Acabo de receber, por e-mail, um texto escrito pelo meu amigo Fernando Charrua, subordinado ao título "EDUCAÇÃO - AGRAVAMENTO DA CRISE - RESPONSÁVEL"
"Grito aos quatro ventos e as TV cortam, cortam… Vejo-me depois a expressar uma ideia fora do contexto, por acaso, ou não, a menos importante, a menos agressiva. E assim vai a informação livre em Portugal!
O raciocínio é simples:
A Srª Ministra da Educação elegeu a guerra às estatísticas do insucesso escolar e do abandono como objectivos do seu Governo. Parece bem, dirão muitos.
Como o fez?
Com o novo Estatuto do Aluno, a Srª Ministra fechou a porta à reprovação por faltas injustificadas. O aluno que ultrapasse o número limite de faltas (triplo do número de aulas semanais) é objecto de plano de recuperação e de um teste adequado ao plano e se falhar, terá ainda outro.
A retenção/não progressão causada pelo excesso de faltas é enorme nas nossas Escolas! Diria que no Ensino Básico rondará os 10%. No Ensino Secundário, talvez 20%. Teremos assim uma média de 15% de insucesso, que será extirpado das estatísticas.
1º objectivo cumprido
O abandono escolar é combatido com a introdução desse parâmetro na AVALIAÇÃO dos docentes.
Se um professor tiver três alunos em abandono escolar, isso significa cerca de 10% de um parâmetro não conseguido e, como tal, negativo na avaliação do docente.
2º objectivo cumprido.
As medidas têm, no entanto, efeitos colaterais:
1º- Os alunos já perceberam que poderão faltar às aulas e que o professor tudo fará para o transitar de ano (plano de recuperação e testes adaptados ao que efectivamente souber)
2- Se não é preciso frequentar as aulas, que valor tem a sala de aula? A Srª Ministra dessacralizou a aula, que em tempos era “sagrada”.
3 Os docentes não participarão infracções, já que os parâmetros são a relação pedagógica, o sucesso educativo e o abandono escolar. Se o docente participar as infracções, que nota obterá na relação com os alunos? Se o docente participar as infracções como avaliará o aluno, se o comportamento pode valer 25% da avaliação? Se o docente participar a infracção sujeita-se a que o aluno abandone o sistema. Muitos alunos abandonam o sistema porque tiveram problemas disciplinares (+/- 5%). Os professores não participarão as infracções e aumentam, sem querer, a impunidade. Mas como queremos que eles participem as infracções se é sabido que isso influi negativamente na sua avaliação?
Estes factores explicam cabalmente o comportamento dos nossos alunos e o comportamento dos futuros alunos da escola pública.
Fenómenos de indisciplina surgirão, com maior requinte e quantidade, os docentes sofrerão humilhados, calados, sem autoridade e sem esperança e a Sr.ª Ministra verá as estatísticas do insucesso e do abandono finalmente a decrescer (facto que, politicamente, é um fim).
Não me venham dizer que ainda não está em vigor, porque falta regulação no regulamento interno.
Se não valer para já, vai valer para o ano. Está publicado num Decreto-Lei e Decreto Regulamentar e promulgado pelo Sr. PR."
"Grito aos quatro ventos e as TV cortam, cortam… Vejo-me depois a expressar uma ideia fora do contexto, por acaso, ou não, a menos importante, a menos agressiva. E assim vai a informação livre em Portugal!
O raciocínio é simples:
A Srª Ministra da Educação elegeu a guerra às estatísticas do insucesso escolar e do abandono como objectivos do seu Governo. Parece bem, dirão muitos.
Como o fez?
Com o novo Estatuto do Aluno, a Srª Ministra fechou a porta à reprovação por faltas injustificadas. O aluno que ultrapasse o número limite de faltas (triplo do número de aulas semanais) é objecto de plano de recuperação e de um teste adequado ao plano e se falhar, terá ainda outro.
A retenção/não progressão causada pelo excesso de faltas é enorme nas nossas Escolas! Diria que no Ensino Básico rondará os 10%. No Ensino Secundário, talvez 20%. Teremos assim uma média de 15% de insucesso, que será extirpado das estatísticas.
1º objectivo cumprido
O abandono escolar é combatido com a introdução desse parâmetro na AVALIAÇÃO dos docentes.
Se um professor tiver três alunos em abandono escolar, isso significa cerca de 10% de um parâmetro não conseguido e, como tal, negativo na avaliação do docente.
2º objectivo cumprido.
