sexta-feira, 13 de julho de 2007

Economia cresceu 1,5% em 2004: há que fazer justiça

Esta informação, divulgada há dois dias pelo Eurostat, quase não foi notícia em Portugal.
O marketing oficial “cilindrou” essa informação, reduzindo-a a uma letra tão fina que ficou quase imperceptível: não convinha que ninguém reparasse nela, como é evidente.
Notícia foi a previsão veraneia do BP de que a economia deverá crescer este ano cerca de 1,8%, embora persistindo um défice externo elevadíssimo, da ordem de 8% do PIB, do qual parecemos definitivamente incapazes de nos libertar.
E esta importante notícia, de que a economia deverá crescer 1,8% no corrente ano, apesar da persistência de um enorme défice, foi recebida com manifestações de grande satisfação e comprazimento por parte da classe dirigente, interpretando o facto como sinal de que estamos no bom caminho, de que as “novas” políticas permitem finalmente que a economia entre numa senda de recuperação...
Curioso que ao cabo de 3 anos, com uma “nova” política, com a Europa a crescer a um ritmo muito superior – a economia alemã, como aqui mesmo salientei há poucos dias, deverá crescer 3% no corrente ano e a francesa 2,5% - conseguimos isto, passar de um crescimento de 1,5% para 1,8%?
É este o grande resultado de uma “audaciosa” mudança de política e de um efeito de arrastamento dos nossos parceiros como não se via há desde o início do Euro?
Há realmente uma incomensurável dose de ficção nas notícias que sobre estas (e outras) matérias nos pretendem vender.
É claro que ninguém se atreve a defender o “anus horribilis” de 2004.
Num PSD feito em vários pedaços ninguém está em condições práticas para recuperar a imagem desse período.
O Tribunal da opinião pública execrou em definitivo esse período, após sucessivas cargas da “infantaria” e da “cavalaria” mediáticas.
Mas não é preciso que se defenda ou se tente recuperar a imagem de 2004 ou dos principais actores do filme de “terror” que passou nesse ano para por as coisas no seu lugar.
Basta perceber que a boa “performance” da economia em 2004 não poderia ficar a dever-se a quem governou o País no 2º semestre desse ano – os efeitos de quaisquer medidas de política nunca se transmitem à economia em tempo real.
Essa “performance” fica a dever-se, no essencial, a quem teve responsabilidade na condução da política económica do País nos dois anos anteriores, assumindo medidas de grande coragem e visão, como diversas vezes tive a grata oportunidade de salientar no plenário da Assembleia da República.
E a pessoa que teve mais responsabilidade pela condução da política económica nesse período chama-se Manuela Ferreira Leite.
Nunca é tarde para se fazer justiça.

5 comentários:

  1. Estamos onde estamos hoje, no actual estado de desenvolvimento económico e perseguição cega por parte das Finanças e SS às famílias e ás PME's, devido ás "medidas de grande coragem e visão" da Manuela Ferreira Leite...

    ...Medidas essas aliás que este Governo continuou a seguir e a agravar... na senda política económica seguida pela MFL.

    Por isso não posso deixar de concordar com o caro Tavares Moreira que ela é sem dúvida a pessoa que teve mais responsabilidade pelo estado em que as coisas estão... pena é que na perspectiva da maioria das famílias e das PME's não haja grandes motivos de alegria e regojizo pela política seguida por essa senhora.

    Essa do crescimento de 1,5% em 2004 não é lá grande motivo de contentamento, deveríamos ter tido pelo menos 3%... e quanto ao Vitor Constâncio e BP que vieram mais uma vez fazer previsões e estudos para apresentar números hipotéticos (tal como já tinham feito com a conversa do défice de 6,8%) para atirar areia para os olhos dos agentes económicos e tentar animar a EConomia com boas noticias... uma tentativa de criar confiança na Economia para ver se isto anima... e os "media" como é hábito fazem o seu papel de sabujos a dar a notícia como se uma hipótese estudada pelo BP fosse um dado certo e adquirido!

    Uma palhaçada... é o que isto tudo é...

