Hoje viajei uma boa parte do dia e ouvi um número infindável de noticiários da rádio.
A grande notícia era a vinda de Bill Gates a Portugal.
Vinha para impulsionar o Plano Tecnológico, diziam umas notícias, para proferir uma Conferência, no âmbito da administração pública, destinada a Membros do Governo e Autarcas, enfatizavam outras, ou ainda para assinar um Protocolo com o Governo, no quadro de formação em informática ou para ser condecorado pelo Presidente da República.
Pelo teor e tom das notícias, comecei a desconfiar que o tratamento dado à vinda de Bill Gates estava a traduzir, de forma esplendorosa, o poder de influência na informação das Assessorias de Imprensa, desde a da Presidência da República, à do Gabinete do 1º Ministro ou à do Ministro que tem a seu cargo a Reforma Administrativa, e que os diversos editores dos vários jornais radiofónicos se estavam a limitar a gerir as diversas versões do acontecimento recebidas das várias Assessorias de Imprensa.
Com efeito, cada qual, à sua maneira, procurava explorar, em proveito político próprio, a vinda de Bill Gates.
Ao fim do dia, vim a saber, por um jornal, que o objectivo da vinda de Bill Gates a Portugal foi a participação na Conferência Anual Europeia da Microsoft, tendo os outros factos sido agendados à margem desse evento.
Se os nossos políticos não olhassem apenas para o seu umbigo, veriam que acontecimento importante a ser enfatizado era a capacidade que Portugal e a Microsoft revelaram quanto à realização daquela Conferência em Portugal.
Essa realização é que é o factor importante.
Esquecer isso e dar ênfase à condecoração, à conferência e ao apoio para a formação é a forma lamentável encontrada para patentear o espírito existente de mão estendida e de eterna pedinchice.
A grande notícia era a vinda de Bill Gates a Portugal.
Vinha para impulsionar o Plano Tecnológico, diziam umas notícias, para proferir uma Conferência, no âmbito da administração pública, destinada a Membros do Governo e Autarcas, enfatizavam outras, ou ainda para assinar um Protocolo com o Governo, no quadro de formação em informática ou para ser condecorado pelo Presidente da República.
Pelo teor e tom das notícias, comecei a desconfiar que o tratamento dado à vinda de Bill Gates estava a traduzir, de forma esplendorosa, o poder de influência na informação das Assessorias de Imprensa, desde a da Presidência da República, à do Gabinete do 1º Ministro ou à do Ministro que tem a seu cargo a Reforma Administrativa, e que os diversos editores dos vários jornais radiofónicos se estavam a limitar a gerir as diversas versões do acontecimento recebidas das várias Assessorias de Imprensa.
Com efeito, cada qual, à sua maneira, procurava explorar, em proveito político próprio, a vinda de Bill Gates.
Ao fim do dia, vim a saber, por um jornal, que o objectivo da vinda de Bill Gates a Portugal foi a participação na Conferência Anual Europeia da Microsoft, tendo os outros factos sido agendados à margem desse evento.
Se os nossos políticos não olhassem apenas para o seu umbigo, veriam que acontecimento importante a ser enfatizado era a capacidade que Portugal e a Microsoft revelaram quanto à realização daquela Conferência em Portugal.
Essa realização é que é o factor importante.
Esquecer isso e dar ênfase à condecoração, à conferência e ao apoio para a formação é a forma lamentável encontrada para patentear o espírito existente de mão estendida e de eterna pedinchice.
Concordo consigo, Pinho Cardão,quem ouve as notícias pensa que Bill Gates veio a Portugal no âmbito da alínea yy) do Plano Tecnológico e a trabalhar para o Governo. Mas há que reconhecer que a oportunidade foi aproveitada com mão de mestre e que o Governo se saiu muito bem deste número...!
ResponderEliminarhttp://braganza-mothers.blogspot.com/
ResponderEliminarA Visita da Nova Senhora
A América Fundamentalista não gosta de Bill Gates.
Decididamente, esse misto de sucesso e peter-panismo permanente não condiz com os urubus, os abutres e as aves agoirentas da obscenidade religiosa: de Meca àquele célebre rancho do Texas, toda a gente sabe que um bom computador ligado à Net pode, hoje, provocar mais revoluções do que um ídolo ultrapassado, de um homem -- que consta era boa pessoa, não tivesse sido tão deturpado -- pendurado numa cruz, e com falta de 3 dias de banho.
