sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Requerimento

Segundo noticiado, o Governo pretende burocratizar a assistência religiosa nos Hospitais e os doentes que a pretenderem terão que requerer a assistência religiosa, não o podendo fazer através de médicos ou enfermeiros. Aqui deixo uma ajuda aos doentes internados nos hospitais públicos, de forma a cumprirem as regras ministerialmente estabelecidas.
Requerimento
Exmo Senhor Presidente do Conselho de Administração do Hospital João Semana:

João Enfermo, de 90 anos de idade, Nº Contribuinte 111111111, Utente do Serviço Nacional de Saúde nº 0000000, portador do BI 01010101 do A.I. de Lisboa, nascido a 00/00/00, no lugar de A, freguesia de B, concelho de C, filho de Francisco Enfermo e de Joana Enferma, doente no Serviço de Gastro do Hospital João Semana, padecendo das doenças discriminadas em Anexo, conforme Certidão passada pelo Centro de Saúde e confirmada pelos Serviços Hospitalares a que V.Excia dignamente preside, com o devido selo branco aposto pela Secretaria, estando em seu perfeito juízo, como atestado pelo Serviço de Psiquiatria do Hospital, também conforme certificado anexo junto, vem, nos termos da lei, requerer a V. Excia se digne conferir-lhe o privilégio de assistência religiosa. Mais atesta que o faz no pleno uso das suas faculdades, não pressionado pela família, médicos ou enfermeiros.
Respeitosamente,
Pede deferimento em tempo útil
A Bem da Nação e do Estado burocrata e laico
28.09.07
João Enfermo
(Enviado, com 2 Anexos, por carta registada com aviso de recepção)

17 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. AHAHAHA...

    Este requerimento não tem nada de simplex...nada mesmo!
    Mas, curiosamente, está de acordo com a notícia de ontem, transmitida na TVI, em que os médicos de oftalmologia denunciavam o estado obsoleto em que se encontram os aparelhos de diagnóstico.
    No entanto, o importante é distribuir telemóveis...

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  3. parece as história dos computadores nas escolas e dpois no inverno os putos vão de mantas pois é um frio de rachar debtro das salas de aulas, para não falar na falta de banda larga nalgumas(muitas) dessas escolas. A propaganda continua...

    pedro oliveira
    vilaforte.blog.com

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  4. Este seu oportuníssimo post, caro Dr. Pinho Cardão, conduz-nos a um número quase infinito de reflexões e dúvidas.
    A primeira dúvida que me surge relaciona-se com o médico João Semana. Será que os membros deste governo, conhecem a grandiosa figura que foi João Semana?
    Segue-se uma certeza. O actual governo dissocia a alma do corpo físico, ou nega a sua existência, pelo que não confere ao doente que seja internado em estado de inconsciência, a possibilidade de vir a falecer com a alma serenada e purificada pela acção da confissão e da ministração da extrema unção.
    Depois, surge uma dúvida subjacente.
    E a igreja? O que terá a igreja a dizer desta decisão?
    Se se calar será conivente, esvaziando o acto da conficção e contrição do poder que ele encerra e que a igreja defende desde os princípios da cristandade.
    Resumindo, este governo está nítidamente empenhado em nos retirar os proventos, a saúde, a educação e por fim, nem nos deixa morrer em paz.

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  5. Senhor João Enfermo
    Tendo estes serviços verificado que o prazo de validade do seu BI foi ultrapassado, informamos que o mesmo deverá ser actualizado e enviada cópia do mesmo acompanhada de novo requerimento.
    Na expectativa de lhe ser prestada a assistência religiosa requerida, apresentamos as nossas saudações clínicas.
    15.10.2007
    Hospital João Semana

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  6. Drª. Margarida,

    Nem o "pai" da burocracia, era tão burocrata!!!
    Permita-me que lhe deia os meus parabéns pelo seu bom humor, mesmo sendo sexta-feira!
    :)

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  7. Pinho Cardão,

    Não haverá no Simplex um capítulo dedicado à "Assistência Religiosa na Hora"?
    Bastaria ao doente exibir um cartão rosa e manifestar, mesmo em inaudível, vontade de receber assitência religiosa...
    O laicismo obcessivo destas criaturas, tipo 1ª República -primeiros anos, leva a estas situações caricatas, ilustrativas de um estado de subalternização do essencial ao acessório.
    Que pensará disto o católico extremoso Engº António de Oliveira?

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  8. Caro invisivel
    Ser burocrata é fácil! Uma coisa destas só mesmo para partirmos para fim de semana contentes e sorridentes, esperando que a "burocracia" vá também, mas que não descanse muito, pois correríamos o risco de a termos de volta mais forte do que quando partiu...

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  9. E o despacho é recorrível em caso de indeferimento, de irregularidade ou de ilegalidade por falta de fundamentação? Haverá deferimento tácito passados x dias? Qual o Tribunal competente? Haja saúde!

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  10. Sobre este tema glosado aqui pelo estimado Pinho Cardão e também para aqueles que reclamam (e bem) que é preciso cortar na Despesa Pública:

    DN

    "Há 123 capelães católicos integrados nos quadros do Ministério da Saúde, com salários que variam entre 986 e 1474 e pelo menos mais 70 sacerdotes da mesma confissão com vínculo contratual com o Estado, no Ministério da Defesa (onde existe até um bispo das Forças Armadas, com patente de major-general, nomeado pelo papa e só por ele podendo ser exonerado), da Justiça (nas prisões) e da Administração Interna (a celebrar missa na PSP e GNR).

    Cumprimentos,

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  11. Uma pergunta: E se o doente/enfermo tiver de repente uma recuperação espantosa e acabar por não morrer?

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  12. Se recuperar está tramado...terá de fingir que continua enfermo, enquanto o requerimento não for despachado!

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  13. Acerca do bispo das F.A o povo já sabia...agora que o bispo tem patente de major general de certeza que não sabia!!!

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  14. Achei piada ao post, mas levou-me a pensar: como será que os muçulmanos ou os judeus fazem neste momento? São atendidos por um capelão católico, ou fazem o dito requerimento?

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  15. Caro Tino:
    Qualquer religião pode ter assistência religiosa nos hospitais.
    Acontece que a religião católica será das poucas ou, tealvez, a única que tem tal serviço organizado.
    Penso eu!...

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  16. Muito bem! O assédio jacobino está em campo: qualquer pretexto é bom para emagrecer o Estado e desalojar o clero há séculos nisto de prestar auxílio e consolo a quem sofre e a quem parte.

    Já vi doentes a mandarem passear o Capelão e já vi outros sôfregos dele. O Estado é um elefante nestas coisas de porcelana.

    Mesmo que se raie o ridículo.

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