Quem conhece o Alto Douro Vinhateiro dificilmente lhe resiste ao encanto.
Começa agora a despontar a consciência de que Portugal tem ali um destino turístico de enorme potencial. Aos poucos e poucos, pela região do Alto Douro vão-se criando estruturas e equipamentos de grande qualidade, essenciais para o desenvolvimento da actividade turística e para a geração da riqueza de que carecem o País e especialmente os durienses. Por isso se torna dificil entender o atavismo de alguns.
Vem isto a propósito da decisão da REFER de encerrar aos fins de semana e feriados a estação do Pinhão. Ao contrário do que podem supor os que não conhecem aquela vila e a sua centenária estação de caminho de ferro, o edificio tem um valor etnográfico inestimável. É uma daquelas peças notáveis de um património espalhado pelos quatros cantos do País, capazes de atrair quem, viajando, se interessa pelos testemunhos da história dos sítios por onde se passa.
Bastariam os belíssimos paineis de azulejos do século XIX existentes na estação, representativos do labor agrícola e dos costumes nas encostas socalcadas pelas mãos das gentes do Douro, para que o mais canhestro decisor visse ali um motivo para os manter públicos e acessíveis em especial aos fins de semana e feriados, dias de maior movimento turistico.
Mas não. A REFER, que é uma entidade pública e que por isso tem públicas responsabilidades, não viu melhor maneira de resolver um problema financeiro - calculo que seja esse o móbil da estupidez - do que fechar ao público o que já é património público. Precisamente nesses dias de maior afluência turística!
O facto de a REFER e a CP manterem encerrada a linha do Douro do Pocinho a Barca d´Alva, uma linha que bordeja o Douro superior e que poderia ser factor de desenvolvimento de uma zona de beleza ímpar, deixava já a perceber a tacanhez dos responsáveis que contrasta com a lucidez de nuestros hermanos que do outro lado da fronteira se apressaram a investir na restauração do caminho de ferro atentos ao filão que aquele troço do Douro representa.
Mas a decisão de encerramento da estação do Pinhão, essa não tem qualificação!
Verdadeiro exemplo de coordenação governamental. Enquanto algum governo procura apoiar o desenvolvimento da região, outra parte do governo, agora o que tutela a CP e a Refer, atenta contra o primeiro.
ResponderEliminarMas tendo fechado, no interior, hospitais, maternidades, centros de saúde, etc, etc, tudo em nome da melhor qualidade, que admira que tal aconteça no Pinhão?
Além do mais, há que preservar a estação e os azulejos!...
Conheço bem a região, e toda aquela beleza ímpar! Sinto o desgosto que qualquer português de bom senso deve ter por estas monstruosidades praticadas por estes anormais!
ResponderEliminarMas denunciemos, de todas as formas, estes "GEBOS" que atrofiam e envergonham este País.
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ResponderEliminarApesar destes e de outros verdadeiros "atentados" ao turismo, o que é certo é que, a região Norte (Minho, Douro Litoral e Trás os Montes) têm conhecido um crescimento substancial de turistas nos últimos anos (aumento de mais de onze por cento em relação ao ano passado), com as “romarias populares, o rio Douro e o vinho do Porto” como elementos principais de atracção.
Cumprimentos,
Regionalização
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José Mário
ResponderEliminarJá não sei o que diga! Portugal precisa do turismo. É uma actividade com grande potencial, apesar das muitas barbaridades que ao longo destas últimas anos se têm cometido. Precisamos de investir no turismo de qualidade e diversificar a oferta. Temos regiões encantadoras que combinam de forma única geografia, paisagem, gentes, tradições e história.
Apesar de ser beirã e gostar especialmente da minha região, aprecio particularmente a região do Alto Douro Vinhateiro que goza de todas aquelas virtudes e muitas outras que por desconhecimento me esqueço de referir.
Quem conhece a Europa sabe que o Alto Douro Vinhateiro nas mãos dos franceses ou dos alemães, só para dar um exemplo, seria tratada com pinças, nela investindo o que de melhor encontramos naqueles países que cultivam o gosto pela natureza e pela sua história, preservando e dinamizando o que os valoriza. Mas bastaria ir aqui à vizinha Espanha e lembrarmo-nos que em 2005 os nossos hermanos anunciaram um investimento de 24 milhões de euros para reactivar para fins turísticos a Linha do Douro que faz a ligação de Salamanca a Barca de Alva.
Nós por cá, com atitudes como a da REFER, que não desobrigam de responsabilidade as autoridades oficiais do sector do turismo e são demonstrativas da ausência de um plano turístico integrado para a região, damo-nos ao luxo, próprio de gente saloia, de desbaratar o nosso património turístico.
Justificações como a da REFER de que “tecnicamente não se justifica ter a estação aberta em dias de pouco movimento, acrescentando que os paneis de azulejo podem observar-se do exterior” são do tipo “sacudir a água do capote” e reflectem ausência de responsabilidade social.
Somos realmente um país de pacóvios!
Não podia estar mais de acordo com tudo que foi dito, que subscrevo por inteiro. Acrescento apenas mais uma "pérola" que ouvi há dias na radio, da boca de um "responsável" da Refer...: "...bem e há que acrescentar que os azulejos, mesmo com a estação fechada, se vêm do exterior, através do vidros, sem problema"! Ora tomem!
ResponderEliminarÉ um total absurdo e uma grande perda. Não tarda nada e os vidros estão partidos, os azulejos roubados e será mais uma daquelas perdas que vamos todos lamentar quando for tarde demais. Talvez daqui a uns anos, quando concluirem que faz falta o comboio passar por ali, construam uma estação toda modernaça, cheia de néons...
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