A América Fundamentalista já criou os seus exilados: soa-lhe mal que um dos homens mais ricos do Mundo se preocupe com as causas periféricas, os problemas da Margem, a dinâmica das Minorias. Esse homem chama-se Bill Gates, e não tem o cheiro a ranço de Bush, Rumsfeld e quejandos. Ele aporta agora à Velha Europa, ao lado das vozes dissonantes de Chomsky e Gore Vidal. Todavia, a Velha Europa já não é o que era: falha de ideias, inventou o seu próprio fundamentalismo, a xenofobia dos salões de chá, as ultra-direitas que limam abertamente as unhas em governos escandalizados, a Opus Dei, que se instala por tudo quanto é Meridião e Europa de Leste.
Durante as Guerras Religiosas, enviámos para o Novo Mundo os radicalismos protestantistas. Para quem leu o velho Antero, uma das causas fulcrais do atraso da Europa Mediterrânea foi a quase inexistência da Reforma, e o colorido sufoco do Barroco Contra-Reformista.
400 anos depois, o processo inverte-se: é a América anquilosada que despeja agora, nas costas da Velha Mãe, os seus sobejos mal vistos. Bill Gates é um sobejo, mas que sobejo: nas suas aparelhagens, ele traz a ideologia inteira subjacente a qualquer tecnologia. Não é por acaso que as Mães de Braganza de todo o Mundo, chamem-se elas América, Cuba, Arábia Saudita, Irão, Coreia do Norte ou China, têm mais medo da Internet do que o Diabo da Cruz.
Bill Gates decidiu investir em força em Portugal. Nós estamos de parabéns: contra o ranço do Crucifixo, brandiremos com a Banda Larga e Hiper-Larga; contra o conservadorismo dos "Abruptos", lançaremos uma cultura universal de blogues numa das mais faladas línguas da Ecúmena Terrestre; contra Maria Cavaco Silva, sonharemos com a Senadora Clinton. Sempre que nos falem de Opus, nós responderemos Windows Vista; sempre que se cite Balaguer, nós citaremos a wikipedia; sempre que Bento XVI gema pragas contra o corpo, nós avançaremos com uma Lan-Party de web-cams e sexo ao vivo.
Estou-me nas tintas com ser tornado numa Colónia Tecnológica da América de Vanguarda. Dentro de alguns anos, haverá um portátil em cada Sacristia, e uma Bíblia digital -- coisa espantosa, uma Bíblia, um dos mais magníficos textos poéticos da génese humana -- não fosse permanentemente lida e interpretada por um infame bando de porcos, cuja única preocupação é tornar a vida dos outros num Inferno.
A Microsoft está a perder terreno nas economias emergentes como a China, Brasil e a India por intervenção dos governos desses países que passaram o funcioamento das adminitrações públicas para software aberto. A lógica que esses governos usaram foi a de que embora esse software acarte maiores custos de manutenção, esses custos são sobre mão-de-obra nacional e não uma qualquer em Seatle. Assim, o investimento em tecnologia que fazem é interno. A prazo, uma vez que as administrações públicas estão com software aberto, as universidades vão formar as pessoas neste tipo de software, que começa a ser comum e os seus custos de operação cada vez menores. Ou seja, o segredo do sucesso da...Microsoft.
ResponderEliminarPela lógica, a Microsoft vai ter grandes dificuldades em inverter este estado de coisas nestes países, até porque os governos são muito interventivos na economia. E, também pela lógica, cabia à Microsoft travar desde já esta "moda". Onde? Nos países mais pobres da Europa e onde o estado tem maior intervenção. NÓS!
A visita de Gates, a conferência, os programas de ajuda, são compensações, contrapartidas. Nisto devemos elogiar o governo português (em geral). O vulgar seria que a Microsoft conseguisse a mesma coisa com uma doação irrisória a dois partidos.
Quanto é que a Administração Pública gasta anualmente com licenças Windows e Office?
ResponderEliminarE se escolhesse o Linux e o Open Office quanto pouparia?
É que o choque tecnológico é compatível com controlo do despesismo...
Grande Marco! E contra factos não há argumentos.
ResponderEliminarTirando isso, caro Pinho Cardão como se costuma dizer "O exemplo vem de cima" e se assim é, que "moral" têm esses senhores para conduzir uma política que vai no sentido de acabar com a "pedinchisse" dos indíviduos quando depois é o Estado que anda a "pedinchar" a terceiros?
Estou perfeitamente de acordo consigo.