sexta-feira, 5 de maio de 2006

Argumentação extravagante!...

Não há fábrica, nem golfe, nem casa, nem ponte, nem mesmo caminho, onde a Quercus e as outras associações ditas ambientalistas não vejam a mão do diabo ou da especulação para destruir o nosso doce “habitat”.
Qualquer buraco é um monumento natural, qualquer espécie animal é vaca sagrada.
Dadas as carências de refinação a nível mundial, ao ponto de na Câmara de Deputados dos EUA se ter discutido apoio estadual a novos investimentos no sector, um grupo industrial propôs ao Governo o projecto de uma nova refinaria em Sines.
Pois este novo projecto da refinaria de Sines é agora o cavalo de batalha para a Quercus.
Na contestação ao projecto, vem usando até um argumento aparentemente sedutor, e que consiste em referir que as emissões da refinaria e das novas centrais de ciclo combinado representam um quarto do total das licenças de emissão de CO2 atribuídas à indústria portuguesa pelo actual plano e, como tal, põem em causa outros projectos.
A argumentação é linda, para além de extravagante!...
Não se deve autorizar a refinaria, porque põe em causa outros projectos; como estes não existem, tem que se esperar que apareçam; quando e se aparecerem, já lá vai a oportunidade do investimento na refinaria!...
Não há aqui nada de política, apenas a salvação da humanidade, claro!....
Com menos emprego e mais dificuldades para os portugueses, mas sem emissões!...
Mas é assim que se vão alimentando as organizações políticas que fazem da exclusão e da miséria humana o lastro para a sua afirmação.
Lamentável é que o Ministério do Ambiente, por acção ou omissão, se vá tornando uma mera sucursal destes fundamentalismos.

13 comentários:

  1. O que acho curioso, estimado Pinho Cardão, é que em nome do combate à "exclusão e miséria humana" se continue a apostar na mesma fórmula de sempre: A que gerou "exclusão e miséria humana".

    Ao alertar-nos para as necessidade de explorar energias alternativas e para o perigo que constituem as fontes de energia "clássicas" as associações ambientalistas não estão a fazer movimento político contra o desenvolvimento, estão a alertar as nossas consciencias.

    Curiosamente, insistimos em apostar na fórmula que comprovadamente se revela perdedora, e insistimos também em achar que aqueles que nos alertam para outras opções desejam "exclusão e miséria humana".

    Pois não precisamos deles para gerar "exclusão e miséria humana", Caro Pinho Cardão, dado que temos feito nós próprios com as nossas fórmulas de sempre, um bom trabalho...

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  2. Caro cmonteiro,

    Estávamos nós a ir tão bem. Até já quase concordávamos em alguns assuntos, depois vem e pimbas! Toma lá bomboca.

    Os tipos da Quercus são uma coisa engraçada, de vez em quando dizem assim umas cenas que é para o pessoal não se esquecer que eles existem.

    Há energias alternativas. Venham elas. Elaborem os projectos e apresentem-nos, porque é que estão à espera que o Estado os implemente?

    Precisam de dinheiro? Quem não precisa? Se o Estado não apoia, vão procurar apoio a outro lado. Há bancos, há empresas (nacionais e estrangeiras), há business angels, enfim procurem.

    Há um calhau que é um monumento nacional? Epá porreiro, em vez de estarem á espera que o Estado subsidie visitas guiadas ao pedregulho, promovam as suas próprias visitas e dinamizem a zona, estão à espera do quê? Que o Estado leve lá as pessoas pela mãozinha e lhes dê um lanchinho como faz aos putos da escola?

    Eles têm todo o direito de proferir argumentos idiotas e o resto das pessoas têm o direito de avaliar as declarações proferidas de acordo com o grau de idiotice.

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  3. O senhor Anthrax parece me algo ignorante no que respeita a questões ambientais, talvez por ter lido o post de Pinho Cardão e ter decidido acreditar em tudo o que lá vem escrito, de forma seguidista e espatafúrdia!

    Vamos por partes. Aquilo que estámem causa com a questão das emissões e de acordo com o estipulado em Kyoto é que Portugal tinha um aumento de emissões permitido, de acordo com aquilo que eram as emissões em 1990.O que se passa é que esse patamar já tinha sido largamente ultrapassado no ano passado pelo que é necessário adquirir direitos de emissão no mercado internacional! A questão da refinaria é que esses custos terão de ser suportados por alguém e não me parece lógico que unicamente pelo estado português (eu pelo menos não me sinto confortável por querer que o dinheiro que me sai do bolso vá pagar uma factura duma empresa privada, que opera livremente).

