sexta-feira, 17 de novembro de 2006

A coincidência das contra-programações!...

Em comentário a um texto de Margarida Corrêa de Aquiar, Cultura da mediocridade, não tem que ser assim…o excelente comentador Rui Vasco verbera o facto de o Presidente da República se ter predisposto para uma entrevista na SIC, aceitando assim ser usado num espaço normalmente não existente, precisamente no mesmo dia em que a televisão pública, no programa Grande Entrevista, tinha agendado uma conversa com Pedro Santana Lopes.
Desde logo, não acredito, pelo que se conhece do Presidente da República, que o mesmo tenha caído nesse registo.
Mas também sou levado a não acreditar pelo seguinte raciocínio dedutivo.
De facto, ainda há cerca de oito dias nem sequer se sabia a data da saída do livro de Santana. Ora a entrevista só poderia ser marcada depois desse evento, que aconteceu creio que na 2ª feira passada.
Por outro lado, uma entrevista à televisão, e logo a primeira desde que Cavaco é Presidente, não é assim preparada nem programada à pressa. Normalmente essas coisas demoram algum tempo, até porque a Agenda do PR não deve estar assim tão desocupada. Além do mais, o Presidente nem sequer é um fervoroso adepto de aparecer nas televisões.
Por isso, a entrevista de Cavaco não podia deixar de estar preparada e marcada há algum tempo.
Assim, o que mais se poderia admitir é que a entrevista de Santana Lopes, por mera questão de oportunidade, já que a RTP a planeara para a Grande Entrevista, teve que coincidir com a de Cavaco, em horário coincidente com o espaço que, antes, a SIC destinara ao Presidente da República.
Tanto seria assim que li no Diário Digital que a RTP, ao saber da entrevista de Cavaco, terá marcado e mesmo divulgado a entrevista com Santana para o dia seguinte, 6ª feira, opção que, pelos vistos, abandonou.
Se assim foi, quem poderia ser acusado de contra-programação seria o Canal Público e não a SIC.
E nestas coisas de contra-programação activa ou passiva, nenhuma estação sai limpa de culpas. Se bem me lembro, aqui há uns tempos, no dia em que o Primeiro-Ministro foi entrevistado na SIC por Maria João Avillez, curiosamente a RTP terá feito descansar o programa de Judite de Sousa…
Mas talvez o Rui Vasco, agora que já terá mais e melhor informação, possa elucidar da justeza deste meu despretencioso, mas creio que fundamentado, raciocínio.
Nota:
No meio de tudo isto, caberá perguntar se, num tempo de liberdade de programação, tem algum sentido falar de contra-programação. Contra-programação fazem a toda a hora as estações privadas, por razões de mercado, e fá-la, mas não o devendo fazer, a RTP, por razões de serviço público...

10 comentários:

  1. Anónimo19:34

    Bem pensado, sim senhor, meu caro Pinho Cardão. Conclusão: o agendamento da entrevista a Santana Lopes foi um acto de defesa do serviço público, ou melhor, de "serviço ao público". O problema está em saber quem é o "público". Tem sugestões a fazer? Não me venha dizer que é o Governo! Não, nessa não acredito.

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  2. Caro Dr. Pinho Cardão,

    Belo raciocínio dedutivo.
    Não me ocorreria colocar a hipótese de o Presidente da República dar uma entrevista à SIC Notícias naquele dia àquela hora para "concorrer" com Pedro Santana Lopes. As razões apontadas no post são lógicas. Outras tão lógicas não encontro, para concluir em sentido contrário.
    Não escondo que fiquei algo surpreendida com a coincidência. Mas a resposta poderá estar na acérrima concorrência entre televisões privadas e nas razões de serviço publico da televisão pública, como lembra, e muito bem, o Dr. Pinho Cardão.
    Não temos que nos admirar com a contra-programação, que constitui afinal uma "válvula" de programação, assim obriga a "guerra das audiências".

