4. …...
Eu quero alunos que não desconheçam a existência de expressões como “obrigado”, “por favor” e “desculpe” e que as usem sempre que o seu emprego se justifique.
Eu quero alunos que ao serem chamados a participar na aula não me olhem com enfado dizendo interiormente “Mas o que é que este quer agora?” e demorem uma eternidade a disponibilizar-se para a tarefa como se me estivessem a fazer um grande favor. Que fique bem claro que os alunos não me fazem favor nenhum em estarem na aula e a portarem-se bem.
Eu quero alunos que não estejam constantemente a receber e a enviar mensagens por telemóvel e a recusarem-se a entregar-mo quando lho peço para terminar esse contacto com o exterior pois esse aluno “não está na sala”, está com a cabeça em outros mundos.
Eu sou um trabalhador como outro qualquer e como tal exijo condições de trabalho! Ora, como é que eu posso construir uma frase coerente, como é que eu posso escolher as palavras certas para ser claro e convincente se vejo um aluno a balouçar-se na cadeira, outro virado para trás a rir-se, outro a mexer no telemóvel e outro com a cabeça pousada na mesa a querer dormir?
Quando as aulas são apoiadas por fichas de trabalho gostaria que os alunos, ao sair da sala, não as amarrotassem e deitassem no cesto do lixo mesmo à minha frente ou não as deixassem “esquecidas” em cima da mesa….
5. No ano passado tive uma turma do 10º ano dum curso profissional em que um aluno, para resolver um problema no quadro, tinha de multiplicar 0,5 por 2 e este virou-se para os colegas a perguntar quem tinha uma máquina de calcular!!! No mesmo dia e na mesma turma outro aluno também pediu uma máquina de calcular para dividir 25,6 por 1.
Estes alunos podem não saber efectuar estas operações sem máquina e talvez tenham esse direito. O que não se pode é dizer que são alunos de uma turma do 10º ano!!!
Com este tipo de qualificação dada aos alunos não me admira que, daqui a dois ou três anos, estejamos à frente de todos os países europeus e do resto do mundo. Talvez estejamos só que os alunos continuarão a ser brutos, burros, ignorantes e desqualificados mas com um diploma!!!
6. São estes os alunos que, ao regressarem à escola, tanto orgulho dão ao Governo. Só que ninguém diz que os Cursos de Educação e Formação são enormes ecopontos (não sejamos hipócritas nem tenhamos medo das palavras) onde desaguam os alunos das mais diversas proveniências e com histórias de vida escolar e familiar de arrepiar desde várias repetências e inúmeras faltas disciplinares até famílias irresponsáveis.
Para os que têm traumas, doenças, carências, limitações e dificuldades várias há médicos, psicólogos, assistentes sociais e outros técnicos, em quantidade suficiente, para os ajudar e complementar o trabalho dos professores?
Há alunos que têm o sublime descaramento de dizer que não andam na escola para estudar mas para “tirar o 9º ano”.
Outros há que, simplesmente, não sabem o que andam a fazer na escola…
E, por último, existem os que se passeiam na escola só para boicotar as aulas e para infernizar a vida aos professores. Quem é que consegue ensinar seja o que for a alunos destes? E por que é que eu tenho de os aturar numa sala de aula durante períodos de noventa e de quarenta e cinco minutos por semana durante um ano lectivo? A troco de quê? Da gratidão da sociedade e do reconhecimento e do apreço do Ministério não é, de certeza absoluta!
7. Eu desafio seja quem for do Ministério da Educação (ou de outra área da sociedade) a enfrentar (o verbo é mesmo esse, “enfrentar”, já que de uma luta se trata…), durante uma semana apenas, uma turma destas sozinho, sem jornalistas nem guarda-costas, e cumprir um horário de professor tentando ensinar um assunto qualquer de uma unidade didáctica do programa escolar.
Eu quero saber se ao fim dessa semana esse ilustre voluntário ainda estará com vontade de continuar. E não me digam que isto é demagogia porque demagogia é falar das coisas sem as conhecer e a realidade escolar está numa sala de aula com alunos de carne, osso e odores e não num gabinete onde esses alunos são números num mapa de estatística e eu sei perfeitamente que o que o Governo quer são números para esse mapa, quer os alunos saibam estar sentados numa cadeira ou não (saber ler e explicar o que leram seria pedir demasiado pois esse conhecimento justificaria equivalência, não ao 9º ano, mas a um bacharelato…).
É preciso que o Ministério diga aos alunos que a aprendizagem exige esforço, que aprender custa, que aprender “dói”! É preciso dizer aos alunos que não basta andar na escola de telemóvel na mão para memorizar conhecimentos, aprender técnicas e adoptar posturas e comportamentos socialmente correctos.
Eu quero alunos que ao serem chamados a participar na aula não me olhem com enfado dizendo interiormente “Mas o que é que este quer agora?” e demorem uma eternidade a disponibilizar-se para a tarefa como se me estivessem a fazer um grande favor. Que fique bem claro que os alunos não me fazem favor nenhum em estarem na aula e a portarem-se bem.
Eu quero alunos que não estejam constantemente a receber e a enviar mensagens por telemóvel e a recusarem-se a entregar-mo quando lho peço para terminar esse contacto com o exterior pois esse aluno “não está na sala”, está com a cabeça em outros mundos.