    Relativamente à Quercus propriamente dita, já percebi que já deve ter tido no passado algum tipo de contrariedade devido à exemplar acção da Quercus ou de qualquer outra associação ambientalista. Pois é meu caro, não sendo eles perfeitos, fazem um esforço por ir preservando o que de bom resta em Portugal. Se isso não é do seu agrado, temos pena!!!

    Melhores cumprimentos

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  4. Anónimo20:27

    A clorofila aqui está intensa. Vamos lá tentar fazer a fotossíntese, ou seja fixar o carbono e libertar o oxigénio.
    As associações ambientalistas têm um papel importante nas sociedades contemporâneas. Concordo. Mas que por vezes, tal como a melancia, o verde exterior disfarça o vermelho interior, lá isso é verdade (e aqui não falo nas causas ecológicas mas nos alinhamentos ideológico-partidários - legítimos quando transparentes).
    Todos defendemos, pelo menos os bem intencionados, um desenvolvimento sustentável. Parece inquestionável. Porém existe, e existirá sempre, um conflito entre os interesses económicos, o bem-estar social e o equilíbrio ambiental. É a vida, em sentido literal.
    Todos os grandes investimentos merecem incentivos financeiros por parte dos Estados (fiscais ou outros). Sim, o capital não tem Pátria. O capital procura os terrenos mais favoráveis para prosperar. Porém, sem capital, sem investimentos, não há desenvolvimento, não há emprego, não há progresso. E estes, quer-me parecer, são os termos da equação (existem porventura mais algumas variáveis dependentes e independentes).
    É, portanto, da ponderação dos prós e contras que deve resultar uma decisão.
    Agora quando se anunciam decisões (com pompa e circunstância) antes de se sobrepesar todos os factores, como fez o governo, parece-me errado e precipitado.
    Primeiro discute-se o que há a discutir até à exaustão (valor do investimento, contrapartidas do Estado, criação de riqueza e emprego,…) e, só depois, se devem anunciar publicamente os projectos. E, mesmo assim, sabe Deus as contrariedades que por vezes surgem… A realidade é dinâmica. Às vezes até demais.
    Pronto, já me fartei de dizer banalidades.
    O que o Pinho Cardão, e o amigo Anthrax, aqui quiseram realçar – e muito bem! – é que certos fundamentalismos “ecológicos” não contribuem para o desenvolvimento sustentável de Portugal. Antes poluem o ambiente económico em que vivemos, já de si muito adverso.
    O maniqueísmo, independentemente de quem o professa, inquina sempre as boas soluções. Ou pelo menos turva as águas de um bom debate.

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  5. Eu sabia que havia de haver qualquer sítio onde eu podia fazer IÓN! IÓN!... Peço imensa desculpa, mas eu pensava que era ignorante em matéria de economia, afinal enganei-me! É em ambientalismo! :))

    Tirando isso, caro Ormigon, vamos começar pelo princípio: não é «espatafúrdia». É estapafúrdia, «sinhor»!Estapafúrdia! Ou então estapafúrdica, agora «espatafúrdia» é que não.

    Uma vez ultrapassado este pequeno obstáculo, vamos por pontos:

    1- «Portugal tinha um aumento de emissões permitido, de acordo com aquilo que eram as emissões em 1990» - Ok, percebido. Portugal podia aumentar as emissões até ao limite permitido, tendo como referência valores de 1990. Sempre interessante saber.

    2 - «O que se passa é que esse patamar já tinha sido largamente ultrapassado no ano passado pelo que é necessário adquirir direitos de emissão no mercado internacional!» - Percebido lindamente! Uma vez ultrapassado o limite permitido pelo acordo, não há qualquer problema, basta-nos comprar mais direitos no mercado internacional.

    Ou seja, havendo dinheiro para comprar direitos de emissão, já podemos libertar gases à vontade... (eh eh, esta foi gira!). Logo, tudo se resume à questão do dinheiro.

    É, portanto, um negócio.

    Olhe meu caro Ormigon, eu tenho o maior respeito por pessoas como V.exa que acredita tanto no valor das organizações ambientalistas que às tantas perde a noção do que, realmente, está a escrever e eu acredito que você acredita mesmo na preservação da natureza, etc. e deve continuar a acreditar.

    Há princípios que o dinheiro não devia comprar, mas compra.

