Muitas e muitas coisas se têm visto e ouvido neste (mais um!) período de eleições no PSD.
A propósito disto, e também porque morreu hoje Magalhães Mota, protagonista de muitas lutas pela democracia e de outras tantas disputas dentro do então PPD, tive ocasião de, com alguns amigos, desfiar a memória de alguns factos políticos em que os dois maiores partidos protagonizaram a vida nacional e do que aconteceu quando cada um deles esteve na oposição. Apesar de não tendo tido tempo para precisar datas, vale a pena fazer aqui um pequeno voo rasante sobre esses acontecimentos.
Em 1986, Mário Soares deixou de ser Secretário Geral do PS, candidatou-se à Presidência da República e sucedeu-lhe Vítor Constâncio. Estava o PSD no poder depois de conquistada a 1ª maioria absoluta e as críticas permanentes acabaram por derrubar o líder da oposição, acusado de pouco eficaz e cinzentão, apesar da sua indiscutível preparação intelectual. Sucedeu-lhe Jorge Sampaio, que conheceu também as maiores dificuldades e que acabou por se candidatar à Câmara de Lisboa, sendo líder do PS. Já Guterres protagonizava as críticas internas, afirmando vezes sem conta que era ele a pessoa mais preparada para dirigir os destinos do partido e liderar a oposição à maioria laranja. No entanto, a turbulência interna não acalmou nem a sua verve reconhecida lhe grangeou fama de grande eficácia na oposição. Foi o tempo das Presidências Abertas e por fim da convocação do “Portugal que Futuro?.”
As eleições de 1995 deram a vitória por maioria simples ao PS e Guterres é nomeado 1º Ministro, iniciando-se um período de oposição do PSD.
Fernando Nogueira, várias vezes ministro e homem de grande respeitabilidade política, foi eleito líder mas, em pouco tempo, a insatisfação interna o acusava de fraco protagonismo, num tempo em que a "Razão e o Coração" socialistas davam pouca margem a propostas tentadoras por parte da alternativa ao poder. Marcelo Rebelo de Sousa sucede-lhe na liderança. Mas, apesar das duas vitórias nos referendos, acabou por desistir perante o fracasso, dentro do próprio partido e apesar de confirmada em dois congressos, da ideia de uma nova AD como alternativa para derrotar Guterres.
Durão Barroso eleito novo lider, teve sempre péssimas perspectivas como hipotético 1º Ministrro, “perdia” sempre os debates com Guterres e a guerrilha interna estava instalada, sempre com grandes emoções nos congressos. Ficou célebre a frase “Sei que vou ser 1º Ministro, só não sei quando”. Mas o Governo socialista demitiu-se na sequência da derrota nas autárquicas, e são convocadas eleições antecipadas, cerca de dois anos decorridos do 2º mandato.
Eleito 1º Ministro, o PSD volta ao poder, agora com Ferro Rodrigues a protagonizar a oposição socialista. Era opinião corrente e motivo de acesos comentários que o novo Secretário Geral “perdia” sempre os debates com o 1º Ministro Durão Barroso e que a oposição não era capaz de se afirmar mesmo perante um Governo que avançava medidas de sentido contrário às que Guterres prodigalizara. Mas, decorridos pouco mais de 2 anos de mandato, Durão Barroso assume a presidência da União Europeia e Santana Lopes lidera um Governo que só dura seis meses. O PS ganha as eleições de 2004 com maioria absoluta, pouco tempo depois da eleição do novo Secretário Geral José Sócrates.
Tudo visto, e depois de passados os turbulentos períodos de consolidação da democracia, quem é que se lembra de um líder da oposição ter conseguido afirmar-se como tal em pouco tempo, distinguindo-se pela eficácia fulminante, pelo brilho fulgurante na actuação, reconhecido e aplaudido unanimemente pelos seus militantes enquanto esperam impacientes que se abra um novo ciclo para a alternativa democrática? Ao que parece, os lideres partidários, enquanto na oposição, parecem um joguete daquela interminável brincadeira de crianças “passa ao outro senão chumbas”…
A propósito disto, e também porque morreu hoje Magalhães Mota, protagonista de muitas lutas pela democracia e de outras tantas disputas dentro do então PPD, tive ocasião de, com alguns amigos, desfiar a memória de alguns factos políticos em que os dois maiores partidos protagonizaram a vida nacional e do que aconteceu quando cada um deles esteve na oposição. Apesar de não tendo tido tempo para precisar datas, vale a pena fazer aqui um pequeno voo rasante sobre esses acontecimentos.
