Fátima Felgueiras representa a luta contra o lado masculino do poder."
"Fátima Felgueiras aparece como salvadora do povo perante a crise, perante o mal, perante a desgraça, ..."
"É o já chamado "efeito Evita Perón".
"Nos casos de Gondomar e de Oeiras, o PSD resolveu entronizar uma regra que devia ser de ouro: quem é suspeito não se deve candidatar a cargos públicos".
"Por fenómenos semelhantes ao que estamos a atravessar, de recurso a mecanismos populistas em territórios com a identidade absolutamente esmigalhada, é que o nazismo e o fascismo chegaram ao poder."
Ao que se presta a sociologia! Mas é a coberto destas "autoridades científicas" que se promovem os maiores dislates que nem o senso comum se arrisca a avançar.
Pelo meio ainda ficamos a saber que "sem regionalização, as áreas metropolitanas transformam o país "num saco de gatos"" e "que os executivos monocolores são um perigo para a democracia".
Estou elucidado!
Para quando aqueles que andam sempre a falar de ética para os políticos se encorajam a exigir a mesma ética a quem julga, quem analisa, quem comenta, quem supostamente informa. Aí não é necessário haver ética? E, como diz a minha amiga Suzana Toscano, um pouco de "vergonha"?
Estupefacto, chocado, indignado e muitos mais são termos que qualquer um pode usar para expressar sentimentos próprios, apesar de, em alguns casos, se assobiassem para o lado era a mesma coisa.
ResponderEliminarE até podem, alguns, como no caso que refere, se deleitarem com teorias(abstrusas?). Há pessoas que gostam de se ouvir(ler)...
Mas, ao fim destes dias todos em que ouvi e li tanta coisa (tudo?) sobre este caso (nem triste, nem lamentável, nem infeliz, apenas caso), há só uma pergunta que me faço: É decente um país onde para se ser varredor é preciso apresentar uma certidão do registo criminal e para se ser candidato a presidende de câmara não? É que, à data da apresentação da candidatura, a senhora era uma foragida à justiça...
Não era por aqui que se devia começar?
SC-1 Fernando Ruivo-0 (e nem vale a pena dizer mais nada senão que... ainda bem que não li a entrevista, senão ainda ficava pior do que já sou!).
ResponderEliminarE já agora caro djustino, como diz a Suzana (mais precisamente uma amiga) não se esqueça que com vergonha não se chega a lado nenhum, o mundo é dos sem vergonha...
Infelizmente é assim que estamos.Ponto.
ResponderEliminarA Fátima Felgueiras representa a luta contra o lado masculino do poder? Não deixa de ser interessante. Acho que o estudo até deveria desenvolver mais. Por exemplo, o marido da Bárbara representa a luta contra que lado?
ResponderEliminarMuito intressante....
Verdadeiramente pós-moderno.
ResponderEliminarTambém li a entrevista e a princípio pensei que o homem estava a brincar, ainda que com um estranho sentido de humor...Mas depois lá tive que aceitar que afinal era a sério mas pensei então que o defeito fosse meu e me estivesse a escapar qualquer coisa que fosse suposto entender! Ainda bem que o David Justino e os nossos estimados "comentadores" tiveram a mesma dificuldade!
ResponderEliminarSabem o que é que eu acho verdadeiramente chocante?
ResponderEliminar...
É o tempo de antena que é dado a esta gente. A minha vontade é dizer que deviam ser fuzilados, mas isso não era muito democrático da minha parte e por isso não o posso dizer.
De facto. Era pouco democrático.
ResponderEliminarCaro Anthrax,
ResponderEliminarainda bem que não disse tudo aquilo que nós pensámos... não seria nada bonito...
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ResponderEliminarPois não... Não era nada bonito...
ResponderEliminarEspero que ninguém saiba disto em Bruxelas, senão amanhã lá vou eu ouvir mais piadinhas.
Reforçando esta última parte a que o djustino se refere e respondendo tb à marga, qual a diferença entre 2001 e 2005 de Fátima, Isaltino, Avelino, Valentim? Porque eram merecedores da confiança dos partidos a nível nacional, e local, e hoje não são? E, na realidade, a única diferença é que foram 'apanhados'! Não me tentem convencer que o ministério público descobriu algo que as estruturas locais do partido nem sequer desconfiavam, nem que as estruturas nacionais desconheciam completamente a coisa, porque é mentira. Se as acusações têm fundamento, o partido sabia a nível local, e nacional, e considerava que a coisa era aceitável até ao ponto em que alguém descobrisse. Ou seja, se a suspeita do tribunal tem fundamento, a suspeita do partido já existia muito antes. Logo, não é uma questão de ética, é uma questão de competência. Afinal, 'o incompetente' foi apanhado.
