quinta-feira, 16 de agosto de 2007

BCE descerá as taxas em Setembro?

Enquanto a crise nos mercados financeiros se vai desenrolando, “unfolding” – parecendo ainda longe de se esgotarem os seus efeitos – começam a surgir os esperados comentários quanto às consequências desta crise no comportamento das economias regionais e nacionais.
Antes disso permito-me lembrar o aviso que aqui deixei no POST de 6 do corrente “Riscos do excesso de endividamento”, quanto ao agravamento das condições do crédito à economia.
Parece-me que esse aviso tinha fundamento, as taxas têm vindo a subir e acredito que ainda subam mais, para o crédito aos particulares e também às empresas.
Esse será um dos factores a influenciar o desempenho da economia – com crédito mais caro e mais escasso, particulares e empresas tenderão a gastar menos.
Mas há um outro e importante factor relacionado com as expectativas dos agentes económicos.
Já existem os primeiros surveys dando conta de uma significativa deterioração das expectativas dos empresários face ao aprofundamento da crise nos mercados financeiros.
Não tardará muito e perceber-se-á que a confiança dos consumidores se mostra abalada pelo mesmo factor.
Esta alteração de expectativas adicionar-se-á à subida dos juros na travagem das despesas de consumo e de investimento.
Que isto vai acontecer é um dado praticamente certo. Resta saber a amplitude destes efeitos.
Em qualquer caso, julgo que vamos ter um 2º semestre bem pior, em termos de crescimento económico, do que o 1º.
Aliás, como ainda ontem se viu, no 2º trimestre foi já visível um abrandamento da economia europeia – e ainda ninguém falava desta crise nem adivinhava a sua extensão.
Neste contexto, creio que o BCE poderia, com algum arrojo, antecipar-se aos acontecimentos e...baixar as suas taxas já no início de Setembro.
O BCE pode sentir-se muito condicionado pela mensagem que até agora transmitiu ao mercado, receando que uma descida das taxas seja interpretada como sinal forte de que as economias vão mesmo abrandar e agravando desse modo as expectativas negativas dos agentes económicos.
Ao mesmo tempo, tentará resistir aos apelos de dirigentes políticos – Sarkozy já deu um sinal ao lembrar ao G7 que é preciso tomar medidas.
Julgo no entanto que se o BCE vier a adoptar uma postura defensiva, não mexendo nas taxas -subi-las neste contexto parecer-me-ia um delírio- pode correr o risco de em Outubro se ver obrigado a uma descida em condições então mais penosas e levado na enxurrada dos acontecimentos...
A decisão não é nada fácil, reconheço. Mas é nestas alturas que se definem as pessoas com rasgo, capazes de jogar na antecipação.

17 comentários:

  1. Entretanto o euro está a cair face ao dólar, mostrando que a estratégia do BCE é uma burrada. Subir, acho que será uma coisa tão estúpida, tão estúpida,... que sim, vão mesmo subir.

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  2. Eu também digo o que acho se valer um jantar...

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  3. A cerca de um ano de cessar funções, Jean Claude Trichet tem a sua derradeira prova de fogo. Agora sim, veremos se este foi o homem certo no lugar certo porque grandes decisões requrem grandes decisores. Do meu ponto de vista monetarista, penso que o BCE deveria dar o braço a torcer aos apelos de Nicolas Sarkozy e baixar lenta e cuidadosamente a taxa de juro para evitar um ecludir de uma crise com sequelas graves e duradouras.

    Resta-nos esperar para ver como Trichet reage à prova de fogo.

    Saudações Republicanas

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  4. Comentadores ilustres,

    Registo vossos comentários que emanam de uma sabedoria insusceptível de ser posta em causa.
    Apercebo-me de que há um traço comum em vossos julgamentos - que o BCE deveria considerar seriamente a mudança de contexto económico e descer as taxas - mas que duvidam, ou não acreditam mesmo nada nessa possibilidade.
    Resta-nos pois abrir uma nova época de Apostas,eitando o desafio de C. Monteiro, agora para valer um almoço - até porque já se percebeu que jantar é de difícil concretização (numa sociedade profundamente matriarcal como a nossa, não admira).
    Avanço já com a minha previsão/aposta: BCE vai manter as taxas em Setembro.

