sábado, 1 de abril de 2006

Couves & Alforrecas

O João Pedro George - esclareça-se, desde já, que foi meu aluno e é meu colega na UNL - ousou desmontar a obra de uma escritora, Margarida Rebelo Pinto, e apresta-se para publicar o resultado do seu trabalho. Mais do que exercer o seu ofício, João Pedro George ousou vir dizer em público aquilo que todos sabem, mas poucos afirmam: não há crítica literária em Portugal. Aquilo que se publica na maior parte da comunicação social portuguesa são testemunhos sobre livros, impressões de leitura, notícias de lançamento, pré-publicações e outras formas de divulgação da edição literária. Agora, crítica literária não há!
É precisamente porque essa crítica não existe que a iniciativa de João Pedro George teve algum impacto. Mas a origem da polémica teve uma ajuda decisiva: a própria Margarida Rebelo Pinto e a sua editora que tratando a crítica como uma afronta se apressou a apresentar queixa em tribunal e a recorrer a uma providência cautelar para inviabilizar a edição crítica.
Ainda não li em lado nenhum a refutação das críticas de João Pedro George. Da autora e do seu editor não vi qualquer contestação quanto ao conteúdo da referida crítica. Apenas a indignação compreensível mas não fundamentada e o acto inadmissível de tentar calar a expressão de liberdade de opinião e de crítica.
Em 30 anos de regime democrático pode-se aceitar a inexistência dessa crítica literária - é o reflexo dos limitados horizontes das nossas "élites" culturais - mas só se pode repudiar a tentativa de calar uma das poucas tentativas de romper com o status quo.

16 comentários:

  1. caro Professor DJ,post oportuno que podia ser complementado com o post do caro Pinho cardão sobre cinema.A "cultura Portuguesa"é um jogo completo de tráfico de influências.Vertices?a comunicação social, o ministério da cultura e "os criadores".objectivos:os valiosos prémios literários ( como o atribuido esta semana a batista bastos..)-em que parece que são sempre os mesmos que recebem esses prémios e em que os juris dos diversos prémios umas vezes são galardoados e outras os galardoados são juris... -,os subsidios do MC,as bolsas da Academia...enfim..o vil dinheiro..Tudo sobre o olhar dos mandarins do regime -Eduardo Prado Coelho,Mega Ferreira-que fazem e desfazem Carreiras graças ás influências e ás tribunas que tem na comunicação social e nos partidos.
    Eu cá Cinema Português só vou ver quando estou com insónias,se existe algum cd que me interesse quebro a lei e faço o download da net.Livros,se houver algum interessante ainda penso em comprar..

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  2. Caro djustino,

    Não podia discordar mais!

    O seu colega JP George terá certamente o talento que tem, que desconheço, mas deve ter algum. Mas, que eu saiba, muito pouca gente lhe deu valor ao ponto de gastar dinheiro num livro dele. Isto de dizer que tem valor é uma coisa, trocar por dinheiro é outra.

    E os factos dizem que há muta gente a dar valor à Margarida Rebelo Pinto ao ponto de darem dinheiro pela obra dela. Tem esse valor? Bem, as pessoas acham que sim. O seu colega também, até se deu ao trabalho de escrever sobre ela.

    Agora os factos estão aí, ninguém dava o dinheiro pela obra de JP George, que dava pela de Margarida Rebelo Pinto, até ao dia em que JP George resolveu escrever sobre Margarida Rebelo Pinto. A causa- efeito é óbvia e logo o dinheiro devia ser para a segunda e é perfeitamente compreensível que a editora e a senhora ponham o seu colega em tribunal.

    Na minha opinião pessoal, acho deplorável que se parasite assim o nome alheio, como certamente ficaria se visse alguém a ganhar dinheiro por ser anti-justino.

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  3. What did you say, Tonibler?!

    Will you say it once more, please?...

    Thanks in advance.

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  4. Não sei se sabem, mas o próximo livro de Margarida Rebelo Pinto vai ser lançado no próximo dia 12. O timing escolhido pelo JPG não é talvez alheio a isso, mas a providência cautelar pode de certeza ser uma grande ajuda de promoção para a escritora e não me admirava que tivesse tido essa a intenção. É preciso não esquecer que MRP nunca escondeu que, ao contrário da maioria dos escritores, "vende livros". Que melhor acção de notoriedade poderia ela ter nesta altura?

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  5. Caro Jorge Lúcio,

    Pode ser vulgar, como várias coisas bstante mais condenáveis.

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  6. Concordo com o David Justino, que não faz qualquer apreciação da obra de MRP, apenas defende a existência de crítica literária, seja para elogiar ou para demolir...Não conheço os termos da crítica em questão, embora o título não seja muito simpático, mas a verdade é que, se os livros vendem porque as pessoas gostam dles, vão certamente continuar a vender-se por muito má que seja a crítica. É uma opinião, qual é o problema? Já é grave se houve calculismos nisto tudo, se as publicações e opiniões se "marcam" uma à outra para tirar proveitos, mas, descontada a estratégia, ficam os livros:os de MRP, para quem aprecia o género, e os do crítico, para quem vê confirmadas as suas preferências.Por isso acho a providência cautelar absurda e subscrevo a opinião deste post.O mercado fará o resto...

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  7. Vi ontem no telejornal a entrevista com o João Pedro George e não podia estar mais de acordo (de acordo com ele e com o Dr. D).

