sábado, 5 de maio de 2007

Conviver com a idiotice!...

Declarações de ontem de Ségolène Royal a uma estação de televisão francesa, referindo-se a Sarkozy: "Cette candidature est dangereuse. C'est pourquoi je demande aux électeurs de bien réfléchir. J'ai la responsabilité de lancer une alerte par rapport aux violences et aux brutalités qui se déclencheront dans le pays...".
Ao findar a campanha eleitoral de 1986, Mário Soares, referindo-se a Freitas do Amaral, seu concorrente, evocou o perigo do “fascismo”, insinuando ligações de Freitas ao antigo regime e a Marcelo Caetano, como seu Assistente de Direito Administrativo.
Ao findar a campanha eleitoral de 1996, Jorge Sampaio, referindo-se a Cavaco, seu concorrente, evocou o perigo de se voltar ao antes de 25 de Abril, dado não conhecer Cavaco das lutas antifascistas.
Ao findar a campanha eleitoral de 2006, Mário Soares afirmou que não iria dormir descansado se Cavaco ganhasse as eleições, evocando o perigo de se voltar a um regime autoritário e de se alterar a ordem constitucional vigente.
Como se vê, em França e em Portugal, a decisiva e suprema argumentação da esquerda nunca se afirma pela excelência das suas candidaturas, limitando-se a denegrir as alheias, com processos de intenção idiotas.
Não há nada a fazer: como não se altera o código genético, nestas ocasiões lá teremos que conviver com a idiotice.

16 comentários:

  1. Mas Cavaco é de Esquerda, caro Pinho Cardão, e a Primeira Dama também...

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  2. Caro CMonteiro:
    Não contesto, já que tudo é relativo. Mas Soares e Sampaio então são da extrema esquerda!...
    Não brincando, acho e estou convencido que Cavaco tem uma autêntica preocupação pelas pessoas e procura, através da política,melhorar as condições sociais. Soares,a meu ver, serviu-se sempre das condições sociais para atingir os seus pessoais objectivos políticos.
    Se isso é ser de esquerda, Cavaco é de esquerda e Soares de direita; se isso é ser de direita, Cavaco é de direita e Soares é de esquerda.
    De facto, pouco têm a ver um com o outro.

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  3. Vendo assim os nomes que aponta, não me parece ser uma questão de ser de esquerda ou de direita. Parece-me simplesmente ser parvo ou não.

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  4. Caro Pinho Cardão,

    Vindo aqui do camarada Toni, essa análise sobre Soares seria compreensiva, à luz do seu fundamentalismo contra tal personagem, mas vindo de si, ao menos há-de reconhecer que está a ser ligeiramente injusto dado que ser-lhe-ia (a Soares) mais vantajoso aproveitar-se de uma situação de ditadura para "servir os seus interesses pessoais", não acha?...

    Muitos assim o fizeram que não são alvo da sua condenação, e andam aí a tecer elogios à Democracia...

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  5. Caro CMonteiro:
    Lá está o meu amigo a distorcer o que eu referi a respeito de Soares. Eu não disse que ele procurava "servir os seus interesses pessoais", longe disso; referi-me, sim, aos "pessoais objectivos políticos" de Soares. Na minha interpretação,para Soares a política era e é um fim; para mim, ela é um meio.
    É neste contexto, porventura errado, porventura certo, que avalio Soares.É um facto que lutou bravamente contra a ditadura comunista, mas também é certo que só o fez quando começou a ver as barbas a arder, depois dos ataques a diversos partidos da direita, até chegar a vez do CDS e, depois, do PSD.De qualquer forma, aí somos-lhe devedores.

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  6. A diferença não é grande, caro Pinho Cardão, mas estou esclarecido.

    Ainda assim, caro Pinho Cardão, ilumine-me novamente: Da última vez que olhei para a social democracia, tinha a ideia de que a tendência política natural de um social democrata dos quatro costados como é o meu estimado amigo, fosse rejeitar ideologicamente a candidatura de Sarkozy, e ter mais mais afinidade com a de Royal. Mas se bem interpreto as suas palavras (espero...) o meu caro finta-me!

    Ora isto deixa-me a pensar se realmente é possível ou não o Paulo Portas "pescar" no "charco" do PSD...

    Estou ansioso pela resposta...


    ;)

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  7. Caro Pinho Cardão,

    Esta questão, que o meu Amigo aflora com o (neo)realismo habitual, é mais do foro psicológico, ou psico-social se quiser, que do foro político.
    Estas criaturas, cujo comportamento verbera, e bem a meu ver, consideram-se genuínos democratas, e quanto aos outros, que não afinam pelas suas ideias, quando muito toleram-nos enquanto não lhes fazem sombra.
    Quando começam a sentir a sombra de algum desses "outros" aplicam-lhes os tais qualificativos que mais não representam que um exercício de ostentação moral/política.
    Essa ostentação moral dos "padrinhos" da democracia é na minha perspectiva menos desculpável que a ostentação material dos "velhos" burgueses.
    Esta última não se disfarça, por definição: é exercida exactamente para que os outros a vejam.
    A ostentação moral/política destes "velhos" democratas gosta sempre de se disfarçar com o manto das virtudes cívicas: adoram dar lições de democracia e de cultura, cívica e outras.
    temos de viver com isto, meu Caro que não meparece que possa acabar tão cedo.
    Mas faz bem em denunciar o fenómeno, isso faz.
    Nós

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  8. Apenas para esclarecer que o "nós" final do meu comentário deve ser "deleted".

