David Justino fez um enorme e excelente trabalho à frente do Ministério da Educação. Desenvolveu uma acção política de alta qualidade, comprovada na diversa legislação que fez aprovar e na que tinha preparada. Foi prejudicado pela questão meramente técnica dos concursos dos professores, simples procedimento burocrático, mas que ofuscou completamente todo o trabalho de mérito que desenvolveu.
Maria de Lurdes Rodrigues vem tendo uma acção muito positiva em prol do que é essencial no ensino. Demonstra determinação, coragem, espírito de servir. Foi prejudicada pela questão meramente técnica de perguntas mal formuladas nos exames de Física ou Química, nas quais parece que nem catedráticos se entendem, sendo certo que a elaboração de exames é um processo dominado por logos anos de experiência, não apresentando qualquer dificuldade.
Assim sendo, tendo ambos os Ministros demonstrado competência política, ou lhes faltou apoio técnico ou lhes sobrou apoio técnico maldoso. Em qualquer dos casos, com prejuízo pessoal para os próprios, para as políticas governamentais e para os portugueses.
Não nos iludamos. Imputar aos Ministros ou estes assumirem responsabilidades políticas não leva a nada e não serve a ninguém, se os verdadeiros responsáveis, dirigentes, técnicos e comissões ad hoc do Ministério, não forem afastados de vez e de forma exemplar.
Como isso nunca conteceu e como, agora, também ainda não o foram, já devem estar a pensar na próxima vítima, seja ela quem for e de que partido for!...
Pena é que PS e PSD, como ontem se viu na Assembleia da República, continuem entretidos em guerrinhas internas desprezíveis e não vejam o que está em causa.
Até parece que se rebolam de prazer quando, alternadamente, a desgraça atinge o que está no governo!..
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarMas quem é que vai despedir o sujeito que fez o erro no exame? Eu? Então para que é que servem os políticos a quem eu pago para gerir aquilo?
Essa é que é a questão fundamental e, imaginando que seja impossível a um ministro despedir quem quer que seja (acredito perfeitamente), não aceito que o esconda de mim. E ministra devia ter dito que tudo aquilo é inaceitável que só acontece porque os técnicos são uma nódoa e que não consegue fazer mais se não lhe derem o poder de arrasar aquilo.
A partir do momento que o escondem de mim, como ela o fez, passou a ser parte do pacote a despedir. Como o faria em qualquer outra situação, com qualquer outra pessoa, em qualquer outra organização...
Diferença entre o Prof Dj ( que ao que leio na comunicação social tem feito um bom trabalho na presidência da Republica e outra coisa não seria de esperar..)e Maria de Lurdes Rodrigues:Maria de Lurdes Rodrigues tem "boa imprensa",amparada pela central de comunicação socialista, enquanto David Justino fez parte de um governo que foi violentemente "chicoteado" pela comunicação social..
ResponderEliminarCaro Pinho Cardão
ResponderEliminarEm primeiro lugar gostaria de lhe dizer que, após uma apressada leitura desta sua nota, quase pensei que considerava os prejuízos de ordem técnica imputáveis a David Justino e à actual ministra equiparáveis, quando o não são. Lendo melhor, percebi que não será bem isso que escreve, mas talvez a subtil diferença só se torne perceptível para quem conhece, bem, os meandros do ME e dos seus serviços.
No caso de David Justino, e sem me alongar, diria que os problemas no concurso de professores foram originados, mantidos e ocultados nos serviços do ME, que eram os responsáveis, desde sempre, pelos serviços de colocação de professores. Ora, um ministro trabalha com as estruturas técnicas do seu ministério, que só pode exigir que sejam competentes, tecnicamente. No caso, não foram. O problema foi estritamente de natureza técnica, como diz, com a DGRHE a não ser capaz de dar resposta técnica à nova filosofia de concurso, que implicava o total redesenho do sistema de colocações e uma quase total dependência de um suporte informático que tinha de ser, também ele, totalmente novo.
