Cada vez tenho mais dificuldade em conhecer a verdade. Sei que este mundo não é próprio para ingénuos, pelo contrário, não esquecer que os "espertos" e os menos escrupulosos são capazes de façanhas inimagináveis. Aquela fé de que o mundo pode mudar com as nossas acções e intenções falece periodicamente. Talvez o avizinhar do fim das férias e a expectativa da triste mudança de estação possam, em parte, explicar a detonação de bombas de pessimismo, cujo arsenal varia de indivíduo para indivíduo.
Não consigo compreender a atitude de renúncia do presidente da câmara municipal de Setúbal. Dizem que foi o PCP o responsável. Mas desde quando um partido é dono de uma autarquia? Depois apareceu a notícia das reformas "compulsivas", segundo a qual houve um conluio criminoso. O relatório está nas mãos do governo, o presidente não o conhece, mas a comunicação sabe! O presidente diz que deve ter sido o governo a ditar a fuga, mas este veio logo a dizer que lastima a afirmação do autarca. O secretário-geral do PCP afirmou que Carlos de Sousa é um homem honesto. Não consigo compreender o que é que está a acontecer! A única coisa perceptível é a atitude patética de um partido como o PCP, que ainda por cima se vangloria da sua superhonestidade.
Aquela notícia sobre Eduardo Cintra Torres é deliciosa. Já tinha comentado, no burgo familiar, que este ano o folclore dos fogos estava muito aquém dos anos anteriores. Nem se compara. Interpretei tal facto de duas formas: ou o governo pediu à comunicação social para ser mais cuidadosa ou, então, ela própria teria tomada tal atitude, o que não é muito credível. Agora, o comentador veio denunciar a pressão governamental. A tumultuosa reactividade do director televisivo deixa no ar muitas suspeições. Aguardemos.
A notícia da não promulgação dos contratos individuais no DR deu um brado dos diabos levando o responsável governamental às afirmações que todos conhecemos. No final um recuo mais que evidente. Não passou, por enquanto, mas se essa for a vontade, acabarão por conseguir esse objectivo. Uma questão de tempo. Veja-se o que está a acontecer com a co-incineração. O governo está perfeitamente legitimado para prosseguir com os seus intentos. Fazia parte do programa PS. Foi sufragado e ganhou. Nada a apontar, a não ser a metodologia, ou melhor as metodologias. Desde o uso de óleos e solventes, que não deviam fazer parte do processo, à desvalorização dos CIRVER, passando pela não explicação cabal do porquê de Souselas e o Outão e não de outras localizações à dispensa da avaliação do impacto ambiental, são apenas alguns exemplos. No tocante à última, e de acordo com as normas em curso, deveria ser feito um novo estudo, porque o primeiro data de 1998, data em que os descritores eram diferentes dos actuais. Na qualidade de Provedor do Ambiente e da Qualidade de Vida Urbana de Coimbra fiz um parecer fundamentado justificando a necessidade de um novo estudo.
O presidente da Câmara Municipal de Coimbra toma as medidas que entender para contrariar a co-incineração e que estão a ser polémicas. Sendo assim, é de esperar que a comunicação social me peça opinião. Foi o que aconteceu ontem. Disse à jornalista que não tinha nada a comentar quanto à atitude do Dr. Carlos Encarnação sobre a proibição de passagem de resíduos perigosos na estrada de aceso à CIMPOR. Trata-se de uma decisão política e eu entendi que não devia comentá-la. No entanto, afirmei que poderia fazer quaisquer comentários no âmbito técnico e científico. Também fiz observações sobre a dispensa do estudo do senhor ministro, explicando as razões. Enfim, uma pequena entrevista. Hoje, ao comprar o jornal fui ver o que é que eu “teria dito” sobre o assunto. Li a notícia e nada! Nem uma palavra minha. Não é que esteja muito interessado em aparecer, pelo contrário, já tive aborrecimentos que cheguem a propósito deste tema. Mas fiquei a meditar, e se eu tivesse elogiado a atitude da câmara? E se tivesse insultado o ministro, o secretário de estado e companhia? Ou seja, e se eu tivesse lançado fogo para a confusão? Teria sido citado com a devida distinção. Mas como limitei-me a ser objectivo e racional, enquadrando o problema no âmbito técnico, científico e legal, nada. Não interessou. Afinal dei uma entrevista a uma jornalista (que me telefonou seis vezes para o telemóvel!) da qual apenas nós os dois ficamos a saber do seu teor. A senhora tem todo o direito em “construir” a notícia de acordo com as suas “fontes”, mas palpita-me que a minha fonte está à beira de secar, porque não é a primeira vez que esta cena acontece….
