sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Uma crise, profunda, de esperança


Faz sentido o Governo ser contestado na rua, a sua acção desencadear greves, mobilizações e manifestações, algumas ruidosas, e no entanto subir nas sondagens?
Ou será que existe uma deficiente percepção da real dimensão da contestação social?
Serão as sondagens e os barómetros um exercício de manipulação da opinião?

Estou convicto que existe um profundo desencanto em relação à situação do País, cada vez mais pobre e desigual; e ao mesmo tempo - sem que isso constitua um paradoxo - uma visível tendência para o PS, o seu líder e o Governo, consolidarem o seu predomínio.
Explico.
Para que a reacção social às políticas do Governo tivesse uma diferente expressão na opinião do eleitorado, era necessário que alguma força da Oposição polarizasse a esperança de políticas diferentes, capazes de inverter o preocupante curso das coisas, que nos arrasta, cada dia que passa, para o grupo dos últimos do pelotão.
Faltando alternativas inteligentes e credíveis que definitivamente assentem na ideia de que só se distribui o que se tem e que por isso é essencial criar riqueza, o Povo sensato pensa que para pior já basta assim...
A crise é, por isso, acima de tudo, uma crise de esperança.
Profunda, muito profunda...

3 comentários:

  1. Concordo com o seu ponto de vista caro Dr. J.M. Ferreira de Almeida, mas deixe-me acrescentar, que no meu ponto de vista, Portugal e os seus sucessivos governos reincidem num erro. Não se pensa Portugal, tendo como base as características do nosso povo. Os nossos políticos pensam o país, tentando aplicar as soluções que os países estranjeiros adoptaram. Ora caro Dr., do alto da minha completa ignorância, posso afirmar que não conheço qualquer país que tenha encontrado soluções para os seus problemas de ensino, de economia, ou seja do que for, copiando exemplos portugueses.
    Reafirmo, em minha opinião as soluções para os problemas de portugal, têm de ser pensadas por portugueses, para portugueses e têm de ser pensadas segundo as nossas realidades e características como povo.

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  2. Que existe uma crise de esperança (numa alternativa credível), é uma conclusão que, suponho,poucos quererão contestar.

    Mas há também, presumo eu, uma razão mais imediata: As pessoas, em geral, deram-se conta que as greves (mesmo as alcunhadas gerais) são sempre promovidas pela CGTP e restringem-se quase à função pública.

    Por outro lado, já interiorizaram uma conclusão óbvia: Os grevistas, isto é, parte da função pública, pertencem a um grupo de pessoas com as melhores condições laborais em Portugal.

    Finalmente, os funcionários públicos são cerca de 700 mil mas os trabalhadores portugueses do sector privado, independentes e por conta própria serão seis vezes mais. O número de contribuintes excede também em muito o número de funcionários públicos.

    Estando o governo (este e qualquer outro) condicionado pelas restrições orçamentais, e não podendo despedir excedentários, as reivindicações dos grevistas, para além de excederem aquilo que é alcançável pela grande maioria dos contribuintes, não é comportável pelas possobilidades orçamentais.

    Penso que a generalidade das pessoas já percebeu isto.

    E também penso que uma alternativa credível não pode deixar de ter isto em conta.

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  3. O problema é mesmo esse. As pessoas, o eleitorado, vêem uma maior crise no estado da oposição do que no estado da nação. Se aliarmos a fraca oposição à máquina montada pelo governo, bem "à americana", que gere e constrói toda a sua imagem, temos a razão da popularidade do governo.
    Agora, por melhor que fosse a prestação do governo, não há dúvida que ganha muito com a comparação às alterntivas que as pessoas vêem.

    Deixo uma graçola: Como se chamam os seguidores e apoiantes de Sócrates e da sua política?
    - Sócretinos.

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