terça-feira, 30 de maio de 2006

A “Velha Europa” sempre ao ataque

Esta manhã a notícia vinha no site do "Negócios": Parlamento Europeu propõe taxa sobre SMS e e-mails. Li e reli a notícia, e até esfreguei os olhos para confirmar que não estava a sonhar. A iniciativa partiu de um Eurodeputado francês – quem mais?!... – e parece que colhe já muitíssimos apoios no seio dos seus colegas. E o que propõe este ilustríssimo Europedutado? Que cada SMS passe a pagar um imposto de 1.5 cêntimos de euro e que cada e-mail passe a ser taxado em 0.00001 cêntimos de euro. A justificação? De acordo com o próprio Alain Lamassoure, o “tal” Eurodeputado francês, “são minúcias, mas tendo em conta os biliões de transacções que se fazem por dia em todo o Mundo, isto poderá gerar imensos lucros”.

Mais uma vez, não se acredita. Poderá gerar imensos lucros? Mas para quem?! Ah, claro, para financiar os fundos comuns da União Europeia, funcionando como “impostos europeus”. Se calhar, para financiar um pouco mais os agricultores franceses, ao abrigo da PAC… ou para manter ou aumentar outra qualquer situação de ineficiência que, infelizmente, abunda por essa Europa fora.

Mas não saberá este Senhor que os SMS, por exemplo, já pagam IVA? E que, portanto, assim, propõe uma dupla tributação?!...

É isto, precisamente, o que hoje distingue a Europa de outras zonas do Mundo, como os EUA ou a Ásia mais competitiva. E, do meu ponto de vista, é uma distinção claramente no mau sentido. Neste caso, surgiram novos tipos de comunicação, os SMS e os e-mails, que hoje têm uma utilização verdadeiramente espantosa. Porquê? Porque são práticos, eficientes e baratos. Mas então, eis que o melhor (perdão, o pior) espírito eurocrata logo pensa em os tributar… e, consequentemente, em os tornar menos atractivos.

Claro que se esta “brilhante” iniciativa – que, de acordo com a notícia, calcule-se, tem o apoio da maior parte dos Governos, Eurodeputados, e Comissão Europeia – for por diante, não tenho dúvidas de que o volume crescente de SMS e e-mails sofrerá um revés, e perder-se-á em eficiência, rapidez e valor acrescentado. Em suma… em criação de riqueza.

Enquanto na Europa continuarmos a pensar desta forma iremos continuar, ano após ano, a marcar passo em relação a outras zonas desenvolvidas e menos desenvolvidas do Mundo, que já hoje são muito mais dinâmicas do que a nossa União Europeia (em média, claro, e felizmente, com excepções bem conhecidas). Como os EUA, o Canadá, a Austrália e, claro, as inevitáveis China, Índia, e outros países asiáticos.

Finalmente, a notícia termina com a informação de que a Comissão Europeia está igualmente a analisar a possibilidade de serem criados outro tipo de taxas, designadamente sobre os bilhetes de avião ou sobre companhias petrolíferas. E que outros novos impostos podem estar na calha. Uma verdadeira delícia… Mais e mais impostos! Já somos pouco tributados, não é?!...

A “Velha Europa” volta a atacar… para dar mais uma valente machadada no nosso já frágil dinamismo económico, e para nos dificultar ainda mais a já parca criação de riqueza europeia.

Mais comentários para quê?!... São artistas europeus!...

4 comentários:

  1. Anónimo13:24

    Tenho uma ideia melhor. Porque não fazer revivescer o imposto sobre os isqueiros? Já existiu em tempos...
    Apetecía-me dizer, perante esta proposta do deputado europeu, que se a estupidez pagasse imposto decerto que só haveria superavits. Mas não digo que parece mal ;)

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  2. Relembrem-me lá da utilidade do parlamento europeu? É aquela coisa em França que tem estes franceses e aquela senhora da CDU não é?

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  3. Bem... o governo português já deve estar a esfregar as mãos de contente!! Falidos da maneira como estão, é a chamada intervenção divina.

    É que taxar e-mails é coisa que não lembrava ao careca! São uns idiotas (no sentido de que têm muitas ideias) aqueles pequenos gauleses.

    Mas vamos conspirar «un poquito», isso tudo é, unica e exclusivamente, porque eles não conseguem ultrapassar o facto de que o inglês é uma língua franca e o francês não. Como os e-mails são, normalmente, escritos em inglês, taxa-se a coisa (abrindo uma excepção para e-mails redigidos em francês) e fica o problema resolvido.

    A «velha Europa» é, exactamente, isso que é, velha e obesa à beira de um AVC e posso-vos garantir que, quem não lhe vai fazer "respiração boca-a-boca" sei eu quem é.

    Quanto à utilidade do Parlamento Europeu, amigo Tóni, pois não serve para grande coisa mas é um orgão que tem de existir para conferir um ar mais democrático a estas coisas todas. É uma maneira de garantir que o "povinho" de todos os Estados fica "contentinho" porque vota num "marmelo" que é suposto representá-los em Bruxelas. Decidem sobre coisas de gestão corrente, enquanto ficam de fora nas questões importantes. Infelizmente, esta cena das taxas é "gestão corrente".

    Agora quando são coisas mesmo importantes, saiem-se com coisas muito interessantes à laia do "ai, sobre isso não podemos fazer nada, isso é política interna do Estado-membro", como de resto já tive oportunidade de ouvir por diversas vezes.

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  4. Eu gostava de saber como pensam eles fazer o controlo de tráfego ... Deve ser de morrer a rir.

    Não se consegue aplacar a pirataria via P2P Pear to Pear. Mas eles acham que são capazes de taxar o e-mail ...

    E que farão com os Voice Over IP (vulgo Skypes)?

    Claro que a coisa está votada ao insucesso porque o pessoal passava-se todo para o Google, deixando as empresas de internet europeias a chuchar no dedo ... baixando a base tributável.

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