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  6. Camaradas,

    Cabe-me a defesa do camarada monteiro.

    Aquilo que a Quercus põe a nu é a verdadeira natureza do investimento do Monteiro de Barros. E é nisso que devemos olhar em vez de sermos fundamentalistas.
    Não emitir é dinheiro, dinheiro do contribuinte que pode ser transaccionado para países mais emissores. Logo a refinaria tem um custo financeiro concreto para o contribuinte resultante do seu custo ambiental. O investimento da refinaria não vai acrescentar mais valor que os títulos de emissão que representa? Esta é a questão que é levantada pela Quercus. Sabem os camaradas responder?

    Todo este negócio me parece mera corretagem de gazes poluentes, desde o início. Os intervenientes quase me dão a garantia de tal. Mas admito estar completamente errado, embora ainda não tenha visto nada que me convencesse disso.

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  7. Ó amigo Tóni... o que o amigo, se calhar, não viu foi um documentário exibido aqui à uns tempos atrás que se chamava "Mascarados de pobres".

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  8. Caros,

    Há resposta no Tonibler.

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  9. Anónimo21:16

    O prezado cmonteiro reatou esta discussão no Tonibler como aqui anunciou - http://tonibler.blogspot.com/2006/05/o-espertalho.html#links
    Porque a questão é pertinente e colocada com a inteligência habitual, não quis deixar sem reposta o que cmonteiro, na esteira do camarada Tonibler, futuro provedor do contribuinte (se me coubesse nomear um, era ele que eu nomeava, e já!), lá colocou.
    E não resisto a reproduzir aqui essa resposta, até porque toca num aspecto que me faz por o dedo no gatilho.

    "Meu caro cmonteiro, em vez de nos falar de dilemas morais, avance com as suas convicções pessoais e provoque a discussão, decisiva nos anos que aí vêm, sobre ambiente e desenvolvimento. Aqui estarei para dar o meu modesto contributo quando achar oportuno acender a discussão.
    O seu post só me suscita uma discordância frontal. Não corresponde à realidade que as associações ambientalistas vejam desvalorizadas, muito menos invariavelmente como escreve, as suas posições públicas. Bem ao invés são hiper-valorizadas mesmo quando são posições absurdas – e têm existido em abundância. Lembro-me por exemplo de um longo comunicado de uma das ONG´s que considerava que a opção pelo TGV era mais inimiga do ambiente do que a opção pelo transporte individual!
    Mas sobretudo guardo a memória da minha experiência para poder dizer-lhe o contrário do que postou. Exerci funções públicas nestas áreas, e devo dizer que ouvi, nos múltiplos contactos que mantive com os movimentos ambientalistas, as coisas mais aberrantes! Aprendi à minha custa que – com honrosas excepções porque as há – a militância de alguns nas ONG´s pouco tem que ver com aquilo que aparenta de generosidade, mas tem tudo que ver com ambições de protagonismo pessoal ou grupal, ainda por cima ilegitimas porque quase nunca baseadas no saber e na competência. O que nunca impediu que essas posições tivessem sempre honras de grande destaque, mesmo quando comprovadamente contrariavam evidências científicas ou técnicas ou correspondiam a pretensões claramente irrazoáveis. Os exemplos davam para escrever um blog por um período bem largo!
    Quanto ao assunto que motiva o post, não tenho informação para, com o minimo de rigor, opinar. Mas não julga o cmonteiro – e o solidário camarada Tonibler – que mesmo que inexistisse ajuda directa pelo Estado na aquisição de direitos de emissão, tendo eles que ser pagos, não iríamos ser todos nós a pagá-los, se não em impostos como contribuintes, nas tarifas - que incorporarão esse custo - como consumidores?

    E como sou chato, volto a perguntar: e o Engº Sócrates não ponderou a possibilidade desta questão surgir quando pretendeu fazer crer ao País que este governo era um irresistível íman de grandes investimentos?"

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  10. Estimado JMFA! Ha resposta no Tonibler!

    (precisamos de cliks! Vão ate lá! ;)

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  11. Anónimo13:18

    Correspondendo ao convite do cmonteiro para este intercâmbio bloguistico, deixei no Tonibler o comentário.

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  12. Anónimo23:50

    Ainda sobre o tema: http://www.sacbee.com/static/archive/news/projects/environment/20010422.html

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  13. é muito verdade o que é dito no post. nao sendo nem tendo qualquer influencia anti-ambientalista, suporto an ideia de que a quercus e outras são radicais no exercicio da sua actividade

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