terça-feira, 24 de outubro de 2006

“Oh my god! I forgot to have a baby”!


“Sara concebeu, e deu a Abraão um filho na sua velhice, ao tempo determinado, de que Deus lhe falara” (Génesis 21:2)
Na década de oitenta muitas mulheres usaram “T-shirts” com a frase: “Oh my god! I forgot to have a baby”.
As razões subjacentes a esta atitude são conhecidas. O adiamento, consequência de um acto premeditado, de falta de oportunidade ou de um “esquecimento”, leva muitas mulheres a uma situação pouco confortável, quando o velho instinto maternal, desesperado, explode num campo pré menopáusico ou mesmo já na fase de esgotamento ovular.
Neste momento, em muitos países ocidentais, uma em cada cinco mulheres férteis, que ultrapassaram há já algum tempo os quarenta anos, não tem filhos devido a muitos factores.
O número de mulheres que têm filhos após os cinquentas anos tem vindo a aumentar de forma considerável. Antigamente também ocorriam casos destes, mais por descuido, por pensarem estar seguras de que não engravidariam mais. Os chamados “filhos da menopausa”!
Até ao momento era apontado que as mulheres que engravidavam nestas idades teriam mais problemas. Agora, um estudo veio revelar que a gravidez em mulheres mais “maduras” não são acompanhadas de mais stress ou risco para a saúde comparativamente a mães mais jovens. Neste estudo as mulheres foram sujeitas a tratamentos, tendo todas recebidas óvulos. Sendo assim, a oposição à gravidez de senhoras de mais idade basear-se-á mais em preconceitos do que em evidências concretas. Os autores chamam a atenção para o facto de muitas mulheres terem como companheiros homens mais novos, facto que pode ser uma importante ajuda neste novo fenómeno.
Tudo aponta para que os problemas não sejam de saúde para as mulheres envolvidas, mas sim de carácter educacional dos filhos no decurso do desenvolvimento, sobretudo na passagem da adolescência para a vida adulta. Mas, mesmo assim, não podemos esquecer que a esperança de vida continua a aumentar, de tal forma, permitindo, no futuro, o aparecimento de mães tipo Matusalém, capazes de rivalizar com a epidemia de gravidezes da adolescência do final do século XX e princípios do novo milénio! Acresce a todos estes aspectos os decorrentes das novas tecnologias susceptíveis de guardar os óvulos, obtidos em jovem, de produzir mesmo óvulos a partir de células estaminais adultas e de outros verdadeiros malabarismos genéticos, capazes de fazer cair os queixos ao comum dos mortais.
A dissociação sexo-procriação aliada às novas tecnologias irão permitir a produção de bebés em fases cada vez mais avançadas da vida propiciando uma nova realidade: “os filhos das reformadas”, possibilitando recuperar o tal “esquecimento”, e arranjando um entretém para a velhice.
Em contraponto ao velho aforismo, “Homem velho e mulher nova, filhos até à cova”, poderemos enunciar um outro: Mulher velha e, acessoriamente, homem velho ou “novo” (apetência em crescendo) filhos até à cova. Não soa bem! Mas é muito provável que venha a acontecer…

3 comentários:

  1. Acho bem! Os novos que fiquem com a velhas!

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  2. Caro Prof. Massano,
    Excelente este seu apontamento, chamando à colação um tema extremamente interessante, da dissociação entre acto sexual e procriação.
    Acredito que vamos assistir a isso, cada vez mais, nos anos que vêm.
    Li esta semana que a "velha" (porque sempre jovem e bela) Gina Lolobrigida, que nos encantava na nossa juventude com a sua vibrante beleza física, iria casar com um cavalheiro 34 anos mais novo.
    Será que ainda vamos ter notícias dos bebezinhos da Lolobrigida? Acha possível?

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  3. Caro amigo Tavares Moreira.

    Espero bem que não, para bem das criancinhas...

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