terça-feira, 9 de janeiro de 2007

O "arakiri" do ministro Correia de Campos, para 2007!

É voz corrente o velho ditado "ano novo, vida nova"...pois não é que o Ministro da Saúde profetizou para este 2007 "um ano difícil e controverso"? E mais...
Parece que disse, com seu ar compostinho-blasé que, este ano, retiraria o primeiro lugar de impopularidade à sua colega da Educação!
E aí está a promessa do alargamento do novo modelo digital de controlo da assiduidade os médicos, a todo o País!

Visto assim, "a seco" todos perguntam: e por que não? Acontece a todos!
Então se há lugar a pagamento de horas extraordinárias, não há controlo de horário?

Surgem as mais variadas perguntas, provavelmente com a sua lógica...
Eu sou radicalmente contra esta medida e mais, nem sequer a entendo num contexto ( tambem anunciado pelo ministro, no mesmo "pacote") de entrega da gestão de serviços clínicos aos médicos desses serviços, que se organizem em grupo e se candidatem.
Esta proposta de modelo de gestão intermédia, já contemplada na Lei de Bases da Saúde ( dos anos 90, governo PSD) nunca foi posta em prática, a não ser timidamente num Centro de Responsabilidade Integrada (CRI) nos Hosp. da Univ. de Coimbra, no celebre serviço de cirurgia cardio-toráxica, dirigido pelo Prof. Manuel Antunes.

Como é que se faz uma proposta destas, que é excelente e já era mais que tempo para que qualquer governo a concretizasse...(pena o PSD não o ter feito!) como é que se faz uma proposta destas, com base em contratualização de serviços prestados e correspondente remuneração de acordo com os serviços prestados...e depois se funcionalizam os médicos!!!

Será que o Prof Manuel Antunes anda de relógio electónico pelo serviço?
Será que ele não sabe quem lá vai e a que horas?
Será que ele não tem o trabalho programado?
Será que o imprevisível não é o dia-a-dia da Medicina?

O Ministro bem pode vir dizer ( e isto é popular, as pessoas gostam de ouvir...) que "as obrigações contratuais são para cumprir, quem não quiser cumprir que o diga e vai trabalhar lá para fora"...cá para mim, está no lançamento do seu arakiri, já está na rampa para 2007!!!!

2 comentários:

  1. Um martelo prega pregos e pode ser uma arma letal. Ninguêm pensa em banir os martelos, nem a condicionar a sua venda.
    Porque será que o registo da assiduidade de um trabalhador é motivo de tanta polémica?
    Há uma par de anos, um amigo meu norte americano, gestor numa multinacional, foi tomar conta da mais recente aquisição do seu grupo, uma empresa alemã.
    Qual não foi o seu espanto, quando constatou que todos, inclusive o director geral "picavam" o ponto.
    Quando perguntou ao responsável máximo se não tinha um horário flexível este respondeu que sim, pelo que, o meu amigo, perguntou porque motivo "picava" o ponto.
    A resposta veio pronta:
    Só assim podia ser controlada a sua assiduidade ( e ser devida e objectivamente avaliado)e podia receber as horas extras a que tinha direito.
    Como vê, a mesma tecnologia serve para uns e não serve para outros, pelo que poderei considerar que os alemães são um povo altamente desconfiado.
    Cumprimentos
    Adriano Volframista

    ResponderEliminar
  2. Cara Clara Carneiro

    Apenas uma precisão:
    O Ministro Correia de Campos comprou uma longa guerra com o sector da saúde. As principais batalhas vão desenrolar-se durante este ano.
    Podemos, depois do exemplo da Ministra Beleza, sempre afirmar que as origens da guerra residem nas condições ou pressupostos que estruturam o sector da saúde. Entre esses pressupostos encontra-se a tradição e as práticas habituais.
    Serve para justificar a guerra.
    No entanto esta vai ser de menor intensidade e com menos "dramas", mas vai ser mais dura do que as anterirores.
    Por isso, concordo consigo, mas que os médicos não caiam na armadilha do relógio de ponto, porque fazem a mesma figura que fizeram os farmacêuticos.
    Cumprimentos
    Aadriano Volframista

    ResponderEliminar