Não consigo compreender a atitude de renúncia do presidente da câmara municipal de Setúbal. Dizem que foi o PCP o responsável. Mas desde quando um partido é dono de uma autarquia? Depois apareceu a notícia das reformas "compulsivas", segundo a qual houve um conluio criminoso. O relatório está nas mãos do governo, o presidente não o conhece, mas a comunicação sabe! O presidente diz que deve ter sido o governo a ditar a fuga, mas este veio logo a dizer que lastima a afirmação do autarca. O secretário-geral do PCP afirmou que Carlos de Sousa é um homem honesto. Não consigo compreender o que é que está a acontecer! A única coisa perceptível é a atitude patética de um partido como o PCP, que ainda por cima se vangloria da sua superhonestidade.
Aquela notícia sobre Eduardo Cintra Torres é deliciosa. Já tinha comentado, no burgo familiar, que este ano o folclore dos fogos estava muito aquém dos anos anteriores. Nem se compara. Interpretei tal facto de duas formas: ou o governo pediu à comunicação social para ser mais cuidadosa ou, então, ela própria teria tomada tal atitude, o que não é muito credível. Agora, o comentador veio denunciar a pressão governamental. A tumultuosa reactividade do director televisivo deixa no ar muitas suspeições. Aguardemos.
A notícia da não promulgação dos contratos individuais no DR deu um brado dos diabos levando o responsável governamental às afirmações que todos conhecemos. No final um recuo mais que evidente. Não passou, por enquanto, mas se essa for a vontade, acabarão por conseguir esse objectivo. Uma questão de tempo. Veja-se o que está a acontecer com a co-incineração. O governo está perfeitamente legitimado para prosseguir com os seus intentos. Fazia parte do programa PS. Foi sufragado e ganhou. Nada a apontar, a não ser a metodologia, ou melhor as metodologias. Desde o uso de óleos e solventes, que não deviam fazer parte do processo, à desvalorização dos CIRVER, passando pela não explicação cabal do porquê de Souselas e o Outão e não de outras localizações à dispensa da avaliação do impacto ambiental, são apenas alguns exemplos. No tocante à última, e de acordo com as normas em curso, deveria ser feito um novo estudo, porque o primeiro data de 1998, data em que os descritores eram diferentes dos actuais. Na qualidade de Provedor do Ambiente e da Qualidade de Vida Urbana de Coimbra fiz um parecer fundamentado justificando a necessidade de um novo estudo.
O presidente da Câmara Municipal de Coimbra toma as medidas que entender para contrariar a co-incineração e que estão a ser polémicas. Sendo assim, é de esperar que a comunicação social me peça opinião. Foi o que aconteceu ontem. Disse à jornalista que não tinha nada a comentar quanto à atitude do Dr. Carlos Encarnação sobre a proibição de passagem de resíduos perigosos na estrada de aceso à CIMPOR. Trata-se de uma decisão política e eu entendi que não devia comentá-la. No entanto, afirmei que poderia fazer quaisquer comentários no âmbito técnico e científico. Também fiz observações sobre a dispensa do estudo do senhor ministro, explicando as razões. Enfim, uma pequena entrevista. Hoje, ao comprar o jornal fui ver o que é que eu “teria dito” sobre o assunto. Li a notícia e nada! Nem uma palavra minha. Não é que esteja muito interessado em aparecer, pelo contrário, já tive aborrecimentos que cheguem a propósito deste tema. Mas fiquei a meditar, e se eu tivesse elogiado a atitude da câmara? E se tivesse insultado o ministro, o secretário de estado e companhia? Ou seja, e se eu tivesse lançado fogo para a confusão? Teria sido citado com a devida distinção. Mas como limitei-me a ser objectivo e racional, enquadrando o problema no âmbito técnico, científico e legal, nada. Não interessou. Afinal dei uma entrevista a uma jornalista (que me telefonou seis vezes para o telemóvel!) da qual apenas nós os dois ficamos a saber do seu teor. A senhora tem todo o direito em “construir” a notícia de acordo com as suas “fontes”, mas palpita-me que a minha fonte está à beira de secar, porque não é a primeira vez que esta cena acontece….
