segunda-feira, 29 de maio de 2006

Por terras do Congresso do PSD- IX- O meu Discurso- Parte Final

Como referi no capítulo anterior, podia ter ficado por aí o meu discurso.Mas os três minutos adquiridos no mercado de tempos foram uma tentação, pelo que lhe adicionei a parte que poderá ser lida a seguir.

Caros Companheiros:
Todos sabemos que um Partido político não é uma empresa, mas muitos dos princípios, muita da doutrina e muita da prática da gestão das empresas podem ser aplicados aos Partidos políticos e às suas Direcções.
O Presidente do nosso partido tem um grande objectivo que os militantes lhe confiaram, que é, enquanto oposição e através de propostas construtivas, ajudar este país a governar-se e fazer tudo para ganhar as próximas eleições.
O Presidente do Partido tem o poder, que lhe foi conferido por eleições directas. Tem toda a legitimidade para decidir, nomeadamente para escolher para os órgãos nacionais os militantes que julga que melhor o poderão coadjuvar.
Mas, se alguma sugestão muitos militantes lhe podem dar era que, em detrimento de equilíbrios circunstanciais, ou de fidelidades de ocasião, escolhesse pessoas competentes, com sentido de estado e bom senso.
O Presidente do Partido tem falado de renovação, que aliás invoca no ponto 7 da sua moção, onde refere, a bold, para melhor se ver, que “o partido tem de se abrir mais à participação activa dos seus militantes”. É altura de passar da retórica, em que todos convêm, para a prática, em que muitos discordam.
Mas, se o Presidente do PSD escolher só de entre aqueles que são seus incondicionais, de pouco vale tê-los. Não lhe trazem valor acrescentado. Basta ele.
Escolha antes pessoas capazes de lhe dizerem que não, cara a cara, mas ao mesmo tempo leais e, como tal, incapazes de virem para o exterior vangloriar-se do feito.
Escolha pessoas com ideia de serviço, que não utilizem o Partido para as suas carreiras profissionais, mas pessoas capazes de colocar incondicionalmente os seus conhecimentos para servir o Partido.
Escolha pessoas habituadas a conjugar o presente do indicativo com determinação, em detrimento daquelas que apenas sabem usar o condicional e fazer prosa redonda, oracular ou bizantina.
Não escolha pessoas “gastas”, por anos e anos de televisão, de partido ou de governo. Já nada de novo têm para dizer. Escolha, antes, pessoas livres, com capacidade para inaugurar um novo ciclo político, com um programa alternativo sério. Porque são as pessoas que fazem os programas e não o contrário.
Porque penso que é tempo de ganhar eleições através da seriedade e da credibilidade de uma equipa, em vez de as ganhar com a facilidade de promessas irrealizáveis. O tempo é de exigência.
É isto, Sr. Presidente do PSD, o que muitos militantes lhe pedem.
Tenho dito

Amanhã, no último capítulo, retomo os Códigos do Congresso, para finalizar esta maratona.
Uff!....

8 comentários:

  1. Ui, dizer que aqueles que são incondicionais ao presidente de um partido não trazem valor acrescentado??? No próximo, ou o fazem presidente ou não o deixam passar de porta...;)))


    ps: O discurso está muito bem feito, muitos degraus acima daquilo que se costuma ouvir, mas aposto que metade do delegados não perceberam e a outra metade pensou que estava a atacá-los....Valeu bem os 3 minutos adicionais.