Eu sou um trabalhador como outro qualquer e como tal exijo condições de trabalho! Ora, como é que eu posso construir uma frase coerente, como é que eu posso escolher as palavras certas para ser claro e convincente se vejo um aluno a balouçar-se na cadeira, outro virado para trás a rir-se, outro a mexer no telemóvel e outro com a cabeça pousada na mesa a querer dormir?
Quando as aulas são apoiadas por fichas de trabalho gostaria que os alunos, ao sair da sala, não as amarrotassem e deitassem no cesto do lixo mesmo à minha frente ou não as deixassem “esquecidas” em cima da mesa….
5. No ano passado tive uma turma do 10º ano dum curso profissional em que um aluno, para resolver um problema no quadro, tinha de multiplicar 0,5 por 2 e este virou-se para os colegas a perguntar quem tinha uma máquina de calcular!!! No mesmo dia e na mesma turma outro aluno também pediu uma máquina de calcular para dividir 25,6 por 1.
Estes alunos podem não saber efectuar estas operações sem máquina e talvez tenham esse direito. O que não se pode é dizer que são alunos de uma turma do 10º ano!!!
Com este tipo de qualificação dada aos alunos não me admira que, daqui a dois ou três anos, estejamos à frente de todos os países europeus e do resto do mundo. Talvez estejamos só que os alunos continuarão a ser brutos, burros, ignorantes e desqualificados mas com um diploma!!!
6. São estes os alunos que, ao regressarem à escola, tanto orgulho dão ao Governo. Só que ninguém diz que os Cursos de Educação e Formação são enormes ecopontos (não sejamos hipócritas nem tenhamos medo das palavras) onde desaguam os alunos das mais diversas proveniências e com histórias de vida escolar e familiar de arrepiar desde várias repetências e inúmeras faltas disciplinares até famílias irresponsáveis.
Para os que têm traumas, doenças, carências, limitações e dificuldades várias há médicos, psicólogos, assistentes sociais e outros técnicos, em quantidade suficiente, para os ajudar e complementar o trabalho dos professores?
Há alunos que têm o sublime descaramento de dizer que não andam na escola para estudar mas para “tirar o 9º ano”.
Outros há que, simplesmente, não sabem o que andam a fazer na escola…
E, por último, existem os que se passeiam na escola só para boicotar as aulas e para infernizar a vida aos professores. Quem é que consegue ensinar seja o que for a alunos destes? E por que é que eu tenho de os aturar numa sala de aula durante períodos de noventa e de quarenta e cinco minutos por semana durante um ano lectivo? A troco de quê? Da gratidão da sociedade e do reconhecimento e do apreço do Ministério não é, de certeza absoluta!
7. Eu desafio seja quem for do Ministério da Educação (ou de outra área da sociedade) a enfrentar (o verbo é mesmo esse, “enfrentar”, já que de uma luta se trata…), durante uma semana apenas, uma turma destas sozinho, sem jornalistas nem guarda-costas, e cumprir um horário de professor tentando ensinar um assunto qualquer de uma unidade didáctica do programa escolar.
Eu quero saber se ao fim dessa semana esse ilustre voluntário ainda estará com vontade de continuar. E não me digam que isto é demagogia porque demagogia é falar das coisas sem as conhecer e a realidade escolar está numa sala de aula com alunos de carne, osso e odores e não num gabinete onde esses alunos são números num mapa de estatística e eu sei perfeitamente que o que o Governo quer são números para esse mapa, quer os alunos saibam estar sentados numa cadeira ou não (saber ler e explicar o que leram seria pedir demasiado pois esse conhecimento justificaria equivalência, não ao 9º ano, mas a um bacharelato…).
É preciso que o Ministério diga aos alunos que a aprendizagem exige esforço, que aprender custa, que aprender “dói”! É preciso dizer aos alunos que não basta andar na escola de telemóvel na mão para memorizar conhecimentos, aprender técnicas e adoptar posturas e comportamentos socialmente correctos.
Se V.Excia achar que eu sou pessimista e que estou a perder a sensibilidade por estar em contacto diário com este tipo de jovens pergunte a opinião de outros professores, indague junto das escolas, mande alguém saber. Mas tenha cuidado porque estes cursos são uma mentira…
Permita-me discordar de V. Excia mas dizer que os professores têm de ser dignificados é pouco, muito pouco mesmo…
Atenciosamente
A.(devidamente identificado)
Permita-me discordar de V. Excia mas dizer que os professores têm de ser dignificados é pouco, muito pouco mesmo…
Atenciosamente
A.(devidamente identificado)
Professor de Ciências Físico-Químicas
ÍLHAVO
ÍLHAVO
Coitado deste professor...ainda por cima professor de ciêcias físico-quimicas!
ResponderEliminarDestas é que eles não percebem, não querem perceber e se calhar até odeiam quem sabe...
Sei que a opinião que vou expressar pode ser entendida de variadíssimas formas, com as consequentes conclusões.
ResponderEliminarSe estivessemos ainda durante a presidência do Dr. Mário Soares, teria mais razão este professor de lhe dirigir a carta.
Isto porque, aquele presidente, ficou para a historia, de entre outros, conhecido pelo cognome de "O Viajante". Se estivessemos ainda na vigência do mandato de Jorge Sampaio, não seria de todo descabido o mesmo acto. Pois até poderia o "nosso" professor, concluir que o estado de sítio em que o ensino se encontra, se poderia dever ao desconhecimento, por ausência do país, do Presidente da República.