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  3. Caro Pinho Cardão,

    Começo citando-o "Se bem me lembro, aqui há uns tempos, no dia em que o Primeiro-Ministro foi entrevistado na SIC por Maria João Avillez, curiosamente a RTP terá feito descansar o programa de Judite de Sousa". Esta situação vem ao encontro da minha ( por certo de muitas portuguesas e muitos portugueses) teoria que a RTP está perfeitamente ao serviço do governo,no que a informação diz respeito. Não só a RTP, mas essencialmente o canal público uma vez que é controlado directamente pelo estado. Vejamos três exemplos: Será que ouve tantos menos incêndios este ano? É que, até como foi noticiado, penso que ouve, especialmente por parte da RTP, uma subvalorizaçao deste desastre. Isto pareceu-me muito claro. Segundo exemplo, a demissão precoce ( 4 meses) do ministro das finanças Campos e Cunha. Quase nada se falou, lembro-me de um programa ridiculo de 15 minutos com dois comentadores na RTP. Quando houve problemas de saidas de ministros, ou de situações menos bem explicadas, no governo do Dr.Santana Lopes fez-se programas especiais, grandes tertúlias com mais de 10 comentadores, 3 e 4 dias de abertura nos jornais, enfim um verdadeiro espectáculo circense. O outro exemplo, prende-se com o aumento dos impostos: Ainda que o Eng.Sócrates abilmente tenha subido a taxa do iva no dia seguinte ao Benfica se ter sagrado campeão, nada se falou disso na imprensa. Nem sequer abriu a totalidade dos telejornais do dia, passou como se de uma coisa normal se tratasse. Poderia citar muitíssimos mais exemplos, como a incoerência das scut's que também parece normal, as taxas moderadores, o fecho de maternidades, etc etc. Enfim, gostando-se ou não do estilo e dos conteudos políticos do Dr.Santana Lopes e achando-se ou não que a governação do Eng.Sócrates está a ser positiva, penso que todos concordaremos que o tratamento que ambos tiveram por parte da comunicação social é, colossalmente, diferente.

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  4. Anónimo00:39

    Eu teria começado o meu raciocínio a partir de dois factos para os quais não seria preciso especular:

    - Cavaco Silva e a sua equipa escolheram deliberadamente a SIC para a entrevista.

    - O programa da RTP Grande Entrevista realiza-se regularmente à quinta-feira, precisamente à hora a que teve lugar.

    Tomando-as por verdadeiras, torna-se um pouco mais díficl englobar os desenvolvimentos que menciona e donde extrai que foi da iniciativa da parte da RTP - invocando o precedente do caso de Sócrates - a sobreposição de entrevistas.

    Desculpar-me-á, meu caro Pinho Cardão, mas prefiro seguir a lógica de Occam, que recomenda que sigamos a solução mais simples porque tende a ser a melhor...

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  5. Caro Pinho Cardão

    Não acha que o tempo que perde com o personagem é exactamente o que ele quer?
    Cumprimentos
    Adriano Volframista

