sexta-feira, 5 de maio de 2006

Por Terras do Tio Sam – Maio 04, Quinta – Capítulo 13

O primeiro dia do Programa em Dallas iniciou-se às 8:45, hora a que saímos do Hotel para a University of Texas at Dallas. No lobby do hotel estava à nossa espera o Dr. Sean McAuley, que nos acompanhará nas visitas locais que temos programadas. O Dr. Sean McAuley é britânico, mas está a viver em Dallas desde Fevereiro último, e trabalha no World Affairs Council, entidade local que, em conjunto com o Department of State, tratou dos pormenores da nossa estadia nesta cidade do Texas.
Na University of Texas at Dallas – que ainda fica a umas boas milhas da cidade – tivemos uma manhã muito interessante, com os Professores Adolf Enthoven, Professor of Accounting e Director, Center for International Accounting Development School of Management and Administration, Douglas Eckel, Director of Corporate Relations e David Springate, Finance Professor, Associate Dean for Executive Education.
Foi-nos mostrado o campus universitário, enorme (tal como as cidades, as ruas, os edifícios, etc. também o são no Texas) mas muito bem concebido e também muito recente. Enquanto fazíamos o tour, fomos trocando impressões sobre o estado da educação nos EUA e em Portugal, as ambições da Universidade, as suas relações com o mundo empresarial – em que sobressai a nossa bem conhecida Texas Instruments, Inc. – as possibilidades de aprofundar relações com instituições universitárias em Portugal, entre outros Tivemos, ainda, no Center for International Accounting Development, contacto com os alunos – todos eles estrangeiros, incluindo alguns de Angola e do Brasil, países com interesse especial na área petrolífera – que estão a frequentar um Programa de Pós-Graduação, intitulado Advanced International Program in Oil and Gás Financial Management, e que resultou de uma parceria da universidade com a KPMG. Aliás, o Prof. Adolf Enthoven – uma simpatia! – foi ao ponto de me ter apresentado a toda a turma como convidado desse dia – o que, naturalmente, fez com que tivesse proferido algumas palavras de apresentação, agradecimento e circunstância.
A University of Texas at Dallas é actualmente frequentada por cerca de 15 mil alunos, entre licenciatura e pós-licenciatura (pós-graduações, mestrados, etc.) – o que, apesar de ser elevado (sobretudo para nós), fica muito abaixo de outras universidades, mesmo texanas, como a de Austin, por exemplo, frequentada por cerca de 50 mil alunos.

Almoçámos no refeitório da Universidade e às 12:45 partimos em direcção ao nosso encontro seguinte, na Greater Dallas Chamber, onde, às 13:30, nos esperavam os Drs. David Michaelsen, Manager, International and Technology Business Development e Robert Hudspeth, Financial Consultant and Advisor to Greater Dallas Chamber.
Tratou-se de uma reunião muito produtiva e interessante, em que nos foi apresentado o panorama das relações com o exterior do Estado do Texas e da região de Dallas-Fort Worth com o exterior – em que predominam as relações com países asiáticos (os primeiros 6 lugares, e 7 nos 10 primeiros lugares, sendo que os outros três são europeus; a China surge numa posição já destacadíssima em primeiro lugar).
De acordo com os nossos anfitriões, o Texas tem vindo a crescer continuamente acima da média dos EUA, e a ganhar quota em termos nacionais, quer em termos de riqueza, quer de população. Segundo o Dr. Robert Hudspeth, se o Texas fosse um país independente, seria o 10º do mundo (a Califórnia, primeiro Estado dos EUA, seria o 7º).
Falou-se ainda de relações laborais na Europa, nos EUA e no Texas que, devido a legislação própria (que cada Estado, dentro de certos limites, pode adoptar), tem dos mercados mais flexíveis dentro do-já-de-si-flexível mercado norte-americano, para além de não tributar nem famílias, nem empresas (tributa as vendas – sales tax – e os bens imóveis, entre outros impostos menores, e é assim que angaria receitas estaduais). O resultado? A instalação, no Texas, de grandes multinacionais – Nokia, Nortel, Alcatel, Samsung, Ericsson, Lufthansa SkyChefs (serviço de catering da Lufthansa), entre outros – portadoras de novas tecnologias, potenciadoras de empresas e actividades satélite e que, assim, geram mais emprego. Ora aqui está mais um exemplo – e na maior economia do mundo – como a competitividade fiscal não é nenhum mito; pelo contrário, é uma realidade e bem visível. Quem dera que, entre nós, o Engº Sócrates percebesse isto!...
Depois, fruto da experiência internacional do Dr. Robert Hudspeth, ainda acabámos por percorrer sistemas fiscais e de segurança social em alguns países asiáticos, como Singapura e Hong-Kong, tendo este tema surgido devido à dificuldade que EUA e Europa têm vivido ultimamente nestas áreas.
Enfim, foi um encontro muito produtivo, não só devido aos temas que tinham a ver directamente com a Greater Dallas Chamber, mas também aqueles que, mais lateralmente, foram sendo proporcionados.

