Hesitei quanto à publicação no 4R do presente escrito, mas ele aí vai, como comentário à penúltima nota do Vítor Reis e para tentar separar o trigo do joio nesta ceifa desgraçada da política.
Fui Deputado durante três anos, de 2002 até ser “dissolvido”, em 2005, pela temível dupla SS (nada de más interpretações, trata-se apenas do dueto Santana, Sampaio…)
Não filiado então em qualquer Partido, mas desde sempre apoiante convicto do PSD e do seu ideário, anuí ao convite que me foi feito, em época de renovação, para integrar as suas listas. Fi-lo com gosto, pois era uma tarefa de serviço público que tinha em mente poder um dia desempenhar, quando e se tivesse autonomia profissional e independência financeira para o fazer.
Tendo-se conjugado essas condições em 2002, fui Deputado. Fui-o em “full-time”, pois só assim se pode desempenhar bem tal tarefa e julgo que tudo fiz para cumprir o meu dever.
Participei directamente em dezenas de debates no plenário, muitas vezes como principal interveniente do PSD; participei assiduamente nos trabalhos das Comissões a que pertencia (Economia e Finanças e Execução Orçamental), sendo Relator de um elevado número de pareceres, alguns deles bastantes “pesados”, como os referentes à Conta Geral do Estado, à RTP, à Orientação da Despesa Pública; apresentei e subscrevi Propostas de Resolução da A. R., nomeadamente uma sobre a elaboração e a transparência da Conta Geral do Estado. Recebi Associações Patronais e Sindicatos; assisti ao meu Círculo Eleitoral e dei a minha contribuição para muitas outras iniciativas.
Mas, como eu, muitos outros Deputados, não podendo deixar de destacar os ilustres membros deste blog, que chegaram ao Parlamento mercê dos seus expressivos “curricula” que os colocavam como prestigiados nas suas profissões e dignificaram a Assembleia com as suas análises e intervenções brilhantes de conteúdo. Não invocavam o eufemismo “trabalho político” para faltarem aos seus deveres e estavam sempre presentes, por muito ou pouco estimulantes que fossem as sessões.
Nesses três anos, pude verificar a elevada qualidade moral, profissional e política destes e de umas dezenas de eleitos e pude também verificar o completo vazio de ideias de muitos ou o objectivo exclusivo de outros tantos, que era o de servirem-se, em vez de servir.
Lamentavelmente, os líderes partidários não fazem geralmente qualquer avaliação do trabalho parlamentar: ser bom ou mau deputado, ser trabalhador ou faltoso, ser interveniente ou desleixado, tanto faz…o que normalmente interessa é a “fidelidade”, mesmo que circunstancial, mas prestada ao chefe no momento próprio.
Por isso, nenhum dos citados integra o actual Parlamento, embora tenha que se dizer que alguns bons deputados que conheci tenham sido integrados nas listas da presente legislatura, mas isso foi a excepção para confirmar a regra.
Ontem mesmo um actual deputado me dizia que o desprestígio do Parlamento se devia a uma cultura anti-parlamentar dos portugueses.
Não concordei, pois penso que tal desprestígio se deve sim à “cultura parlamentar” instalada, que é ditada pela sobreposição da mediocridade a uma efectiva qualidade dos eleitos.
Apesar disso, desancar indiscriminadamente no Parlamento é mais uma injustiça para com os bons parlamentares: condene-se o que está mal, mas salvaguarde-se o pouco que há de bom, sob pena de este também desaparecer!...
Fui Deputado durante três anos, de 2002 até ser “dissolvido”, em 2005, pela temível dupla SS (nada de más interpretações, trata-se apenas do dueto Santana, Sampaio…)
Não filiado então em qualquer Partido, mas desde sempre apoiante convicto do PSD e do seu ideário, anuí ao convite que me foi feito, em época de renovação, para integrar as suas listas. Fi-lo com gosto, pois era uma tarefa de serviço público que tinha em mente poder um dia desempenhar, quando e se tivesse autonomia profissional e independência financeira para o fazer.
Tendo-se conjugado essas condições em 2002, fui Deputado. Fui-o em “full-time”, pois só assim se pode desempenhar bem tal tarefa e julgo que tudo fiz para cumprir o meu dever.