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  6. Ausente uns dias só agora li as reacções. Rapidamente, ao meu genero, ficarei só sobre o essencial. Algums "extras" habituais ficam para a proxima colheita.
    Li os comentarios e nenhum deles me leva a alterar uma virgula ao que escrevi, pois falo objectivos. E factos são factos. O resto são interpretações que me obrigam a um esclarecimento para que não restem duvidas - a critica feita não o foi à pessoa do Presidente mas sim à defesa da Instituição- PRepublica. Afirmo no meu comentario que “ a equipa do presidente deveria….etc” Jamais o Presidente prof Cavaco Silva! Entendo sim que a equipa de assessores e conselheiros, alguns para a área dos OCS, deveriam estar atentos e preservar o Presidente de surgir aos olhos dos espectadores como participante num acto de contra-programaçao clara, cujos objectivos não conheço, mas desconfio! “Não basta ser, é preciso parecer”. E infelizmente para muitos o que parece é! E na TV isso é comum. Apenas breves notas complementares: se M.João Avilez marcasse, a entrevista para as 20 horas e a SIC aceitasse, a RTP deveria supender o seu TJ, passe o exagero? Não, todos dirão! Não eram concorrenciais! Pois, mas a razão não pode ser essa. São programas fixos de grelha! A Grande entrevista é um programa semanal, quinta feira, às 21h. A SIC sabe isso. Porque programou para a mesma hora, e com antecedência, conhecendo a programação da RTP? As entrevistas da MJAvilez nunca foram a essa hora e são apenas na SIC Noticias. Na SIC àquela hora aconteceu pela primeira vez e anunciado em cima da hora! Nem sequer fora anunciado! Então a contra-programação é da RTP? Por vezes em todos os canais há alteração de horários ou suspensão de um programa, porque surge um evento a transmitir cujo dia e horário não é decidido nem depende do canal. Uma cerimonia na AR, um jogo de futebol europeu, um evento imponderável! Pouco me interessa o que diz um LINK, que não seja da responsabilidade da RTP. Pode haver ignorância, erro, má interpretação. Ou até, quem sabe, reprovável forma de pressão. Se resta alguma duvida, que a GEntrevista é sempre 5ªf -21h consulte-se o link da RTP das ultimas semanas. Como são fixos, dia e hora, as Escolhas de Marcelo, as Notas de A. Vitorino e tantos outros programas. Se a SIC quer alterar a sua programação fá-lo-à assumindo a sua responsabilidade e os riscos decorrentes. Não tem de ser a RTP a corrigi-los! Alguém disse tb que, há tempos, por causa de uma outra entrevista, a Grande Entrevista teria sido suspensa, nessa semana! Não acredito. Talvez uma confusão - na grelha 2005/06 a Grande Entrevista era quinzenal. Na nova grelha, lançada em Setembro, passou a semanal! Sei, pq sei, que a entrevista a Santana Lopes estava prevista e comprometida para a semana do lançamento do seu livro. Tal como aconteceu na semana em que Carrilho lançou o seu, e como há duas ou 3 semanas foi entrevistado António Lobo Antunes, que editara a sua ultima obra nessa semana. Critérios permanentes, que não se alteram, porque outro canal programou algo concorrencial para a mesma hora. Grande entrevista é um programa de grelha fixa! Falou-se na hipótese - sexta-feira! Talvez alguém tentasse que a RTP alterasse a sua programação normal, porque outro canal decidiu alterar a sua! Fico estupefacto que alguém ache isso natural! Nunca vi! Isso seria concorrência DESLEAL! Diz-se tb num comentario que contra-programaçao é o que fazem os canais todos os dias. Assim foi durante alguns anos . Hoje, para alem do caso da passada 5ªf na SIC, não há muitos exemplos. Há apenas definição de grelhas onde existe concorrência natural. Ela existe de forma clara entre a SIC e a TVI. Como noutras actividades pode ser saudável. Defendeu-se durante anos a abertura de canais privados porque um monopólio TV era prejudicial. A concorrência iria ser enriquecedora. E se em algumas áreas até o foi, na maioria não tem sido, infelizmente, em especial na área do entretenimento, cultura, etc. Já me alonguei demasiado. Não sou funcionário da RTP, não sou seu porta voz ou advogado, mas observo, leio, e informo-me. E não diabolizemos a RTP e os seus profissionais todos os dias. Os seus jornalistas cometem erros como qq outro de outro OCS. Os seus directores, actuais e anteriores, os seus administradores actuais e anteriores! Quem os não comete? Mas não misturemos as coisas.Como diz PCardão: ..."Espadeirar de toda a maneira e a todo o tempo, com argumentação fraca e genérica, não é método eficaz."
    E sejamos justos nas analises. Perdoem-me a frontalidade e a dimensão do post!

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  7. Uma nota de rodapé:
    E perguntam vocês: "o homem (eu!) fala como se soubesse do assunto, e do que não sabemos!" Esclareço: vivo em Chelas e o pessoal da RTP, nos ultimos 2 anos, anda por ali, restaurantes, bares, cafés. E a gente vai ouvindo...Só isso! Beijinhos e boa noite!

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  8. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  9. Caro Pinho Cardão:
    Todos temos direito às nossas opiniões e convicções. Admito sem constrangimento a sua conviccção que todavia me parece, e vai desculpar-me, imfluenciada por razões que nada têm a ver com a questao "programações ou contra-programações"!
    Porque se há alguem, neste blog, que entende a minha teoria é o meu caro amigo. Só que o meu comentário não tem componente politica. Como disse, essa, que é a mais importante, fica para outros espaços!
    Os parabéns á RTP, se ela os merece, deve dirigi-los à própria pelos contactos habituais!!!
    Um abraço e discorde, porque daí é que sai a LUZ!
    (isto não é nenhuma insinuação sobre os acontecimentos ontem em Braga)
    E agora depois de um fim de semana com muitos km, muito boa gastronomia o cansaço obriga-me a retirar-me.
    Aproveitando o post:
    Nota ao JMFerreira de Almeida:
    -este fim de semana tive o proveito de uns repastos magnificos...apenas incomodados pelo ladrar insistente, oriundos de um canil, existente proximo do local onde me encontrava, veja lá! Não sei se isto é agressão ao Ambiente ou à Gastronomia!

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  10. Anónimo12:33

    Meu caro Rui Vasco:
    Agressão à boa gastronomia é agressão ao ambiente que a deve garantir. Agora essa de um canil próximo de uma catedral gastronómica?! Alcatrão e penas para os governantes (locais ou não) que terão autorizado tal localização!

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