terça-feira, 17 de julho de 2007

Saramago: grande machadada no brio nacional

Com a sua profética declaração, segundo a qual Portugal virá a transformar-se numa província da Ibéria – ou num Estado de uma futura Federação/Monarquia Ibérica, sob a autoridade dos Filipes de Bourbon - Saramago gelou completamente os infelizes media nacionais.
Tivesse essa declaração sido proferida por Santana Lopes ou por Manuela F. Leite – ou por tantos outros "não-intelectuais"/esquerda - teriam desabado sobre eles as mais violentas e arrasadoras críticas dos nossos agentes mediaticos que tanto idolatram a Pátria em que nasceram...
Como se trata de uma figura grada da chamada “esquerda” e da mais alta intelectualidade ex-lusa, agora ibérica, o assunto não mereceu mais do que um ou outro envergonhado reparo...
O mais curioso é que esta profecia de Saramago segue as regras mais precisas do catecismo capitalista: é um facto que os investidores espanhóis a pouco e pouco vão comprando tudo o que é propriedade mobiliária e imobiliária em Portugal.
A situação dramática do nosso desequilíbrio externo - que já não tem solução - vai tornar realidade aquilo que pela força das armas nunca foi possível, apesar da desproporção de forças no terreno, desde Afonso Henriques, passando por Aljubarrota, pela Restauração, etc, etc...
Saramago dixit...Está dito e vai sendo feito.

13 comentários:

  1. Bem, não se pode dizer que um militante do PCP seja um exemplo de patriotismo, seja ele qual fôr. Afinal, não há muitos anos, seguiam as orientações de quem tinha mísseis nucleares apontados à minha casa. Mesmo que, depois da queda do muro, se tenham tornado patriotas, aquilo que se pode dizer é que Portugal foi, para eles, uma segunda escolha.

    Que Portugal se vai tornar Espanha, disso não tenho a menor dúvida e temos um governo (e uma oposição) em árdua labuta para que isso aconteça. Fazer as coisas como devem ser, parece que está fora de causa; sair do Euro, também; pois, não há muitas mais hipóteses...

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  2. Desde a "Jangada de Pedra" Que Saramago não deixou de alimentar esta "filosofia". Eu até acho que antes de terem enviado a ficha de inscrição para a "anexação" à CEE, os nossos governantes teriam sido previdentes se tivessem estudado as predições de Saramago. Em alternativa, podia ter sido equacionada a confederação dos estados Ibéricos, continuaríamos a exportar a cortiça para a Ásia, os calcantes para a Rússia, o Binho do Puorto e os lanifícios para a Inglaterra, ainda mantínhamos a agricultura, a pesca, a indústria naval, sem estarmos sujeitos às quotas de exportação impostas. Iamos ter os nossos vizinhos europeus a bater-nos à porta e a pedir batatinhas. Assim... ainda hoje vi passar um enorme bando de estorninhos, parece que este ano ha bastantes, será o sinal da previsão Saramaguiana? Ver se passo este fim de semana pelos Pirinéus, e perceber se já se nota alguma fenda no chão, ou se já se escuta o ladrar do cerberus.

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  3. Embora não patrocinando estas reflexões do Saramago, o que é certo é que este país, está transformado numa estreita facha de território com forte inclinação para a capital. Se a isto somarmos o facto de sermos um país cada vez mais centralizado política e administrativamente e por via disto com um sistema de desenvolvimento monocêntrico completamente incapaz de puxar sózinho pelo resto do país. E se também acrescentarmos o facto de, pela via fiscal, este país já ter encurtado em mais de 50 Km da sua linha de fronteira com Espanha.

    Juntando apenas estas peças, só para alguns menos avisados e com menos contactos no terreno é que fica surpreendido com estas afirmações do Sr Saramago.

    Regionalização

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  4. Caros Amigos,

    Julgo que não devemos atribuir excessiva importância à pequena, mas incisiva maldade de Saramago. Afinal, muita gente das ditas elites nacionais tem trabalhado para esse velho desígnio espanholista.Mas pode ser que se enganem, como outros antes deles se equivocaram.

    É verdade que o Povo, onde reside por último a esperança de qualquer soberania, porque tem sido sempre ele, mais do que qualquer elite, a morrer por ela, está hoje profundamente alienado, com pouca instrução, o que não é novo, mas, sobretudo, sem cultura de fundo nacional : histórica, literária, geográfica, científica, etc., desconhecendo grandemente os seus próprios valores, velhos e mais recentes, em todos estes campos.Além disso está iludido com pretensos benefícios que lhe adviriam de uma associação política com Espanha. Aqui radica, a meu ver, a nossa grande fraqueza actual.

    Para reverter este estado de coisas é preciso gente de outra cultura e actuar, a fundo, na formação escolar, nos programas e no grau de exigência, no Ensino da Matemática, da Física, das Ciências, em geral, e no respeito e orgulho da nossa identidade cultural, sem complexos atávicos, aceitando tudo o que ficou para trás, o bom e o mau, para estimular o nosso amor-próprio, em amizade com os outros povos, naturalmente, mas sem sentimentos de culpa, descabidos e inoperantes, antes afirmando os valores já revelámos e que devemos destacar, para continuar a demonstrá-los no futuro .

    É isto já utopia ?

    Gostaria muito de ouvir os prezados contertulianos desta estimável 4ª R !