    De facto, não há crítica literária em Portugal e num país (cujo mercado dos livros vai mal, segundo dizem), que lança não-sei-quantos livros por semana, isso quer dizer que tudo o que vem à rede é peixe (seja bom ou mau). A crítica que o JPG faz é muito positiva e devia ser sempre bem vinda porque é através dela que os autores evoluem na sua escrita (ou não).

    Tenho a sensação que em Portugal, somos desde cedo estimulados a não aceitar as críticas e isto é algo que está, inclusivamente, inerente ao nosso sistema de ensino desde o básico ao superior. Toda a crítica, assuma ela a forma que assumir, é encarada no sentido da punição. Nunca é encarada no sentido de constituir uma ferramenta útil para corrigir eventuais desvios.

    É claro que tanto a autora como o editor têm direito à indignação e acima de tudo têm o direito à refutação, mas não têm o direito de inviabilizar a publicação de um livro porque se trata de uma crítica e eles não gostam.

    Relativamente aos livros da Margarida Rebelo Pinto, aqui há uns anos atrás li um dos seus livros e posso dizer-vos o seguinte: foi uma experiência francamente aterradora. Mas a verdade é que os livros, da senhora, vendem.

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  8. Oh camarada Anthrax,

    o mercado dos livros vai mal porque não há crítica literária? E o JPG é que define o novo standard do que é ou não boa escrita?

    Que eu saiba quem define isso é que mete o dinheiro para ler os livros, não quem se acha acima dos gostos do ignaro povo. (ler os posts do camarada Pinho Cardão sobre o cinema e o teatro subsidiados).

    Aquilo que o senhor em causa está a fazer é meramente parasitar um nome, que não é dele, para obter um proveito que não consegue pelos mesmos meios que a pessoa que está a criticar. Ele não está a fazer uma crítica num jornal em que ganhava por criticar a MRP ou o Camões. Está a tentar obter proveitos pela venda de uma crítica, proveitos esses que não consegue pela crítica aqui ao Toni ou aos escritos do camarada Anthrax, por exemplo.

    Eu nunca li nada nem de um, nem de outro (só leio livros com bonecos e jornais desportivos!). Mas isto não tem volta, é parasitar um trabalho que não fez usando um nome que não tem. Eu faria o mesmo da MRP e da sua editora, embora as possibilidades de sucesso sejam escassas. De qualquer forma JPG ganhou o nome que não tinha, não sei é se era isto que ele queria...

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  9. Ó camarada Tóni...

    É claro que o JPG não define o que é que é bom e o que é que é mau, fazer juízos de valor não é da sua competência. Aquilo que ele faz é, simplesmente, demonstrar determinados factos. Cada um tirará as ilações que bem entender. E isso é que é a crítica.

    Oiça lá, quantos livros apareceram no seguimento daquela maravilha da literatura denominada "Código de da Vinci" (que aliás, aquela obra de arte e os livros da MRP andam ela por ela - Nota: Isto é um juízo de valor encoberto por uma ironia)? Uns de sustentação à teoria invocada, outros de crítica, já para não dizer que o autor foi acusado de plágio e está (ou esteve) a responder perante um tribunal britânico.

    E quem foi que lhe disse que o JPG não pode ganhar dinheiro criticando os meus escritos ou os do amigo Tóni? Só não pode se não quiser, porque nada o impede de fazer um bom trabalho sobre os diversos estilos de escrita nos blogues ( e desde já digo que devia ser bem interessante), e publicá-lo. Por isso, não, não acho que isso seja "parasitar" sobre um trabalho. Muito antes pelo contrário, é um trabalho bastante pedagógico e se dá dinheiro, tanto melhor.

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  10. Gostei da ironia, anthrax, eu também não achei piada nenhuma ao Código da Vinci, só acabei de ler por não gostar mesmo nada de deixar um livro a meio...

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  11. De facto o livro é mesmo mauzito amiga Suzana, mas há que ver o lado bom das coisas, talvez o filme seja bonzito.

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  12. Fico à espera da sua opinião para decidir se vou ver ou não :)

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  13. tal como a suzana não gostei do livro e só o acabei porque não gosto de deixar de um livro
    a meio.Quanto ao filme..uhmmm..Bem quanto estava a ler o livro sinceramente Tom Hanks não era a pessoa que estava a pensar que iria ser escolhido.estava a pensar numa pessoa mais cerebral e mais frágil tipo Matt Dammon.Audrey Tautou?tem de ser alguem famosa,francesa..ou era ela ou Juliette Binoche.Gosto muito desta ultima e da sua beleza..talvez a idade tenha sido o factor que pesou..mas quando se vé Anjelina Jolie a fazer de mãe de Collin Farrel no recente Alexandre o grande..

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  14. ... pois, é de ir às lágrimas. Não sei onde é que o Oliver Stone estava com a cabeça quando fez uma coisa dessas. De qualquer forma, a única coisa que escapa no Alexandre o Grande é a batalha de Gaugamela, porque de resto, valha-nos Deus!

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  15. ...caro anthrax,não quetenha havido algum problema no casting com Angelina Jolie para Alexandre .é uma Bela actriz e uma actriz bela.hehe

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  16. Claro que não! A moça é bastante composta, tem muitos atributos, qualidades e é muito dedicada a acções humanitárias.

    Não é para quem quer, é para quem pode.

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