domingo, 19 de agosto de 2007

Sem dormir não se vai lá...

Há uns dias atrás, assisti a uma entrevista na televisão cujo tema central era o sono. Nunca tinha tomado verdadeira consciência da importância da qualidade do sono.
Passamos, aproximadamente, 1/3 das nossas vidas a dormir. São 8 horas por dia, mais de 50 horas por semana, quase 250 horas por mês e cerca de 2.500 horas por ano a, pura e simplesmente, dormir. Mas não é um tempo improdutivo, porque enquanto somos embalados pelo sono estamos a reabilitar o corpo, depois de um dia de esforço físico e psicológico.
Interessante foi a informação, que eu não sonhava, de que Portugal é o país do mundo que mais tarde vai para a cama e mais cedo se levanta. Somos o país que menos dorme no mundo!
Não temos que nos regozijar com este resultado. É uma situação preocupante! Podemos tornar-nos a população mais chata do globo!
É que o sono constitui um bem essencial ao equilíbrio psíquico, cognitivo e corporal. Dormir pouco compromete a qualidade de vida, afectando a boa disposição, a alegria de viver e as capacidades de raciocínio rápido e de memória, favorecendo a irritabilidade e a ansiedade e uma maior vulnerabilidade a infecções e à obesidade. Se formos privados do sono ficamos fisicamente cansados. O sono é essencial para a nossa capacidade de criar e de nos adaptarmos ao mundo. Dá-nos vigor para viver.
O nosso organismo funciona como um relógio. Ora, se temos ritmos e tempos para tantos aspectos do nosso quotidiano, também no sono devemos ter a preocupação de estabelecer um horário mais ou menos regular, de modo a que o nosso organismo funcione adequadamente.
A quantidade de sono que cada pessoa necessita varia de acordo com muitos factores, nomeadamente a idade. Porque é que as crianças mais pequenas precisam de dormir mais de 12 horas/dia? Porque é durante o sono que crescem. A hormona de crescimento é produzida durante o sono. Já para a maior parte dos adultos, a quantidade de sono fica-se entre as 7 e as 8 horas/dia.
Mas há muitas categorias de dorminhocos. Vejamos: Os anti-dorminhocos, que pura e simplesmente não precisam de dormir e estão sempre “frescos como uma alface”; os dorminhocos frustrados, que travam uma luta titânica contra as insónias que não os deixam pregar olho; os dorminhocos zombie, com o sono sempre à porta, que dormem e dormitam, sentados e até de pé, em qualquer sítio; os dorminhocos dependentes, que só dormem na sua caminha e com a sua almofadinha; os dorminhocos barulhentos, que durante o sono emitem ruídos, nalguns casos verdadeiros grunhidos; os dorminhocos ”anjinhos”, que dormem num estado de quase beatitude, com sonhos às pintinhas cor-de-rosa, de fazer inveja a um qualquer dorminhoco que se preze.
Uma investigação recente conduzida pela Universidade de Lubeque sobre a importância do sono na capacidade de resolução de problemas complexos concluiu que o grupo de voluntários que dormia 8 horas por dia tinha uma capacidade de resolução de problemas superior em mais de 60% em relação ao grupo privado do sono.
Constituem um grupo marginal, portanto, aqueles que apenas dormindo 3 a 5 horas/dia têm uma boa performance pessoal e profissional.
Será que Portugal, por negligenciar as horas do sono, por se deitar tarde e cedo erguer-se, hipoteca as suas faculdades de ponderação, criatividade e adaptação? Será que podemos fazer aqui alguma associação ao estado de apatia em que nos encontramos?

