quarta-feira, 10 de maio de 2006

Gravidez e parto não são doença, mas...

Ontem, no debate da SIC com o M.da Saúde, o PSD não deu uma imagem de um partido de governo, sério, responsável e com boa argumentação política. Centrou-se numa atitude "de bairro", com refúgio na agressividade, à falta de uma dialéctica política. Foi pena!
A manutenção ou não de serviços hospitalares, neste caso de maternidades, cumpre regras técnicas internacionalmente discutidas e aceites. A decisão de as aplicar é política e obriga, a meu ver, a uma explicação caso a caso, junto das populações abrangidas e do poder local. Aqui é que o governo falhou em toda a linha, anunciou, a partir de Lisboa, sem sensibilidade regional, sem deslocação aos locais, sem envolver as autarquias na decisão...deixou a contestação organizar-se, instalar-se e concretizar-se num emocional e imparável movimento de rua.
Esta total inabilidade política é que deveria ser a tónica dos partidos da oposição.
Quando um parto corre bem, em "qualquer lado" se nasce; quando o obstetra entende que a gravidez é de risco já não é em "qualquer lado" que se nasce--já se vai referenciado--;mas, quando a gravidez é normal e no período de parto sucede o inesperado...aí as tais regras técnicas internacionais não estão lá! Em bom português, "aí é que a porca torce o rabo"...
Por isso é que a Organização Mundial da Saúde já começou a falar no "novo universalismo", sintetizado numa frase: "se os serviços são para prestar a todos, nem todos os serviços podem ser prestados".
È exactamente este caso, como o de tantos outros serviços hospitalares que não podem ser prestados em todas as cidades ou mesmo capitais de distrito, por muito que todos nós gostássemos de os ter.

3 comentários:

  1. Cara Clara Carneiro,

    Até posso concordar consigo em tudo, nem tenho razão para discordar. Mas, neste caso, obrigado mas não quero pagar um serviço nacional de saúde. O meu ponto é só esse, se os serviços de saúde só podem ser prestados onde qualquer privado o pode fazer, então escuso de torrar o dinheiro que torro todos os anos, em nome do acesso universal.

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  2. Cara Clara,

    eu sou Tonibler. O Tony Blair é um desgraçado qualquer que sofre do síndroma descrito pelo Prof. Massano Cardoso que insiste em copiar-me. De tal forma que até foi viver para o nº10 de uma rua qualquer tal como eu, no nº10 da rua do Poço do Bispo.

    Sem querer convencê-la da nada, com esse argumento só preciso de ter um hospital no SNS. É só uma questão de acrescentar tijolo.

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  3. Clarinha!!! Tá a ver porque é que me recuso a pagar as quotas?!

    Gostei da sua abordagem «Centrou-se numa atitude "de bairro", com refúgio na agressividade (...)». Infelizmente, isso é algo que se "topa à légua", principalmente desde que começaram a escolher sons do hip hop (que aliás é música de bairro, centrada na agressividade e que tem o dom de me tirar do sério).

    Com todo o respeito pelas vozes discordantes, acho que o governo tem alguma razão naquilo que quer fazer embora esteja a gerir muito mal, toda a situação. Não me parece que o fecho de maternidades com falta de condições (seja isso o que for), vá implicar - o que quer que seja - na taxa de natalidade. Até porque não acho que as famílias que decidem ter filhos, o façam porque têm uma maternidade ao lado de casa.

    No entanto, e aí estou 100% de acordo consigo, devia ter havido uma maior sensibilidade regional e devia ter havido o envolvimento do poder local.

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