Porém, uma vez que estamos a pouco mais de 1/3 do mandato do Presidente Cavaco Silva, que de longe, não se ausenta do país com a frequência dos seus antecessores, portanto, espectávelmente conhecedor dos problemas que afectam a nossa sociedade, nomeadamente no sector do ensino e, o indignado professor insiste em lhe dirigir a carta aberta, uma dúvida se instala no meu entendimento. Será possível que o Sr. professor (o indignado) só tenha tomado nota das palavras que o Chefe Supremo da Nação, proferiu nas cerimónias comemorativas do dia da instauração da República?
Não terá o Sr. Professor notado as palavras do Supremo Magistrado da Nação, quando referiu em campanha e nos discursos subsequentes, que tudo faria para colaborar com o governo e com as decisões por ele tomadas?
Então Sr. Professor? (o indignado)
Espera concretamente que o Sr. Presidente da República pegue na sua carta aberta e a pespegue no nariz da Srª Ministra, ou amanhã, na reunião semanal com o Sr. 1º, lhe manifeste o desejo de ver as suas petições atendidas?
Ora pois bem, cá vai:
ResponderEliminarEm primeiro lugar cumpre-me dar os parabéns a este professor por escrever uma carta aberta ao PR e dizer aquilo que lhe vai na alma. A carta aberta tem vantagens e tem desvantagens. Uma das vantagens é que, como é aberta, é do conhecimento público. Uma das desvantagens é que, por ser aberta, ficamo-nos pelas manifestações de simpatia, solidariedade e apoio moral ao seu autor. Assim sendo, penso que por vezes as cartas fechadas funcionam melhor porque uma coisa é 1 carta, outra coisa são centenas de cartas com o mesmo conteúdo assinadas por pessoas diferentes. É claro que a mobilização é difícil mas não é impossível e para isso servem as redes. Uma carta, pode demonstrar que existe um problemazito, centenas de cartas revelam que há um grande problema. Isto é como gerir reclamações numa organização. Se há apenas uma, pensamos que foi algo circunscrito a um determinado momento mas que não se repete, se forem muitas a dizer o mesmo temos um problema organizacional que precisa de ser corrigido.
Em segundo lugar, devo dizer-vos que a imagem da escola como ecoponto até é bastante ecologista e simpática. Eu tenho uma opinião muito mais agressiva. Eu acho que as escolas são simplesmente "dumpsters". As do ensino privado são-no de maior categoria porque a malta para lá despejar os putos paga, e paga bastante pelo armanezamento das criancinhas. As públicas levam com o resto dos detritos. Por acaso, sei que é aborrecido colocar as coisas desta maneira mas as novas famílias são assim, a sociedade desresponsabilizou-as do cumprimento do seu papel de educador tal e qual como agora querem fazer com o novo estatuto dos alunos. As novas famílias têm filhos porque sim. Porque é giro. No entanto, não estão dispostas a abdicar de nada em função dos miúdos. Tratam-nos como se fossem mini-adultos, levam-nos para os restaurantes até altas horas, levam-nos a passear para os centros comerciais e hipermercados e ainda esperam que eles se saibam comportar e não fazer birras. É o modelo da alegoria da caverna versão contemporânea. Não é preciso aprender nada porque nós já sabemos tudo, é só uma questão de nos recordarmos. No sector educativo é uma espécie de modelo progressista, centrado nos putos como se eles já nascessem ensinados. Por isso sim, a familia tem efectivamente responsabilidade no que se está a passar por se ausentar deliberadamente do processo.
Bom, por enquanto vou ficar por aqui, mas já volto.
Caros amigos,
ResponderEliminarA educação em Portugal é um dos temas mais importantes e mais estruturantes para o desenvolvimento sustentado que todos desejamos.
A carta deste professor pode ser entendida de várias formas. As mais simplistas passam pela critica directa a um desabafo de um docente em desespero de causa – mas que certamente muitos mais se revêem nas suas amarguras - e as apreciações mais reflectidas que abordam o tema de ângulos diversos, que contribuem para uma discussão mais interessante e participada. Neste ponto concreto, dou os meus parabéns ao amigo Bartolomeu que apresenta aqui a família como um elemento chave na educação e enquadramento dos alunos, contrariando um pouco a nova “moda” que tenta transferir todos os aspectos relativos à educação para a esfera da escola e muito particularmente dos professores, transformando-os meros guardadores de crianças enquanto os pais estão nos seus empregos.
É muito interessante analisarmos a “décalage” temporal das tendências e teorias educacionais que chegam ao nosso país e que são adoptadas por gerações inteiras. A última que chegou e atingiu a minha geração, e que infelizmente é a que caracteriza o pensamento dos mais recentes responsáveis políticos nesta área, teve início no Reino Unido, nas décadas de 60/70, e caracteriza-se na sua essência pela ausência de disciplina em todas as fases da educação das crianças, em que tudo é permitido, e o simples acto de contrariar a criança quase se torna um dos mais graves atentados ao seu desenvolvimento psicossocial com sérias implicações na sua formação como pessoa. Esta tendência alastrou-se das famílias para todas as áreas relacionadas com o percurso formativo das crianças, sendo que na escola se tornaram mais visíveis todos os desvios resultantes deste conceito laxista, que convém referir, foi apoiado e alimentado por psicólogos, pedagogos e outros especialistas com responsabilidades objectivas na definição das politicas dos governos.
