domingo, 1 de outubro de 2006

Atrasos

Portugal não tem só problemas com o seu desenvolvimento económico. Tem, e muito graves, atrasos sociais e culturais que também o distanciam de alguns dos seus parceiros. E se o diagnóstico está feito e refeito por milhentos dos nossos gurus quanto às razões das nossas endógenas dificuldades económicas e financeiras, no que respeita às questões sociais está longe de se conhecer o retrato fiel do país que somos.
De vez em quando os media falam do trabalho infantil, da discriminação das mulheres no trabalho e na remuneração, na violência doméstica, nas escolas e nas ruas. Em muitas e diferenciadas outras exclusões. A realidade, suspeito eu, anda muito para além das estatísticas associadas a estes males sociais, responsáveis pelo atraso do País muito mais do que as razões económicas (e porventura explicação para muitas delas, contrariamente à visão de alguns).
O DN de hoje traz em destaque a denúncia de um destes tristes sinais de atraso social: a violência exercida sobre os idosos no seio das próprias famílias. Não se trata de uma análise que desce ao fundo do problema como não se exige que a esse ponto desça o trabalho jornalístico. Mas vale pelo alerta e pela revelação dos números de denúncias e assistências a casos que vêem a luz do dia através dos quais dá para perceber a brutal dimensão destas situações.
Uma sociedade que não encontre remédio para fenómenos como os que o DN hoje denuncia não terá por certo grande futuro.

4 comentários:

  1. Eu, nestas coisas, gosto de ser optimista e pensar que casos de miséria total são excepções, casos extremos, degenerescências da evolução. Nunca nos livraremos deles, mas nunca serão muitos.

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  2. Anónimo16:33

    Pois eu, meu caro Tonibler, tenho o sentimento contrário. São sempre demais por poucos que sejam. E tenho uma enorme dificuldade em encolher os ombros...

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  3. Caro Ferreira de Almeida

    Vê-se bem que é português.
    Ainda não chegou a altura para conseguirmos olhar sobre nós próprios e eliminar de vez alguns mitos, um é "Quão desconhecidos somos no estrangeiro" e o outro é dos "Brandos Costumes".
    Somos muito mais cruéis do que sequer conseguimos imaginar e sobretudo, suportar, por isso, o que se passa com os idosos não me espanta, nem a Casa Pia e semelhantes.
    Sabe, os anglo saxónicos abominam a nossa ausência de sentido das responsabilidades, pelo que o que me deixa revoltado é, precisamente, essa ausência de revolta.
    Cumprimentos
    Adriano Volframista

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  4. Anónimo17:33

    Obrigado Margarida. Sobretudo pelos seus comentários, esses sim, sempre expressivos.

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