10 comentários:

  1. Olá Cara Margarida, com que então, hoje apeteceu-lhe pôr as nossas cabecinhas a pensar!? :)
    Não só o ditado popular "deitar cedo e cedo erguer", como um outro, "quem muito dorme, pouco aprende" nos conduzem à comiseração pela condição dos dorminhocos. Devo confessar, não durmo muito e não utilizo despertador deito-me invariávelmente entre as 22,30 e 23 horas e acordo religiosamente às 6 horas. Até dá raiva, às 6 horas da matina... plim! abremse-me os olhinhos e pronto, está feito. Tenho de saltar fora da cama, porque sou quase de imediato assaltado pelos bichinhos carpinteiros e tenho de ir fazer qualquer coisa, porque o "trabalho dignifica o homem". :) É verdade cara Margarida, sou incapaz de estar sem fazer nada. Se sentado, ou a ler, conversar, ou a assistir a algo de interesse na televisão. De resto, tenho de estar a "inventar" porque a sensação de o mundo parado não casa comigo.
    Depois desta confissão, :) e dos joelhos sacudidos :) solicito-lhe, em complemento ao seu interessante post, que aborde num próximo o tema dos sonhos. Avanço desde já que frequentemente sonho que voo. Aliás, não me lembro de dormir uma noite sem sonhar. Felizmente que são sempre sonhos pacíficos ou até mesmo edílicos, não me recordo de alguma vez ter pesadelos ou insónia. Mas pronto, para já é tudo. Aguardo pelo fantástico post dos sonhos. :))

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  2. Diz a Drª Margarida Aguiar:
    “Será que Portugal, por negligenciar as horas do sono, por se deitar tarde e cedo erguer-se, hipoteca as suas faculdades de ponderação, criatividade e adaptação? Será que podemos fazer aqui alguma associação ao estado de apatia em que nos encontramos?”

    Muito interessante este tema, que aqui nos apresenta.
    Eu cá, se não dormir 7/8 horas por dia, reconheço que não atino muito bem.

    Até há uns meses atrás, fazia religiosamente duas vezes por dia o percurso Carregado Ajuda, passando sempre pelo purgatório da 2ª circular; Duas vezes por dia é obra!!
    Isto a propósito de que, invariavelmente, apanhava um ou mais acidentes, sem qualquer justificação aparente, a não ser a falta de descanso das pessoas.
    Cumulativamente com a falta de sono, e de todas as outras causas já conhecidas, admito também que, a falta de uma boa visão, poderá estar na origem daqueles acidentes, principalmente daqueles toques traseiros, que provocam filas infindáveis e levam os outros condutores ao desespero.
    Seria interessante elaborarmos uma estatística onde se considerassem, percentualmente, as causas prováveis daqueles acidentes pela ordem seguinte: primeiro, nº de horas dormidas; segundo, problemas de visão; terceiro, o álcool; quarto, as drogas. Acho que íamos ficar bem surpreendidos!!

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  3. Margarida,
    Acresce que dormir é das poucas actividades que estão isentas de imposto: nem IVA, nem IRS/C, nem derrama...por enquanto...
    Seu interessantíssimo POST mostra tb que as escolhas dos portugueses são muito pouco sensíveis ao estatuto fiscal das actividades que procuram!

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  4. Cada um tem o seu ritmo. Normalmente necessitamos 7 a 8 horas de um bom sono reparador.
    Andamos a dormir pouco? É muito provável. Com aquilo que nos andam a fazer é perfeitamente compreensível que tenhamos dificuldade em dormir.
    Insónias políticas!
    Insónias dos impostos!
    Insónia da insegurança!
    Insónia de "falta de futuro"!
    Mas há quem durma e ronque com a mais perfeita tranquilidade...

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  5. Caro Bartolomeu
    O pensamento aqui por estas bandas é muito produtivo.
    Mas às vezes há assim uns temas, um pouco fora de previsão, que apetece escrever para pôr a cabecinha a pensar além...
    Deduzo pela sua ritmada descrição que é um dorminhoco "anjinho", dorme na média, à volta de 7h, o que é bom, nem demais nem de menos. Até porque tem sonhos às pintinhas cor de rosa!
    Não deve ser, portanto, uma pessoa "chata"!? E não contribui certamente para a apatia em que vive este País!?