No caso da actual ministra, a questão é substancialmente diferente, porque no início do processo estão decisões que não são de natureza técnica. Tudo se centra na forma como são escolhidas as equipas que elaboram as provas de exame, processo que não é tão transparente, nem se encontra tão documentado e dado a conhecer, que permita afastar qualquer sombra de suspeita quanto ao facto de serem escolhidos "sempre os mesmos", ou "os amigos e conhecidos", ou os que representam "o lóbi aceite pela tutela". Depois, e tão ou mais importante, há a questão do processo de trabalho dessas equipas, das orientações e do acompanhamento científico que recebem e da avaliação prévia do que produzem.
Para abreviar, se quisermos analisar o papel da tutela nos dois casos, encontramos uma diferença não negligenciável: no caso dos concursos era quase impossível determinar de fora a falha técnica dos serviços competentes, uma vez que essa avaliação dependia, em primeira linha, de know how específico, e depois da oportunidade e fiabilidade da informação que fosse prestada pelas entidades que tinham a seu cargo a execução do concurso; no caso dos exames, a componente a que chamarei "não técnica" das decisões prévias à constituição das equipas nunca poderia ser totalmente assumida pelos serviços responsáveis, sem que os critérios subjacentes às escolhas efectuadas pudessem ser detectados, facilmente, pela ministra em funções. Aliás, impunha-se que tivesse feito um estreito acompanhamento dessa fase do processo. Por outro lado, os requisitos científicos exigíveis aos autores das provas são partilhados por largo número de profissionais das respectivas áreas do saber, o que permite à tutela munir-se do aconselhamento científico necessário para obviar desastres como o que aconteceu.
Muito mais se poderia dizer para evidenciar as diferenças, quanto a mim,notórias dos dois casos, mas o comentário está extenso, pelo que só me resta pedir-lhe desculpa por esse facto.
Viva!
ResponderEliminar"Até parece que se rebolam de prazer quando, alternadamente, a desgraça atinge o que está no governo!..."
Desculpe, mas em minha opinião o problema não é parecer que se rebolam... mas sim o rebolarem-se efectivamente...
E, míopes, nem sequer percebem que estão a rebolar-se de prazer... vendo a sua própria incompetência, o seu próprio descrédito.
Hão-de acabar por ver, decerto. A pena está em que o façam já demasiado tarde...
Quem viver, verá !
Cumprimentos
Ruben Valle Santos
caro pinho cardão, reconheço que eu às vezes nisto da politica ( sim eu sei que isto não é politica ,já sei o que vai dizer,isto é educação, não se deve misturar politca com educação..)eu sou como o meu amigo no futebol:só vejo uma cor.na politica só vejo laranja enquanto o dr pc é só azul na bola.dai as minhas criticas recorrentes na comunicação social.logicamente que estou a brincar e peço que não leve a mal.quero com isto dizer que as minhas criticas recorrentes aos jornalistas podem mostrar uma visão enviesada da comunicação social.mea culpa.
ResponderEliminarnão percebo nada de educação .nem quero perceber.já existem muitas pessoa que percebem demasiado e só fazem é "ruido".
mas ..(there always a but..)parece-me que esta ministra é a ministra das pequenas coisas.uma pequena coisa aqui ,outra ali ,mais outra ali e já são grandes reformas !ela é o inglês ,ela é uma refeição por dia, ela é a internet de banda larga ,ela é os professores a servir de ama-seca aos meninos nas aulas -suplementares e daqui a pouco saltamos para as primeiras posições de PISA.ah valente!temos mulher!!e toca de malhar forte e feio nos professores !
Proponho um novo título para o post, caro PC: Valentes com pés de barro!
ResponderEliminarHummm… se um(a) ministro(a) não é capaz de comandar [creio que é a palavra que melhor se ajusta à actual ministra] a equipa que trabalha debaixo dos seus pés, como é que pode pretender dirigir os destinos da educação?... pois... é uma questão demasiado simplex, eu sei.
