Um dos maiores problemas da nossa sociedade prende-se com o endividamento das famílias. Dizem os entendidos que os portugueses não só deixaram de poupar como também não conseguem pagar o que devem. Na base deste comportamento está o desejo de atingir certos objectivos e a aquisição de vários produtos, símbolos de um consumismo frenético, motivado por razões evidentes aliado a uma facilidade de crédito que, por vezes, brada aos céus.
Muita da tristeza e sofrimento das pessoas estão associados à incapacidade de alcançar um determinado status social. A sociopatologia está presente de uma forma muito vincada entre nós. Claro que não é com ansiolíticos ou até antidepressivos que se resolvem as coisas. Os rendimentos das pessoas não lhes permitem atingir os seus desideratos e, em muitos casos, lá têm de se endividarem para que, nem seja momentaneamente, possam desfrutar da mesma sensação que os mais ricos.
A sensação ou a realidade que alguns têm de serem mais ricos que os seus amigos é fonte de felicidade!
Um estudo efectuado por um sociólogo norte-americano demonstrou que a riqueza relativa é mais importante do que a riqueza absoluta. Os resultados mostram que, quanto mais ricas são, relativamente aos seus familiares e amigos, maior é a tendência para serem felizes. Deste modo, o crescimento económico dos povos mais ricos não é relevante para a felicidade geral. Pode, segundo o autor, estimular o consumo, de modo a manter um determinado nível de “felicidade”. Podemos interpretar este fenómeno como mais uma dependência semelhante a muitas outras que pululam por aí.
Talvez possamos agora interpretar o “faz de conta” de algumas pessoas, aparentando serem mais ricas do que os amigos ou familiares, com a necessidade de procurar uma sensação de “felicidade”. Como todos querem ser felizes… cria-se uma onda perigosa, em que muitos não conseguem manter a artificialidade social e outros, mais cuidadosos, não querem entrar neste jogo. De qualquer forma, as manifestações de sofrimento, mal-estar e, nalguns casos, de patologias muito complexas traduzem-se em realidades indiscutíveis, que nos batem à porta a fim de as resolvermos. Não é muito fácil, como se compreende.
Resta-nos a consolação, ainda de acordo com o mesmo estudo, que a saúde física constitua o factor mais importante para a felicidade de qualquer um. Nada de novo, podemos dizer. É verdade. Todos temos essa percepção. O reforço da tónica deste último aspecto pode, em parte, contrariar as outras variáveis sociológicas.
Afinal ter saúde é muito mais importante do que ter amigos pobres…
Do rendimento declarado...
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