Todos, sem excepção, têm direito a manifestar as suas idiossincrasias, as suas imperfeições, o seu lado menos positivo, utilizando os meios à sua disposição.
O cronista Vasco Pulido Valente tem, de vez em quando, uns repentes curiosos, como foi o caso de hoje. Atira-se como um gato a bofes ao senhor ministro da saúde e coloca-o em pé de igualdade com Hitler. Nem mais, nem menos. A versão portuguesa do expoente máximo da bestialidade humana está consubstanciada no ministro da saúde e na sua “lei sobre o tabaco”. Incrível! Os argumentos do cronista não são correctos, são desproporcionados, são mesmo irracionais, próprios de um fumador compulsivo que vê ameaçada a sua condição de prima donna por não poder fumar onde lhe apetece daqui a uns tempos. Não há quaisquer medidas coercivas, totalitárias ou similares na proposta de lei. Antes pelo contrário, são medidas justas e equilibradas e todas fundamentadas na ciência. Por outro lado, ninguém considera os fumadores como uma "nojenta raça". Têm o direito de fumar e não deverão ser perseguidos, nem prejudicados em função das suas opções. Já escrevi várias vezes sobre o assunto e defenderei os seus direitos. Não posso é aceitar que prejudiquem a saúde de terceiros. Irrita-me solenemente esta mania de comparar os defensores de determinados princípios a Hitler, aos fascistas ou ao Holocausto. Os defensores das correntes “pró-vida”, que têm todo o direito de expressar as suas posições, também recorrem a imagens idênticas, classificando como um novo Holocausto, o facto de alguns cientistas defenderem, por exemplo, a utilização das células estaminais, de embriões não viáveis ou sem projecto de vida, para fins nobres.
Não é digno, e traduz um nível de intolerância inaceitável, tentar comparar-nos ao pior do pior que a Humanidade já viu.
Há um pequeno facto curioso nesta análise. Na mesma página, ao lado, podemos ler a notícia de meloas em forma de cubo, criadas pelos japoneses com o objectivo de poderem ser melhor armazenadas. Parece que não é difícil moldar estes frutos, basta colocá-los dentro de recipientes cúbicos. Se conseguem dar esta forma, também poderão arranjar outras formas, tipo falo ou tipo charuto, por exemplo, capaz de deliciar as preferências de alguns que julgam poder moldar a forma de ser e de pensar com argumentos quadrados.
Eu prefiro saborear as meloas com as suas curvas naturais e de preferência num ambiente livre de fumo.
Apoiado Professor.
ResponderEliminarMesmo com generosa disposição para a tolerância ele há coisas que são intoleráveis. A opinião de VPV tal como expressa e mesmo com todo o desconto que se tem de dar ao autor, é uma delas.
"todas fundamentadas na ciência"... que saudades desses tempos!...
ResponderEliminar...pena que não sejam fundamentadas em princípios de liberdade, responsabilidade, propriedade e direitos individuais.
Caro professor SMC,
ResponderEliminarGostaria que comentasse o cenário colocado por VPV,
Um português livre resolve com o seu dinheiro abrir um restaurante para fumadores, portugueses livres resolvem trabalhar nesse restaurante e outros portugueses livres resolvem correr o perigo (?) de o frequentar, sem alteração da ordem ou infracção da lei. Tudo bem?
Na sua opinião, o indivíduo é ou não livre de se sujeitar a ambientes e situações lesivas para a sua própria saúde?
Em termos de medicina do trabalho os trabalhadores não poderão estar sujeitos a condições que manifestamente lhes possam provocar prejuízos na sua saúde. Sendo assim, e apesar de alguns poderem ser fumadores, há normas de segurança, higiene e saúde no trabalho que devem ser respeitadas. Uma coisa é fumar por opção, outra é obrigar alguém, quer seja ou não fumador, a estar sujeito a uma agressão no âmbito da sua actividade profissional. Se vier a adoecer, em função dessa exposição, deverá ser reconhecida como doença profissional e o trabalhador ser devidamente indemnizado pelo estado.
ResponderEliminarAs pessoas livres têm direito a escolher? Claro! Quem disse o contrário? Não podem e nem devem provocar doenças em terceiros! Não compreendo porque é que os fumadores se consideram uma espécie perseguida! Considero-os – parte significativa dos fumadores - responsáveis por mortes prematuras e doenças graves em pessoas que nunca fumaram. Então, como classifica este comportamento? Como sendo natural? Que se lixem os outros?!
ResponderEliminarDeclaração de interesses: ex-fumador inveterado e defensor dos direitos dos que pretendem fumar, lutando contra qualquer forma de discriminação que possam ser alvo, por parte das autoridades de saúde.
Convido-o a ir ao “Quarto da República” ler a minha posição (“O tabaco mata sob todas as formas”) mais detalhada sobre esta matéria (http://quartodarepublica.blogspot.com/).
Quanto ao não concordar com a minha posição, tudo bem. É um direito que assiste a qualquer um.
Quanto à hipocrisia estatal, é mais do que evidente, mas não fica pelo estado…
Quanto à necessidade de legislação, para mim é óbvia, e peca por ser tardia.
Sabe qual é a estimativa de mortes devido ao tabaco, a nível mundial, para o século XX!? Qualquer coisa como 1.000 milhões de óbitos, contra os 100 milhões ocorridos no século XX!
Por este motivo VPV e acólitos ainda têm a maior parte do planeta por sua conta. Basta ir par o terceiro mundo fumar à sua “vontade”…