ResponderEliminarO brilhante observador do poder local parece ser cego à evidência. As populações estão-se nas tintas para a suspeita e, imagino, que mesmo provadas, se estariam na mesma. Porque os políticos são 'todos ladrões', como os partidos, com este tipo de atitude, fazem questão de provar todos os dias. Mas, pelo menos, 'aquele ladrão' faz qualquer coisa...
Se calhar é por observar o poder local que o observador não repara que o problema não é local. Agora, reforçando tb o que diz Pinho Cardão, se não vêm um boi à frente, observam o quê? A Evita de Felgueiras? Tenham dó...
Esta faz-me lembrar aquela tirada muito lógica que é:
ResponderEliminar"SE UMA ARVORE TOMBAR NO MEIO DA FLORESTA, MAS NÃO ESTIVER NINGUÉM POR PERTO PARA OUVIR, SERÁ QUE TAMBÉM FAZ BARULHO?"
Técnicamente a resposta é sim, mas na realidade não há ninguém por perto (ou seja provas reais) para provar que fez barulho... Isto é, cientificamente sabemos que o objecto (a árvore)tem peso e massa, e ao tombar por perder a sua base de sustentação que o seu embate com outro(s) objecto(s)/elemento(s) sólido(s) vai provocar ruído devido à energia libertada pelo choque (sendo que o ruído é uma forma de libertação de energia), tendo ainda em atenção que estamos num local onde há oxigénio (atenção que eu não sou nenhum cientista) então o ruído existe de certeza e propaga-se num certo espaço geográfico durante a libertação dessa energia, cessando quando esta libertação de energia termina. No entanto, e esta é a grande questão, se ninguém esteve por perto a confirmar esse ruído, poderemos nós dizer realmente que a árvore fez mesmo ruído, através de provas concretas, palpáveis e factuais, ou apenas podemos presumir a existência desse ruído em função do nosso conhecimento das leis da física e da nossa realidade sendo apenas essa uma hipótese (muito forte e provável), mas apenas uma hipótese?
Resumindo, em que é que ficamos, fez barulho, ou não?
Dr. D, desculpe lá mas não concordo nada consigo nesta última parte: «é a tese de que qualquer "suspeito" (repito, "suspeito") fique inibido de se candidatar a um órgão autárquico. Levado ao extremo, isto significaria que seria o Ministério Público, a Comunicação Social e as denúncias anónimas a escolher os candidatos.».
ResponderEliminarO argumento que está a utilizar é o que se chama, em técnicas de comunicação, a redução ao absurdo. E se formos por aí o argumento contrário, que já também foi usado, é o de que se de repente, os reclusos da prisão de Tires se lembrarem de arranjar um candidato autarquico, os resultados são muito melhores que uma precária. Assim a pergunta que se impõe é; o que é que é pior?
É que até a tolerância tem os seus limites e este tipo de situações, são daquelas que conduzem ao descrédito das e nas Instituições.
Olá bom dia Dr. D.
ResponderEliminarRealmente existem diferenças entre todas essas fases que referiu e também é verdade que - graças à extrema qualidade dos média que temos - já está tudo preso, julgado e condenado quando se está na fase de suspeito. E este é um problema que tem de ser resolvido em sede própria (ou seja com os próprios média, abstendo-me - eu - de dizer como).
Agora, não me parece que exigir determinadas garantias a candidatos a cargos políticos seja uma manifestação de totalitarismo (até porque tecnicamente não o é mesmo). Talvez por vicio das minhas funções (e pela minha tendência natural de estar sempre a fazer comparações), eu compare muitas vezes todas estas coisas aqueles que apresentam candidaturas a Programas Comunitários, nos quais - numa fase inicial - só pode acontecer uma de duas coisas:
1º - Os candidatos cumprem todas as regras de elegibilidade e a candidatura é aceite.
2º - Os candidatos não cumprem todas as regras de elegibilidade e a candidatura é, automaticamente, rejeitada.
