quarta-feira, 30 de maio de 2007

Greve "geral": testemunho pessoal e algumas constatações

Comecei o dia de trabalho, como habitualmente, na estação de caminho de ferro do Estoril.
Primeira constatação: comboios circulando com toda a normalidade, cumprindo os horários previstos.
Segunda constatação: muito menos passageiros do que habitualmente, deduzi que muita gente ficou em casa, aproveitando a greve.
Terceira constatação: à chegada a Lisboa - Cais do Sodré, Metro fechado, informação de que a adesão à greve é total, contrariando indicação dada na véspera segundo a qual as linhas azul e amarela iriam funcionar embora com intervalos maiores entre composições.
Quarta constatação: muito fácil apanhar um táxi, ao contrário do que era habitual em dias de greve específica do Metro. Reforçada a ideia de que muita gente terá ficado em casa, desfrutando a boleia da greve.
Quinta constatação: numa sondagem nacional, indicação de que a greve tem menos apoio entre os eleitores do PSD do que entre os do PS. Problema cultural?
Sexta constatação: a meio da tarde, na habitual contagem do grau de adesão à greve, Governo aponta para 12,8% e Sindicatos (CGTP) para 47%.
Somando e dividindo por dois, que é um método salomónico e talvez mais próximo da realidade, teríamos uma adesão de 29,9%.
Sétima constatação: notícia de que a Administração do Metro irá responsabilizar os grevistas pelo não cumprimento dos serviços mínimos. Teremos novas greves em perspectiva? Espero bem que não, como regular “commuter” sei os enormes transtornos que isso causa.
Oitava e última constatação/previsão: amanhã é novo dia, provavelmente já ninguém falará da greve “geral” de hoje. Marketing político encarregar-se-á de criar factos novos mais do que suficientes para fazer esquecer este breve episódio.

14 comentários:

  1. Pois eu não dou esta coisa das greves gerais tão barata e faz-me um bocado confusão que o país as leve assim, como um incómodo.
    Há perguntas que não me saiem da cabeça que é "Que poderia ter sido feito para evitar a greve? Que exigências poderiam ser cumpridas? Contra quem é esta greve que não o cidadão eleitor?". Se a greve é de facto contra a precaridade e contra as políticas do governo é uma tentativa de conseguir na rua, usando abusivamente um poder, aquilo que não se conseguiu nas urnas e, a isso, chama-se tentativa de golpe de estado.
    Parece desajustado chamar golpe a uma porcariazinha como esta, mas é uma porcaria hoje. Há 20 anos era uma bronca que parava tudo, como bem se deve lembrar.
    Voltando às reformas impossíveis, que tal prender o Carvalho da Silva por tentativa de golpe fascista?

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  2. É triste que as greves em Portugal se tenham banalizado. Estas devem servir como ultimo recurso à melhoria social, não como um simples passatempo para cantar gritos anarcas.
    PEnso que em Portugal seri indicado mandar os sindicalistas uns tempo para a Alemanha e ver o que são sindicatos a sério. Sindicatos que oferecem formação profissional, ao invés de reclamar a irritante expressão "direitos adquiridos dos trabalhadores".
    É também de analisar os estragos de hoje na linha do metro do Porto.

    Saudações Republicanas

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  3. Ok, Tonibler, as greves actualmente não têm o impacto de há 20 anos nem nada de aproximado.
    Por isso mesmo eu abordei este tema na posição de um cronista que dá um testemunho vivido do acontecimento e mais nada.
    Não atribuo ao acontecimento uma relevância por aí além.
    Por isso também achar que o rótulo de tentativa de "golpe de estado" que o Senhor tende a atribuir-lhe me parecer manifestamente excessivo.
    Quando muito seria uma tentativa de "estrago em bens do Estado", como terá acontecido no metro do Porto, segundo relata o ilustre comentador André.
    Em resumo, acho que esta foi uma daquelas greves que quase dá para "bocejar".
    Ponto mais curioso, que julgava capaz de merecer um comentário de Tonibler - mas parece que não - é o facto de, na sondagem efectuada, a greve receber mais apoios no eleitorado socialista do que no social-democrata.
    Lembremo-nos que se tratou de uma greve para protestar contra as políticas do Governo...

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  4. Caro Tavares Moreira,

    Bem sei que estas greves já não têm impacto (tirando o impacto positivo nas contas públicas), mas não consigo ignorar a intenção dos promotores.

    O facto da greve ser mais popular no eleitorado socialista parece-me natural. O eleitorado socialista é, na realidade, o eleitorado estatista, aquele que reclama que o estado deve e faz e acontece, o que tem vida para além do défice, o que acha que há 17 mil milhões de impostos por cobrar. No fundo, aqueles que se esquecem que os patrões dos que fizeram greve hoje são eles próprios.

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  5. Esse eleitorado tem uma proporção preocupante. Não há forma de extermina-lo?...

    Curiosamente dois ou três comentários acima dizes que fazer greve é uma forma de ir contra o que o eleitorado escolheu.


    Pssst, Toni... Chega aqui para ninguém ouvir: Era tudo "eleitorado socialista"! Mas nós não vamos dizer nada a quem esteja a ler isto por aqui. Pode ser que ninguém repare...