    Caro invisivel
    Pelo que conta dorme na média, 7/8 horas por dia, o que é muitíssimo bom! E confirma que se não dormir alguma coisa correrá menos bem. Cá está, é preciso dormir o suficiente porque de outra maneira a "máquina" não trabalha bem!
    Pertinente comentário o seu sobre os acidentes de viação provocados pelo falta de sono, que retira capacidades importantes para conduzir com segurança, designadamente, rapidez de reacção e boa visão.
    Muitos acidentes serão provocados pelo cansaço proveniente da falta de descanso que o sono resolve.
    E se a falta de sono fosse também medida na estrada? Iríamos, estou convencida, como diz, ficar surpreendidos.
    Qualquer dia não há condutores nas estradas!

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  6. Tem toda a razão, cara Margarida, sou um completo anjinho, não só a dormir, como ainda acordado. Anjinho e crente, mas, apesar de reconhecer não modifico, é por opção e no final, vou mais contentinho comigo mesmo. Afinal de que vale estar sempre desconfiado em relação ás intenções alheias, ou arvorar-nos em videntes e prever uma atitude desagradável? O meu estilo é mais... em frente é que é o caminho, queres participar da obra? és bem-vindo. Não queres... basa, vai brincar com os outros meninos, mas não chateies. Não me esqueço de um azulejo que vi um dia pendurado numa parede de uma loja de provincia, com a seguinte frase pintada à mão "Nada mais prejudicial para quem trabalha, que quem nada faz". O povo nos seus dizeres, além de poeta e filósofo, tem a lucidez dos simples.

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  7. Realmente, margarida, este seu post é muito interessante, sobretudo porque as férias são óptimas para por o sono em dia! Quanto às horas de sono, mais coisa menos coisa e esquecendo as franjas dos que dizem que se aguentam lúcidos dormindo só 3 horas por dia, eu acho que, pior do que dormir relativamente pouco é ter que levantar cedo, não sei o que se pode encontrar de interessante antes das 8h da manhã, deve ser por esse desacerto que nunca encontrei o caro Invisível (??) nas filas da 2ª circular, todos os dias, para cá e para lá...

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  8. Dr. Tavares Moreira
    Não tinha pensado que dormir pode ser fiscalmente atractivo!?
    Mas e os impostos indirectos? Para dormir é preciso ter mais alguma coisa ainda que o sono seja pouco!
    Ter casa, cama e outros apetrechos para aconchegar o sono está cada vez mais difícil para o comum dos contribuintes!

    Caro Professor Massano Cardoso
    Bem pensado, vamos todos acabar, para além de uns chatos, uns dorminhocos frustrados. Os pesadelos da vida real são de tal ordem que é impossível que não tenhamos insónias! E das grandes porque não é para menos...
    Quem é que não é apanhado por esta epidemia? Não deve ser difícil de adivinhar...

    Suzana
    É verdade, as férias também servem para por o sono em dia, para ter o prazer de dormir bem.
    Antes das 8h da manhã só se for para fugir às 2ªs circulares! Depois já só mais tarde porque senão deve ser um verdadeiro inferno. Não há descanso que aguente uma tal dose.
    Não admira que muitas pessoas circulem antes do nascer do sol para fugirem ao trânsito e chegarem a horas aos seus empregos.

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  9. Caro Bartolomeu
    Pode ser um completo anjinho, mas parece-me que de anjinho é que não tem nada. Bem sei que não é fácil conjugar as duas coisas. As pessoas sérias e bem formadas, frontais e verticais, fiéis aos seus princípios não têm nos tempos que correm a vida facilitada. Enfim, enfrentam muitos problemas...
    Mas é assim que deve ser, fazer as coisas bem feitas. É reconfortante e sempre compensador. Por isso, entendo muito bem o que quer dizer com "vou mais contentinho comigo mesmo".
    É verdade, vou ver se começo a "sonhar" em escrever um post sobre os sonhos...

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  10. Drª Suzana,
    He,he,he.Tem um belo e muito jovem humor!Como é que nos haviamos de encontrar na 2ª circular se sou invisível?!

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