Sugeria a leitura de um discurso de Xanana Gusmão, em 28 de Novembro de... 2002. Link AQUI
Talvez ajude a compreender o que se está a passar, e também o que é possível fazer e/ou quem pode e deve fazer alguma coisa.
Dois respingos desse discurso: 1. "Se a independência é para todos nós, todos os timorenses, eu aproveito esta oportunidade para exigir ao Governo a demissão do Ministro da Administração Interna, o Sr. Rogério Lobato, por incompetência e desleixo." 2. "As pessoas começam, erradamente, a medir o número de lugares pelo número dos quadros do Partido, para que todos se acomodem porque o partido é grande, e as pessoas ficam insatisfeitas porque nem todos sobem ou nem todos podem ir para cima. Esta é a doença que arrastou muitos partidos e muitos países recém-independentes ao desmando, à ineficiência, à corrupção e à instabilidade política, onde os governantes vivem bem e o povo na miséria."
Ó amigo JMFA! Se existe mesmo uma coisa chamada CPLP? Sabe o que é que o «tio» Aristóteles (não o Onassis, mas o outro) diria?
Diria qualquer coisa como: "Todas as coisas devem ser vistas em função da sua utilidade e das suas faculdades. Quando uma coisa deixa de servir a sua função, não quer dizer que deixe de existir. Quer apenas dizer que passa a ser outra coisa embora com o mesmo nome.".
O «tio» Aristóteles era muito à frente. Era muito à fente, mas quem usa a palavra "utilidade" sou eu porque não me consigo lembrar da palavra exacta que ele utiliza para designar "utilidade".
Mas é assim, mesmo que ande tudo um bocado tenso ali para os lados de Timor, há um aspecto bastante positivo nisto tudo. Eles vão já com 4 anos de independência e só agora é que saltaram aos "fagotes" uns dos outros. Sinceramente, pensei que aguentassem menos.
É claro que nós sabemos que estas questiúnculas podem ser resolvidas de uma forma mais pacífica, «but we're not in their shoes» e ninguém pode afirmar, com toda a certeza, que não faria o mesmo que os "revoltosos" estão fazer.
Eu jogo "roleplay" desde 1993 (são simulações de várias coisas, basicamente). Na maioria dos casos o objectivo é entertenimento, mas em dois casos utilizei o jogo para fins académicos.
Coincidentemente, no 1º caso coube-nos - a mim e ao meu grupo - defender a posição Indonésia relativamente à questão de Timor-leste. Tivemos 1 semana para nos informar e preparar toda a estratégia e a conclusão foi que, naquele momento e de acordo com aquelas circunstâncias, foi-nos bastante simples "cilindrar" a posição portuguesa «y sus muchachos» e mais... :)))... ainda conseguimos convencer os outros que nós éramos os supra-sumos do respeito pelos direitos humanos.
No 2º caso - aconteceu mais recentemente - foi um bocado mais complicado porque o cenário tinha a ver organizações humanitárias em palco de conflitos e a nós (que personificavamos uma organização humanitária), coube-nos a tarefa de retirar refugiados de um determinado local e fazê-los passar a fronteira para outro país (que, a propósito disso, não os queria lá). Foi-nos dado 15 minutos para preparar tudo.
Analisando os 2 cenários, assim à distância, posso dizer-vos que em 15 minutos, com um acesso limitado à informação e perante uma situação de crise que envolve questões de sobrevivência, nenhuma das nossas soluções passou quer pela via do diálogo, quer pela via da defesa dos "direitos humanos".
Desculpem lá, mas não andávamos a falar da forma como a ENI ganhou a exploração do petróleo? E agora há distúrbios em Timor? E a CPLP não faz nada? E a Igreja também não? Parece-me que ao contrário do que pensávamos, a diplomacia portuguesa funciona...
Sugeria a leitura de um discurso de Xanana Gusmão, em 28 de Novembro de... 2002.