    (Editado duas vezes. Erros... grr)

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  6. Caro Dr. Tavares Moreira
    A título de constatação devo dizer que regressei hoje do estrangeiro na TAP. O voo chegou à hora e os serviços aeroportuários estavam a funcionar normalmente.
    Nãos sei se a adesão à greve foi reduzida, se funcionaram os serviços mínimos, se os trabalhadores decidiram fazer greve à greve...
    Enfim, pareceu-me que estava tudo muito calmo.

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  7. O QUÊ???? UM VÔO DA TAP CHEGOU À HORA????

    Digam o que quiserem da greve, mas essa eu não acredito!...

    De facto estas greves parece-me que só beneficiam o país... parece que as coisas funcionam melhor! Se até a TAP consegue cumprir horários é porque alguma coisa funcionou bem!

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  8. Meus Caros,

    Margarida, a minha querida Amiga deve ter tido o privilégio de ser a 1ª passageira a aterrar na OTA!
    Não creio, tal como Virus, que seja possível um voo das aerolineas portuguesas chegar à hora e os serviços funcionarem na perfeição - a não ser, como é evidente, na OTA/Robert Mugabe!
    Já agora diga-nos Margarida, qual foi a sensação de aterrar nesse majestoso aeroporto, como funcionou o TGV na viagem para Lisboa - também não teve greve o TGV? Julgo que não, a julgar pela minha própria experiência com a CP.
    Como compreende, estamos ardendo em curiosidade.

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  9. Vá lá, por favor, não sejam mauzinhos, não martirizem mais a Senhora... a M.C.A., só referiu que o voo da TAP chegou à hora... não afirmou que cumpriu o horário préviamente estabelecido.
    Ora...

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  10. Margarida,

    Depois de ver este comentário de Bartolomeu, fiquei com algum receio que o meu comentário anterior possa ter sido mal entendido, como piada jocosa ou qq coisa do estilo.
    Acredite que não existiu tal intenção,se porventura dele se pode retirar esse entendimento.
    Quis apenas aproveitar a sua boleia e introduzir o qua se inevitável tema da OTA, não me leva a mal?
    A este respeito quero dizer-lhe que estou hoje persuadido de que o projecto OTA, com todos os seus horrores, vai mesmo para a frente.
    Em próximo post espero referir-me às causas mais profundas desta minha convicção.

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  11. Um vôo da TAP chegou a horas??? Oláaa! Isso não é nada normal.

    É claro que a questão da greve é importante mas, o facto de um vôo da TAP ter chegado a horas devia ter honras de abertura nos telejornais.

    Tirando isso, só notei que havia mais trânsito na rua. Tal como o amigo Tóni não levo grande fé nas greves gerais. No entanto, passarei a levar quando começarem a fazer greves ao estilo dos norte-americanos (que como vêem não fazem muitas mas, quando fazem é o fim da macacada). Aquilo sim! Essas é que são greves! Acaba sempre tudo ao tabefe.

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  12. Caro Dr. Tavares Moreira
    Compreendo a curiosidade! Talvez por ser um dia de greve geral a TAP tenha feito um esforço suplementar para que neste dia tudo funcionasse melhor do que nos outros dias. Será?

    Caros Virus, Bartolomeu, Anthrax
    Não calculei que uma tal constatação causasse tanta perplexidade! O avião TAP chegou à hora, com um ligeiro atraso relativamente à hora prevista de chegada, mas aceitável se tivermos em conta os atrasos permanentes!
    Mas desta vez, logo por azar, no dia de uma greve geral os atrasos deveriam ter sido ainda maiores.
    Claro está que nem tudo pode ser bom. O avião estacionou ao largo da gare e depois foi a espera do costume para fazer o trajecto de bus desde o avião até à gare.
    Já agora, para não ficarem tristes, conto mais algumas histórias:
    - No dia da partida, terça-feira, estive, imaginem só, 30 minutos numa fila para levantar o bilhete no balcão do check in electrónico do aeroporto. Acham isto normal? Uma desorganização, um mau funcionamento que deixa qualquer passageiro muito desgradado e nervoso.
    - Na semana passada viajei também para o estrangeiro e estive, nem mais nem menos, 45 minutos numa fila para fazer o check in normal. Acham isto aceitável? Pudera, só havia um balcão a funcionar para o respectivo voo. Um caos, uma desorganização que deixa qualquer passageiro muito mal impressionado.
    E já agora, mais outra, depois de ter passado a zona do controlo quis tomar um café. Não havia mesas, nem uma cadeira para me sentar. Acham isto normal?
    - Em Abril desloquei-me também ao estrangeiro e quando regressei esperei 60 minutos pela minha mala. Acham isto normal?
    Não é preciso uma greve geral para os serviços funcionarem mal! Com a ANA e a TAP só há surpresas muito de vez em quando...
    O que eu sei é que estas e outras histórias são uma vergonha.

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  13. Margarida,

    Registo e agradeço seus esclarecimentos.
    Podemos todos ficar mais tranquilos, que ...e certos de que esses problemas desaparecerão com a OTA/RM - substituídos por outros bem maiores é certo, mas esses serão para esquecer.

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  14. Dr. Tavares Moreira
    Esperemos que a resolução dos problemas que se vivem no aeroporto de Lisboa não sejam resolvidos com "buracos", nem da OTA ou outro qualquer que por aí apareça...

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