Uns anos mais tarde, o fracasso deste modelo no Reino Unido deu origem ao aparecimento de um novo grupo de pensadores que, baseados na experiência recente, recuperaram alguns dos princípios entretanto abandonados, e com uma nova caracterização, começaram a introduzir mudanças no sistema que se encontrava à beira da ruptura. Sem surpresa, e já com este panorama de reformas no Reino Unido, em Portugal tudo ia acontecendo na área da educação, com reforma atrás de reforma, continuando paulatinamente a introdução de politicas educativas que tinham reprovado claramente noutros países.
Se pensam que terminou aqui esta aventura estão absolutamente enganados. Faltava ainda a chegada desta ministra socialista que, com tiques de arrogância e possuidora de certezas absolutas, vem protagonizar o pior que alguma vez se viu neste ministério. Traz no alforge politicas completamente desconexas e com mensagens contraditórias para os agentes educativos – a saber: utilização de estratégias de confronto pais/professores para implementação de medidas de cariz profissional; introdução de medidas facilitistas nos exames para retirar dividendos dos resultados obtidos; o tão recente exemplo do Estatuto do Aluno que nem merece classificação; etc… - em vez de empreender uma verdadeira reforma que de uma vez por todas envolva toda a sociedade e defina uma estratégia clara para o futuro. Este caminho não se percorre em 4 anos de uma legislatura, mas se for envolvente e desprovido de objectivos eleitoralistas, certamente poderá granjear um amplo consenso nacional e assim permitir criar e implementar um sistema vocacionado para a qualidade, que incentive o mérito e que responda às necessidades reais do país valorizando a inclusão em oposição à exclusão que parece prosperar.
P.S. Não sou professor. Sou pai e penso que este assunto também me pertence!
Já que estamos em fase de bombardeamento....
ResponderEliminarCaro A.,
Se bem percebi, sentia-se dignificado se os alunos que tem já adoptassem posturas e comportamentos socialmente correctos. Isto depois do Ministério dizer a esses alunos que a aprendizagem exige esforço.
A forma que o ministério arranjou para dizer isso aos alunos foi pagar a um professor, o meu caro, para que educasse AQUELES alunos e não os do St. Julian's.
Pois gostaria de lhe dizer, caro A. que eu, contribuinte, não estou disposto a matar esses alunos. Não estou disposto a desistir da sua educação. Não me parece positivo mandá-los para Gibraltar. Até, imagine, estou disposto a gastar algum dinheiro com eles na forma do seu ordenado.
Não considera a missão digna? Pois meu caro, temos 40 mil professores no desemprego e 50 mil sem fazer nada. Eu, como contribuinte e ser humano, seguria-lhe que encontrasse uma ocupação mais digna para si e deixasse que os recursos financeiros financeiros, que a lei lhe atribui, fossem usados com alguém que considera positiva a missão que lhe foi atribuída.
A missão é difícil? É. Certamente que é. Por isso o contribuinte paga a profissionais para o fazer. Mas não venha dizer-me a mim, contribuinte, que a missão é indigna de si, quando é para mim. Se é indigna de si, não só tem uma boa solução, como tem uma obrigação como profissional que certamente é.
Haverá certamente outras ocasiões em que serão precisos professores que eduquem alunos educados e, nessa altura, nós contribuintes pensaremos em si. Mas, por agora, precisamos de profissionais.
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarAcabo de ler o comentário do Tonibler e penso que ele acaba de acertar em cheio.
Como é que se educa uma criança ou um jovem que sabe que não reprovará por faltas, que só excepcionalmente será retido a meio dum ciclo e que cabe ao professor recuperá-lo quando é ele que não estuda?
ResponderEliminarE, já agora, quando aos pais apenas lhes interessa o tradicional «passaste de ano?».
Eu cá estou farto do eduquês e do «coitadinhas das criancinhas, tão frágeis que são, que só aprenderão brincando».
Estudar exige esforço. Quem não estuda que chumbe! Eu cá é que não ando para pagar um entretém de 12 anos de escolaridade.
Caro Wotan,
ResponderEliminarPois é, basicamente, isso mesmo.
Camarada Tóni,
V. Exa. Sabe que eu gosto muito de si. Gosto mesmo, a sério que gosto, mas às vezes ( só às vezes) o amigo deixa-me louco da vida e põe-me a trepar pelas paredes como se fosse o homem-aranha. Esta, é apenas uma dessas vezes. Eu não vou dizer-lhe, exactamente, o que me estava a apetecer dizer-lhe porque seria um golpe baixo, do qual tenho a certeza que o meu amigo recuperaria bastante bem, só que eu não quero fazê-lo.
Sabe, não tenho grande jeito com criancinhas, nem com pré-adolescentes e acho que a adolescência era uma daquelas fases escusadas na vida de uma pessoa, mesmo admitindo que é uma fase importante pela qual se tem de passar. Para mim, não há nada pior do que ir a um restaurante e ficar ao pé de uma mesa com criacinhas adoráveis que só berram, pulam e gritam. Começo logo com nervoso miúdinho, com o pézinho a bater no chão, com uma vontade doida de os pregar, com os garfos, às cadeiras e enfiar-lhes os guardanapos na boca para ver se ficam quietos e calados. É claro que as pobres da criancinhas não têm qualquer culpa disto, aliás, por lei nem sequer têm personalidade jurídica. Quem tem personalidade jurídica e quem responde por elas são os paizinhos.