Em 1986, Mário Soares deixou de ser Secretário Geral do PS, candidatou-se à Presidência da República e sucedeu-lhe Vítor Constâncio. Estava o PSD no poder depois de conquistada a 1ª maioria absoluta e as críticas permanentes acabaram por derrubar o líder da oposição, acusado de pouco eficaz e cinzentão, apesar da sua indiscutível preparação intelectual. Sucedeu-lhe Jorge Sampaio, que conheceu também as maiores dificuldades e que acabou por se candidatar à Câmara de Lisboa, sendo líder do PS. Já Guterres protagonizava as críticas internas, afirmando vezes sem conta que era ele a pessoa mais preparada para dirigir os destinos do partido e liderar a oposição à maioria laranja. No entanto, a turbulência interna não acalmou nem a sua verve reconhecida lhe grangeou fama de grande eficácia na oposição. Foi o tempo das Presidências Abertas e por fim da convocação do “Portugal que Futuro?.”
As eleições de 1995 deram a vitória por maioria simples ao PS e Guterres é nomeado 1º Ministro, iniciando-se um período de oposição do PSD.
Fernando Nogueira, várias vezes ministro e homem de grande respeitabilidade política, foi eleito líder mas, em pouco tempo, a insatisfação interna o acusava de fraco protagonismo, num tempo em que a "Razão e o Coração" socialistas davam pouca margem a propostas tentadoras por parte da alternativa ao poder. Marcelo Rebelo de Sousa sucede-lhe na liderança. Mas, apesar das duas vitórias nos referendos, acabou por desistir perante o fracasso, dentro do próprio partido e apesar de confirmada em dois congressos, da ideia de uma nova AD como alternativa para derrotar Guterres.
Durão Barroso eleito novo lider, teve sempre péssimas perspectivas como hipotético 1º Ministrro, “perdia” sempre os debates com Guterres e a guerrilha interna estava instalada, sempre com grandes emoções nos congressos. Ficou célebre a frase “Sei que vou ser 1º Ministro, só não sei quando”. Mas o Governo socialista demitiu-se na sequência da derrota nas autárquicas, e são convocadas eleições antecipadas, cerca de dois anos decorridos do 2º mandato.
Eleito 1º Ministro, o PSD volta ao poder, agora com Ferro Rodrigues a protagonizar a oposição socialista. Era opinião corrente e motivo de acesos comentários que o novo Secretário Geral “perdia” sempre os debates com o 1º Ministro Durão Barroso e que a oposição não era capaz de se afirmar mesmo perante um Governo que avançava medidas de sentido contrário às que Guterres prodigalizara. Mas, decorridos pouco mais de 2 anos de mandato, Durão Barroso assume a presidência da União Europeia e Santana Lopes lidera um Governo que só dura seis meses. O PS ganha as eleições de 2004 com maioria absoluta, pouco tempo depois da eleição do novo Secretário Geral José Sócrates.
Tudo visto, e depois de passados os turbulentos períodos de consolidação da democracia, quem é que se lembra de um líder da oposição ter conseguido afirmar-se como tal em pouco tempo, distinguindo-se pela eficácia fulminante, pelo brilho fulgurante na actuação, reconhecido e aplaudido unanimemente pelos seus militantes enquanto esperam impacientes que se abra um novo ciclo para a alternativa democrática? Ao que parece, os lideres partidários, enquanto na oposição, parecem um joguete daquela interminável brincadeira de crianças “passa ao outro senão chumbas”…
Embora genericamente concorde com esta análise, lembro que os tempos agora são outros e que hoje, a classe política e os partidos, estão particularmente mal vistos. Face a isto, o que se tem passado nestas eleições do PSD, não tenho dúvidas, que irá ter consequências negativas que vão muito mais além daquilo que é projectado neste post.
ResponderEliminarRegionalização
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Apesar de rasante, este seu "voo" cara Suzana Tuscano, é preciso e conciso quanto baste, para que no mínimo, qualquer leigo, consiga perceber com facilidade a interacção (por vezes até cooperação e cumplicidade) que se verificou, ao longo dos diferentes governos e presidências, entre o PSD e o PS, ora governo, ora oposição.
ResponderEliminarAvanço mesmo a minha opinião pessoal, de que os diferentes sucessos e insucessos de governação se ficaram a dever à construtiva ou destrutiva acção de ambos, nessas interacções.
Não me esquecendo de forma alguma que as conjuncturas, nacionais e europeias foram muito diferentes durante os períodos dos diferentes governos, não posso deixar de referir que a acção do PSD, enquanto oposição, foi noutros governos muito mais acutilante, dinâmica e séria. Existiam objectivos mais definidos que eram defendidos com muito maior determinação. Hoje, cara Suzana, a minha visão, não consegue vislumbrar mais que uma ténue oposição, sem motivação, aproveitada por uma governação sem pés nem cabeça, adubada por uma comunicação social completamente alienada. Razão teve ontem Santana Lopes ao abandonar a entrevista na SIC, referindo que o país estáva louco.
E está mesmo!!!
Ah! Grande Santana Lopes... Assim é que é!
ResponderEliminarNão aprecio particularmente o seu estilo, mas que esteve cheio de razão e "tomates" lá isso esteve.
Até parece que esteve a ler o meu comentário de ontem sobre o horário de abertura das grandes superficies.
Óptima reflexão!
