Estão prestes a iniciar-se as sessões plenárias da Assembleia da República em que se discute o Orçamento na especialidade e se fazem umas centenas de votações sobre as disposições orçamentais, que incluem numerosas alterações da legislação. Estas sessões costumam demorar pela noite dentro e são propícias a muitas incoerências, algumas bem de acordo com a natureza de quem nelas incorre, outras devidas a natural cansaço.
Tive a mórbida curiosidade de ir verificar alguma documentação antiga, dos três anos que passei pelo Parlamento, a fim de apreciar alguma dessa coerência orçamental dos nossos Deputados. Não encontrei muita, mas encontrei esquecidas mais umas quadras que costumo fazer em reuniões sensaboronas, em que tem que se estar, de onde não se pode sair e onde não está previsto intervir e que, lamentavelmente, escaparam à destruição.
Já não tenho a certeza, mas creio que foi numa dessas longas sessões do orçamento, em que se usava o voto electrónico, carregando num sinal verde, vermelho ou branco, conforme se votasse sim, não, ou pela abstenção que, entre dois votos, fiz o “lindo trabalho” que se segue:
Já o dedo amoleceu
Nesta tarefa constante
De carregar no botão!...
Há muito a noite desceu
E agora p´ra ir avante
E apontar confiante
À cor do sim e do não...
...Só com Viagra na mão!...
O meu companheiro do lado, que ia lendo, não concordou.
-Isso é um exagero! Votamos com o dedo, não com a mão!…
-É capaz de ter razão. Vou dar um jeito a essa parte!...
E ficou assim:
Tive a mórbida curiosidade de ir verificar alguma documentação antiga, dos três anos que passei pelo Parlamento, a fim de apreciar alguma dessa coerência orçamental dos nossos Deputados. Não encontrei muita, mas encontrei esquecidas mais umas quadras que costumo fazer em reuniões sensaboronas, em que tem que se estar, de onde não se pode sair e onde não está previsto intervir e que, lamentavelmente, escaparam à destruição.
Já não tenho a certeza, mas creio que foi numa dessas longas sessões do orçamento, em que se usava o voto electrónico, carregando num sinal verde, vermelho ou branco, conforme se votasse sim, não, ou pela abstenção que, entre dois votos, fiz o “lindo trabalho” que se segue:
Já o dedo amoleceu
Nesta tarefa constante
De carregar no botão!...
Há muito a noite desceu
E agora p´ra ir avante
E apontar confiante
À cor do sim e do não...
...Só com Viagra na mão!...
O meu companheiro do lado, que ia lendo, não concordou.
-Isso é um exagero! Votamos com o dedo, não com a mão!…
-É capaz de ter razão. Vou dar um jeito a essa parte!...
E ficou assim:
E agora p´ra ir avante
E decidir confiante
E votar sem dor, nem medo...
...Só com Viagra no dedo!...
…E mesmo sem o produto, mas com alguns sorrisos à mistura, lá foi possível continuar a cumprir o dever de votar electronica e energicamente por mais umas horas!...
Possam os meus companheiros do 4R perdoar-me estes textos heterodoxos que tão mal colocam a seriedade institucional do Blog!...
Caríssimo Cardão, os meus parabéns por tão apurados dotes poéticos.
ResponderEliminarCaro Pinho Cardão,
ResponderEliminarComo forma de espairecer o espírito, é absolutamente legítimo esse seu pequeno desvio da seriedade habitual. De resto, julgo que o meu amigo terá veia poética, literária, como já algumas vezes aqui deixou transparecer em oportunos e felizes apontamentos.
Não esconda, por conseguinte, de nós, essa sua inclinação. Vá-nos contemplando com esses fantasiosos exercícios, esses pequenos divertimentos do espírito, que «nem só de pão vive o homem...»
Um abraço.
Oh meu amigo!
ResponderEliminarEssa de ..."Só com Viagra no dedo!... é muito perigoso. Já viu os efeitos secundários? Por exemplo, um eventual "priapismo digital"... E como é que esconderia o dedo?