A saúde oral continua excluída do Serviço Nacional de Saúde (SNS). É assim mesmo. É uma situação incompreensível!?
O estudo recentemente divulgado pela Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária sobre o estado da saúde dentária dos portugueses é alarmante. Os resultados envergonham qualquer país desenvolvido. Se não vejamos: cerca de 99% das crianças portuguesas entre os 8 e 17 anos de idade têm problemas dentários e na sua maioria com cáries ou falta de dentes. Apenas metade das que revelaram sintomas de infecções, dores ou sensibilidade foram ao médico para consulta ou tratamento. No grupo etário dos 0 a 7 anos 65% apresentam problemas. Quanto aos adultos, o estudo revela que apenas 1,5% apresenta dentição saudável, sendo os principais problemas os dentes cariados e obturados e a falta de dentes. Apenas 42% dos adultos com sintomas de dores, sensibilidade ou infecções procuraram tratamento médico. Estes resultados confirmam o 23º lugar que Portugal ocupa na Europa no que diz respeito à higiene oral.
Os níveis de doenças dentárias e gengivais são muito altos porque é manifestamente insuficiente a assistência médica dentária, quer a preventiva quer a correctiva. O que se constata é que a população não tem capacidade para pagar uma consulta de medicina dentária.
A ausência de cobertura de cuidados de saúde oral pelo SNS é responsável pelo estado gritante a que chegaram as “bocas” dos portugueses. Para este quadro negro contribui também a ausência de hábitos em matéria de higiene oral. Hábitos que deveriam ser incutidos logo na infância, ajudando a prevenir os problemas dentários.
A situação descrita tem implicações graves a diversos níveis. A questão não se resume apenas a bocas cariadas e desdentadas. A falta de saúde oral tem repercussões muito negativas a outros níveis, porventura menos evidentes para o comum dos cidadãos, designadamente na transmissão de doenças, no desenvolvimento de infecções, na falta de auto-estima e na dificuldade na interacção social. A boca e os dentes funcionam como uma espécie de cartão de visita que pode constituir um factor de exclusão social. Aspectos que são, pelos vistos, desvalorizados pelas nossas autoridades públicas. Ter uma boca sã é ainda considerado um luxo em Portugal!
A realidade parece não deixar dúvidas que temos na saúde oral um problema de saúde pública.
Mas os nossos governantes é que não entendem assim. Pelos vistos continua tudo na mesma ou pior. Enfim, mais um défice, mais um problema, mais um contraste...Tão desenvolvidos numas coisas e tão subdesenvolvidos noutras!
Xiiiiiii...que grande sugestão que acabou de dar ao nosso Primeiro-Ministro, Drª Margarida Aguiar!
ResponderEliminarPor favor, não dei-a mais ideias, senão ele aproveita-as, e com tanto marketing original, é capaz de perpetuar-se no poder!
Depois dos pc.s e dos telemóveis, vamos vê-lo a distribuir, também, um kit composto de: uma escova de dentes, uma pasta e um elixir!
Infelizmente, o caso não é para rir, bem pelo contrário, dá vontade até de chorar.
A realidade é que, o SNS não tem médicos estomatologistas onde os portugueses tratem da boca e o resultado está à vista.
Mas enfim, somos um país que vive de aparências, quase virtual...Um dia, descobrimos que estamos no pelotão da frente, no que concerne à utilização das novas tecnologias...No outro, descobrimos que temos os dentes cheios de cáries e a caírem de podres...
Os médicos privados como sabemos, nesta e noutras especialidades, fazem-se pagar demasiado bem pelos serviços prestados, dificultando, por isso, o acesso à maioria dos portugueses.
E prontos…resta-nos estender a mão para receber o kit das mãos do Primeiro-Ministro, procurando nessa altura, não sorrir para as câmaras de televisão, não vá algum dente cair, precisamente, naquele momento!
Cara Margarida,
ResponderEliminarO facto de Portugal se encontrar geográficamente inserido no Continente Europeu, não é sinónimo de que seja um país desenvolvido. Por essa razão não se achará sujeito ao sentimento de vergonha, por apresentar taxas tão elevada de falta de saúde dentária.
Lembro-me da história de um empresário que ordenou à sua secretária: sempre que um trabalhador da empresa pedir para me falar, pergunte-lhe qual é o assunto e marque para uma hora depois. Sempre que o assunto se relacionava com pedido de aumento, vale por conta, ou algo relacionado com dinheiro, aquele empresário recebia o trabalhador, vestindo um fato velho que guardava num armário, pronto específicamente para aquelas ocasiões.
Quem sabe, existe uma estratégia nacional, obscura, orquestrada para mostrar à Europa, um povo desdentado, sofredor de cáries e halitose, de forma a que se condoam da nossa condição de careados mentais e pedintes compulsivos?
