segunda-feira, 13 de agosto de 2007

As surpresas não acabam!

O Eurostat actualizou uma série de índices de paridades de poder de compra na EU e os respectivos índices de níveis de preços.
À aparente boa notícia de que o nível de preços em Portugal é 20% inferior ao da EU a 15, contrapõe-se a má notícia de que a média dos níveis salariais em Portugal é 40% inferior à média da EU a15.
Para que não haja dúvidas, o que este indicador revela é que os portugueses ganham 60% da média da EU a 15.
O nosso nível de vida está, portanto, muito aquém do nível de vida dos nossos parceiros europeus. Querer viver com o poder de compra dos alemães trabalhando à portuguesa é que não é possível!
Um outro dado interessante revelado pelo Eurostat é que o poder de compra em Portugal vale 75% do valor médio apurado para a EU a 27.
O cinismo que alguns dos nossos políticos manifestavam ao argumentarem, perante os péssimos números das estatísticas da economia portuguesa, que Portugal não estava na cauda da Europa, porque a fechar o pelotão vinha a Grécia, não durou muito tempo! Era mesmo só uma questão de tempo!
Confirma-se a ultrapassagem e aprofunda-se a distância que a Grécia leva em relação a Portugal, com os gregos a registarem um movimento de aproximação a Espanha e a Itália. Portugal está cada vez mais sozinho!
Mas é surpresa para alguém?
Não vamos é agora ficar de novo satisfeitos porque atrás de nós temos alguns dos países do alargamento que ainda não fazem melhor!
Enfim, perante estes resultados o que é que nos resta fazer? Dizer mal, criticar, constatar uma verdade, encolher os ombros, esperar por melhores dias? Parece que estamos perante uma fatalidade. Assim como os milagres, as fatalidades não caem do céu!
São muitos erros acumulados, são muitas omissões, são muitas reformas que nada reformaram, são muitos estigmas ideológicos e sociais, é o peso do Estado na economia, é a mentalidade do facilitismo, é a falta de educação e formação, é a falta de exigência associada a muita ignorância, é a falta de empreendedorismo e muitas outras coisas que cada um de nós saberá descobrir…
Não admira que muitos portugueses, em particular os mais novos e mais qualificados, procurem no pelotão da frente um futuro melhor!
14.08.2007
A evolução negativa registada no poder compra face aos parceiros europeus foi acompanhada no período de 1995 a 2005 , segundo dados do Eurostat, por um aumento da amplitude entre os rendimentos dos mais ricos e os rendimentos dos mais pobres que coloca Portugal no topo do ranking das desigualdades da EU a 15. Em Portugal os 20% mais ricos apresentavam rendimentos 8,2 vezes superiores aos 20% mais pobres, situando-se esta diferença na UE em cerca de 5 vezes. A UE a 15 registou, ao contrário de Portugal, uma ligeira redução do fosso.
Em Portugal os 20% mais pobres atingem dois milhões de portugueses.
Portugal está cada vez mais pobre!

13 comentários:

  1. Não é só o aumento da emigração de nacionais que denota a gravidade do momento. lei-se hoje no público o artigo sobre a evolução da imigração-

    "De 2004 para 2006 verificou-se uma queda de 8,5 por cento no número de estrangeiros residentes em Portugal. Tendência poderá estar associada a crise de emprego"

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  2. Margarida, e o nosso nível de impostos (para quem os paga...) em relação à EU a 15 ou a 27?
    O Eurostat não actualizou?

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  3. Caro António Câmara e Sousa
    O nível da imigração é mais um indicador macro importante.
    São muitas as evidências de que a economia portuguesa está em crise. O aumento do desemprego, a falta de investimento e de criação de emprego podem explicar o movimento de descida do nível da imigração.

    Clara
    Ainda que o Eurostat não tenha feito recentemente uma actualização, que julgo que não fez, são bem conhecidas as diferenças de níveis de tributação e da correspondente carga fiscal. A competitividade fiscal dos países do alargamento é um assunto muito sério para Portugal, ao qual é preciso somar todos os outros.
    A decisão de investir em Portugal, não apenas dos investidores estrangeiros mas também dos investidores portugueses (não é só o investimento estrangeiro que defronta dificuldades) tem naturalmente em conta o nível da tributação mas igualmente outros problemas, que não citei no meu texto, dos quais destaco, o não funcionamento da justiça!