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  2. Caros bloguistas da 4R

    Sou frequentador habitual de blogs. Aprendo ocupando tempos livres, adquiro uma noção mais real do País que temos e somos.
    Este Quarta República, inclui personalidades deste País, que já foram responsáveis governamentais, e que respeito. Hoje ao passar por aqui onde não parava há alguns dias, ou semanas, fiquei um pouco perplexo! Perderam a noção da actualidade? Quando o País vive grave crise de valores, económicas e socias, o PR está no terreno a lutar contra a exclusão social, vivem-se aqui apenas questões da pequena política partidária, que sabemos, cada vez tem menos qualidade, e é responsável pelo estado a que isto chegou.
    Continua a analisar-se o que disse o Governo, fá-lo a oposição, e o que disse faz ou não faz o governo, fá-lo a oposição. Hoje pouco acreditam nos partidos que temos, ( sem pôr em causa a democracia representativa!).
    Que interesse andar aqui a discutir o que o governo faz quanto a vendas de património do Estado, se o anterior fez o mesmo, ou parecido, e que diferente fosse! Que interessa a descodificação dos discursos e intervenções dos ilustres congressistas do PSD na Póvoa. Que bom que é, fugirmos ao Mundo, fecharmo-nos num pavilhão e fazermos as nossas catarses, convencidos que demos o contributo para a resolução dos problemas do País! O que se passa no PSD, passa-se em qualquer outro partido!
    Porque fugimos todos à realidade e nos tentamos enganar a nós próprios e aos outros, com retóricas, manipulações de palavras e números? Se estes políticos julgam que vão defender assim o nosso País e os nossos concidadãos, retirem-se e deixem vir outros! Pode ser que surja algum com um pouco mais de sentido da realidade e de coragem! Vivemos uma politica partidária de agarra "o tacho", de gente sem carreiras profissionais e que encontram ali refúgio, onde, acumulam a sensação de Poder!
    Vi na passada semana um debate num programa de TV que nos deu conta do ponto a que chegou este País: - a manipulação na Comunicação Social, a venda e compra de noticias, entre outras questões! O professor Carrilho, o narciso e vingativo personagem que ali esteve, acabou por trazer uma boa achega! E espero que agora despareça! Ninguém neste blog falou deste assunto, ao que li, mas, não li tudo. Mas como texto de abertura/Autor, nada! Ninguém entende que o nosso problema é Seriedade, agarrar os "toiros pelos cornos", deixarmo-nos de folclore partidário, de areia nos olhos dos outros, do marketing que engana tudo e todos, e cair em debates menores, importantes para à nossa corporaçãozinha, porventura, adaptada aos meus conhecimentos,cultura e interesses pessoais!
    Estou a ouvir Medina Carreira, Silva Lopes, e Belmiro de Azevedo entre outros, outsiders, não comprometidos e corajosos, a dizer o que sentem e a tocar o ponto G dos nossos problemas. Perdemo-nos em questões importantes, mas marginais, relativamente ao essencial. Não damos conta que o que está em causa é a nossa sobrevivência e das próximas gerações?
    Gostava ver este BLOG, onde voltei algumas vezes, não entrasse pela superficialidade, ou por questões importantes como a saúde, o ambiente, e tantos outros temas, que não resolveremos sem, antes, resolvermos a questão da sobrevivência, da produtividade, da Educação e das finanças do País. Não esqueçamos: - Lutar pela Educação, como base de todas as soluções como afirmava há dias um dirigente Irlandês falando do seu país e de Portugal. Foi por aí que a Irlanda caminhou e chegou ao estado de desenvolvimento onde chegou, e pela falta dela, que nos afundou até um poço do qual ainda não encontramos fundo!
    Acabo de ouvir uma frase de um jornalista, presente no mesmo debate, que aproveito para terminar esta mensagem já longa- "ainda nos sentimos suficientemente confortáveis"! Dentro de dias todos iremos de férias. Para o Algarve, para o Brasil, para as Caraíbas, e não percebemos que a casa está arder! E que muitos já estão chamuscados. Mas não gostamos de olhar para o lado!
    Rui Vasco

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  3. Faltou-me dizer no meu comentário que, concordo em absoluto com o que diz, a certo passo, no seu discurso, que não tenho dúvida, é uma excepção à regra. Foi aliás essa passagem que motivou o meu comentário e que refiro, ao longo do meu texto. Cito a sua afirmação, que subscrevo, com devida vénia:
    ...."se o Presidente do PSD escolher só de entre aqueles que são seus incondicionais, de pouco vale tê-los. Não lhe trazem valor acrescentado. Basta ele.
    Escolha antes pessoas capazes de lhe dizerem que não, cara a cara, mas ao mesmo tempo leais e, como tal, incapazes de virem para o exterior vangloriar-se do feito.
    Escolha pessoas com ideia de serviço, que não utilizem o Partido para as suas carreiras profissionais...."
    Rui Vasco

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  4. Caro Rui,

    Se não houvesse espaço para estas pequenas coisas, morreríamos todos deprimidos.

    Rir, ainda é o melhor remédio. Pode não resolver grande coisa, mas levanta o espírito.