Participei directamente em dezenas de debates no plenário, muitas vezes como principal interveniente do PSD; participei assiduamente nos trabalhos das Comissões a que pertencia (Economia e Finanças e Execução Orçamental), sendo Relator de um elevado número de pareceres, alguns deles bastantes “pesados”, como os referentes à Conta Geral do Estado, à RTP, à Orientação da Despesa Pública; apresentei e subscrevi Propostas de Resolução da A. R., nomeadamente uma sobre a elaboração e a transparência da Conta Geral do Estado. Recebi Associações Patronais e Sindicatos; assisti ao meu Círculo Eleitoral e dei a minha contribuição para muitas outras iniciativas.
Mas, como eu, muitos outros Deputados, não podendo deixar de destacar os ilustres membros deste blog, que chegaram ao Parlamento mercê dos seus expressivos “curricula” que os colocavam como prestigiados nas suas profissões e dignificaram a Assembleia com as suas análises e intervenções brilhantes de conteúdo. Não invocavam o eufemismo “trabalho político” para faltarem aos seus deveres e estavam sempre presentes, por muito ou pouco estimulantes que fossem as sessões.
Nesses três anos, pude verificar a elevada qualidade moral, profissional e política destes e de umas dezenas de eleitos e pude também verificar o completo vazio de ideias de muitos ou o objectivo exclusivo de outros tantos, que era o de servirem-se, em vez de servir.
Lamentavelmente, os líderes partidários não fazem geralmente qualquer avaliação do trabalho parlamentar: ser bom ou mau deputado, ser trabalhador ou faltoso, ser interveniente ou desleixado, tanto faz…o que normalmente interessa é a “fidelidade”, mesmo que circunstancial, mas prestada ao chefe no momento próprio.
Por isso, nenhum dos citados integra o actual Parlamento, embora tenha que se dizer que alguns bons deputados que conheci tenham sido integrados nas listas da presente legislatura, mas isso foi a excepção para confirmar a regra.
Ontem mesmo um actual deputado me dizia que o desprestígio do Parlamento se devia a uma cultura anti-parlamentar dos portugueses.
Não concordei, pois penso que tal desprestígio se deve sim à “cultura parlamentar” instalada, que é ditada pela sobreposição da mediocridade a uma efectiva qualidade dos eleitos.
Apesar disso, desancar indiscriminadamente no Parlamento é mais uma injustiça para com os bons parlamentares: condene-se o que está mal, mas salvaguarde-se o pouco que há de bom, sob pena de este também desaparecer!...
Para quem se sente bem, para quê tanta explicação?
ResponderEliminarLavar as mãos de quê?
durma descansado.
Caro bota (de elástico?), nem sempre a revelação de um estado de espírito, um desabafo, constitui uma explicação ou, ainda menos, um lavar de mãos...
ResponderEliminarFalar (ou escrever) é bom, faz bem à pele, é uma espécie de fisioterapia do espírito.
O difícil, por vezes, é encontrar bons conversadores!
Mas, quando tal acontece, meu Deus, que aventura emocionante. Não mais as estrelas são pontos brilhantes no céu, mas luz que nos transporta para outra dimensão da existência.
Dr. PC, parabéns. Gostei imenso da sua abordagem a esta questão e além do mais, não sabia que tinha sido deputado. Embora o facto de ter exercido essa função não importe para o que vou dizer a seguir, penso que a análise que fez com base na sua experiência reveste-se de grande importância.
ResponderEliminarPorquê? Perguntar-me-iam. Há um ponto no discurso do dr. PC que, para mim, faz todo o sentido independentemente da função que se desempenha e que é a questão da avaliação do trabalho de quem quer que seja.
Tal como referiu, essa avaliação não é levada a cabo, nem pelos presidentes do partido (se nos referirmos à política), nem por outro dirigente qualquer (se nos referirmos a actividades quer do sector público, quer do sector privado). Isto não é, de todo, positivo. Porquê? Porque se não há avaliação, não há pontos de referência, não há percepção de se o que estamos a fazer está bem ou está mal e nem sequer há a possibilidade de corrigir eventuais desvios.