Não há nada não-democrático nisto, nem há nenhuma forma de "populismo" barato. Uma coisa que costuma acontecer em Portugal e que não costuma acontecer nos outros países da U.E, é que no caso Português, quando se diz "Não", o candidato começa logo a "estrebuchar", mesmo tendo conhecimento das razões que conduziram a esse "Não".
O que é que eu quero dizer com isto? Muito simples, em Portugal não se cultiva uma coisa extremamente importante e que é, o principio da responsabilidade individual (quer seja dentro de uma instituição, quer seja fora dela). Aquilo que nós temos é uma cultura de irresponsabilidade transversal a todos os sectores da sociedade.
No que toca à legitimidade do Poder Político, uma das coisas mais fantásticas das democracias é, exactamente, o que diz respeito à legitimação do poder pelo voto dos eleitores. Nesta perspectiva, o «tio» Adolfo deve ter sido o homem mais feliz do mundo quando ganhou as eleições na Alemanha da década de 30. Imagine a felicidade que inundou o seu «petit coeur» quando os eleitores lhe legitimaram o poder.
Enfim... lá vou eu para Bruxelas.
Caro Antrax:
ResponderEliminarO princípio da lei ser igual para todos implica que o processo tem que ser diferente. Por exemplo, na FF prenderam a mulher na câmara, fizeram-na atravessar a praça principal sob detenção para ir fazer um interrogatório. Não foram os média que decidiram sobre este tipo de actuação, só o relataram.
Este episódio não é só uma violação do princípio básico da soberania popular, é uma violação do princípio básico da igualdade perante a lei. A este cidadão felgueirense de cabelo lacado, eleito por sufrágio livre, secreto, directo e universal, foi-lhe imposta a pena de perda do bom nome por livre arbítrio de um funcionário público que estava sentado do outro lado da praça ainda antes de saber que suspeitas recaíam sobre si. FACTO!
Isto é anti-democrático sob qualquer perspectiva. Isto é a ditadura do funcionário que impõe o poder do estado sobre a escolha do soberano.
Por ter havido casos como o tio Adolfo que se criou um conjunto pequeno de direitos individuais que não podem ser violados nem mesmo quando todos os outros entendem violá-los. Esse caso seria impossível hoje em dia. Não a sua eleição, mas as consequências que teve.
'Regras de eligibilidade' são das coisas mais absurdas que se podem ter. Tirando o princípio básico de que elegível é cada um de 'nós' (eleitores) regras de eligibilidade só servem para limitar que são os 'nós' que têm acesso ao poder. E chega-se ao Portugal de hoje com PM's que nunca fizeram nada na vida senão colar cartazes. Estes acabam sempre eligívies...
Regras de Eligibilidade são a defesa do status quo e o maior entrave ao progresso democratico de um povo. Morria alguém por ser eleito um recluso de Tires? Há valores mais altos a defender que uns quantos sacos autárquicos, por mais azuis que sejam.
Caro Tonibler,
ResponderEliminar1º Os média não precisam de ser defendidos porque se defendem muito bem sozinhos.
2º Sabe muito bem que os jornalistas não se limitam a relatar factos, porque se se limitassem a relatar factos, não havia nem noticias, nem polémicas.
3º O que é que é essa cena da "soberania popular"?
4º O funcionário público que estava sentado do outro lado da Praça, tinha (e tem) legitimidade para exercer determinado tipo de poder e exerceu-o. Se era bom, ou não, os cidadãos saberem que suspeitas recaiem sobre si, pois claro que era desejável, mas isso é um problema judicial que deve ser resolvido.
5º Não há nada de anti-democrático no exercicio de um poder que lhe assiste e que é legal. Porque se há alguma coisa de anti-democrático então esse poder deve ser retirado e o sistema deve ser repensado.
6º Não, isto não é a ditadura do funcionário que impõe o poder do Estado sobre a escolha do soberano, primeiro porque não estamos a falar de um "soberano" e segundo porque cabe ao Estado garantir a integridade das suas instituições e das pessoas que o representam.
7º Não. As regras de elegibilidade não são absurdas. Existem exactamente para fazer uma triagem e separar o que é "bom" do que é "mau". É tal e qual como o recrutamento e servem, exactamente, para que não existam PM's que a única coisa que fizeram na vida foi colar cartazes.