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  4. A última frase, "Em Portugal os 20% mais pobres atingem dois milhões de portugueses. Portugal está cada vez mais pobre!", presta-se a interpretações erróneas por parte dos menos atentos. Portugal não está mais pobre por os 20% mais pobres serem 2 milhões, mas por tudo o que se disse anteriormente! Sendo a população de 10 milhões, os 20% mais pobres serão sempre 2 milhões e os 2 milhões mais ricos também serão 2 milhões, para qualquer nível de rendimento e distribuição que não seja rigorosamente igualitária!
    O artigo espelha, com novos dados, a realidade dramática já conhecida - estamos na cauda da UE15. Já estamos, inclusive, atrás de vários países do alargamento. E como temos o mais baixo crescimento da UE27, o fosso só pode aumentar.
    Curioso, também, o facto do agravamento das desigualdades sociais. É esse o resultado prático de termos um governo socialista à frente dos destinos da nação desde '95, a menos de um curto intervalo (inferior a 3 anos)...

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  5. Sabem o que é que vos digo?

    Boa sorte para quem cá ficar, porque o "euzinho" aqui, vai "dar de frosques como o Robin dos Bosques".

    Não estou a reclamar porque até me tenho aguentado, relativamente, bem. Só que quero mais e aqui já sei que não vou a lado nenhum.

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  6. Pois... não é por nada mass como também eu já estou a ficar mais que farto de estar por cá a trabalhar para dar de mamar ao Estado e à Banca também a mim me cheira que me vou orientar para a minha anterior carreira profissional.

    O que eu preciso é de um lugarzito de funcionário público europeu num qualquer país da Europa, numa qualquer instituição europeia com um mísero salário liquido entre os 4.500 EUR e 6.500 EUR, com 10% de impostos, reforma garantida, mais subsidios de deslocação (caso se confirme a minha saída do país de origem), etc. e tal... enfim um minimo com o qual uma familia pode viver "decentemente". Pode não até nem ser uma fortuna, mas para as chatices que tenho em gramar com empregados improdutivos e malcriados, com uma Banca e um Estado salteadores e com uma Justiça que não funciona (para os privados) acho que prefiro também "pôr-me na alheta" enquanto sou "competitivo".

    E o melhor é que lugares não faltam, são ás centenas, é só ir à procura deles... mas nós por cá nem sequer ouvimos falar deles (deve ser um exclusivo do MNE). Por isso é que aquando a minha passagem pela Comissão Europeia, só em termos comparativos, havia 4 a cinco gregos para cada português... ora tendo em atenção a localização geográfica e a demografia grega não deixa de ser surpreendente. E a DG que mais portgueses tinha (aliás estavam quase todos lá) era a 8, a do Desenvolvimento, que por coincidência era a única que tinha um português à frente e que mais ligações tinha com o MNE por cá. Ou seja, aparentemente lugares até havia (pelo que me diziam das outras DG's) o problema é que os portugueses é que nunca concorriam. Enfim... a história deste país... os melhores lugares é só para amigo e conhecidos... o resto leva com "o dedo".

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  7. Caro Nuno Nasoni
    Não quero de maneira nenhuma que haja interpretações erróneas, nem quero que fique qualquer duvida de que Portugal está cada vez mais pobre. A análise enviesada que nos é dada pelo PIB per capita, que melhorou nos últimos anos, esconde uma terrível desigualdade social que não pode ser escamoteada.
    O desenvolvimento económico que Portugal conheceu não foi capaz de cuidar da equidade social.
    Os resultados estão à vista: mais pobreza, maior fosso entre ricos e pobres, mais desemprego, etc.
    A evolução dos indicadores agora divulgados sugerem, como se depreende do seu comentário, que Portugal tem um problema de distribuição primária de rendimento. Ora, o que parece é não há dúvidas de que temos um problema de modelo económico.
    Se continuarmos a persistir nos mesmos erros, Portugal será um país cada vez mais desigual, sem futuro...

    Caro Anthrax
    Não se vá embora porque precisamos cá de si! Se os Anthrax se forem embora então como é que vai ser? Compreendo que se sinta injustiçado, como tantos portugueses, e que seja contra tanta maldade e tanta coisa mal feita. Não o aconselho a aguentar mais uns tempos, mas essa de escolher a vida clandestina na floresta como fez o Robin dos Bosques é capaz de não ser a melhor solução!?

    Caro Virus
    Também se vai embora? O país começa a sentir a perda dos seus melhores profissionais, a perda daqueles que estão interessados na mudança. Pois se não há mudança cá dentro, só resta, então, mudar para fora!?
    É mais um grave problema que se vai engrossando, com consequências muito graves no futuro. Como é que podemos dispensar os mais capazes, mais talentosos, mais qualificados, mais educados!?
    Uma coisa intrigante na sua descrição do "lugarzito" europeu é o facto dos portugueses ficarem de braços cruzados enquanto os gregos ocupam a "quota" portuguesa!? Nada disto é normal. Somos pequenos, é certo, mas não ocuparmos o que é nosso é algo incompreensível!?

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  8. Cara Margarida,

    o que é incompreensível é que, eu por exemplo, estive na DG7-Transportes-Unidade B3 e o mais espantoso é que em toda a DG7 só existiam 4 portugueses, eu, mais um no piso por baixo que tinha a ver com os transportes marítimos (um senhor que tinha entrado por concurso em 86-87), e mais dois que estavam noutro edificio, mas que nunca os vi porque nunca estavam lá (falei com um por telefone uma vez).