«Maria de Lurdes Rodrigues vem tendo uma acção muito positiva em prol do que é essencial no ensino.» Não podia estar mais em desacordo consigo, caro Dr. Pinho Cardão. Lamento, mas o seu post está muito longe da realidade das escolas (presumo que ainda é lá que se faz grande parte do ensino em Portugal, certo?). Uma realidade de contestação e amarga resistência, até aos exames vivida essencialmente pelos professores e após os exames, sentida e vivida pelos alunos, pais e professores. Não procurando escorar-me em assuntos relacionados essencialmente com os professores, darei apenas alguns exemplos que afectam toda a comunidade escolar:
ResponderEliminar- o escândalo que foi o Exame de Língua Portuguesa do 9.º Ano, com directrizes vindas do Gave para que os secretariados de exames das escolas colocassem corrector nas provas dos alunos por estes (e bem) terem identificado o local de onde eram provenientes pois assim exigem as regras de redacção de uma carta (as instruções faziam referência apenas a que os alunos não assinassem a carta); depois, contra-ordem, corrector nem pensar, é preciso raspá-lo e colocar tinta preta!!!; no mesmo Exame, uma questão relacionada com palavras derivadas por prefixação foi anulada devido a demasiadas dúvidas quanto à classificação dessas palavras! (um ano inteiro a pensar um exame e são colocadas questões duvidosas??? como é que se avaliam competências, se avaliam alunos e se decidem futuros com este tipo de questões??);
- as adendas aos critérios de correcção da primeira fase foram inúmeras – a Língua Portuguesa; a Biologia e Geologia; a Biologia; a Física; a Química; a Matemática… Um corrector de Matemática da minha escola já tinha devolvido as provas de exame ao agrupamento corrigidas e tornou a ser chamado porque entretanto tinha chegado mais uma adenda à correcção! Quem é responsável por tanta incompetência??
- relativamente às razões apontadas pela Ministra da Educação para a repetição dos exames de Física e de Química: a questão dos dez anos de treino quanto aos programas antigos - os alunos dos programas antigos não têm dez anos de treino, podem estar a fazer pela primeira, segunda ou terceira vez, quando muito; a questão de que o programa destas disciplinas não foi concebido para a realização de exames – todos os intervenientes sabiam da realização do exame, as aulas foram preparadas nesse sentido, os alunos foram orientados nesse sentido, o Gave é que falhou na ligação às escolas (quer nestes exames específicos, quer noutros novos) – onde estão as provas modelos? (elas coarctam a acção dos professores? Então, porque se usou o argumento do treino para repetir os exames de Física e Química?); porque nunca responderam às solicitações das Escolas?; quantas vezes as coordenadoras de Departamento da minha escola solicitaram indicações e orientações mais precisas aos organismos ministeriais sobre os novos Exames?; se uma das razões da autorização para a repetição destas provas se prende com o facto de apenas neste ano existir o exame para estas disciplinas, porque não foi ponderada esta situação? Porque não se substituíram essas provas (de acesso) por outras? Ou porque se fizeram exames tão polémicos?
- e quem é responsável por esta ENORME, LOUCA confusão que é o currículo do Ensino Secundário?! Sabe o Dr. Pinho Cardão quantos currículos do Ensino Secundário estão em funcionamento neste momento nas escolas? TRÊS! O do programa antigo! O do programa novo com a carga horária antiga! E o programa novo com carga horária nova saída em 2004!!! Os alunos que nos últimos anos reprovaram de ano ou a algumas disciplinas não atinam com tanto código de exame! Como se explicam duas provas de Matemática (a 435 e a 635 – programa antigo e programa novo) exactamente iguais???? E com critérios de classificação diferentes??? Este foi um ano de transição??? E nos próximos anos, vão desaparecer os alunos dos currículos antigos??? Eles vão continuar a realizar provas até 2007/2008, pelo menos.
- e porque se vem para a comunicação social empolar legislação como o Despacho n.º 1/2006 que daria hipóteses às escolas para criarem turmas com percurso curricular alternativo para combater o risco de abandono escolar e depois, na realidade, tudo se faz para que as escolas não avancem com esses projectos e avançando criem exigências curriculares espatafúrdias que tornam estes projectos curriculares quase idênticos ao currículo regular???
