Uma onda de perplexidade varre o colégio dos nossos habituais e omnicientes comentadores e oráculos. Os analistas não se conformam que um presidente eleito directamente pelo Povo seja súbita e sumariamente corrido pelo partido a cujas fileiras pertence; e também não se admite que o Professor Marcelo Rebelo de Sousa não tenha previsto semelhante desfecho...
Não vejo razão para tanta incompreensão, tanto espanto.
Esta é a lógica de funcionamento do partido comunista.
Carlos de Sousa é militante do partido comunista português.
Ao candidatar-se a presidente da Câmara Municipal de Setúbal como militante do PCP aceitou a lógica de que um militante é um singelo instrumento ao serviço do partido. Descartável quando não convém.
Não vejo, para além da singularidade do facto, nada de espantoso. Só vejo coerência de um partido que é assim e assim continuará.
Não vejo razão para tanta incompreensão, tanto espanto.
Esta é a lógica de funcionamento do partido comunista.
Carlos de Sousa é militante do partido comunista português.
Ao candidatar-se a presidente da Câmara Municipal de Setúbal como militante do PCP aceitou a lógica de que um militante é um singelo instrumento ao serviço do partido. Descartável quando não convém.
Não vejo, para além da singularidade do facto, nada de espantoso. Só vejo coerência de um partido que é assim e assim continuará.
Caro Ferreira de Almeida
ResponderEliminarA maioria dos "comentadores" não leu o Zero e o Infinito, ou já se esqueçeu.
Cumprimentos
Adriano Volframista
Caro JMFA,
ResponderEliminarA perplexidade decorre do facto do PCP ser um partido legal e cujas listas acedem às eleições democráticas da república portuguesa.
Claro que depois de ilegalizado o PCP, o espanto não se justifica. Mas como os meus concidadãos não concordam comigo, continuarei a espantar-me com estas coisas. Senão com o PCP pelo menos com os totós que o admite como partido depois dos inúmeros episódios de lesa à pátria, lesa a democracia e lesa a nação.
O PCP sempre defendeu a unicidade e o totalitarismo, não por coerência mas por dogma.
ResponderEliminarNão há espaço para “reformistas transviados”. As pessoas não valem por si. Pela sua idiossincrasia ou qualidades singulares. Pela sua individualidade. Mas sim como parte de um colectivo. Como instrumento de um aparelho que se pretende afinado e a funcionar em uníssono. Em síntese, não há lugar para a diferença ou a margem de desvio tende para zero, sob pena de acusação de delito de opinião.
Os sistemas ou organizações comunistas funcionam como uma engrenagem ubíqua e síncrona. São iguais em todo o lado (o contexto, para o “internacionalismo proletário”, é secundário) e o tempo é uma variável irrelevante. Diferem, no entanto, das doutrinas religiosas monoteístas (desprezando as derivas terroristas ou as insuficiências humanas), porquanto o paradigma operativo não é o humanismo mas sim o racionalismo ateu. Razão pela qual os meios não importam desde que se atinjam os fins. Parafraseando, salvo erro, Lenine: nem que tenhamos que levar todos os povos à miséria haveremos de implantar o comunismo no mundo. Os seres humanos, apesar de muito imperfeitos, ainda têm uma razoável consciência, e acima de tudo necessidade, de liberdade.
Daí o fracasso doutrinal e socioeconómico dos “comunismos”…
Qual o sistema político com que hoje o PCP se identifica? Cuba? E, já agora, o Bloco de Esquerda?
Acabado o modelo dos países de leste, encimado pela antiga União Soviética, resta agora o internacionalismo apátrida e as originalidades nacionais.
Carlos de Sousa já há muito que deveria ter experiência e consciência destas realidades. Não tem de que se queixar. Ou aceita obedientemente a sua fatalidade política ou muda de embarcação rumo a ambientes mais oxigenados. Nestes, a aceitação das diferenças é o princípio e a essência de qualquer projecto político.
Pessoalmente não vejo motivos para tanto alarde mediático.
ResponderEliminarEstá tudo dentro da normalidade jurídica. veja-se o artigos 76º e 79º da Lei 5-A 2002 (Regime jurídico de funcionamento, dos órgãos dos municípios e das freguesias)
Artigo 76.
Renúncia ao mandato
1 — Os titulares dos órgãos das autarquias locais gozam do direito de renúncia ao respectivo mandato
a exercer mediante manifestação de vontade apresentada, quer antes quer depois da instalação dos órgãos respectivos.
2 — A pretensão é apresentada por escrito e dirigida a quem deve proceder à instalação ou ao presidente do órgão, consoante o caso.
3 — A substituição do renunciante processa-se de acordo com o disposto no número seguinte.
4 — A convocação do membro substituto compete à entidade referida no n.o 2 e tem lugar no período que medeia entre a comunicação da renúncia e a primeira reunião que a seguir se realizar, salvo se a entrega do
documento de renúncia coincidir com o acto de instalação
ou reunião do órgão e estiver presente o respectivo
substituto, situação em que, após a verificação da sua identidade e legitimidade, a substituição se opera de imediato, se o substituto a não recusar por escrito
de acordo com o n.o 2.
Artigo 79.o
Preenchimento de vagas
1 — As vagas ocorridas nos órgãos autárquicos são preenchidas pelo cidadão imediatamente a seguir na
ordem da respectiva lista ou, tratando-se de coligação, pelo cidadão imediatamente a seguir do partido pelo qual havia sido proposto o membro que deu origem
à vaga.
2 — Quando, por aplicação da regra contida na parte final do número anterior, se torne impossível o preenchimento da vaga por cidadão proposto pelo mesmo partido, o mandato é conferido ao cidadão imediatamente a seguir na ordem de precedência da lista apresentada
pela coligação.
Cumprimentos,
Regionalização
Caro AAF,
ResponderEliminarestá absolutamente certo... e concordo consigo quando afirma que não vê o porquê de tanto alarido. Tendo em atenção que:
- Está tudo dentro da Legalidade democrática (e parabéns pela inclusão do Artº)
- Não pode surpreender ninguém o facto de o PCP tomar a decisão de "ejectar" um elemento que se estaria a tornar incómodo, ao menos teve a coragem de fazer o que os outros partidos da cena democrática portuguesa nunca fizeram perante semelhante situação (ejectar os inconvenientes independentemente da sua posição e popularidade)!
Apenas julgo que poderiam ter-se debruçado um pouco mais sobre a razão para a saída do camarada Carlos de Sousa, porque idependentemente da côr política dos que por aqui andam penso que ninguém me pode dizer que aceita como séria a justificação de "renovação" da equipa, sobretudo quando acontece 10 meses depois das eleições e vindo de um partido onde convenhamos que as palavras "renovação" e "rejuvenescimento" não têm grande historial, fora isso tudo normal!
Caro Virus,
ResponderEliminarSubscrevo, na integra, esta sua análise.
Cumprimentos,