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  5. Meus caros,
    Também me parece que ignorar estes comentários de Saramago é o melhor caminho a tomar. Muito provavelmente o que o move é a necessidade de aparições nos média devido às vendas das suas publicações que se encontram presentemente abaixo do esperado.
    Cordialmente,
    Nuno António

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  6. Caros Comentadores,

    Apreciando vossos preclaros comentários, apercebo-me de que o terreno já está razoavelmente preparado para a implantação da Monarquia Ibérica que Saramago idolatra.
    Quem diria que o marxista e laico Saramago viria ser o grande ideólogo da fusão (por incorporação) política na Península, utilizando como instrumento-mor dessa operação o capital financeiro.
    Cabe ao capital financeiro fazer (está fazendo) o trabalho de reparação dos calamitosos erros de política económica do País incorporado, que transformaram numa miragem a famosa tese da preservação dos centros de decisão nacional.
    Erros em que aliás persistem alegremente, como se verifica pela convicção demonstrada no lançamento de projectos megalómanos geradores de cada vez maior dependência externa.
    Só não percebi a observação final de A.A.Felizes: quem foi que se mostrou surpreendido?

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  7. Tá tudo tolinho ou quê? Acaso já teremos entrado na Silly Season?... Não respondam à última pergunta, é de retórica.

    Algum dia existiria essa possibilidade com um governo Socialista, no poder, ali nos vizinhos do lado? Com o Aznar, a conversa seria outra e, politicamente, foi muito bem jogado, por parte do PSD, trazê-lo a Portugal quando foi aquele evento no Coliseu dos Recreios (eu estava lá e gostei muito de o ouvir, devíamos arranjar um assim para nós).

    Agora, com um Zapatero??... Os tipos têm mais de metade das instituições militares contra o governo, vão fazer o quê? Mandar turistas ocupar Portugal? Então mandem que a malta agradece, precisamos de pessoas que venham para aqui gastar dinheiro já que nós não o podemos fazer.

    Vão "invadir-nos" economicamente? Wooooo, scary! Então invadam. Nós chamamos-lhe "atrair investimento estrangeiro", para mim é igual ao litro desde que gastem o dinheiro deles aqui.

    De resto, mas alguém liga ao que o Saramago diz? E digo-vos mais, invasão por invasão antes sermos invadidos por Finlandeses, pelo menos são mais desenvolvidos. Agora, o nosso "Nobel" nem sequer está capaz de escolher um povo decente!

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  8. Camarada Anthrax,

    Podemos fazer a seguinte pergunta aos funcionários públicos "Pessoal, querem reduzir o ordenado em 15% ou querem ser Espanhóis?". Tem uma previsão das respostas?

    Podemos chegar aos partidos políticos, aqueles que fazem a bosta no fim do dia, e perguntarmos "Pessoal, querem para de receber financiamentos manhosos para pagar a esse funcionários que têm ou querem ser espanhóis?" . Tem um previsão das respostas?

    E podemos continuar a fazer as perguntas aos vários sectores....

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  9. Caros Compatriotas,

    Lamento dizê-lo, mas alguns destes comentários enfermam de uma visão própria de vencidos, ainda antes da luta declarada.

    Com este espírito, nunca teríamos ido além do Condado, antes teríamos tido sempre Amos, porventura generosos, que até cuidassem bem de nós. Falaríamos agora nosso bom castrapo, como os irmãos galegos, e o Saramago escreveria em castelhano, coisa que talvez o maravilhasse, porque poderia concorrer ao Prémio Cervantes.

    O País, de facto, perde, cada vez mais, inteligência e, sobretudo, nervo.

    Eis aonde nos levaram as fecundas doutrinas do economicismo ultra-liberal, com a sua visão predominantemente negocista da Política e, afinal, da Vida.

    Estamos quase no ponto da completa sandice e transformados em poltrões, ansiando por ficarmos atados a uma qualquer manjedoura, que muitos julgam ser a espanhola.

    Quase dá vontade de chorar e pedir desculpa aos nossos antepassados, por termos chegado tão baixo.

    Senhor, tende piedade desta triste mentalidade prevalecente no Portugal - dizem - do início do século xxi !

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  10. A. Viriato,

    Comentário genuíno de um valente Viriato, Lusitano, homem que nunca, mas nunca se rendeu aos romanos!
    O problema é que as regras do jogo sofreram uma alteração cósmica e hoje o mesmo Viriato acabaria encarcerado nos calabouços de uma qualquer prisão de alta segurança, por atentar contra a segurança do Estado e contra as regras do Euro!
    Isto se não levasse antes uma bala na cabeça.

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  11. Bom... vamos lá a ser adultos e políticamente honestos sem etiquetar ninguém.

    Não me venham com essas tretas de culpar o economicismo-liberal porque essa não pega! A culpa reside em nós próprios. Se assim fosse os países como o Luxemburgo, a Holanda e a Bélgica (uso apenas estes como comparação tendo em atenção a sua dimensão geográfica/demográfica/acesso a recursos naturais) eram hoje mais três Estados da Alemanha e não é o caso.

    Tudo isto se resume a uma simples coisa que se traduz em:

    1- Em Portugal - O ESTADO SERVE-SE DO CIDADÃO

    2- No Benelux - O ESTADO SERVE O CIDADÃO

    A grande diferença está toda aqui, e eu sei do que estou a falar...

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  12. Caro VIRUS,

    Bela sínteses sem dúvida alguma, para encerrar esta breve troca de ideias suscitada pelas proféticas palavras de um iberista confesso, ex-nacionalista, ex-marxista e ex-republicano, o Nobel Saramago.
    Tem todo o meu apoio!

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  13. Amén.

    É que nem há mais nada a dizer.

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