- Outro exemplo de desinformação: como se entende que nos Guias de Acesso, bem como nos Regulamentos de Exames do Ensino Secundário (as famosas normas) esteja bem claro que um aluno que repita um exame na segunda fase de exames só possa usar essa nota apenas na segunda fase do acesso ao Ensino Superior e, afinal, isso é válido só para os exames do 12.º ano? Os alunos do 11.º ano podem repetir e usar a nota para melhoria da média do ensino Secundário, e usar essa melhoria na primeira fase da candidatura ao Ensino Superior! Ninguém disse isso nunca!!! As escolas assumiram, naturalmente, que o discurso era para todos os exames nacionais…e não apenas paras os do 12.º ano. Aliás, lembram-se?, esse foi o ano que foi esquecido na planificação do calendário escolar. Pau que nasce torto…
Meros exemplos estes.
«Acção positiva em prol do ensino», caro Dr. Pinho Cardão?
Caro Dr. Pinho Cardão,
ResponderEliminarquando a Ministra vai à comunicação social dizer que não houve erros nos Exames e que tudo correu bem nos Exames, quando vai ao Parlamento falar e reafirma isto, a Ministra está a ser solidária com quem e com o quê? a Ministra não sabe do que está a falar ou sabendo, desinforma?
quando a Ministra afirma que a confusão foi só este ano e que para o ano já tudo passou porque os alunos do 12.º ano não fazem tantos exames , quando na realidade continuarão a existir exames para os programas antigos, a Ministra não sabe do que está a falar ou sabendo, desinforma?
quando a Ministra vai ao programa "Diga lá Excelência" e afirma para quem quer ouvir que será criado um "Plano de Acção para a Matemática" onde, por exemplo, as escolas poderão contratar mais professores ou formadores e depois nas reuniões preparatórias para a efectivação do referido Plano terminantemente se afirma que o mesmo terá de ser feito com os recursos humanos existentes nas escolas, a Ministra não sabe do que está a falar ou sabendo, desinforma?
De novo, meros exemplos.
Não lhe parece que quer uma quer a outra situação são graves?
Cara colega Sandra:
ResponderEliminarAs crenças não se combatem com exemplos. A ministra porta-se bem e ponto final.
Caro Pinto Cardão
ResponderEliminarConsiderando, quer o que já escrevia na sua nota, quer a sua resposta ao meu comentário, direi que põe o dedo na ferida, ao interrogar-se, tal como eu me interrogo, há anos, sobre quais as razões que impedem o desmantelamento da estrutura "mafiosa" que, efectivamente, existe no ME.
Como muito bem diz, só um imbecil não perceberia que essa estrutura existe e que tem feito a cama às equipas governativas que passam pela 5 de Outubro; no entanto, os ministros e secretários de estado que por lá tenho visto passar não podem, com "esporádicas" excepções, ser rotulados como tal, pelo que não terá sido de imbecilidade que se trata. Portanto, retirei uma conclusão: a situação, apesar de não interessar a ninguém, acaba por interessar a todos. E isto porque os partidos, enquanto estão na oposição, se servem dessa estrutura para controlarem o que não devem e, quando chegam ao governo, têm de gramar com os compromissos assumidos a montante da acção dos gabinetes, têm de ceder aos lobies políticos e não-políticos de que se servem no período de defeso governamental, e são obrigados a aceitar a gestão de equilíbrios de interesses dentro do próprio partido e no espectro político-partidário nacional, que alimentam nos jogos de forças no parlamento, no poder local e noutras arenas do poder. Quantos ministros e secretários de estado não acabam por ficar eles próprios reféns dessas manobras de bastidores? Isto desculpabiliza-os? Só em parte, claro, primeiro, porque podem sempre dizer não ao honroso convite para a pasta, depois, porque podem tentar partir o monstro por dentro, se bem que é um facto que os que isso pretenderam pereceram, sem sucesso, na aventura…
Sem querer encher-lhe o espaço com novo lençol, ainda acrescentaria que se observarmos como tratam os partidos de aproveitar os seus militantes para, de entre estes, ir seleccionando e formando os melhores para cada área, fica tudo dito. Observe-se o que está o PSD a fazer, no presente, e não ficamos com muitas dúvidas do que irá acontecer se/quando voltar ao governo, não é verdade?
Como diz um outro comentador, se calhar, só fechando...
Caro Pinho Cardão, as minhas sinceras desculpas pela troca do nome no comentário anterior.Tecla errada, apenas.
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