Ora, estes paizinhos zelosos são os mesmos paizinhos que ficam muito escandalizados e muito aflitos quando os seus rebentozinhos não põem os pés nas aulas e dão faltas injustificadas. São também os mesmos, que se prontificam a justificar as faltas dos meninos, aos Directores de Turma, logo depois de terem ficado muito aflitos por não saberem o que é que a cria tinha andado a fazer quando se baldou. São os mesmos paizinhos que levam os meninos a passear para o encerramento da Expo 98 (que caso não se lembrem, o dia de encerramento coincidiu com dia de aulas) e depois pretendem que a falta seja justificada, porque o encerramento da Expo 98 foi um dia bonito. Estes são também os mesmos pais que agridem os professores quando não concordam com a avaliação atribuída às criaturinhas e são os mesmos que se ausentam da vida escolar dos seus filhos e recusam o exercício do seu papel de Encarregados de Educação.
Temos 50,000 professores desempregados? Que surpresa! Pergunto-me porque será? Andaram durante anos a produzir bolachinhas em série e agora não as conseguem vender? Que estranho. O mercado está tão bem e tão saudável. Mas tal como pretende dizer, não há ninguém que não possa ser substituído. É um facto, mesmo quando se trata de uma teoria que esteja a cair em desuso por uma série de razões que agora não me apetece dizer porque isto já vai longo. De qualquer forma, há uma que vou referir porque acho que há pessoas que são imbecis o suficiente para continuarem a achar que os indíviduos são números e isto é uma grande fábrica de produção massificada. Camarada Tóni, isto não é o "1984" do George Orwell. As pessoas não são números, nem são peças substítuiveis por réplicas "made in China". Mas, mesmo considerando - por breves instantes - que o fossem, qualquer um daqueles 50,000 professores que substituísse este confrontar-se-ia exactamente com as mesmas coisas.
Para concluir, sabe qual é a diferença entre o seu ponto de vista e o meu? É que o meu amigo está disposto a pagar por qualquer porcaria desde que sirva. Eu não.
O PSD e o PS dividem igualmente a responsabilidade ao que isto chegou na educação.
ResponderEliminarTêm, para começar a redimir-se, de reintroduzir o ensino técnico onde a maioria destes alunos ditos difíceis se sentiriam como peixe na água pois sabem por experiência que o que lhes andam a "vender" na actual escola, de nada vale se não quiserem ficar com um canudo e no desemprego.
Depois vem a fase da disciplina e da exigência.Para alunos e professores.Basta ir ver como funcionava antes do 25/4..., nomeadamente em termos de exames e avaliação de professores.
Finalmente nenhum destes partidos e tomando como exemplo a formação de médicos faz a mínima ideia do que é importante para o país.Deixam correr o marfim e a sua acção só complica e faz piorar resultados.
O ministério diz a ministra não é SEF, mas é logo ministério das finanças a pagar subsídios a quem nos escolhe.Aos milhares e início da caminhada para a africanização ou ONU em ponto pequeno.
Para não discriminar uns milhares lixam portanto umas centenas de milhar...
As teorias que importaram, que vão sendo aplicadas sem adesão, vão certamente ter um dia o que normalmente acontece: do 8 passa-se para o 80.Em sentido inverso.Para grandes males grandes remédios.
Não julguem que esses tempos andam assim tão longe porque o contribuinte começa a ver para onde vai o seu rico dinheirinho...
O professor até foi um pouco modesto, por ser de Aveiro, porque se fosse um da ex-cintura industrial de Lisboa(outro avanço) teria ainda mais elementos a crescentar na sua carta.
Em suma o que se pode dizer é que ou a cidadania acorda ou estes políticos enterram definitivamente o País.Sem retorno.
Camarada Anthrax,
ResponderEliminarSe o sujeito da oficina lhe entregar o carro na mesma e lhe disser que, para a próxima, não traga o carro avariado, certamente que lhe vai à tromba.
Se o médico lhe disser que nem olhou para o seu filho porque estava a vomitar e ele não toca em coisas sujas, certamente que lhe vai à tromba.
Eu contribuinte, não pago educação a pais, pago educação aos filhos. Se fossem carros mandava-os a uma oficina, se estivessem a vomitar mandava-os a um médico. Quero ensinar-lhes, por isso mando-os ao professor.
O que é que o professor me responde? Para não lhe mandar o carro avariado, não mandar o puto a vomitar e não lhe mandar putos deseducados. Tudo bem, não mando, mando a quem não me exija isso. Só que para mandar a outra pessoa preciso do dinheiro que lhe dei a ele. O que é que o camarada Anthrax me diz? As pessoas não são números...
Camarada Tóni,
ResponderEliminarMas vc anda metido no consumo de substâncias que alteram o estado de consciência? Já viu bem os exemplos que me está para aí a dar?
Os putos não são carros que às vezes têm uma avaria. Os putos são os tipos que nos vão governar daqui a uns tempos e o que lhes estão a ensinar é que não precisam de ser responsáveis. E não são só os papás que lhes estão a ensinar isso, é a sociedade toda incluindo o poder político (que é o exemplo máximo da irresponsabilidade).
E não, meu caro, quando o amigo lhes quer ensinar alguma coisa não os manda para os professores. Ensina-lhes porque é sua obrigação (se os miúdos forem seus é claro). A obrigação dos Professores é transmitir-lhes conhecimento sobre um conjunto de matérias específicas que constam num currículo e lhes confere uma habilitação académica, não é ensinar-lhes alguma coisa.
Educar é uma coisa bastante séria na qual a escola é apenas um dos elementos e não o único elemento. Como todos os restantes elementos já se demitiram da tarefa, o único que falta delapidar é a escola. E depois com pessoas, como o amigo Tóni, a acharem que isto é tipo Franchising do MacDonalds e siga a marinha, é muito provável que o consigam fazer num tempo record.