Finalmente, essa história do "entrave ao progresso democrático de um povo" é um discurso marxista-leninista com um cheirinho da Anarquia e se quiser entrar no âmbito da discussão das teorias e ideias políticas - como diriam os "amaricanos" - "bring it on!"
Caro Antrax:
ResponderEliminar1º Eu sei, mas não se deve pôr as culpas onde não estão.
2º Os jornalistas não se limitam a relatar factos, mas não são todos que os conseguem criar. Muito menos quando a sociedade não é dada a esse tipo de criação.
3º É a cena da democracia republicana. Só tem um soberano que é o povo. Deve estar no 1º ou no 2º artigo da CPR e de todas as constituições ocidentais.
4º Tem a legitimidade indirecta dada pelo estado. O presidente da câmara tem legitimidade directa dada pelo povo.
5º Sim, deve ser repensado. Mas a lei dá-lhe uma amplitude grande de actuação confiando no seu bom juízo. Se o juiz faz tudo da mesma maneira, independentemente das características do cidadão, então poupa-se umas centenas de contos valentes e troca-se por uma play station que é o melhor instrumento para fazer sempre a mesma coisa.
6º Até há um bocado, o povo era o soberano da República Portuguesa. O estado é apenas um instrumento que o soberano usa em seu proveito.
7º Pois, só que para se cumprirem os princípios básicos da sociedade democrática, o universo de recrutamento não pode ser limitado por outros. É essa a diferença entre uma sociedade democrática e uma ditadura empresarial. E o resultado factual da 'selecção', entre incompatíveis e impossíveis, são PM's que a única coisa que fizeram na vida foi colar cartazes. Aliás, o resultado inevitável numa democracia é que sempre que se desrespeita as dinâmicas da sociedade, cai-se no contraproducente.
Finalmente, o progresso democrático de um povo é o objectivo de todas as sociedades democráticas ocidentais. Se isto é anarquista ou marxista-leninista, há um hemisfério terrestre inteiro por classificar...
Caro djustino:
ResponderEliminarAlgumas achegas aos pontos que indicou,
1.Suspeito é nada. Aliás, por definição, todos nós somos suspeitos tirando os notários (que curiosamente são aqueles que subornamos para certificarem mais depressa a nossa seriedade....). Por isso nos tiram impressões digitais, dão-nos um número, reconhecemos assinaturas, certificam a nossa honestidade fiscal,.... Todo português é, até prova escrita emitida por entidade competente, um ladrão.
3. Não vejo vantagem prática na limitação de participação política a quem está limitado dos outros direitos individuais. Só vejo uma excepção que abre a porta a outras excepções.
5. Não é uma questão de matar o mensageiro. Existe alguém cuja função é revelar o que está escondido e alguém cuja função é garantir que o que é para estar escondido é de facto escondido. É absurdo que quando aquilo que era para estar escondido, deixa de estar, a culpa passa a estar do lado de quem tem por objectivo revelar. No caso da Guarda em que se condenou uma jornalista local por revelar parte do processo contra o Curto ninguém se preocupou em responsabilizar quem deveria ter mantido o segredo. Mas a profissão dela era de facto revelar...
6. e 7. Como disse ao Antrax, tudo depende da receptividade que a sociedade tem a este tipo de linchamento. E essa receptividade está relacionada com a ansia de que a justiça resolva aquilo que é óbvio. E o óbvio é que os partidos políticos recebem por fora, como confessaram já inúmeros dirigentes, incluindo o actual Presidente da República. Se formos a ver, a sociedade é receptiva a este linchamento com industriais do norte nos casos fiscais, nas irregularidades dos políticos, mesmo naquilo que é ridículo (como no caso do Vitorino), mas quando envolve outro tipo de pessoas ou assuntos, já não se vê essa receptividade. O caso do Ferro Rodrigues , do Carlos Cruz ou do Paulo Pedroso, por exemplo.
O facto é que se um político entra na suspeita do ministério público, a justiça 'já funciona'. Não porque a pessoa em causa seja comprovadamente ladrão, mas porque os políticos são comprovadamente ladrões.
Bem sei que há uns e há outros, mas a percepção não é pelo individual, é pelo colectivo. E a percepção que a população tem do colectivo dos políticos, podendo não ser justa, é correcta. É uma chatice, mas a população não tem que ser justa. E os média dão à população aquilo que a população quer.