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  5. "The U.S. Federal Reserve will cut the overnight target interest rate to 4.5 percent from the current 5.25 percent this year, Goldman Sachs Group Inc. economists forecast in a research note today"

    O BCE vai manter as taxas em Setembro, como o cãozinho do Pavlov...

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  6. Julgo que o BCE deveria descer a taxa de juro e que essa descida seria benéfica para a economia nacional. As PME`s, as grandes empregadoras deste país, cuja actividade se centra sobretudo no mercado nacional, passam dias de grande constrangimento. A retracção do consumo interno afecta-as de sobremaneira, a sua capacidade de gerar emprego estagnou, a expectativa das famílias anda pelas ruas da amargura, o crédito mal parado aumenta. Aposto na redução porque a entendo necessária neste momento. Sobretudo pelo resultado que teria no aumento generalizado dos níveis de confiança de consumidaores e empresários.

    Bruno Simão

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  7. Esta é descabida hoje (mas para a semana nem por isso): eu aposto em mais uma subidazinha tal como estava previsto e que muitos continuam a defender... Se acertar ganho um almoço com sobremesa e tudo! Pode ser?

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  8. Já temos apostas para todos os gostos: subir (C. Monteiro), manter (Tonibler e tm), descer (Bruno Simão).
    No plano de uma apreciação neutra (excluindo o que julgo conveniente), não considero descabida a previsão de C. Monteiro, embora a m/ aposta seja na manutenção.
    O BCE, sobretudo se os mercados acalmarem (a volatilidade baixar), quererá transmitir uma mensagem de "conforto" à economia, sugerindo que apesar deste forte abanão e do aumento das taxas de juro de mercado continua confiante na robustez do crescimento...e sobe mais uma vez as suas taxas.
    Ao mesmo tempo aproveitará para mostrar que tem em "grande conta" as mensagens dos políticos.
    O pior é se as contas lhe saem "furadas" e a economia sofre um arrefecimento sério.
    Mas nesse caso encontrarão sempre explicações lógicas, quanto a isso não teremos de nos preocupar...
    C. Monteiro, é evidente com sobremesa, café e um digestivo, neste último caso de qualidade dependente da evolução da Bolsa até lá...

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  9. Por tudo o que disse, caso suba a mafarrica, jantar só num local bem baratinho!

    Bruno simão

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  10. Ora saudemos jubilosamente a chegada a esta quarta república em potência de um real e ilustríssimo membro da mais preclara nobreza!...
    Honra-nos a sua presença e os seus esclarecidos comentários.
    E bom êxito para o seu Blog!...

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  11. Caro Pinho Cardão

    Obrigado pela saudação. O brasão e as insígnias são contudo emprestadas, assim como o Palácio também o é. Até que o proprietário ou quem sobre ele prove e exerça direitos o reclame ocupá-lo-ei e dele usufruirei. A minha natureza é mais plebeia, terá quanto muito a nobreza das ideias, mas só essa. Mas prefiro assim, pois sabe, cá pelo Palácio circulam muitos que da nobreza de outrora só têm os ares a que se dão e das ideias que os poderia enobrecer, nem sinal.

    Bruno simão

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  12. Então não há mais apostadores?
    São sempre os mesmos os que têm gosto pelo risco?
    Pinho Cardão continua confortavelmente sentado na sua posição longa em Euros e não quer arriscar nem um almocito?

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  13. Pelo evoluir dos post´s parece que começou a época do totobola.
    Crise Financeira - 0, Superliga - 3

    A aposta ainda acaba com um courato e uma mini alí para os lados da segunda circular

    Bruno Simão

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  14. Bruno Simão,

    Não exageremos, meu caro.
    Embora a retoma do circo futebolístico seja muito oportuna para o trabalho do marketing oficial - como entretenimento catalizador das atenções e entorpecedor do espírito - o 4R continuará vigilante, pode estar certo...

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  15. E permita-me acrescentar que o almoço até poderá ser ali para os lados da 2ª Circular - por exemplo num dos restaurantes do Fonte Nova ou na velha Churrasqueira do CG - mas a ementa será bem mais rica e variada do que a da sua ínfimalista sugestão.

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  16. Desculpe emendá-lo, mas eu não sugeri, apenas temi.

    Bruno Simão

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  17. Caro Marquês,

    Eu não comentei a sua intenção mas apenas a declaração, na sua literalidade.
    Estamos esclarecidos?

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