terça-feira, 31 de janeiro de 2006

Tinta visível


Causou alguma surpresa o lançamento do livro de Pacheco Pereira "Quod est Demonstrandum" logo a seguir às eleições. Conforme ouvi o autor explicar em entrevista à televisão, a compilação de todos os textos que escreveu e publicou ao longo do período em que as presidenciais foram tema teve como objectivo permitir uma avaliação global das suas opiniões (não estou a citar, é a minha interpretação). Uma espécie de responsablidade assumida pelo que disse e influenciou, como analisou e previu, por considerar que as opiniões expressas pelos comentadores ou analistas devem depois ser confrontadas com a realidade que veio a verificar-se.
É um exercicío de seriedade e responsabilidade pessoal mas também uma forma exigente de lembrar que quem quer ter influência e ser ouvido não pode ver diluido o que disse depois de passado o momento, deixando à memória vaga do público a sucessão de intervenções.
Pacheco Pereira não precisava deste exercício que sublinha a sua exigência intelectual. Por isso o seu exemplo tem ainda mais força, pode ser que crie o precedente para muitos analistas mais preocupados em chocar ou criar polémicas instantâneas do que em contribuir para criar um pensamento ou avaliar uma situação.
É a diferença entre quem quer marcar com as suas intervenções e os que opinam usando tinta invisível...

2 comentários:

  1. Essa é uma visão da coisa. Outra é tentar ganhar mais uns cobres sem ter mais trabalho....:)

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  2. Também não vejo mal nenhum nisso e, se fosse só vantagens, certamente não teria sido o primeiro a ter esta iniciativa =)!

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