ResponderEliminarLink AQUI
Talvez ajude a compreender o que se está a passar, e também o que é possível fazer e/ou quem pode e deve fazer alguma coisa.
Dois respingos desse discurso:
1. "Se a independência é para todos nós, todos os timorenses, eu aproveito esta oportunidade para exigir ao Governo a demissão do Ministro da Administração Interna, o Sr. Rogério Lobato, por incompetência e desleixo."
2. "As pessoas começam, erradamente, a medir o número de lugares pelo número dos quadros do Partido, para que todos se acomodem porque o partido é grande, e as pessoas ficam insatisfeitas porque nem todos sobem ou nem todos podem ir para cima.
Esta é a doença que arrastou muitos partidos e muitos países recém-independentes ao desmando, à ineficiência, à corrupção e à instabilidade política, onde os governantes vivem bem e o povo na miséria."
Obrigado, JPG. Li. É um testemunho deveras interessante.
ResponderEliminarÓ amigo JMFA! Se existe mesmo uma coisa chamada CPLP? Sabe o que é que o «tio» Aristóteles (não o Onassis, mas o outro) diria?
ResponderEliminarDiria qualquer coisa como: "Todas as coisas devem ser vistas em função da sua utilidade e das suas faculdades. Quando uma coisa deixa de servir a sua função, não quer dizer que deixe de existir. Quer apenas dizer que passa a ser outra coisa embora com o mesmo nome.".
O «tio» Aristóteles era muito à frente. Era muito à fente, mas quem usa a palavra "utilidade" sou eu porque não me consigo lembrar da palavra exacta que ele utiliza para designar "utilidade".
Mas é assim, mesmo que ande tudo um bocado tenso ali para os lados de Timor, há um aspecto bastante positivo nisto tudo. Eles vão já com 4 anos de independência e só agora é que saltaram aos "fagotes" uns dos outros. Sinceramente, pensei que aguentassem menos.
É claro que nós sabemos que estas questiúnculas podem ser resolvidas de uma forma mais pacífica, «but we're not in their shoes» e ninguém pode afirmar, com toda a certeza, que não faria o mesmo que os "revoltosos" estão fazer.
Eu jogo "roleplay" desde 1993 (são simulações de várias coisas, basicamente). Na maioria dos casos o objectivo é entertenimento, mas em dois casos utilizei o jogo para fins académicos.
Coincidentemente, no 1º caso coube-nos - a mim e ao meu grupo - defender a posição Indonésia relativamente à questão de Timor-leste. Tivemos 1 semana para nos informar e preparar toda a estratégia e a conclusão foi que, naquele momento e de acordo com aquelas circunstâncias, foi-nos bastante simples "cilindrar" a posição portuguesa «y sus muchachos» e mais... :)))... ainda conseguimos convencer os outros que nós éramos os supra-sumos do respeito pelos direitos humanos.
No 2º caso - aconteceu mais recentemente - foi um bocado mais complicado porque o cenário tinha a ver organizações humanitárias em palco de conflitos e a nós (que personificavamos uma organização humanitária), coube-nos a tarefa de retirar refugiados de um determinado local e fazê-los passar a fronteira para outro país (que, a propósito disso, não os queria lá). Foi-nos dado 15 minutos para preparar tudo.
Analisando os 2 cenários, assim à distância, posso dizer-vos que em 15 minutos, com um acesso limitado à informação e perante uma situação de crise que envolve questões de sobrevivência, nenhuma das nossas soluções passou quer pela via do diálogo, quer pela via da defesa dos "direitos humanos".
Enfim... vou trabalhar.
Desculpem lá, mas não andávamos a falar da forma como a ENI ganhou a exploração do petróleo? E agora há distúrbios em Timor? E a CPLP não faz nada? E a Igreja também não? Parece-me que ao contrário do que pensávamos, a diplomacia portuguesa funciona...
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