Uma avaliação que não corresponda às nossas expectativas não é, necessariamente, uma coisa negativa. Significa apenas que:
- ou o principio de onde se partiu estava errado (e precisa de correcção);
- ou houve algum erro durante o processo (que precisa de ser identificado e corrigido para que não volte a acontecer).
Da mesma maneira, que se estivermos a avaliar o desempenho de um determinado indivíduo e chegarmos à conclusão que este não tem competências para exercer determinadas funções, também não é dramático nem ninguém irá morrer por isso, mas há que procurar outra função mais de acordo com as suas competências.
Ainda hoje ao almoço conversava sobre esse tópico. Aqui no burgo, nunca nos foi feita uma avaliação de desempenho e nenhum de nós está satisfeito com isso. As avaliações que existem, somos nós próprios que as fazemos e, normalmente, quando entregamos os relatórios à C.E. Tal como dizia no outro dia, como não temos pontos de referência cá dentro, tivemos de ir buscar pontos de referência lá fora e é unicamente por aí que conseguimos saber se estamos a ir bem ou não.
Até agora, a coisa tem funcionado, mas com estas mudanças de Direcção, sentimos a falta de uma avaliação interna que ateste aquilo que a CE já por diversas vezes atestou. Basicamente, que nós somos bons no trabalho que desempenhamos e ainda podemos ser melhores. É uma questão de mérito e uma questão de reconhecimento por todo o trabalho desempenhado, não é de forma alguma, um "statement" que diga que somos imprescindíveis.
Há uma outra coisa que nós aqui temos e que pelo comentário do dr. PC pude constatar que, ele também tem. Brio profissional. E na minha óptica, é isto que distingue os profissionais dos amadores.
Lamento se calquei os calos de alguém, mas é assim mesmo que penso.
Meu caro Pinho Cardão, tiro-lhe o chapéu por este seu post.
ResponderEliminarSei quanto deve ter hesitado em escrevê-lo. Mas ainda bem que o fez porque faltam entre nós os testemunhos serenos sobre a participação nas instituições. E esses testemunhos são essenciais para que se comece a dar pública nota (que é uma forma de combater) das disfunções do sistema.
quando estava a acabar a licenciatura no ISEG,ao pé do ISEG,dirigi-me ao parlamento.Quem estava a falar?o nosso Pinho Cardão!sobre a rtp.uma intervenção de qualidade muito saudada.Por todos?não!logo surgiu da bancada do ps,um deputado barbudo,ex-pcp, a tentar fazer a "quadratura do circulo",e a atacar de forma miserável,num ataque ao homem e não ás ideias.Lembro-me que na altura fiquei com boa opinião do DR PC .O que confirmei neste forum.tem mas é o defeito de apoiar um pequeno clube do norte...
ResponderEliminarCaro Pinho Cardão.
ResponderEliminarFez muito bem em escrever esta nota. É preciso transmitir a outra realidade parlamentar: a dos que trabalham e há, felizmente, quem leve muito a sério as suas responsabilidades.
Quanto às recompensas? Eu já sabia, que a moeda corrente, naquelas bandas, é a ingratidão. Por isso não fiquei minimamente surpreendido com o "despedimento". Só fiquei “chateado” e ainda estou por não me terem dito nada. Mesmo nada! Uma simples palavra! Ser ignorado é muito pior do que ser “despedido”. Não tem comparação.
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarVou ser o comentário dissonante, mas devo dizer-lhe que este lamento, embora compreendendo, dá-vos um caracter de funcionário que não vos faz justiça enquanto pessoas e, pior, dá um caracter funcionário aos representantes do povo. Vocês eram representantes do povo, por causa dos partidos não o são agora, mas não me façam o lamento como "o patrão é injusto".
Lutem contra a partidocracia que é a responsável por não te sido o povo a julgar-vos, mas não se "queixem".
Caro Tonibler
ResponderEliminarJá tinha saudades das suas bem-aventuranças. Misto épico de esgrima argumentativa e de super-homem português.
Não tenho o prazer de conhecer o Pinho Cardão nem fui nomeado seu representante legal. Nem ele precisa para nada deste comentário-defesa.
Mas a injustiça irrita-me. Mesmo quando revestida do verniz da “compreensão” (que parece comiseração).
