segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Zimbabwe - País e economia em ruínas

O Zimbabwe, ex-Rodésia, era há cerca de 25 anos um dos mais prósperos países e uma das economias mais avançadas do continente africano.
A agricultura era moderna, exportando largamente para outros países africanos e europeus, a industria transformadora atravessava uma fase de prosperidade e o turismo começava a desenvolver-se.
A bolsa de valores de Harare era, a par da de Joanesburgo, das mais movimentadas e organizadas do continente.
Vinte e cinco anos volvidos o Zimbabwe transformou-se num país miserável, em que (i) mais de 60% da população vive na pobreza absoluta, com um rendimento inferior a 1 dólar/dia, (ii) a taxa de desemprego é superior a 80%, (iii) a inflação estará actualmente em 1.600% (homóloga) sendo referido por economistas conhecedores que pode chegar ao longo deste ano a 4.000 ou mesmo 5.000%, (iv) a produção diminui ano a ano, sendo o PIB de 2005 inferior a metade do de 2000, etc,etc.
O autor principal desta “proeza”, Robert Mugabe festejou em 21 do corrente os 83 anos, levando já 27 à frente dos destinos do País.
Nos primeiros anos do seu Governo as coisas parece nem terem corrido mal, mas a partir de determinada altura resolveu enveredar por um processo de “africanização”, através do confisco e da ocupação por vezes muito violenta (com frequentes assassinatos dos que resistiam, brancos ou negros) das empresas agrícolas que eram geridas por proprietários brancos – embora brancos, eram cidadãos zimbabweanos.
Essas propriedades eram depois entregues a amigos do seu regime – que as vendiam a preço de saldo ou as deixaram arruinar - ou a agricultores negros que não tinham experiência nem meios para as gerirem.
O resultado desta política foi catastrófico, encontrando-se abandonadas e em ruínas grande parte das outrora prósperas propriedades agrícolas, bem como destruída grande parte dos equipamentos que lhes estavam afectos.
Mugabe tem reforçado os seus poderes presidenciais, exercendo toda a espécie de represálias sobre os seus adversários políticos e falseando os resultados das eleições que apesar de tudo se vão realizando.
Usa sistematicamente um discurso demagógico de afirmação do poder para os zimbabweanos negros – em última análise, descontada a demagogia, o poder de viver na miséria.
As informações mais recentes dão conta de que já há investidores interessados na compra de imóveis urbanos e rústicos, para recuperação, apostando na queda de Mugabe e/ou na expectativa da sua morte, dada a avançada idade.
No entanto, num interessante artigo publicado no F. Times deste último fim-de-semana, previa o articulista que Mugabe tudo fará para se aguentar no poder até à morte natural, com receio de vir a ser julgado pelos crimes cometidos se deixar o poder.
O Mundo, descontado o inconformismo deTony Blair que tomou algumas medidas de represália em reacção às violências de Mugabe sobre cidadãos de origem britânica – valendo-lhe o título de inimigo nº1 do Zimbabwe atribuído por Mugabe – tem permanecido indiferente a esta desgraça.
Até porque, convém não esquecer, Mugabe utiliza também um rótulo de esquerda.

8 comentários:

  1. E já temos mais um na fila. Chama-se Venezuela. Pelo Zimbabwe já podemos saber como vão acabar.

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  2. Com condimentos como os que aqui descreve o Dr. Tavares Moreira, a receita é infalível...

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  3. Caros Comentadores,

    Ocorreu-me, entretanto, a ideia de baptizar o futuro (?) aeroporto da OTA com o nome de Robert Mugabe. No fim de contas, simbolizaria bem o grave equívoco económico e político do polémico projecto.
    Seria uma homenagem bem merecida ao "grande" estadista.

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  4. ehehehe! Aeroporto Robert Mugabe...Fica bem. Mas acho que vai ser Aeroporto Mário Soares ou Aeroporto António Guterres. Também não fica mal...

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  5. Viva, Dr.Tavares Moreira,

    Os seus comentários sobre os paises Africanos sempre chamam a atenção dos gravissimos problemas que atravessam.Muitos deles têm muita riqueza para se sustentarem, mas o grande problema, é a falta de disciplina,formação e coordenação nos seus povos.Que é muito complicado.
    Sobre o tal nome para o aeroporto, tambem estou em dúvida, entre Mario Soares ou Antonio Guterres.

    Um abraço

    Pedro Sérgio (Palmela)

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  6. Caro Pedro Sérgio,

    O meu amigo está em dúvida? Então não acha que Robert Mugabe é o nome certo para o aeroporto errado?
    Pelo menos, quando as pessoas se lamentarem dos malefícios do tal aeroporto, poderão dizer: o nome, esse, foi bem escolhido.
    E já viu o bonito que será, para as aeronaves que utilizarem essa infraestrutura, anunciarem aos passageiros "iniciamos a nossa descida para o aeroporto Robert Mugabe, na Ota. Por favor apertem os vossos bolsos e cuidado com as carteiras se são contribuintes residentes em Portugal"...
    Magnífico, não acha?
    Um abraço.

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  7. Caro Dr. Tavares Moreira,

    Concordo claramente com o amigo.Se o Estado anda acabar com a sua riqueza, qual o proximo vôo aonde possa ir buscar rendimento?A resposta está no seu comentário anterior.

    Um abraço

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