Na corrente e deliciosa polémica em torno das alterações ao Regulamento de Disciplina Militar do PSD (RDM/PSD), terá sido agora suscitada uma das mais extraordinárias sugestões: um suposto novo sistema de pagamento de quotas vir a ser manipulado como instrumento de branqueamento de capitais...
Tanto quanto estou informado, a quota mensal paga pelos “militares” do PSD é de 1€...
Quer isto dizer que se terá levantado a suspeita de, através do pagamento de 1€/mês efectuado por terceiro não co-obrigado nesse pagamento, poder estar - não apenas um gesto de cínica generosidade ou de aquisição mercantil de preciosos votos – mas um canal de branqueamento de capitais!
A coisa foi ao ponto de na edição de hoje de um dos jornais gratuitos, aparecer como título de primeira página exactamente a ligação entre as alterações do RDM/PSD e o branqueamento de capitais...
Segundo a sugestão em causa, o branqueamento de capitais ter-se-á transformado em fenómeno de tal modo popularizado ou democratizado que até as pessoas de baixíssimos rendimentos estarão a servir-se desta infamante prática!
A possibilidade de se registarem operações múltiplas de branqueamento de capitais de €1/mês via quotas do PSD deverá assim constituir, doravante, mais uma preocupação para as Autoridades encarregadas da investigação criminal, quiçá como primeira prioridade...
Admite-se até que as brigadas de combate ao banditismo tenham de ser consideravelmente reforçadas para atacar este novo e deletério fenómeno que ameaça a coesão social e nacional!
Diz-se às vezes que o ridículo mata...neste caso, suspeito de que a intensidade letal é de tal ordem que justifica a adopção de providências extraordinárias para protecção do fenómeno...
Caro Tavares Moreira:
ResponderEliminarNo meio de tudo isto, o que verdadeiramente me admira é que os dirigentes decidiram que os militantes do PSD ainda estão num estádio primitivo de economia desbancarizada, sem acesso a um multibanco ou, talvez, e pior, são incapazes de fazer os pagamentos das quotas por esse meio. Como tal, esses infelizes militantes são apenas capazes de fazer pagamentos de doze euros por ano em dinheiro, na sede, onde supostamente terão que se deslocar!...
Pensando melhor, pode haver um obstáculo técnico. É que as máquinas multibanco apenas permitem a transferência diária de um máximo de 2.500 euros. E pode haver muitos militantes a pagar, supunhamos, quotas de 5.000 euros. Era, de facto, aborrecido ter que ir ao multibanco em dias diferentes. Por isso, a entrega em dinheiro dá sempre um jeitito.
E se alguém aparecer a pagar a quota, tanto melhor. O militante fica agradecido!...
Oh Pinho Cardão, confesso que desse precioso "detalhe" não me tinha apercebido, tão absorvido fiquei com a magna questão do branqueamento de capitais.
ResponderEliminarMeu Amigo tem toda a razão: não é justo impor a um "militar" do PSD -e uma alta patente, com certeza - a ida em dois dias diferentes ao Multibanco para pagar 2X€2.500,00!
Direi que seria mesmo de uma inaudita violência!
Andaram muito bem tais Dirigentes que assim puseram termo a tão nefanda injustiça!
Mas será possível que meu Amigo também tenha ficado muito preocupado com a porta que assim se abre, escancarada, ao branqueamento de capitais?
Caro Tavares Moreira:
ResponderEliminarNem tanto, caro TMoreira.
Fiquei é deveras preocupado com o facto de os militantes do PSD desconhecerem os modos de pagamento electrónicos, não serem capazes de fazer pagamentos via multibanco e apenas estarem preparados para pagamentos com dinheiro.
Exige-se um choque tecnológoco para os militantes do PSD!...
Deve dar um trabalhão branquear capitais a 12€ de cada vez! De facto,caro Tavares Moreira, é difícil perceber como é que se pretende dignificar a política com saídas deste género.
ResponderEliminarPois é Cara Suzana, temos o País tão cheio de preocupações,tantos cidadãos ilustres empenhados e preocupados nestas magnas questões das quais depende criticamente a felicidade do Povo - que causa espanto verificar como é que ainda restam problemas por resolver...
ResponderEliminarA pouca dignificação da política até será um mal menor...
Por este andar é preciso ter cuidado com o micro crédito. Pode ser que os militantes recorram ao micro-crédito para financiar actividades ilicitas....
