sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Sinais

Nunca me interessou comentar sondagens. Pela simples razão de que há muito que lhes deixei de lhes reconhecer qualquer crédito.
Se me refiro à que vem divulgada hoje e que revela sintomas de desgaste do PS, mas ao mesmo tempo do PSD, não é para comentar métodos e resultados ou mesmo propósitos de mais uma sondagem. É somente para sublinhar que o estudo, valha ele o que valer, é mais um sinal que aponta para o acentuar da crise de credibilidade de que sofrem os partidos políticos e os seus dirigentes.
Não porventura tão significativo como o que resulta da enorme ampliação mediática que têm declarações de pessoas sem ligações ao mundo partidário, mesmo que profiram a mais banal das análises. Passou-se isso com as declarações do General Garcia Leandro. Não disse mais nem melhor do que alguns dirigentes partidários o tinham repetidamente feito. Mas o que estes disseram foi recebido com o já habitual desprezo colectivo. O que o General disse teve um efeito telúrico.
O mesmo se passou com o Engº Belmiro de Azevedo. Há dias, numa conferência, disse duas coisas que muita gente ligada aos partidos políticos tem dito: que a carga fiscal atingiu um nível que constitui um travão ao crescimento e que são escandalosos os lucros da banca, penalizando o sector produtivo que tem de recorrer ao crédito e pagar a preços elevados os serviços bancários. No dia seguinte o País acordava com a notícia de uma epifânia protagonizada pelo patrão da Sonae.
Seria uma prova de inteligência se os partidos políticos refletissem bem nestes sinais. Só que a crise também é, infelizmente, uma crise de inteligência.

4 comentários:

  1. Aqui me apresento a assinar por baixo. Posso?

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  2. Grande JMFA,

    Subscrevo inteiramente.

    Cá me cheira que os partidos políticos andam a comer ananases na lua.

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  3. Caro Dr. JMFA,
    os sinais evidentes de falta de credibilidade nos partidos, lembra-me quando ainda jovem, uma mercearia que existia na rua onde morava. O merceeiro não era simpático, a arrumação dos produtos nas prateleiras quase inexistente, os preços, segundo as opiniões generalizadas, apresentavam-se mais caros em variados produtos, comparativamente com os praticados por outros merceeeiros. No entanto, aquela mercearia mantinha a freguesia, era até, possívelmente, das mais frequentadas da zona. Diziam algumas clientes, quando questionadas sobre o motivo porque continuavam a comprar ali, que acabava por ser a que se encontrava mais "à mão", mas que "qualquer dia mudavam".
    Questionará o caro Dr. se estou a tentar estabelecer um paralelo comparativo entre aquela mercearia(já não existe) e os partidos políticos portugueses...
    Estou, para ser franco, estou.
    No meu ponto de vista, estão a acontecer dois fenómenos politico-sociais em simultâneo: a falta de credibilidade dos partidos e a falta de fidelidade dos partidários.
    Não consigo afirmar se uma conduz à outra, mas suspeito bem que sim.
    Por outro lado, caro Dr. não conseguimos nunca descolarmo-nos da velha inercia lusitana e, apesar dos prejuízos, acabamos por optar invariávelmente por aquilo que se encontra "mais-à-mão".
    Vai-se ver, está tudo relacionado com os posicionamentos geográficos.

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  4. -PS a perder a maioria, PSD a descer, CDS idem, quem estará a subir? A ND? Ou os saudosistas do PREC? A falta de credibilidade dos partidos, coloca em crise a própria democracia e o estado de direito.

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