Às 14:45, arrancámos rumo ao último encontro de hoje, noa arredores de Dallas novamente, na Mary Kay, Inc., gigante mundial na venda directa ou porta-a-porta de artigos de cosmética e beleza, sobretudo femininos. Esta empresa surgiu em 1963, quando a sua fundadora, Mary Kay Ash, resolveu investir todas as suas economias – USD 5 mil, muito dinheiro na época – no negócio acima referido, e que haveria de florescer de forma surpreendente. Esta empresa, cuja fundadora foi presidente até falecer, em 2001, encontra-se também presente em Portugal, e tem como cor distintiva o rosa, o que até se nota nas viaturas que são imagem de marca e que utiliza nas suas acções de campanha: Cadillac, nos EUA, Mercedes, na Europa. As suas unidades fabris são apenas 2: uma em Dallas (sede da empresa) e outra… adivinhem? Pois é: na China! E já desde 1995!... De qualquer forma, para quem pense que esta forma de venda porta-a-porta não dá resultado, sempre lhes digo que, por exemplo, as suas vendas globais em 2005 totalizaram cerca de USD 2.2 mil milhões; e que possui mais de 1.6 milhões de consultoras de beleza em todo o mundo (está presente em mais de 30 países). Chega?!...
Bem, na Mary Kay, Inc., estivemos com Kerry Tassapoulos, Vice-President, Government Relations and Compliance e também com Nathan P. Moore, Senior Vice-President, General Counsel & Secretary, e, depois de nos ter sido apresentada a empresa (um dos maiores sucessos nascidos em Dallas), visitámos o edifício sede, de natureza executiva e administrativa – que tem 13 andares, número de sorte para Mary Kay Ash, que iniciou a actividade numa sexta-feira, Setembro 13, 1963 – o gabinete da fundadora, que se mantém igual ao dia em ela faleceu, o museu (que conta a história da empresa e da sua fundadora, claro...), enfim, mais de uma hora de visita no total e uma experiência muito interessante, até porque muito diferente de tudo o que tínhamos visto até agora.

Depois foi tempo de visitar um grande e moderno centro comercial de Dallas, onde tentámos – e conseguimos! – arranjar uns óculos graduados para mim, porque entretanto perdi os meus, não tendo sequer a noção de onde os deixei… ora como preciso deles para ver, sobretudo ao longe (e ainda tenho eventos culturais muito interessantes, como verão em futuros relatos...), lá recorri a uma consulta com um médico local, integrado numa loja enorme – um serviço que também já muitas lojas especializadas praticam em Portugal –, escolhi uma armação e… amanhã de manhã tenho os óculos prontos!...

Por volta das 7 da tarde chegámos ao hotel e logo me liguei à Internet para colocar trabalho e notícias de Portugal em dia e, mais tarde, escrever este diário. Devido ao cansaço, hoje jantei no quarto e agora é hora de dormir, porque amanhã novo dia intenso nos espera!...

3 comentários:

  1. Acabou-se-me de me ocorrer uma pergunta:

    Já lhe ofereceram uma gravata (daquelas bem bonitas) com a bandeira do texas?

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  2. Meu caro Anthrax,

    Por acaso não, ainda não me ofereceram uma dessas gratavas!!! Mas ainda haverá mais oportunidades: hoje, no rodeo a que vou assistir, e amanhã em que temos mais programas. Só domingo é que vou para Bosto, portanto... wait and see!

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  3. Ai homem, veja lá o que é que vai fazer! Olhe que aquelas gravatas são assustadoras... e depois têm umas com o símbolo do Tabasco que ainda são piores.

    Bom, de qualquer maneira, bom rodeo ;)

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