Mas nem tudo é mau cara Margarida C.A., tenho esperança que o Sr. Engenheiro Zé me distribua um telemóvelzinho, última geração, dedicado exclusivamente a uma rede e com tarifário de carregamento obrigatório.
Vamos ver...
O Zé Povinho já está mesmo habituado a tudo já nem estranha, pois antes ser comparado a um primata desdentado pois deste não consta que tenha cometido crime algum contra este planeta ou contra a sua espécie, e deste facto não se podem gabar esses super hiper mega desenvolvidos. Os crimes são mais que muitos, uma verdadeira vergonha! è mesmo tudo uma questão de higiéne intelectual!
ResponderEliminarE há prá tanta falta dela, e com tão boas bocas cheias de dentes tratadinhos, fossem antes tratar do cérebro que este país tinha muito mais a ganhar!
Permita-me que note: a cara chevalier de pas está tão amarga hoje!
ResponderEliminarBem sei que há muita gente lerdinha da cabeça...mas, convenhamos, que o cérebro não está ali mesmo à vista, ao passo que a boquinha, bem ou mal tratadinha, está!
:)
meu caro invísivel 1+1=?
ResponderEliminartá a ver no que deu os dentinhos tratadinhos?
Cara chevalier de pas,
ResponderEliminarPôs-me um problema de difícil solução. Abano a loirinha, reviro os olhinhos, e nada!
Mas, seja qual for a solução do problema, gosto da forma como o coloca!
Se quizer levantar uma pontinha do véu facilitava-me a vidinha.
Caro invisivel
ResponderEliminarMuito acutilante o seu comentário! Com graça, sem deixar, contudo, de apontar o dedo aos contrates deste País. Concordando que "somos um país que vive de aparências", a verdade é que na realidade o estado da saúde dentária dos portugueses é gritante. O estudo apresentado foi rapidamente para a gaveta como convém. Não porque o diagnóstico pudesse ser contrariado mas porque não há planos para atacar o problema. Quanto à ideia do kit vou já, não vá o diabo torcê-las, registar a patente. Não está à venda!
Caro Bartolomeu
Muito educativa a sua história do "fato velho". Bem ilustrativa das "raposas velhas"! Temos por cá muitas...
Não tenho a certeza, mas creio que Portugal terá que até 2010 assegurar o acesso gratuito à medicina dentária.
Com tantas bocas desdentadas ainda vamos encontrar uma boa estatística para justificar mais uns subsídios comunitários!
Caro CHEVALIER DE PAS
Somos um País de brandos costumes. A verdade é que, mesmo com tanta miséria dentária, não há quem se levante para, de forma vigorosa, discutir o problema e exigir soluções! Cá vamos cantando e rindo desdentados ...
Tem toda a razão, Margarida, os dentes saudáveis ainda são considerados um luxo bem escusado, apesar de já se ter evoluido bastante, pelo menos ao nível da sensbilização dos pais em relação aos cuidados a ter com a higiene e saúde dos dentes das crianças. Para muitos é lamentavelmente, um custo demasiado, mas a prevenção pode evitar muita despesa e é aí que se falha. Já há algumas acções de rastreio nas escolas masós resultados ainda são pouco animadores. Mas também é preciso reconhecer que há muita gente que tem dinheiro para muitas coisas, férias nos antípodas, telemóveis, computadores e jogos sofisticados para as crianças e não têm vergonha de os ver sorrir com os dentes estragados. Também só há poucos anos é que os dentistas deixaram de estar equiparados a câmaras de horror, acho que não é preciso ir muito longe na nossa memória para nos lembrarmos disso...
ResponderEliminarNão é só a saúde oral que está fora do SNS, todas as "modernices" mais dispendiosas estão fora. Parece-me ter visto em tempos que a reprodução medicamente assistida também está, por exemplo. No entanto, sendo a questão da saúde um problema resultante de termos um país refém de uma ordem profissional que se comporta como um trust de interesses privados, não se aprendeu nada com ele, embora dure há mais de 30 anos. Pelo contrário.
ResponderEliminarSuzana
ResponderEliminarAdmito que haja muita gente que gasta dinheiro em coisas supérfluas mas depois não tem vergonha de andar desdentada a "consumir". Mas os números mostram que a maior parte da população não tem capacidade para recorrer periodocamente a um dentista ou a um higienista e muito menos para fazer grandes tratamentos. O acesso à saúde dentária ainda é uma miragem para muitos portugueses.
Caro Tonibler
"Modernices" salvo seja! A propósito da procriação médica assistida, ouvimos há uns tempos o Ministro da Saúde falar no seu financiamento público. Estamos à espera. Só acredito quando vir, até porque a lei ainda não está regulamentada, e ainda estamos para ver qual é que vai ser a comparticipação!