Meus caros,
ResponderEliminarse não arde não vale a pena olhar...
Pois é camarada, agora já sabe o que fazer quando quiser ser "ouvido". E gente a quem um insulto vai fazer muito bem é o que não falta por aí...
ResponderEliminarMeu Caro Professor,
ResponderEliminarEntendendo a sua manifestação de desconforto perante a crescente falta de seriedade e de escrúpulos que varre literalmente a "nossa" comunicação social - uma ou outra ilha de seriedade está cada vez mais isolada - quero dizer-lhe que o meu Amigo é ainda um Homem com sorte.
Pelo menos em termos relativos.
Que hei-de eu dizer meu Caro, quando ainda há cerca de 15 dias fui "mimoseado" pelo Director do Diário Económico (nem mais) que em editorial, usando das mais barbaras falsidades, me atingiu duramente?
E o mais interessante é que, depois de esclarecido, mais do que esclarecido, objectivamente elucidado e solicitado a publicar um esclarecimento, respondeu...com total silêncio.
Este episódio, que não me mereceria qualquer apontamento no 4R não fora este pretexto, serve para reforçar a sua reflexão e desconforto, como cidadão livre, independente, honesto emtoda a dimensão da palavra, que não pode deixar de se indispor diante do cenário de degradação a que a "noss" comunicação social chegou.
Tal como noutros planos da vida colectiva, também aí estamos a bater no fundo.
Paradoxalmente, é a mesma comunicação social que insistentemente proclama a necessidade de mudanças e de reformas para que o País possa progredir!
Caro amigo Tavares Moreira
ResponderEliminarUma das vantagens dos blogs é precisamente possibilitar a publicitação de opiniões que de outro modo morreriam dentro de uma pequena esfera de ouvintes. Aqui há um efeito multiplicador o que é muito positivo.
A sua "experiência" nestas andanças é muito mais intensa do que a minha, reconheço. O facto de ter feito a descrição que fez é ilustrativo do mau estado em que anda a comunicação social. Não é novidade para ninguém, poderão dizer os nossos leitores. Pois não, mas tem que haver uma solução. O tempo encarregar-se-á de a fornecer.
O grande problema é a constante distorção dos factos e os enviesamentos das notícias com fins, muitas vezes, inconfessáveis.
No decurso das minhas aulas, ao falar de investigação costumo dizer que o objectivo da mesma é obter informação. As nossas acções resultam da informação obtida. Logo, se a informação colhida não for correcta, a acção também não é. A partir daqui, e através de vários exemplos, demonstro o efeito pernicioso na saúde e bem-estar das pessoas. Muitas das nossas atitudes – falo da área da saúde – não serão as mais correctas, porque as informações em que baseiam não respeitaram os critérios científicos. Enfim, não é meu objectivo encaminhar para estas lides, o que pretendo afirmar é que, mutatis mutandis, o nosso dia a dia é feito com base na informação, mas se esta estiver enviesada ou for manipulada o que é que poderemos esperar das consequências das respectivas acções? Nada de bom...
Exemplos aos molhos não faltam! Além do mais, o que seria de muitos concidadãos se, por um acaso hipotético, passasse a haver informação de elevada qualidade, a verdadeira? Coitados "passavam-se"!