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  5. Anónimo11:57

    Meu caro RuiVasco:
    Compreendo bem o sentido do seu comentário.
    Ao invés do que os muitos pontos de exclamação podem à primeira vista levar a crer, ele não é polémico. É hábito, por aqui, comentar a opinião de uns e de outros como salutar prática de discussão dos problemas. Mas este é também, por opção dos autores, um espaço de expressão livre de opinião...e de desabafo. E quantas vezes é a 4R salutar espaço de desabafos dos próprios autores!
    Por isso só este breve comentário me suscita o que escreveu. Aqui pela 4R ninguém tem pretensões de salvar o mundo. Nem apresentar soluções mágicas para resolver os gravíssimos problemas do País. Nenhum de nós aqui comparece com outro estatuto que não seja o de cidadãos interessados no que se passa à sua volta. Cidadãos que se conformam mal com a indiferença. Ninguém aqui está com ex-governante ou ex-deputado, embora - e julgo que posso escrever isto por todos - ninguém aqui renegue o que fez quando teve responsabilidades públicas.
    Pode não lhe parecer, meu caro RuiVasco, mas os posts que aqui se colocam têm todos relevância. Porque a medida dessa relevância está no sentir de quem os coloca. Para mim foi muito importante o post antecedente sobre o castanheiro milenar de Lamego. O País está a arder e eu preocupo-me em divulgar neste blog um castanheiro? Concordo. O País está mesmo a arder. Mas o velho castanheiro, ainda assim, é importante. Exactamente pelo que simboliza de firmeza, de continuidade, de solidez.
    São formas distintas de encarar o mundo. Singelamente diferentes das imensamente sábias visões dos Medinas Carreiras, do Silvas Lopes, dos Belmiros de Azevedos e outros, todos paridos pela coxa de Minerva.
    Obrigado pelo seu comentário e apareça sempre.

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  6. caro Pinho cardão quanto é q estão a render os juros da "moeda desaparecida"?espero que não tenha de meter o cobrador do fraque atrás do dr frasquilho.afinal concordará que um dos melhores que o Psd tem actualmente..

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  7. é uma alma caridosa..

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  8. Caro Daniel:
    1. Também eu, como o autor do texto inicial, jamais quero ser um notável. Coisa horrível, porque de notáveis está o cemitério cheio!
    2.Caro Anthrax: não sou dos que querem morrer cheios de razão na passadeira, ou morrer cheio de saúde. Também não quero morrer deprimido. Melhor, eu nem quero morrer! Mas rir, quando ao lado,aqui neste Portugal da UE desenvolvida, o nosso vizinho recebe 150 ou 200 euros, que não chegam para a conta da farmácia; quando visito e conheço como se vive por exemplo num País que fala português, como a Guiné-Bissau,não consigo rir. Meter a cabeça na areia não resolve o problema dos outros, nem os meus.
    3. Meu caro JM Ferreira de Almeida:
    Sou a favor da saudável discussão dos problemas, livre, arejado, sem abafos!
    Quem me dera ter poder para salvar o Mundo. Fá-lo-ia e sei que todos vós ajudariam. Não tenho esse poder, nem sou mágico. Mas julgo-me consciente e como qualquer um de vós não consigo ser indiferente a um País em caos. E onde, uma enorme parte, não deu conta do que aí vem. Vivemos na ilusão: " o milagre há-de surgir". Concordo consigo e disse-o no meu comentário primeiro: todos os posts são importantes, como importantes são questões aqui levantadas, como a defesa do ambiente, o castanheiro. Mas se o País está todo a arder, e entre fogos muitos outros castanheiros centenários ou milenares, não visiveis porque não estão no meio da praceta, qual deve ser a minha prioridade? Não minimizo as opiniões de alguém. Muito mais de alguém como os nomes que citou, paridos ou não pela coxa de Minerva, mas que, sei, dedicam a sua vida ao estudo da nossa real situação e lutam por ela, através da escrita, do esclarecimento pelos meios possíveis. E como os bloguistas do 4R têm as suas carreiras feitas, não esperam benesses de alguém. Dizem aquilo em que acreditam. Livres e sem abafo, como neste blog. Respeito-os por isso.
    4. Caro Pinho Cardão: a minha opinião, que é apenas isso,veio do fundo da alma, não duvide. Mas o 4R não é um espaço de distracção, apesar de feito nos espaços livre do trabalho de cada um. Vi aqui, excelentes textos, excelentes reflexões. E nada tenho contra, ( nem o direito) que alguns sejam colocados de forma irónica, usando a sátira, ou o humor pura e simples. Às vezes a melhor forma de captar atenções. Eu gosto de usar o humor, da mesma forma que qualquer um de vós, nos textos, na vida, nas relações do quotidiano. Percebi a intenção dos seus textos sobre o congresso poveiro. Prova disso a minha citação e a referência que foi o seu seu post o mote para o meu comentário. Texto, onde, entendo, colocava o dedo na ferida dos politiqueiros que nada mais fazem ou nada mais sabem fazer. E não é difícil compreender que os Autores deste blog, estão aqui, porque estão preocupados com o seu País. Quanto à forma, cada um usa a que lhe dá mais prazer, e ainda bem. Assim sairão mais interessantes.

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