Não é especialmente difícil assumir princípios ou afirmar convicções. As dificuldades começam quando é preciso tirar daí todas as consequências.
O debate sobre o aborto tem mostrado bem essa diferença. O que está em causa e justifica o referendo não é o plano moral, esse é do foro íntimo de cada um, não é referendável, e não é uma lei mais ou menos permissiva que pode justificar qualquer desvio ao comportamento que se tem como moralmente certo.
O que está em causa é o plano legal ou seja, se cada um de nós fosse legislador, como ditaria a lei? Penalizava com prisão quem o pratica ou não? Até onde iria?E a resposta tem que ser ditada pelo modo como queremos ver organizada a sociedade em que vivemos, fazendo leis que são para cumprir porque têm um sentido útil e que defendemos, ou sem leis que violentam o nosso modo de encarar a realidade.
A única coisa que não se pode tolerar neste debate é o tipo de argumentos que se vê destacado na revista “Sábado” em artigo de Maria João Avillez:"- Só não sabe quem não quer saber porque nunca houve –nem há, e haverá algum dia?- mulheres presas por praticarem aborto”. O pior é que isto não é dito com sentido crítico, constatando uma lei que é ignorada, mas com a confiança de quem acha que há leis indicativas, (mesmo de carácter penal!) que, com sorte e bom senso, nunca chegarão a fazer sentir o facto de existirem.
Vamos admitir, por uma vez, que se assumem as consequências, seja qual for a posição que se defenda –se SIM, há a responsabilidade moral, que deve ser reafirmada e fortalecida, uma vez que deixa de contar com a ajuda do braço da lei. Se NÃO, conta-se que a lei puna quem praticar o que ela proíbe, com convicção ou sem ela. Defender a lei, ou recusá-la, como se a seguir o assunto ficasse encerrado e sem consequências, é que não é coisa nenhuma.
Excelente o Prós e Contras que está agora mesmo a decorrer.
O debate sobre o aborto tem mostrado bem essa diferença. O que está em causa e justifica o referendo não é o plano moral, esse é do foro íntimo de cada um, não é referendável, e não é uma lei mais ou menos permissiva que pode justificar qualquer desvio ao comportamento que se tem como moralmente certo.
O que está em causa é o plano legal ou seja, se cada um de nós fosse legislador, como ditaria a lei? Penalizava com prisão quem o pratica ou não? Até onde iria?E a resposta tem que ser ditada pelo modo como queremos ver organizada a sociedade em que vivemos, fazendo leis que são para cumprir porque têm um sentido útil e que defendemos, ou sem leis que violentam o nosso modo de encarar a realidade.
A única coisa que não se pode tolerar neste debate é o tipo de argumentos que se vê destacado na revista “Sábado” em artigo de Maria João Avillez:"- Só não sabe quem não quer saber porque nunca houve –nem há, e haverá algum dia?- mulheres presas por praticarem aborto”. O pior é que isto não é dito com sentido crítico, constatando uma lei que é ignorada, mas com a confiança de quem acha que há leis indicativas, (mesmo de carácter penal!) que, com sorte e bom senso, nunca chegarão a fazer sentir o facto de existirem.
Vamos admitir, por uma vez, que se assumem as consequências, seja qual for a posição que se defenda –se SIM, há a responsabilidade moral, que deve ser reafirmada e fortalecida, uma vez que deixa de contar com a ajuda do braço da lei. Se NÃO, conta-se que a lei puna quem praticar o que ela proíbe, com convicção ou sem ela. Defender a lei, ou recusá-la, como se a seguir o assunto ficasse encerrado e sem consequências, é que não é coisa nenhuma.
Excelente o Prós e Contras que está agora mesmo a decorrer.
Gostava de saber em concreto a quem é que este debate traz algum proveito ou prejuízo. Quantas mulheres são? Quantas mulheres são que não podem ir a Badajoz? Quantas mulheres são que não tomaram a pílula do dia seguinte?
ResponderEliminarUma coisa estou certo, são muito, muito menos que a quantidade de mulheres em profunda menopausa e homens sem queixo, cheios de certezas absolutas que fecharam maternidades por não haver dinheiro e nos estão a gastar 2 milhões de contos nesta palhaçada.
A lei existe para defender os princípios básicos do homem. Se a vida não é um princípio básico, então já não sei o que é...
ResponderEliminar(zorbian)
Muito bem caro Zorbian. Evitar-se-ia assim que a vida de mulheres fosse colocada em risco, como daquela adolescente de 14 anos que morreu em Santa Maria em 2005.
ResponderEliminarConcordo consigo.
Há apenas uma coisa que eu não consigo perceber, ou melhor, aceitar: como é que pessoas que tenho por intelectualmente honestas, como é o caso de Mª João Avilez, que sempre aparecem (e bem) a denunciar situações em que o estado se "desleixa" na aplicação de uma determinada lei, aparecem neste caso a defender a continuidade de uma lei que não querem aplicada, convidando os juizes a serem "misericordiosos" nestes casos, "criados" por um ou outro "funcionário" mais "zeloso".
ResponderEliminarAs leis (do homem - ah, esqueci-me do politicamente correcto, devia escrever humanidade, mas definitivamente não me soa bem) são para o que se quer proibido, não para o que é "pecado". Acho eu!
Não acredito que estas pessoas fossem capazes de denunciar uma mulher que soubessem ter feito um aborto.
Tal e qual como eu! Então como é que defendem o oposto?
Será que a minha "razão" me anda a trair?