sexta-feira, 26 de maio de 2006

Farmácias…

As medidas enunciadas pelo senhor primeiro-ministro, a propósito das farmácias, merecem alguns comentários.
O facto do proprietário deixar de ser, obrigatoriamente, um farmacêutico, é perfeitamente natural e há muito que deveria ter sido tomada.
Anunciou, também, a criação de 300 novas farmácias. Seria interessante saber como chegou a este número. Houve factores condicionantes? Terá sido imposto pela todo-poderosa ANF que, estranhamente, vai assinar o acordo, embora considere que o modelo actual é o melhor para os doentes? Não consigo perceber esta atitude!
Há medidas muito curiosas, tais como, reduzir a distância mínima de 500 para 350 metros! Provavelmente, deve ser para não cansar muito os pobres doentes ao terem que procurar as diferentes farmácias! Aqui está uma medida pouco saudável, redução do exercício físico.
Baixar a capitação de 4.000 habitantes para 3.500, para instalar uma nova farmácia, tem impacto? Atendendo à redução da população que ocorre em grande parte do território, não vejo grandes vantagens nesta medida.
O facto de ser possível instalar uma farmácia em qualquer local, independentemente da capitação, desde que não exista mais nenhuma num raio de dois quilómetros é interessante.
Imaginem chegar a um concelho deste país colocar no respectivo mapa a ponta de um compasso numa farmácia e traçar o tal raio correspondente a dois quilómetros. Vão apanhar as já existentes, as quais, por sua vez, vão somando os respectivos círculos de influência de tal modo que o espaço onde possa ser criada a nova farmácia ficará em qualquer monte alentejano, numa azenha ou num moinho de vento perdidos pelas cercanias, se não cair numa zona protegida ou no meio de uma albufeira. Enfim, devem ter feito muitos cálculos!
A medida anunciada, de particular relevância, diz respeito à unidose. Sim senhor. É assim mesmo! As vantagens são mais do que evidentes. Também ouvi o senhor primeiro-ministro anunciar a criação de farmácias hospitalares e nos centros de saúde. As vantagens são tantas que apelo para a sua rápida implementação de modo a resolver a angústia dos doentes e seus familiares.
No fundo, tirando algumas medidas que devem ter sido objecto de negociação com o poderoso lóbi das farmácias, e que tem como objectivo perpetuar alguns interesses, considero as medidas anunciadas como correctas e merecedoras de louvor.

5 comentários:

  1. A da unidose já ouvia quando o Maldonado Gonelha era Ministro da Saúde. Ver para crer.

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  2. Anónimo18:06

    Completamente de acordo meu caro Professor Massano Cardoso.

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  3. Só é pena que seja preciso aparecer um socialista para aplicar uma medida de liberalização que o PSD teve oportunidade para tomar e não tomou. Era preciso afrontar a ANF... e afinal nem foi difícil.
    Neste momento ao PSD, resta concordar ou ... galhofar.

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  4. Anónimo20:23

    Caro Carlos

    Para quem se preocupa com o país, o importante não é o promotor mas a essência da mudança. Há mudanças boas, mudanças irrelevantes e simulações de mudança.
    Ainda é cedo para falar…
    Mas, no sector do medicamento parece que estamos a caminhar no bom sentido.
    Se falarmos de genéricos, a situação não é tão clara…
    Se falarmos do modelo de gestão hospitalar, as águas também estão um pouco turvas…
    Se falarmos do défice do sector da saúde, não há qualquer motivo para entusiasmos…
    Manda a prudência que aguardemos um pouco mais! Esperar para ver.
    Desejo que tudo corra realmente bem. Os sintomas, por enquanto, não são animadores.
    Não sei se vamos lá com aspirinas. Talvez com penicilina, sei lá? (a Margarida Rebelo Pinto que me desculpe).

    Cumprimentos.

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  5. Anónimo12:09

    Sublinho o que Felix Esménio escreveu a abrir o seu comentário e que eu subscrevo inteiramente. Importa a mudança, não quem a protagoniza. Uma boa medida deve aplaudir-se. Uma má medida criticar-se. É assim que deve ser, não se entendendo nem a crítica pela crítica, nem a estranheza do louvor quando parte de alguém que politicamente não apoio quem tomou a medida.
    Quanto ao PSD deve aprender com os erros alheios, com os seus e muito particularmente com a falta de coragem política que revelou em alguns momentos. A postura de governar procurando não levantar ondas, convencido que se conserva mais facilmente o poder agradando a gregos e a troianos, está visto, não compensa.

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