Definitivamente meu caro amigo, sobre isto não nos vamos entender.
A ver se eu entendi. Os miúdos devem chegar aos professores "educados". Se não forem "educados" o trabalho não é digno para o professor. Mas o dinheiro já é digno para o professor, porque as pessoas não são números. Portanto, se os miúdos são irresponsáveis então não devem ter um professor, mas devemos pagar na mesma a educação para a qual o professor não é digno de dar e portanto não dá. Em conclusão, devemos tirar os miúdos da escola porque são irresponsáveis mas pagar na mesma ao professor. É isto????
ResponderEliminarEstá bastante interessante a argumentação entre os nossos excelsos comentadores Anthrax e Tonibler. Eu, que sou um completo despistado, se não fosse a diferença de nick's, até era capaz de jurar que os opostos se atraem...
ResponderEliminarse traem?
Não! eu escrevi mesmo atraem!!
;))))
Camarada Tóni, não fossem estes circuitos que nos separam e o meu amigo hoje ía para casa todo mordido. Mas não se preocupe, não está nada perdido, quando este tascozito puder contratar mais gente vou recomendar a sua pessoa para se juntar a nós. Não há nada melhor do lidar com a realidade da "Educação" para aprender qualquer coisita.
ResponderEliminarAmigo Bartolomeu :))), está tão inspiradote hoje :))
Amig'Anthrax, seria muito insensível se contrariasse o sentimento de inspiração quando leio os seus comentários, assim como os do caro Tonibler. Para mim só iguláveis aos famosos "Monologos da Vagina", da autoria de Eve Ensler, magistralmente interpretados pela actriz Guida Maria no Teatro Villaret.
ResponderEliminar;))))))))
Caros Tonibler e Antrahx:
ResponderEliminarTenho pelo dois uma admiração muito grande, alicerçada nos comentários com que habitualmente nos brindam.
Dito isto, quero dizer ao caro tonibler que também eu não concordo com o seu ponto de vista, porquanto, não é obrigação do professor ensinar regras que é suposto serem incutidas pelos pais e assimiladas de forma natural pelos filhos, desde tenra idade.
Importa nesta questão considerar a diferença entre a creche e a escola: na creche, as pessoas que lá trabalham, sabem que faz parte da sua obrigação limpar as caquinhas dos bebés, cheire bem ou cheire mal; na escola, o professor sabe que tem a obrigação de ensinar matérias, e os alunos têm obrigação de prestar atenção. As regras, estão bem definidas, e não vejo forma de serem doutra maneira, sob pena de alguém ficar a perder.
Posto isto, não me vou alongar mais e subscrevo os excelentes comentários (como não podiam deixar de o ser), do antrhax.
Caros Anthrax e invisivel,
ResponderEliminarContinuo sem entender porque é que a única constante da equação é um posto de trabalho quando me dizem que o problema é de educação e é irresolúvel dentro das obrigações do professor.
Tenho um prejuízo: os meninos não vêm controlados de casa.
Tento corrigir o prejuízo: Ponho um professor a tratar do problema
Não corrijo o problema: O professor considera o trabalho indigno
Fico com dois prejuízos: Os meninos continuam por educar e pago a um professor na mesma.
E ainda há quem não perceba porque é que o país não tem dinheiro.
Está visto que para o caro Tonibler, tudo se resume a uma operação comercial, onde o lucro tem de ser garantido, custe o que custar e a quem custar, caso contrário, declara-se falência e abre-se novo negócio, onde não conta a qualidade da matéria prima, mas sim e exclusivamente a capacidade produtiva dos trabalhadores. Ou então não é nada disto e troca-se tudo por uma máquina indústrial, onde por um lado entrem os espermatozoides e do outro, na parteleira de cima saem doutores, na seguinte, engenheiros, na outra mais abaixo, técnicos e por último, colocam-se umas caixas de cartão no chão, para aparar os detritos e escreve-se por fora a caneta de feltro " trabalhadores".
ResponderEliminarhmmm? será?
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarO acto de colectar imposto para agir para o bem público tem consequências. A começar no desemprego provocado pelo acto de recolher o dinheiro e a acabar no valor criado no acto de o gastar.
Como bem diz o camarada Anthrax, as pessoas não são números. TODAS as pessoas e não apenas aquele professor em concreto. As pessoas que perderam o emprego, porque o dinheiro que pagaria o seu trabalho agora é dado a este professor, e as pessoas que vêm os seus direito sociais pendurados até que surja a oportunidade financeira de os satisfazer.
A "operação comercial", como lhe chama, tem consequências bem graves em muitas pessoas. Muitas pessoas bem mais desfavorecidas que o professor a quem não queremos chamar "número" e que não considera digno o trabalho que lhe demos.
Se colectivamente assumimos um dever de educar todos os cidadãos, aqueles que são bem comportados e aqueles que são mal comportados, é porque isso tem um valor social superior ao valor do dinheiro que vamos gastar com o professor em causa. Valor esse que vai proporcionar, às pessoas que ficaram sem emprego pela recolha do imposto e às pessoas que têm os seus direitos sociais pendurados, emprego e a oportunidade financeira.
O professor não considera o trabalho digno da sua pessoa. Tudo bem, está no seu direito. Mas recordemos os direitos daqueles que perderam o emprego com a recolha do imposto, aqueles que têm os seus direitos sociais pendurados por falta de oportunidade financeira e, ainda, os devers que assumimos em termos de educação daqueles alunos me concreto.