Esta agora de um homem (ou mulher) não ter sequer o direito ao desabafo, à defesa dos seus valores e do seu trabalho, à afirmação do seu sentido de justiça, é triste, é muito triste…
Não sei se reparou, mas o Pinho Cardão através do seu “lamento” contra a falta de uma avaliação exigente, idónea e isenta do trabalho parlamentar está precisamente a lutar contra a partidocracia. É óbvio meu caro Watson (oh, desculpe, Tonibler)!
Ele não se lamenta por ter deixado de ser deputado. Ele lamenta, isso sim, este Portugal de “amiguismo” na mediocridade que tolhe o contributo, o serviço público, dos mais capazes. Dos que não alinham em “esquemas”. Dos que não fazem concessões às prebendas do poder político vigente.
E, já agora, proponho que evite o “vocês”… Essa mania da colectivização do indivíduos, como se todos fossem um só. Cada pessoa tem uma idiossincrasia singular, um modo único de ser, que se pode aproximar da dinâmica e da ideologia de um grupo, mas nunca se esgota na acção do colectivo. E, esta liberdade individual faz toda a diferença!
Um abraço.
Meu caro Esménio,
ResponderEliminar1."Vocês" referia-se ao Pinho Cardão e ao Vitor Reis, não entendo exactamente o que isto lhe fez confusão.
2. Não sei que ideia tem de democracia, mas na minha quem avalia os representantes do povo é o povo. Se em Portugal não é, isto é errado logo à partida. Não entendo que forma de democracia é essa que está a ver em que os representantes do povo são avaliados por outra coisa qualquer.
3. Logo, se admitirmos que estamos numa democracia então das duas uma, ou não nos queixamos dos povo, ou não nos queixamos de ter colaborado na partidocracia. Se gostamos dela, pronto. Senão, lutamos contra ela.
Isto se a lógica não se tornou uma batata....
Caro Tonibler
ResponderEliminarCompreendo agora melhor o uso do “vocês”.
Mesmo assim, o testemunho do Pinho Cardão é bastante diferente do post do Vítor Reis.
Aliás, é justamente esta diversidade que o fez nascer.
De facto não é assim que as democracias funcionam. E a portuguesa ainda menos.
As “máquinas” partidárias constituem as listas de deputados, de acordo com critérios múltiplos e frequentemente pouco centrados no mérito, e o povo julga os partidos no seu colectivo. Este sistema pode e deve ser aperfeiçoado.
Penso que foi justamente este aperfeiçoamento que o Pinho Cardão propugnou com o seu post. Mas, é a vida, nem sempre as nossas intenções são bem interpretadas por todos. Está desculpado caro Tonibler. Até breve.
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarClaramente não me fiz entender. A minha opinião sobre as pessoas em causa não mudou, logo não lhes ia chamar funcionários de certeza.
Mas o seu lamento à falta de avaliação dos líderes partidários chocou-me. Numa democracia, os líderes partidários não avaliam nada, quem avalia é o povo. Na democracia portuguesa é assim? Pois, mas isso é que merece o lamento, não é uma avaliação de um líder partidário que é ilegítima a todos os níveis, nem deveria existir.
O que leio no seu post, que admito estar a ler mal como o Esménio referiu, é que o parlamento esvazia-se de gente de qualidade, não porque são os líderes partidários que avaliam, mas porque o fazem mal. Chocou-me.
Mas se o ofendi de alguma forma, peço desculpa.
Tá a ver amigo Tóni, escusava de ter ouvido estas.
ResponderEliminarNão percebo porque entendeu o post do Dr. PC como um "lamento" ou como uma "queixa". Quando se é convidado para desempenhar um cargo e se faz aquilo que se pode, da melhor maneira possível, com os meios disponíveis, não há lugar a «lamentos».
Falando a sério (convém fazer a ressalva visto que eu passo o tempo na brincadeira), creio que o exercício da função de decisor político deve ser uma das coisas mais ingratas e pior que pode acontecer a alguém. Quem está nestas posições, faça o que fizer, vai ser sempre «agredido» por alguém. Não é possível agradar a Gregos e Troianos. E sempre que se opta por um caminho e não por outros, nunca é uma decisão leviana e inconsequente (ou não deve ser, pelo menos). Da mesma maneira que quem decide, nunca pode ter a certeza que a sua decisão é a decisão certa. No máximo, tudo o que pode saber - no momento da decisão - é que, face a determinadas circunstâncias e em função da informação de que dispõe, aquela poderá ser a decisão mais acertada. Se o é ou não, é algo que só se pode verificar à posteriori.
