A propósito da viagem de Cavaco à Índia, lembrei-me de trazer ao 4R as memórias de uma viagem integrado na comitiva oficial de Mário Soares a Itália. Trata-se do III Capítulo, depois dos I e II atrás publicados.
O tipo muito peculiar da capacidade organizativa lusitana aliou-se com similar capacidade italiana na logística das deslocações em Itália, nomeadamente a Bolonha, onde Soares seria “coroado” doutor honoris causa.
Chegámos a Bolonha ao princípio da noite, pouco antes de um jantar de gala em que o smoking era naturalmente obrigatório. A comitiva ficou espalhada por três hotéis, tendo sido cada membro oportunamente informado do local que lhe competia. Chegado ao meu hotel, tinha efectivamente quarto, mas não tinha a bagagem. Aconselharam-me a esperar, teria havido desvio da mesma para outro hotel. Estando a aproximar-se a hora do jantar e de vestir o smoking que não chegara, resolvi dar uma espreitadela a outro dos hotéis da comitiva. Pois também lá tinha um quarto, mas de bagagem nem notícia!... Como já todos se aprestavam para ir para o jantar, tive que decidir ou ir, com vestimenta normal, ou não ir, por falta dos aprestos condizentes. Resolvi ir e deixar a questão da mala para depois, já que, para dormir, tinha dois quartos. Para não dar nas vistas, ocupei uma mesa discreta num dos extremos da sala, onde fiquei muito bem acompanhado. Terminado o repasto, já tarde, desloquei-me aos dois hotéis anteriores, onde vi que da bagagem ainda nem sombra. Dirigi-me então ao terceiro. Expus a questão na recepção e disseram-me que, a essa hora, estavam dois quartos da comitiva por ocupar, talvez um deles fosse meu e a mala lá estivesse. E não era que a minha pessoa lá tinha um outro quarto disponível? Fui ao quarto, mas também mala nem vê-la!... Em desespero de causa, perguntei ao recepcionista em nome de quem estava reservado o outro quarto por ocupar. Rapidamente, me foi respondido que estava no mesmo nome do anterior, António Pinho Cardão!...Subi e lá deparei com a minha bagagem!... Perto das três da manhã, senti-me um sujeito importante, membro de uma ilustre comitiva, um nababo, com quatro quartos por minha conta em três hotéis de Bolonha!...
Chegámos a Bolonha ao princípio da noite, pouco antes de um jantar de gala em que o smoking era naturalmente obrigatório. A comitiva ficou espalhada por três hotéis, tendo sido cada membro oportunamente informado do local que lhe competia. Chegado ao meu hotel, tinha efectivamente quarto, mas não tinha a bagagem. Aconselharam-me a esperar, teria havido desvio da mesma para outro hotel. Estando a aproximar-se a hora do jantar e de vestir o smoking que não chegara, resolvi dar uma espreitadela a outro dos hotéis da comitiva. Pois também lá tinha um quarto, mas de bagagem nem notícia!... Como já todos se aprestavam para ir para o jantar, tive que decidir ou ir, com vestimenta normal, ou não ir, por falta dos aprestos condizentes. Resolvi ir e deixar a questão da mala para depois, já que, para dormir, tinha dois quartos. Para não dar nas vistas, ocupei uma mesa discreta num dos extremos da sala, onde fiquei muito bem acompanhado. Terminado o repasto, já tarde, desloquei-me aos dois hotéis anteriores, onde vi que da bagagem ainda nem sombra. Dirigi-me então ao terceiro. Expus a questão na recepção e disseram-me que, a essa hora, estavam dois quartos da comitiva por ocupar, talvez um deles fosse meu e a mala lá estivesse. E não era que a minha pessoa lá tinha um outro quarto disponível? Fui ao quarto, mas também mala nem vê-la!... Em desespero de causa, perguntei ao recepcionista em nome de quem estava reservado o outro quarto por ocupar. Rapidamente, me foi respondido que estava no mesmo nome do anterior, António Pinho Cardão!...Subi e lá deparei com a minha bagagem!... Perto das três da manhã, senti-me um sujeito importante, membro de uma ilustre comitiva, um nababo, com quatro quartos por minha conta em três hotéis de Bolonha!...
No dia seguinte, um dos responsáveis pela logística a quem tinha exposto o assunto na véspera, veio prazenteiramente oferecer-me os seus préstimos. Lá lhe contei o sucedido. Bateu-me no ombro e disse-me: vê, escusava de se preocupar, tudo se resolveu!... Agradeci-lhe de imediato a colaboração...Não tem de quê, mande sempre, estamos cá para estas coisas!...Mande anular os três quartos a mais...Não se preocupe, não tem importância!...
Despreocupação na comitiva!...
Nota: O que referi é rigorosamente verdadeiro!...
Em Saint Germain-en-Lais calhou-lhe o quarto das artistas. Na comitiva couberam-lhe 4-quartos-4. Meu caro Pinho Cardão, em matéria de alojamento o meu excelentíssimo amigo é imbatível não só na qualidade dos ditos. Também em quantidade!
ResponderEliminarSó falta revelar aqui, urbi et orbe, qual o segredo...
O Pinho Cardão é um homem cheio de sorte! :-)
ResponderEliminarMeus Caros Ferreira de Almeida e Nickonman:
ResponderEliminarPeripécias de viajeiro...mas os meus amigos estão a ver muito mal a coisa: é que, em Paris, já não havia artistas,e eu sei que dormi, só, no quarto, enquanto em Bolonha os artistas eram aos montes e eu não sei quais os que dormiram, se dormiram, nos quartos que me estavam destinados!...
Estão a ver mal a coisa e nem lastimaram a minha triste sorte de andar de madrugada, à chuva, de hotel para hotel à procura do fatito para os banquetes e da camisa lavada para não ficar mal na cerimónia do doutoramento do nosso PRESIDENTE!...
Nem quero acreditar! Mas o que faziam os "homens do presidente"? Nem um nababo árabe fezia tamanha coisa.
ResponderEliminarPobre país que gere os seus recursos desta maneira. Sim, porque é uma imagem que se propaga a muitas outras áreas.
Já a Suzana falou do "dinheiro de bolso". Fiquei de boca aberta, porque não somos propriamente um país da ex-URSS...