ResponderEliminarExactamente André,o microcrédito pode vir a transformar-se - se é que tal não aconteceu já - numa fonte de macro-problemas, tais como o narco-tráfico em grande escala, a compra e venda de armas e o branqueamento de capitais...
ResponderEliminarE podem ainda os "militares" do PSD vir a recorrer ao micro-crédito para pagamento das suas quotas e nesse caso teríamos um cenário dantesco!
Os meus amigos riem-se, mas pagamentos em dinheiro vivo e fresco aos Partidos não ajuda nada à seriedade destas Instituições.
ResponderEliminarE pode fazer retornar os abusos do passado, de pagamentos por grosso de quotas de militantes arregimentados para qualquer votação.
A questão do branqueamento derivou, segundo me foi dito, de uma pergunta a Rui Rio feita por um jornalista, se o pagamento em dinheiro favorecia o branqueaento. Rui Rio terá dito que isso podia acontecer. De facto, pode, em pequeníssima escala, não significativa, mas é uma possibilidade, embora remota. Contudo, e fora deste contexto, o facto foi aproveitado para denegrir a posição dos 10 ex-Secretários Gerais do PSD que contrariavam a posição do actual Secretário-Geral.
Vista a frio, e fora do contexto, de facto a afirmação genérica de que o pagamento de 12 euros pode levar ao branqueamento de capitais é ridícula.
Mas o contexto em que a afirmação foi feita reduz-lhe e limita-lhe o significado.
Rui Rio vai ser ouvido pelas altas instâncias do PSD. Para se explicar. Se a explicação for tecnicamente consistente espero que não seja publicada. Não é bom andar por aí a explicar como se faz branqueam... (e o resto não escrevo) através de pequenos montantes. Se calhar ainda vai dar ideias para um aumento das quotas.
ResponderEliminarComeçando a brincar e acabado a sério :
ResponderEliminarPois. A Manuela Ferreira Leite também não sabe usar o MB. Ficou uma vez sem votar à boca das urnas por não ter as quotas em dia...
A questão é séria- Os secretários Gerais acusam os caciques locais de quererem controlar quem vota e quem não vota. Os caciques locais acusam os sercetários gerais de centralismo e de quererem controlar eles quem consta e não consta nos cadernos eleitorais
Contudo a solução é simples e passa por desligar a questão do voto da questão da quota. Ter as quotas em dia ou não, não deve intervir com o direito de votar. O direito de votar é um direito de quem é reconhecido como militante.
Por outro lado ter as quotas em dia é um dever inultrapassável de um militante. Assim sugere-se que quem tenha dois anos de quotas em atraso receba uma carta a solicitar o pagamento em 15 dias. Caso não faça o pagamento pedido simplesmente perde administrativamente a condição de militante. Este será um processo anónimo, individual, e desligado dos processos eleitorais. Tem ainda a grande vantagem de desta forma se fazer a actualização automática do ficheiro do Partido, sem ter de se recorrer a processos complicados como o da refiliação.
Propus esta alteração no Congresso em que se reviram os estatutos. Ninguém ligou nenhuma.
António Alvim
Ps Uma das razões porque Mendes perdeu foi por se ter deixado enredar na questão das quotas. Às tantas até o acusavam de ter uma tribo de indíos brasileira a votar nele...
Pois é!...
ResponderEliminarMeus Caros, depois de tudo o que se tem dito e escrito acerca deste tema - e para o qual fui alertado pela magna questão do branqueamento, confesso que até aí não lhe tinha dado um mínimo de atenção - tenho a percepção de que nos encontramos numa daquelas encruzilhadas da vida em que assistimos a uma montanha parir um rato...
ResponderEliminarDe facto o facto de o pagamento das quotas ser feito em dinheiro, em cheque ou pelo multibanco é, em minha paupérrima opinião, absolutamente irrelevante!
O facto de o pagamento ser feito em cheque não é normal, para as quantias envolvidas...
O facto de o pagamento ser feito por multibanco que não em €, nada obsta ao pagamento por terceiro não coobrigado...
Basta que um "militar" de alta patente recolha os papeis de N militares de mais baixa patente, tratando ele próprio ou um/dois/três/quatro eficiente/s mandatário/s de efectuar o pagamento na respectiva caixa ou em N/5 ou 6 ou 7 caixas...
Bolas para esta discussão, é do mais patético que tenho testemunhado - sobre este tema, tenho dito!