    Quando fui ver a lista de funcionários ("submarinos" incluidos) existiam os tais quatro portugueses e gregos eram 24, a sua maioria nos transportes maritimos e na aviação (eu estava nos transportes terrestres).

    Eu até nem digo que os portugueses ocupam a quota portuguesa, até porque no caso de consursos para as instituições europeias não existe uma quota atribuída a nenhuma nacionalidade. O que existe é a necessidade de pessoal com qualificações (como as que nós temos de sobra) e a triagem faz-se com base nas linguas necessárias para o trabalho.

    Isto é, a lingua oficial de trabalho é o Inglês, desde finais dos anos 90, mas quando surgem anúncios a pedir pessoal por vezes são direccionados a pessoas cujos conhecimentos linguisticos são específicos... ora se eu até vi franceses, espanhóis e alemães a candidatar-se a lugares que pediam especificamente a pessoas com lingua portuguesa isto é sintomático de alguma coisa.

    É sinal que nós por cá não fazemos qualquer tipo de publicidade/anuncio aos MILHARES de lugares que estão em aberto a pedir pessoal mais, ou menos, qualificado e que nós temos de sobra para poder concorrer. Nem nos IEFP estes anúncios estão disponíveis! Porquê?

    Estamos a falar de lugares onde um assistente de secretaria, com o ensino secundário tem como salário base mais de 2.500,00 EUR mês e mais de 34 dias úteis de férias por ano.

    Agora diga-me lá onde é que estão anunciados estes lugares? Pois... Quem está no meio sabe... quem não está... não sabe!...

    Só a EMSA (que está localizada em Lisboa) está a recrutar algumas dezenas de pessoas... com salários europeus... onde é que isso anda? Alguém sabe? No MNE sabem... e cá por fora?

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  9. Só por curiosidade na área do Transportes Terrestres da DG7 eu era o único português que lá estava!

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  10. Caro Virus
    Suponho que os concursos para lugares nas instâncias europeias são publicitados em jornais oficiais da EU, cujo acesso admito não seja fácil. Mas é estranho que não sejam do conhecimento generalizado dos funcionários públicos e que o IEFP não inclua esses lugares nas suas ofertas de emprego, especialmente dirigidas a desempregados oriundos do sector privado.
    Imagino, portanto, que com tanta "clandestinidade" não seja difícil para um português mais atento e com vontade apanhar um "lugarzito" em Bruxelas!
    Também neste capítulo, já fomos ultrapassados pelos gregos... Parece que a cauda da UE a 15 nos está destinada!

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  11. O preocupante é que já vamos em 22 e com uma boa tendência para continuar até ao 27...

    Por isso é que me é tão dificil acreditar no Teixeira dos Santos e no seu optimismo... É que já dou connosco a medir forças com Malta, Chipre e Roménia (entre outros) quando devíamos era estar a fazer comparações com a Grécia, Espanha e Irlanda!

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  12. Cara Margarida
    Tarde e a m�s horas, aqui vai o meu coment�rio.
    Face �s considera�es tecidas, que se d�o como fen�meno assumido irrevogavelmente, o que demonstra bem o estado depauperado em que se encontram as condi�es de vida dos portugueses, o que ainda � mais espantoso, falando concretamente agora dos pre�os praticados entre n�s e em espanha,por exemplo, - deixando como � evidente de fora, tudo quanto � servi�os - � verificar que aqueles portugueses que vivem junto � fronteira, parece poderem poupar na ordem dos 20% relativamente ao que gastariam por exemplo se estivessem radicados no Porto. Com uma produtividade magn�fica, e refiro-me desde logo a produtos agr�colas, alcan�am a espantosa performance de os terem ainda mais baratos do que n�s ; e os combust�veis, e a sa�de, etc,etc,etc.Com sal�rios reais bem melhores do que os nossos, e uma tal conjuntura, imagina-se sem dificuldade o bom n�vel de vida dos nossos hermanos. Socialistas sim, mas sem estragar os princ�pios de governa�o do nosso amigo Asnar!.

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  13. Caro antoniodasiscas
    Viver junto à fronteira dos nossos hermanos é capaz de ser um incentivo para povoarmos o interior do País tão depauperado de presença humana. Neste capítulo, tudo temos feito para que as populações não se fixem no interior.
    Há uma incoerência política entre o frouxo discurso da promoção do desenvolvimento regional e o acutilante discurso economicista da racionalização de infra-estruturas públicas essenciais.
    Não é fechando escolas, hospitais, tribunais e serviços públicos essenciais fundamentais que vamos travar a sangria da desertificação. Há custos que inevitavelmente devem ser socializados É disto que se trata. Estamos a cavar outro buraco!

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