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  9. Caro CMonteiro:
    O nosso Tavares Moreira acabou por dizer quase tudo, e muito bem, como é seu timbre.
    Mas quanto à nossa questão, vamos por partes.
    1. é completamente diferente querer "servir interesses pessoais", de querer servir "pessoais objectivos políticos". São questões de diferente natureza, nada tem a ver uma coisa com outra, como o meu amigo bem sabe. E eu referi-me, não a interesses pessoais, normalmente ligados ao dinheiro, mas sim a objectivos políticos. Entendido? é que faz toda a diferença!...
    2. O que eu critiquei foi a estratégia desesperada de Ségolène de dizer, ou votam em mim ou vem aí um estado autoritário que "desenvolverá violências e brutalidades"e pus em paralelo a afirmação de que já tinha visto a cena neste país. Critiquei e é atitude criticável, nomeadamente por menosprezar a inteligência dos eleitores. No último instante, aí vai o aviso supremo...
    Pois, meu caro CMonteiro, isto nada tem a ver com liberalismo, social-democracia ou mesmo socialismo, embora os socialistas costumem usar e abusar do artifício. Se Sarkozy dissesse o mesmo de Ségolène, eu faria o mesmo reparo e também lhe chamaria idiotice consumada.
    Esclarecido também?
    E se o meu amigo quiser saber o que penso da política francesa e destes políticos sugiro-lhe que leia o meu post "política à francesa" escrito no dia 14 de Janeiro deste ano.
    Um abraço e mande sempre!...

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  10. Caro CMonteiro:
    Ah e quanto a Portas pescar nas águas do PSD,creio que é tempo perdido: poderá pescar uns peixitos enfezados nalgum charco ou nalgum pântano, mas nunca chegará ao grande mar do PSD. Gostou?

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  11. Outros actores, a mesma política. Em França, não há nada de novo!

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  12. Essa ostentação moral dos "padrinhos" da democracia
    Gostei, francamente gostei!

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  13. Caro Pinho Cardão,

    "Pessoais objectivos" ainda que "políticos", continuam a ser "pessoais objectivos", permita-me portanto achar algo exagerada a sua afirmação, tendo em conta que não sendo o homem um santo, faça-lhe no entanto a justiça de achar que houve coisas que ele fez em nome de "comuns objectivos".

    Há, concordo, alguma apropriação socialista dos valores republicanos e democráticos, e acredito uma afirmação de sentido inverso seria alvo da sua crítica. Mas a reflexão que proponho é a seguinte: porque é que essa eventual acusação de sentido inverso não faz qualquer sentido, nem nunca ouvi nenhuma, mas a que o socialismo faz à direita, como Royal fez a Sarkozy, de vez em quando acontece?...

    Terceiro, o rol de acusações que se fazem ao socialismo (nesta discussão conto duas suas e uma de Tavares Moreira) é para mim incompreensível, porque julgava que social-democracia e socialismo moderno partilham um espaço comum, espaço esse de onde o PSD insiste em sair, caindo assim (e a história da nossa recente democracia demonstra-o) numa espécie de orfandade ideológica. Perguntemos a uma amostra substantiva de militantes do "grande oceano" do PSD como se caracterizam, e ouvirá respostas "sou de esquerda", "sou de direita" "sou liberal" ou "sou qualquer coisa que não seja comunista".

    Ora, e agora indo ao assunto PP, tamanha falta de capacidade em saber qual o seu lugar por parte desse "grande cardume" não me deixa tantas certezas como as que o meu caro tem, dado que bem recentemente andaram de mãos dadas e não vi o cardume dividido.

    De uma coisa tenho a certeza: No tempo de Cavaco Silva à frente do PSD estas dúvidas não me passavam sequer pela cabeça, o que me faz pensar se o PSD não ocupa hoje um lugar bem mais à Direita do que Cavaco o que o coloca fora do alcance ideológico destes.

    Remeto portanto tudo isto para a minha primeira intervenção "Cavaco é de esquerda" e acrescento que a haver algum "código genético" esse é também o dele.

    Não terá generalizado demais, caro Pinho Cardão?

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  14. Caro CMonteiro:
    Creio que a partir daqui começaremos a falar em redondo, nada mais acrescentando. Mantenho que o apelo de Ségolène é uma parvoíce, que parvoíce também seria se fosse feito por Sarkozy.A asneira não é exclusiva dos socialistas, dos social democratas ou dos liberais. Mas algumas asneiras,do teor da que comentei referente a Ségolene, é uma tradição muito socialista. Os outros terão outras!...

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  15. Havia matéria para debate, caro Pinho Cardão, mas tudo bem...

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  16. E não é que tendo eu estado ausente deste mundo blogosférico, há vários dias ou semanas, tentando repescar os cometários perdidos, encontro este, no momento em que olhando a RTP vejo lá Mario Soares, entre outros, no Prós e Contras, discutindo a Esquerda e Direita e o choque de valores , no momento, em confronto...Realmente anda por aqui alguem que é bruxo!

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