Por exemplo, a uma escala bem mais pequena, nós aqui quando seleccionamos projectos para serem subvencionados, aprovamos uns e rejeitamos outros em função da sua qualidade. Isto é extremamente complicado porque nós só os podemos aprovar em função da informação que temos disponível e na maior parte dos casos, a aprovação destes projectos é um tiro no escuro (independentemente de nos socorrermos de todo o tipo de instrumentos disponíveis). Nós só vamos saber se fizémos bem, ou fizémos mal praticamente no fim. Mas a verdade é que no momento em que tivémos de decidir, fizémos o melhor que podíamos face às circunstâncias que nos foram apresentadas. Aqui temos um grande problema, todos somos donos dos nossos narizes (por isso, meia volta há "chapadaria" que ferve), e somos donos das nossas convicções (então eu nem se fala, ainda hoje houve "chapadaria" por causa disso). Graças a Deus, ninguém sofre de "seguidismo", doa a quem doer (e na maioria das vezes dói-nos a nós)e muito menos nos atiramos de uma ponte abaixo só porque alguém manda.
Por isso, amigo Tóni, acho bastante injusto essa história do "funcionário".
Mas, caro Pinho Cardão, ficou demonstrado em autárquicas que os partidos conseguem intermediar apenas parte dessas relações. Não acredito que se um de vós (agora são todos) num circulo contra aquele miúdo do CDS (que me irrita solenemente) perdesse. Não acredito sequer que o conjunto dos eleitores olhasse para ele. Mas ele está lá! Os eleitos acabam escolhidos pelos partidos nesta pequena democracia portuguesa. Numa democracia a sério, uns serão outros não.
ResponderEliminarMas eu acho bem que fiquem furibundos por não estarem lá. Só significa que queriam estar a fazer e não estão. Aquilo que me preocupa é ter que ver aqueles que deveriam ser os representantes do povo a desculparem-se como moleques por terem feito gazeta.
A respondendo ao camarada Anthrax, pelo caminho, mas é isso mesmo que se espera de um deputado da república. Aliás, numa democracia, se não se esperar isso de um deputado espera-se de quem?
E Anthrax, quem além do povo se deve pronunciar sobre a melhor trabalho de deputado?
Ó amigo Tóni, uma coisa posso garantir-lhe.
ResponderEliminarVocê não quer saber a resposta a essa pergunta. Mas pode começar a largar essa história do «povo».
Camarada Anthrax,
ResponderEliminaro povo é quem mais ordena. Pelo menos nos países desenvolvidos.
Camarada Tóni,
ResponderEliminarO povo é uma massa volátil, dada a paixões, que muda consoante a direcção do vento. Reage a quente, por impulsos e decide com base em parcelas de informação descontextualizada.
De forma geral, são incapazes de fazer a triagem da informação que recebem. Funcionam como esponjas, absorvem tudo o que é positivo e o que é negativo, mas depois não têm tempo e/ou capacidade para processar essa informação.
Dizia um professor meu que, criar o caos num supermercado é das coisas mais fáceis que existe (sem recurso a nada de ilegal ou impróprio). Basta que para isso estejam reunidas as circunstâncias para o fazer (ainda não tive oportunidade de experimentar, mas um dia destes não sei).
Por isso meu caro Tóni, tem toda a razão. O povo é quem mais ordena. Não sabe é o quê.
O povo não está preparado para estas coisas de Democracia. É um incómodo esse povo...
ResponderEliminarDe forma nenhuma caro cmonteiro!
ResponderEliminarO "povo" está mais do que preparado para estas coisas da democracia. Uma coisa não invalida a outra.
O "povo" só é um incómodo para os governantes que não o sabem ouvir e que partem do princípio que só porque são «uma massa volátil»,são também estúpidos.
Quando disse que o amigo Tóni tinha razão, acho que tem mesmo razão. O povo é mesmo quem mais ordena, mesmo que não saiba o quê. O problema reside única e exclusivamente nesta última parte.
