quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Coisas politicamente muito correctas!...

Já se sabia, em estudo que vem dos tempos de Manuela Ferreira Leite, que metade da função pública trabalha para a outra metade, pelo que só metade trabalha para quem a paga na totalidade.
O Ministério Público, com cada vez mais inquéritos internos, vai-se consumindo no mesmo caminho.
A Polícia Judiciária, idem, aspas.
A GNR, o mesmo.
Por razões certamente respeitáveis e politicamente muito correctas, as autoridades entretêm-se consigo próprias.
Entretanto, e naturalmente, a crimininalidade fica à vontade: bandidos armados vão assaltando sistematicamente e matando em bombas de gasolina, e bandidos mascarados vão destruindo propriedade alheia.
As instituições tratam do seu umbigo; os bandidos, da sua vida, mesmo destruindo a dos outros.

8 comentários:

  1. Caro Pinho Cardão,

    Poderia extrapolar para outras situações em que a ineficácia do Estado é maior, agora em relação à criminalidade pareceu-me claramente alarmista. De repente, ao le-lo, olhei à volta para ver se estava no Rio de Janeiro...

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  2. Ó Dr. PC! Já viu bem a imagem que transmite ao dizer: «Por razões certamente respeitáveis e politicamente muito correctas, as autoridades entretêm-se consigo próprias.»?

    Tem de pôr a bolinha vermelha no canto superior direito. *Grins*

    E sim, parece que o crime violento está a aumentar em Portugal, o que pode ser indicador de várias coisas.

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  3. Praticamente não se pode sair à rua...

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  4. Não tenho dúvidas que existe uma má gestão dos recursos nos vários organismos do estado. Que muito se perde na burocracia instituída no funcionamento desses mesmos organismos ou serviços. As forças de segurança não serão excepção a essa regra, pelo que haverá muito a fazer para aumentar a sua eficácia organizativa e funcional.
    Porém, parece-me excessivo o discurso sobre a insegurança. Os indicadores disponíveis revelam uma estagnação do crime, em especial do crime violento. Mas bem diferente da insegurança efectiva que se verifica, está o sentimento de insegurança. Este último, por via da mediatização que as ocorrências criminais têm, tornou-se quase autónomo da realidade concreta da qual deveria depender. É fácil, através da sobreposição de indicadores, que o aumento do sentimento de insegurança, não acompanha o aumento da criminalidade, verificando-se em alguns momentos que à diminuição das ocorrências corresponde um aumento generalizado do sentimento de insegurança. Para tal basta uma breve sucessão de crimes mediáticos, devidamente explorados pela comunicação social, para que as pessoas interiorizem um sentimento de forte insegurança. Todos conhecemos alguém que já foi vítima de pequenos furtos ou dos traumáticos assaltos na rua, alguns de nós já fomos vítimas da pequena criminalidade, mas poucos conhecemos quem tenha sido vítima de um crime violento. A acção das forças de segurança e da política de segurança pública é em primeiro lugar diminuir a criminalidade, pelo combate e pela prevenção, e a partir daí aumentar o sentimento de segurança generalizado, infelizmente revela-se bem mais fácil o primeiro trabalho. Logo, não creio que um discurso simplista passa ser uma abordagem construtiva a um problema tão complexo.
    Assim, o seu texto, referindo casos concretos e verificáveis, não permite traçar o retrato da situação mais vasta.

    Bruno Simão

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  5. Bem, à rua ainda eu posso sair..., mas o meu vizinho foi agredido quando saía de casa!... E o jovem que trabalhava na estação de serviço está em coma grave, levou um tiro na cabeça...

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  6. Concluo, pois, de alguns comentários que o Ministério Público, a Judiciária e a GNR podem continuar a entreter-se com as suas questões internas, que os agentes chegam para tudo, que não há atrasos nos processos por falta de meios, as investigações são feitas na hora, os agentes vigiam, como no milho transgénico...tudo numa boa!...

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  7. Caro Pinho Cardão,

    Os pontapés no milho transgénico não são assassinatos nas bombas de gasolina... A génese do seu post é válida, mas a conclusão sobre as consequências foram algo exageradas. O meu Amigo que é um homem muito viajado sabe isso em dobro de mim.

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  8. Caro CMonteiro:
    Obrigado pela sua generosidade!...
    O fundamental que pretendi dizer é que se perde muito tempo em guerras internas de alecrim e manjerona, tempo esse que seria útil no combate à criminalidade, qualquer que seja a sua forma.

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