ResponderEliminarO aplauso dos militantes é sempre um pouco efémero e, a meu ver, depende do eco que chega do exterior. Tivesse o actual PM de “rastos”, e veríamos como era crucificado pelos pares!
No entanto, pelo que me é dado observar, prefiro pensar que não basta a um líder da oposição ser brilhante no discurso e muito inteligente, para ser “idolatrado pelos militantes”e chegar ao poder! O mais importante é ser mesmo melhor que o opositor. Para isso, terá de inovar e usar as técnicas de marketing político.
O que sustenta este meu pensamento, é a observação do actual quadro político. Temos um PM pouco brilhante, quiçá pouco inteligente até, mas, que apesar disso, e de todos os danos que causou às forças do buzinão, mantém-se incólume no seu pedestal, e arrogante q.b…porque será? A resposta está na inovação das técnicas de marketing usadas; E, não vamos dizer agora que quem vota é totó, porque neste caso não altera nada!
Vem a despropósito, ou talvez não, mas gostaria de contar um episódio em que fui interveniente:
Um candidato a um cargo que veio a conseguir, mas já não exerce hoje, tinha, a meu ver, o péssimo hábito de, quando sentado, juntar as perninhas, tal como algumas senhoras fazem. Esta imagem, fazia-me alguma confusão; Pensava eu que, o “boneco”, em termos de televisão, ficava desfavorecido.
Um dia, não me contive, e atirei para o assessor de imagem:
-É pá , porque não lhe dizem que aquela posição é de "coiso" e não o favorece!? A resposta foi imediata:
-As senhoras gostam daquela imagem…conta para votos!!!
Sinceramente, não sei se contou ou não, o facto… é que ganhou, apesar da minha mulher, ser da minha opinião!.
:)
PS
ResponderEliminarOnde digo,tivesse, digo que digo estivesse.
Este digo,digo...lembra-me alguma coisa!
:)
...e foi muito bem dito! :))
ResponderEliminarSuzana,
ResponderEliminarDificilmente poderia ser mais na mouche!... :-)
Subscrevo a 110%!...
Suzana Toscano
ResponderEliminarLamento mas manda averdade lembrar que existe um caso, no pós 25 Abril, de um líder que brilhou na Oposição e que da Oposição, ultrapassando muitas dificulades e por vezes escolhendo os caminhos mais dificeis, chegou ao governo alicerçado num projecto político. Falo de Sá Carneiro.
E estou tanto à vontade para o reconhecer quanto a certa altura fui dos que divergiram.
Antóinio Alvim
Caro Reformista, peço-lhe o favor de reparar que comecei o "relato" em 1986 (Sá Carneiro morreu em Dez. de 1980) e que, no fim do post, pode ler-se "... e depois de passados os turbulentos períodos de consolidação da democracia..." ou seja, tive o cuidado de só falar do pós Sá Carneiro, exactamente porque ele foi a excepção que confirma a regra!
ResponderEliminarSuzana
ResponderEliminarBelíssimo "voo rasante", com uma aterragem perfeita. Bem lembrado Sá Carneiro: não há regra sem excepção. A questão é que a excepção é que deveria ser a regra!
O que eu queria demonstrar é que a questão não está na conjuntura mas nas pessoas. O que aconteceu é que até agora os lideres da Oposição não tinham um projecto estruturado de Reforma.Limitavam-se a gerir o tempo. E isso foi-lhes fatal.Marcelo cometeu talvez o erro de ter começado pelas Alianças Políticas em vez de ter começado pelo Projecto Ideologico
ResponderEliminarMarques Mendes tem uma belíssima Moção que vai, em relação à Reforma do Estado Social, ao encontro de muio aquilo que eu há mais de dez anos defendo e me fez voltar ao PSD. Se não for apenas um papel mas uma causa assumida que mobilize o Partido e a Sociedade tem a vida feita.
António Alvim
Caro Reformista,começo a desconfiar que ninguém está interessado em ouvir projectos estruturados, ou mesmo em ajudar a construir um.A questão política centra-se na pessoa, nos seus tiques, nos gestos teatrais, no marketing, como diz o caro Invisível, e não sobra espaço para olhar os projectos, mesmo que eles existam. Portanto, nem vale a pena apresentar projectos, só imagens, picardias, frases bombásticas, mesmo que miseráveis do ponto de vista ético, isso é que dá visibilidade. Não sei se é pior hoje do que foi dantes, se bem se lembra Sá Carneiro foi muito contestado, houve uma cisão grave no PSD (ASDI)e não sei o que aconteceria se ele tivesse sobrevivido aos resultados eleitorais em que o seu candidato perdeu. Mas eram tempos muito turbulentos, já era altura de se criar uma nova atitude política, mas não, continuamos com esta prática do tiro ao alvo, uns a seguir aos outros, até se afastarem todos os que não estão para estas cenas e deixar o campo livre a aventureiros que de outro modo nem nunca se saberia o seu nome. Em pouco mais de 2 anos, já é a 3ª vez que o PSD vai eleger um lider,começa a ser monótono...
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