    Mas numa coisa estamos de acordo caro Tavares Moreira... há que fazer justiça... e o Clube Disney, perdão, PSD teve a sua nas legislativas... a ver vamos se o PS não chega a ter a sua nas ruas...

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  2. Ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah!!!

    Bom post Dr. TM. :)

    Essa informação, agora, fez-me lembrar as reuniões em Bruxelas (com a C.E) nas quais os meus colegas gregos apresentavam, sempre, números fabulosos e percentagens de sucesso da implementação dos programas invejáveis. O "Chairman" que presidia ás reuniões, como já tinha recebido os mapas previamente, dava-lhes sempre os parabéns.

    Detalhe: Quando chegava à hora do "coffee-break" e começávamos [nós, os colegas]a fazer-lhes perguntas sobre a "estratégia de sucesso", aí então é que era lindo! Porque os próprios admitiam que os números tinham sido, grandemente, inflaccionados com recurso a estratégias bastante questionáveis e não muito regulares.

    No entanto, como é óbvio, os números não mentem. O Eurostat diz, tá dito! :) Eu é que, não sei porquê, lembro-me sempre dos gregos... bom, e dos italianos, mas esses foram apanhados a aldrabar os números.

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  3. Virus, meu Caro,

    Será que esse pseudónimo bloguístico é abreviatura de Virulento? Se é, está muito bem pensado.
    Quanto a essa de o crescimento de 1,5% ser "motivo de contentamento" não sei onde é que o foi buscar...
    No meu post não foi, certamente, não disse que 1,5% era muito ou pouco, era bom ou mau, limitei-me a comparar com os "fabulosos" 1,8% da previsão para 2007.

    Caro Antrax,

    Interessante a sua descrição dos sucessos gregos. Temos aprendido alguma coisa com esses bons rapazes, tenho de admitir.
    Eh,eh, eh (isto já é influência sua...).

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  4. Bom... nessa perspectiva de comparação não há muito a dizer...

    Estamos a comparar dados reais e efectivos com previsões (marteladas) pelo Banco de Portugal... e aí só lhe posso dizer que se chegarmos este ano aos 1,4% reais (sem marteladas) já será muito bom, pelo que o âmbito da minha intervenção não é o "contentamento" dos 1,5%.

    O âmbito da minha intervenção é mais pela desgraça a que a "grande visão e coragem política" da M.F.Leite nos levou... e aí estamos em campos diametralmente opostos!

    Até porque por uma razão de coerência e honestidade política não se pode em boa consciência criticar as opções fiscais e governativas deste Executivo e não criticar as que imediatamente as antecederam, que foram as percursoras do actual Estado da Nação e políticas aplicadas por estas aventesmas.

    Por alguma razão o Sarkozy quando esteve em Portugal de visita ao Sócrates (mesmo antes da eleições presidenciais francesas) saiu de cá a dizer que a sorte dele era os "Xuxialistas" franceses não serem como estes por cá, senão ele estaria em maus lençóis para vencer as eleições!

    PS-Acertou em cheio quanto ao significado do meu pseudónimo! Se querem criticas honestas independentemente da minha côr política é deixar comigo (e pelos vistos com o Tonibler)... fanatismos e disciplina partidária cega e de "amen" aos barões é coisa que comigo não funciona (e pelos vistos com o Pedro Passos Coelho também não...)... ;)

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  5. Apesar da minha jovialidade, e de ler algumas obras literárias comecei a chegar a uma conclusão. Pensar pela minha cabeça, questionar as coisas e os outros. Chega a uma triste conclusão.É rara ou inexistente o papel que desempenha a comunicação social no cariz de desenvolvimento cultural em Portugal. Temos um comunicação social vendida aos extremos e à política. Não consegui fazer uma análise limpa, desprovida de preconceitos. Foi louvável o desempenho de Manuela Ferreira Leite.
    Quanto ao marketing político, enfim, enjo-a. Vivo num país frustrante. Mau governo, pior oposição. Um país com vontade de mudar, mas que nada faz. Já há muito tempo viagem com frequencia viajo a Madrid. É triste vê-los a caminharem com vontade a passos largos para uma alegre prosperidade.

    Fica aqui o meu desbafo républicano

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