Assim, concluindo, temos 4 escolhas. Não recolher impostos, deixando as pessoas empregadas; usar os impostos noutros direitos sociais que estavam à espera de oportunidade financeira; arranjar que considere digno o trabalho de educar aqueles alunos apesar de todas as dificuldades; ou satisfazer os interesses privados daquele professor para que não cumpra com a missão.
Eu até aceito que a sua opção seja a última, como tem sido a dos nossos compatriotas nos últimos anos. Mas assuma todos os prejuízos sociais em que nos mete a todos: as pessoas que lança no desemprego, as que ficam a vivar na rua, os alunos que se vão tornar criminosos e as suas vítimas.
Visto desta forma, mantém a sua expressão de "operação comercial"?
Caro Tonibler,
ResponderEliminarA sua equação padece dum raciocínio viciado; experimente assim:
1. Tenho um prejuízo: os rapazes vêm deseducados de casa;
2. Tento corrigir o problema: a escola (conselho pedagógico?) numa parceria com os “primeiros responsáveis”, tento dar a volta ao problema;
3. O problema é corrigido: o professor considera o seu trabalho digno e profícuo;
4. Fico com dois ganhos: os rapazes ficaram educados, logo, o investimento feito no professor, foi rentável.
P S
Óh, caro tonibler: - se não concordar com o meu raciocínio, não me admiro nada, porque na verdade nunca percebi muito de equações; quando estudava, tive um professor de física que consciente da minha dificuldade, dizia-me para não me preocupar demasiado, que ele (professor), só muito tarde começou a perceber e a gostar de equações!
Ainda hoje tenho uma grande admiração por este que foi meu professor.
Posto isto também não acredito que o caro tonibler seja assim tão tio patinhas...
:)))
Caro invisivel,
ResponderEliminarNão é que a sua equação esteja errada, só que não reflecte a carta do professor...:)
Amigo Tóni...
ResponderEliminarEu digo montes de asneiras, mas neste momento o amigo consegue superar-me e em grande.
Além de padecer da perspectiva comercial, muito bem apontada pelo Bartolomeu, ainda acha que é da obrigação dos professores dar aos putos a educação que não lhes é dada em casa.
Portanto, confirma-se que a escola é um "dump site" e os professores têm a obrigação (porque é para isso que são pagos) de fazer aquilo que os paizinhos não querem fazer em casa.
Caro invisível,
"Ssselente" ponto de vista.
Camarada Anthrax,
ResponderEliminarVamos assumir que tem toda a razão. Toda. Então temos que despedir o professor, certo?
AHAHAHA...
ResponderEliminarÓh Antrahx, desculpe intrometer-me, mas acha que o tonibler consegue pôr a interrogação precedente em equação!?
Caro amigo Tonibler, ha ainda duas clausulas neste contrato (fictício) que é necessário tomar em conta. São as regras que compõem a Constituição Portuguesa e as que compõem o Código Universal dos Direitos Humanos... são incontornáveis, difíceis de conciliar com uma realidade como a portuguesa, eu sei, mas incontornáveis.
ResponderEliminarCaro Invisivel,
ResponderEliminarA resposta à sua pergunta é, como não podia deixar de ser, não. :)
Camarada Tóni,
A resposta à sua pergunta é, como não podia deixar de ser, não. Mas podemos começar por despedir os paizinhos e transformamo-los numa espécie de incubadora gigante cujo fim último é a reprodução. Paralelamente, instauramos a República de Platão e suprimimos de vez a instituição da família porque, assim como assim, não serve para mais nada além do fim último atrás referido.
A supressão da família tem vantagens e tem desvantagens. Uma das grandes vantagens é que se acabam as querelas por causa das heranças. Outra grande vantagem é que cada um pode ter práticas reprodutivas com quem quiser e sem preocupações de estar a traír o A, o B ou o C até porque os potenciais rebentos serão encaminhados, quanto mais cedo melhor porque não há espaço para a criação de laços de afectividade, para uma instituição de carácter educativo que trata do resto.
É claro que isto, apesar de interessante, tem algumas devantagens. E assim de repente a primeira que me ocorre é a questão da compatibilidade entre a consanguínidade e o exercício de práticas reprodutivas com quem se quiser. Parecendo que não, podemos cair numa situação em que estas práticas se tornam muito muito estranhas (e de repente lembrei-me do Édipo e da Jocasta vejam bem), sendo que algumas até são condenadas socialmente de hoje em dia.
E tudo isto porquê? Porque à família não cabe a responsabilidade de educar a sua prol. Essa responsabilidade e obrigação é dos professores.
Caro Anthrax:
ResponderEliminarEstá com um fato tão lindo que nem sei quantos Ssselentes lhe devo atribuir...
Que grande festarola deu a carta do Professor!...
ResponderEliminarVou escrever-lhe, que a morada vinha no e-mail,a dizer para ler o 4R!...
Meus Amigos
ResponderEliminarAcabei de ler os vossos comentários que muito agradeço Nunca pensei que o meu grito ( "grito" ou "explosão"?) de revolta provocasse tanta discussão. Ainda bem, permito-me acrescentar.
Eu não acho o meu trabalho indigno; eu não posso é trabalhar porque os alunos não deixam!!!
