segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Que notícia mais bizarra!

O "Expresso" do sábado passado, 4 de Novembro, chama à primeira página uma notícia no mínimo bizarra : "ESTADO POUPA 80 MILHÕES COM GREVES"!!!
Dão-se ao trabalho de fazer calculos diários, numa base de adesão à greve de 10% dos funcionários públicos, para concluir que a "poupança" é de 3,3 milhões de euros/dia, nos cofres públicos.
Continuam o seu exercício matemático, na base da previsão dos sindicatos, informando-nos que se 80% dos funcionarios aderirem à greve dos próximos dias 9 e 10 de Novembro, o Estado "poupa" 53 milhões de euros... somando o dia de paralização ocorrido em Julho passado eis que se chega à fantástica quantia de 80 milhões de euros.

Quem lê esta notícia é, inevitavelmente, levado a pensar que "poupança", "poupança", mesmo completamente "poupança"...seria um pleno de 365 dias de greve!
Eu não sou funcionária pública mas se fosse, mesmo que até ao minuto antes de ler esta "notícia" estivesse inclinada a ir trabalhar...depois de a ler não resistiria a dar uma ajudinha aos cofres do Estado!!!


Nesse mesmo fim de semana, o semanário "Sol" publica um artigo de Miguel Coutinho chamado
"a lição da Autoeuropa" onde nos dá conta da carta elogiosa que o presidente do grupo escreveu ao representante da comissão de trabalhadores, pelo acordo entre eles selado, fruto do realismo e da flexibilidade demonstrados pelos trabalhadores durante o período de negociações e revelando-lhe o seu optimismo quanto à criação de mais 3.000 postos de trabalho, de mais dez anos de viabilidade da empresa e a produção em Palmela do sucessor da Sharan.

Ainda há quem diga que os patrões são todos iguais!
O presidente da Volkswagen de certeza que não contabiliza um dia de greve como um dia de "poupança".
O presidente da Volkswagen não chega às negociações inflexivelmente decidido.
O presidente da Volkswagen não anda a denegrir a imagem dos seus funcionários, tem lá o número de que precisa, motiva-os e exige-lhes.
Por isso merece o representante dos trabalhadores que tem.
Por isso os trabalhadores têm um representante que os defende.

2 comentários:

  1. Também vi essa notícia. Esta comparação que aqui faz é realmente impressiva.

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  2. Percebo a intenção, mas não posso concordar com as conclusões deste exercício comparativo. Um grupo empresarial e o Estado são realidades substancialmente diferentes quer quanto à forma quer sobretudo quanto aos objectivos.

    O ... Regionalização

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