Agora, podemos insistir que o problema está na população e nos média, mas não está. Está no sistema partidário que vai vivendo dos esquemas de financiamento, impunemente, deitando fora os angariadores conforme vão sendo 'apanhados'. E enquanto os individuos que participam de livre vontade nessas estruturas que chamamos de partidos (e que os fazem)continuarem a fechar os olhos ao que é óbvio, que aquela estrutura de que fazem parte não pode viver, como vive, de forma regular, arriscam-se a ter o nome na lama. Porque mesmo que a justiça funcionasse como um relógio suiço, se qualquer político suspeito é ilibado, 'a justiça mais uma vez não funcionou e os poderosos safam-se sempre'.
É claro que nada disto é justificativo para que o indivíduo passe o que passa. É apenas a minha visão da causa para que tal aconteça.
Olá olá!
ResponderEliminarÉ verdade, estou de volta. E se querem saber, estava frio em Bruxelas. Tirando isso, a reunião não serviu para nada (o que não é assim tão surpreendente quanto isso).
Ora, eu tinha ficado pendurado na conversa com o Tonibler e parece que já estamos a chegar a algum lado, apesar de eu ter achado que a minha abordagem foi um bocado bruta (estava com um bocado de pressa, pois tinha um avião para apanhar, mas não me queria ir embroa sem dizer alguma coisa).
Bom de qualquer das formas, penso que o ponto mais importante que focou é o 4º e que vai na mesma linha de pensamento do Dr. D. O confronto entre dois tipos de "legitimidade" um por inerência de funções, outro por eleição directa.
Não vou discutir qual é que é o mais importante ou não, pois considero que ambos são importantes ao seu proprio nível. A única coisa que posso, eventualmente, dizer é que existe uma hierarquia e o poder local está no fundo da cadeia alimentar.
Quanto à história da "soberania popular", o povo não é soberano de coisa nenhuma. Isso é apenas mais uma figura de estilo. Ao "povo" é apenas dado o direito de escolher os seus governantes e, a julgar pelo nível de abstenção, até nisso o "povo" anda a falhar. Para além disso, o Estado não é um instrumento que o soberano (a.k.a o povo) usa em seu proveito e Deus me livre, que comecem todos a pensar assim.
E já que mencionou os principios básicos da sociedade democrática, gostaria de ouvi-lo dizer, no seu entender, quais são esses principios (sem citar os principios gerais da Carta da ONU, da CRP, ou de outra constituição qualquer, porque esses eu já conheço e também já os estudei).
Quanto à limitação do universo do recrutamento, através de regras, ainda não consegui perceber o que é que isso tem de ditatorial. Pergunto-lhe, o individuo tem ou não a liberdade de decidir se aceita ou não aceita as regras? Todas as acções têm reacções e têm consequências, isso é um principio básico aristotélico.
No que toca aos argumentos do Dr. D, apenas tenho a dizer que não discordo do que disse apesar de fazer uma pequena ressalva no ponto 2. O facto de um individuo ser suspeito do que quer que seja, não deve implicar uma limitação nos seus direitos excepto nos casos em que se esteja a candidatar a cargos públicos.
É claro que lançar suspeitas em Portugal é fácil. Sempre foi, desde a altura da inquisição. E sabe qual é uma boa maneira para acabar com isso? Investigar primeiro o denunciante e depois o denunciado.
No que diz respeito ao seu ponto 7. Foi o Dr. D que disse. Eu cá não disse nada, mas assino por baixo.
Quanto aquela questão sobre o ensino profissional. Ainda falta um tempinho até ao próximo QCA, mas cá para mim a história da redução do apoio comunitário é mesmo a sério independentemente do facto da Comissão estar toda virada de pantanas (está mesmo, eles andam um bocado baralhaditos).
Antrax:
ResponderEliminarAquilo que pode dizer é que não concorda com a existência autarquias locais e, se calhar, até concordamos. Mas existem, e são eleitas directamente pelo povo, o que significa que têm uma legitimidade superior à do próprio governo. Não estão no fundo da cadeia alimentar, pelo contrário. A única forma que o governo central tem de as controlar é pelo estômago e, mesmo assim, às vezes.
No resto, parece-me que os nossos conceitos de democracia diferem de tal forma que não consigo responder a tudo aqui. Vamos abrindo threads nos nossos blogs para não andar a chatear as pessoas. Vou avisando.