O Estado paga-me para ensinar e ajudar a formar a personalidade de um jovem. Não me paga para subsituir a Família. Mas em vez de estarmos a falar de coisas vagas discutamos um caso VERÍDICO passado numa turma minha do 2º ano do CEF (que equivale ao 9º ano). Um aluno perguntou-me se dizer "porra" na aula era motivo para falta disciplinar porque a profª de Inglês o tinha expulso da sala. Na reunião semanal a profª disse que tinha corrigido o aluno quando ele disse "porra". Cumpriu a sua obrigação mais básica: ensinar boas maneiras ao aluno. Logo a turma se levantou toda contra a profª porque esta palavra não era asneira, até vinha no dicionário. E um disse que o pai dizia isto e mais aquilo, etc, etc. Até que um aluno rematou a discussão dizendo: "Porra não é asneira! Asneira é dizer f**** e c******!"
Claro que a professora o pôs na rua. Vejamos: 1º A profª em vez de estar a ensinar Inglês esteve a ensinar regras de boa educação; 2º A não aceitação e a ruidosa contestação à opinião da profª;
3º Imaginem o esforço da profª para tentar reunir de novo a atenção dos alunos para voltar a ensinar algum Inglês.
Pois eu acrescento uma coisa: Não há dinheiro nenhum de nenhum imposto, seja de A ou de B que pague o trabalho desta PROFESSORA! Só não compreende o papel de um professor quem nunca enfrentou um grupo de mal educados que cresceram como as silvas e chegam aos 15/16 neste estado de brutidão.
Que me desminta quem quiser. E já agora: se a má educação é um problema social por que é que hão-de ser só os professores a tentar curá-la? Por que é cada família não recebe um aluno destes em sua casa durante um fim de semana para lhe ensinar, ao menos, tento na língua?
Garanto-lhes que seria uma experiência extraordináriamente enriquecedora.
Atenciosamemente
Domingos Cardoso
Esqueci-me de uma coisa: diz um destes amigos que parte ( ou a totalidade) do meu vencimento vem dos seus impostos. Certíssimo!!! Mas não é menos verdade que eu também pago impostos para ele ser atendido por um médico quando vai a um hospital. Por isso, estamos quites!!!
ResponderEliminarDomingos Cardoso
Depois de ler todos estes comentários, não posso deixar de fazer também o meu, dirigido sobretudo, ao senhor que tão preocupado está com o destino dado ao dinheiro dos seus impostos.
ResponderEliminarAssim, diz o Sr. Tonibler
"Tenho um prejuízo: os meninos não vêm controlados de casa.
Tento corrigir o prejuízo: Ponho um professor a tratar do problema
Não corrijo o problema: O professor considera o trabalho indigno
Fico com dois prejuízos: Os meninos continuam por educar e pago a um professor na mesma.
E ainda há quem não perceba porque é que o país não tem dinheiro."
Não haverá aqui um grande equívoco?
É que o professor não é pago com os seus impostos, os meus, os de todos os portugueses (incluindo os impostos pagos pelo próprio professor) para "educar" meninos e meninas.
A tarefa do professor vai muito mais longe que isso e quem tem filhos (parece-me que o senhor não os tem porque certamente não diria o que diz se os tivesse) sabe que a educação pertence sobretudo à família e à escola cumpre, é certo, complementar a família, ensinando. Não se trata de ensinar boas maneiras, é muito mais que isso: é ensinar as crianças e jovens a exercer a cidadania, a não desistir depois dos fracassos, é ensinar a ser solidário, é ensinar a interpretar, é formar o seu espírito crítico, é ensinar a escrever, a ler com gosto, a contar, a fazer operações, a desenhar, é orientar em trabalhos de pesquisa, é criar e desenvolver-lhes o gosto por matérias tão diversas como a biologia, a matemática, a história, a geografia, a filosofia, é "abrir-lhes" os olhos para o mundo e para a vida, é, em suma, apetrechá-los para assumirem no futuro o seu lugar no mundo, na sociedade.
Tudo isto (e muito mais) cabe aos professores deste e doutros países pelo mundo fora e os que quiseram sempre ser professores, por íntima convicção, fizeram-no sempre com gosto embora nem sempre o seu trabalho tenha sido reconhecido.
Do que eles se queixam - e é este o caso deste professor - é da falta de condições de trabalho, do desinteresse, da desmotivação, da indisciplina, da má educação, da violência, do facilitismo, que existem hoje em muitas escolas.
O que este professor denuncia é o engano, o fracasso do ensino profissional (Cursos de Educação e Formação/ Cursos Profissionais), criados para evitar a exclusão e apontar saídas profissionais para tantos desfavorecidos, mas que, na prática, em muitos casos, não são mais do que formas de manter, por um lado, os jovens entretidos, ocupados, num espaço seguro (até quando?) e, por outro, usufruindo de subsídios, de virem a obter um diploma, enquanto não conseguem um emprego.
Do que se queixam os professores que dão aulas a estes cursos é da inadequação dos seus programas às dificuldades de aprendizagem e à falta de conhecimentos dos alunos que os frequentam.
Finalmente, o que desmotiva e desinteressa estes alunos é também eles próprios sentirem que foram de certa forma "enganados", porque os cursos afinal não correspondem às suas expectativas, porque são demasiado teóricos, porque pressupõem conhecimentos/competências em disciplinas como a Matemática, ou a Física e Química, ou Português que eles não têm nem se sentem capazes de vir a ter.
Não terão eles razões para se sentirem frustrados?
E este professor não terá também razão para exprimir um certo desânimo, depois de 36 anos de carreira, de não sei quantas experiências educativas que, conjuntamente com outros motivos, levaram ao estado em que se encontra a educação em Portugal?