Por este andar ainda chegamos aos mais de 400 comentários de outros blogs.
ResponderEliminarSendo certo que o mais importante não é quantidade mas a qualidade… Até porque o Dr. Pacheco Pereiro anda atento a este fenómeno (e nós, os comentadores do 4R, não queremos ficar mal na fotografia).
Caros Tonibler, cmonteiro e Anthrax
Com a devida vénia, não me parece que o Povo tenha que ser chamado à colação. O problema da democracia representativa centra-se no sistema político-pardidário e nos seus protagonistas (nas elites), e não no povo eleitor. É certo que os políticos, em última análise, também são cidadãos do Povo em sentido lato. E, nesta asserção, talvez tenhamos os políticos que merecemos!?
O Povo, quando vota, ao contrário do que os políticos gostam de dizer, não acerta sempre. A história já conheceu, mais do que uma vez, ditadores eleitos. Por exemplo Hitler.
Porém, a democracia é assim mesmo, o Povo é que escolhe os seus representantes (coisa diferente de ser quem mais ordena). Quem mais ordena, de facto, é quem detém o poder (político, financeiro, etc.). Mas, a vantagem da democracia, apesar de ser um sistema imperfeito, é proporcionar-nos ciclicamente momentos de avaliação e escolha – as eleições.
A escolha do Povo baseia-se sempre em convicções subjectivas, ou seja, numa informação fragmentária e, em grande medida, construída pelos actores políticos e pela comunicação social (que cada vez é mais parcial ou menos isenta). Tal como “algum povo”, a comunicação social às vezes também embandeira em arco. O Anthrax tem razão num ponto: quanto maior for o nível de educação e cultura de um Povo melhor será, tendencialmente, o sentido das suas escolhas.
Em conclusão:
Tal como o Pinho Cardão aqui fez com o seu testemunho, moderado e ponderado, temos influenciar a mudança do sistema representativa português. Se houver maior proximidade entre os eleitores e os eleitos e maior exigência colectiva, então estaremos a trilhar o rumo certo. Se não, resta-nos o recurso ao desabafo, ao humor e à sátira…
Tem sido assim em todos os tempos, continuará a ser! O fundamental é que seja sempre em liberdade. Nem todos os Povos se podem regozijar com este privilégio!!!
caro Félix eu acrescentaria que uma falha da DEMOCRACIA PORTUGUESA ( e o sublinhado é a democracia portuguesa) é o ciclo ser de 4 anos e acabar ai a participação do eleitor/cidadão acabar ai.já nem vou para as tretas das sociedades civis..que sei muito bem que muitas dessas organizações são organizações satélites de partidos.Mas por um sistema politico que leve a uma maior participação dos cidadãos,para que não sejam os zombies amorfos que sempre foram.Seja por referendos(como acontece na suiça, seja por debate vinculativos,seja pela eleição de cargos menores (xerife,etc..) como acontece nos Eua.Em portugal,vota-se e acabou!
ResponderEliminarNota complementar:
ResponderEliminarO Sistema em que o Povo é quem mais ordena não é a Democracia mas a Anarquia.
E esse Sistema não existe no mundo, nunca passou de uma miragem ideológica.
Por isso, quando ocorrem revoluções de génese popular (quase nunca aconteceram, pois existem sempre as vanguardas “iluminadas”), acabam por descambar em ditaduras, ora fascistas ora comunistas – para as quais o valor da vida humana é irrelevante.
Apesar de tudo em Portugal, e agora que estamos próximos das comemorações do 25 de Abril, as coisas correram razoavelmente. Poderia ter sido melhor, é certo, mas também poderia ter sido muito pior.
Carlos Rodrigues
ResponderEliminarAgradeço, no que me toca, a sua observação. Três anos, com um pequenino corredor entre os nossos lugares, deu para muitas trocas de impressões. Força Madeira!
Caro Anthrax,
ResponderEliminarNão duvide da capacidade do povo em decidir correctamente. Aliás, sempre que alguém tenta decidir por ele sai bosta porque, de facto, ninguém melhor que o povo sabe o que é melhor. Por isso quando mais directas são as democracias, mais evoluídas são as sociedades.