terça-feira, 29 de maio de 2007

Problema de “consciência”?!

Foi noticiado que alguns estabelecimentos de saúde não “aceitaram” jovens para efeitos de planeamento familiar, apesar da lei assim o exigir. As razões foram variadas, destacando-se a recusa por não pertencerem à área da residência, o que é um absurdo, porque ao procurarem confidencialidade é justo que recorram a outros locais.
Alguns centros foram mesmo reprovados, porque se esqueceram de falar sobre o preservativo e as doenças sexualmente transmissíveis. Uma perfeita necedade!
Em 14 visitas não foram oferecidos contraceptivos, porque não os tinham! Efeitos da poupança governamental? Não é preciso ir tão longe!
Como não acredito que o governo português dê prioridade ao uso de preservativos – atendendo aos vários problemas que o aflige de momento – compete às autoridades de saúde locais ou regionais entrar em contacto com o presidente Lula, perguntando-lhe se a medida que quer concretizar no seu país, não poderia ser alargada a Portugal. Como somos povos irmãos, até poderíamos beneficiar da sua iniciativa que consta na oferta de preservativos e pílulas com 90% de desconto. Vão ser distribuídos 50 milhões de preservativos ao preço unitário de 0,4 real (qualquer coisa como 15 cêntimos).
O problema da gravidez na adolescência e das doenças sexualmente transmissíveis preocupa o presidente brasileiro que pretende estimular e fomentar o planeamento familiar.
A atitude de Lula foi considerada como um desafio à Conferência Episcopal Brasileira que o criticou pelo facto de preocupar-se mais com os assuntos sexuais e menos com as dificuldades dos mais pobres em serem atendidos nos hospitais públicos.
De qualquer modo é preciso respeitar a lei e permitir que os jovens tenham acesso aos diferentes estabelecimentos de saúde para receberem informação, formação e material contraceptivo. O facto de algumas unidades não o terem feito é preocupante e nem mesmo a afirmação de uma responsável da Direcção-Geral de Saúde, segundo a qual “as administrações regionais a as sub-regiões de saúde podem chamar a atenção, mas acredito que os próprios centros de saúde vão ter consciência de que não estão a cumprir a lei”, é suficiente para tranquilizar os cidadãos. Não se trata de um problema de consciência, mas do não cumprimento de boas práticas superiormente regulamentadas.

4 comentários:

  1. Não há-de o País andar doente...

    P. S. Na 6ª linha deverias ter escrito «necessidade».

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  2. Necedade está bem escrito. Utilizei esta palavra como sinónimo de disparate de inépcia.

    necedade
    do Cast. necedad
    s. f.,
    acto ou dito de néscio;
    ignorância ou estupidez crassa;
    inépcia;
    tolice;
    disparate.

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  3. Na verdade confesso que tb desconhecia o termo, nada porem que uma consulta prévia ao FLIP on-line, por exemplo, não resolva.
    GAntes de proseguir gostaria de o parebenizar, caro professor, pela humildade da sua resposta anterior.
    Em relação ao assunto pretinente expresso no seu post, ha um aspecto a que me mantenho relutante e que tem a ver com a distribuição gratuita de preservativos, sobretudo, por se tratar de actos isolados. Isto, partindo do princípio que, apesar de a generalidade das pessoas poder considerar-se sob a hipotese de risco de contaminação de doenças sexualmente transmissíveis, ha grupos sociais onde se verifica maior incidência e consequentemente maiores hipoteses de contrair doenças.
    Não acha caro professor que visando esses grupos as acções deveriam ser mais activas e efectivas? Regularmente acompanhadas? Afinal trata-se de um enorme problema de saúde pública com tendência para aumentar.

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  4. Caro Bartolemeu

    O assunto não é simples. Foquei e comentei apenas uma realidade nacional. A distribuição gratuita não me causa grande transtorno desde que seja feita em ambiente adequado, acompanhado de informação e formação que possam contribuir para o desenvolvimento dos jovens. A simples informação de que alguns dos responsáveis não fizeram uma abordagem nesse sentido preocupa-me, como é óbvio.
    Quanto aos grupos de risco, apesar de epidemiologicamente podermos provar diferentes taxas de incidência e de prevalência de doenças sexuais, as mesmas sofrem variações (na maioria para melhor), “deixando” de lado os que se auto-intitulam ou se auto-referenciam como não pertencendo aos ditos grupos de risco elevado. Resultado? Ao fim de algum tempo acabam por emergir com as taxas de incidência e de prevalência mais elevadas. E agora? Como devemos considerar essas pessoas que inicialmente não eram de risco, mas que apresentam as taxas mais elevadas? Veja o que está a acontecer com o HIV/SIDA, os intitulados de “baixo risco” são agora os que sofrem mais...

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