domingo, 21 de janeiro de 2007

A escala


Fizemos escala nos Emiratos Árabes Unidos era já dia claro.
Num passe de mágica, o mar sumiu-se e ficou só a areia, a trair a memória das águas nas suas formas ondulantes e fugidias.
Ali não há chão firme. Uma cobra de asfalto dorme comprida no amarelo das areias, poisa nelas como numa cama emprestada, a firmeza do betão parece uma bolacha quebradiça quando se abarca a imensidão do deserto que atravessa.
Um braçado de palmeiras aqui e ali, só para lembrar que o verde existe mas não pertence àquele cenário. Besouros pretos feitos homens agitam-se à volta de uns cactos de metal quando o avião se aproxima da miragem com a forma de plataforma de abastecimento, onde os pássaros atrevidos que cruzam aqueles ermos pagam o tributo da sua pequenez sorvendo largos golos de combustível.
Fico contente quando retomamos a rota da Índia.

3 comentários:

  1. Viva, cara Suzana!...Depois de um fim de semana fora, só hoje regressei ao blog. E vejo que está inspiradíssima!...
    Esperam-nos, sem dúvida, umas boas reportagens escritas numa prosa de fazer inveja aos nossos melhores escritores!...

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  2. Ora viva Pinho Cardão, a Índia foi tão badalada por cá que já não sobra grande coisa para contar! A tecnologia é uma grande concorrente do contador de histórias!E que belas fotografias estão no site da Presidência...

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  3. Não, cara Suzana!...
    A tecnologia não substitui as histórias quando esta são bem contadas, da forma como a Suzana faz!...
    Uma história sua vale mil imagens!...

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