quinta-feira, 1 de março de 2007

O trono e o umbigo!...



Afinal a classe política não está assim tão mal como a pintam e os políticos mostram querer ocupar o seu devido lugar. O que gostam é de estar confortavelmente sentados!...Pelo menos é o que indica o episódio das poltronas ontem vivido em reunião da Câmara de Lisboa.
O PS debate-se com a ponderosa e vital questão de saber quem manda no seu grupo de Vereadores, depois da demissão de Carrilho. E quem manda tem direito a uma exclusiva poltrona, por certo com adorno que não deixe dúvidas sobre o estatuto do seu detentor.
Acontece que, na sessão de ontem, o Vereador nº 3 da Lista PS chegou cedo, ocupou a citada poltrona, agarrou-se a ela como lapa, pelos vistos de forma que nem um terramoto o faria desalojar. O facto é relevante, porque deixou o nº 2 do mesmo Partido na desconfortabilíssima situação de não se sentar no seu poiso natural ou então de procurar uma vulgar cadeira. Depois de alguma dialéctica à mistura, em desespero de causa, mas revelando alto saber estratégico, escolheu a cadeira que imediatamente antecedia a poltrona em que acampara o seu colega nº3, cadeira essa que pertencia, por direito natural, a um Vereador do PSD. Também depois de alguma dialéctica não conclusiva, este, vendo-se desalojado do seu instrumento de trabalho, saiu da sala e recusou-se a entrar enquanto não pudesse utilizar a instalação que por direito lhe pertencia.
Para remediar tão trágico impasse, os Vereadores legítima e ilegitamente sentados iniciaram uma vigorosa discussão ideológica sobre o verdadeiro significado do uso das cadeiras, já que, na opinião do PC, ”os lugares têm significado político” e, como tal, era uma problemática que tinha que ser imediatamente tratada!...
Na discussão, estabeleceu-se entre os socialistas uma profunda clivagem ideológica, com teses substancialmente divergentes sobre a problemática em causa, pelo que, pasme-se, houve que apelar ao Presidente para fazer a síntese das doutrinas expostas. O Presidente, mais dado às engenharias, optou por não desenvolver tese própria, estabelecendo apenas como doutrina que tal matéria não respeitava à Câmara, pelo que a querela deveria ter a sua síntese no âmbito do forum socialista.
Por uma vez, houve concordância na Câmara e fez-se então um intervalo na sessão para um socialístico debate interno.
Não foi possível qualquer síntese, mas o nº3 PS revelou que a matéria iria ser clarificada na próxima sessão.
Ficamos pois à espera da próxima sessão camarária. Uma coisa é certa: os Vereadores nº 2 e nº 3 do PS irão lutar bravamente para ver quem chega primeiro. E a nós resta-nos a jubilosa esperança de que, depois de devidamente sentados, os Vereadores dêem início ao fim do seu "trabalho", já que trabalhar, mesmo para o próprio umbigo, também cansa, tanto a eles como, sobretudo, a nós, que temos que pagar a tarefa!...

7 comentários:

  1. Acho que vou ficar na dúvida se isto é para rir ou para chorar. Parece que é crime apelar à violência sobre os políticos, pelo que não vou dizer que a situação se resolvia perfeitamente com dois bons pares de estalos. Juro que não vou.

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  2. Caro Tonibler:
    Dois pares de estalos, pô-los fora da aula e fazê-los chumbar por faltas!...

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  3. 5 de Outubro, 5 de Outubro!! Este post é hilariante!

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  4. Que verve, caro Cardão. Deve ser das recentes neves... Magnífico!

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  5. Anónimo19:19

    Ai como são saudáveis os ares alpinos. A prova está na excelência deste post.
    Ainda não parei de rir. É o melhor remédio...

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  6. Pinho Cardão,

    Robert Mugabe, além de constituir a melhor opção para baptizar o aeromorto da OTA - já concluímos - seria por certo capaz de resolver casos destes num ápice: colocava estes rapazes a menos de 1 USD/dia.
    Eu queria ver como é que depois eles iam disputar o chão menos duro para dormir.

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  7. Mas o meu amigo vem com esse sentido de humor no seu melhor!Espero que os personagens do seu post se lembrem de vir aqui dar uma espreitadela, talvez lhes fizesse bem rirem um bocado...e se deixassem de cenas tristes!

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