As medidas têm, no entanto, efeitos colaterais:
1º- Os alunos já perceberam que poderão faltar às aulas e que o professor tudo fará para o transitar de ano (plano de recuperação e testes adaptados ao que efectivamente souber)
2- Se não é preciso frequentar as aulas, que valor tem a sala de aula? A Srª Ministra dessacralizou a aula, que em tempos era “sagrada”.
3 Os docentes não participarão infracções, já que os parâmetros são a relação pedagógica, o sucesso educativo e o abandono escolar. Se o docente participar as infracções, que nota obterá na relação com os alunos? Se o docente participar as infracções como avaliará o aluno, se o comportamento pode valer 25% da avaliação? Se o docente participar a infracção sujeita-se a que o aluno abandone o sistema. Muitos alunos abandonam o sistema porque tiveram problemas disciplinares (+/- 5%). Os professores não participarão as infracções e aumentam, sem querer, a impunidade. Mas como queremos que eles participem as infracções se é sabido que isso influi negativamente na sua avaliação?
Estes factores explicam cabalmente o comportamento dos nossos alunos e o comportamento dos futuros alunos da escola pública.
Fenómenos de indisciplina surgirão, com maior requinte e quantidade, os docentes sofrerão humilhados, calados, sem autoridade e sem esperança e a Sr.ª Ministra verá as estatísticas do insucesso e do abandono finalmente a decrescer (facto que, politicamente, é um fim).
Não me venham dizer que ainda não está em vigor, porque falta regulação no regulamento interno.
Se não valer para já, vai valer para o ano. Está publicado num Decreto-Lei e Decreto Regulamentar e promulgado pelo Sr. PR."
24 de Março de 2008
Atenciosamente
Fernando Charrua
É possível espalhar o mal pelas escolas, mas vai prevalecer o bom senso de todas as partes - professores, direcções e outros avaliadores.
ResponderEliminarBem, esclarecendo desde já que, na minha opinião "achista", o estatuto do aluno deveria ter um artigo único "O aluno não tem estatuto para ter estatuto", este texto também me puxa ao seguinte comentário, também "achista", claro:
ResponderEliminarO objectivo do sistema de ensino público é ensinar os alunos independentemente das suas condições sociais ou culturais, da vontade dos pais, da vontade dos filhos, etc... Se os professores forem um meio para isso, bom; senão, arranjam-se outros meios.
O objectivo de não deixar os miúdos sair da escola faz parte do objectivo principal. Chumbá-los por faltas não faz. Por isso, diria que a proposta da ministra vai no sentido do objectivo principal e as críticas aqui escritas, não.
Se isso faz parte dos parâmetros de avaliação dos professores, ou não, é um critério. E aqui há que questionar se os professores estão ou não empenhados no cumprimento dos objectivos principais do sistema que quer alunos disciplinados e na escola. A participação faz parte da disciplina e, sem prejuízo desta, há que manter o miúdo dentro do sistema. Podem dizer-me que não é fácil mas, se o fosse, fazia-o eu, não precisava de pagar a ninguém.
Portanto, dizerem-me que os professores não participarão as infracções é o mesmo que dizerem-me que mais vale dispensar todos os professores, passar a contratar escolas e, depois, as escolas que contratem os professores que quiserem desde que cumpram com o objectivo principal que, recordo, é ensinar os alunos não é satisfazer os professores.
Este meu "achismo" pode vir em contra-ciclo, mas é o que eu acho e voto em quem achar a mesma coisa.
Ontem, assistimos ao comentário de António Vitorino, em directo de Maputo, em que o rubicundo senhor, numa apologia descarada às políticas da Srª Ministra e, depois de ele mesmo evidenciar a tendência nacional para "diluir as responsabilidades" quando sucedem casos bicudos, acabou por seguir as tendências e insinuar diferentes "justificações" para o corrido.
ResponderEliminarEu, que sou um parolo de primeira apanha, reduzo o caso a uma mera falta de educação demonstrada pela menina e por um número indeterminado de alunos que se encontravam na mesma sala. E, caríssimos amigos, eu só conheço uma forma de fazer reverter faltas de educação, que é, educando. E, se já não se sabe como educar, se já se perdeu o conhecimento, ou o jeito adequado de o fazer... então faça-se a vista-grossa e das tripas, coração, aguardando-se paulatinamente que termine este "estágio de evolução social".
Entretanto, cá para mim, sempre que as imagens apareçam na TV, deve ser dada informação aos telespectadores da marca do telemóvel que filmou a cena, assim como da rede que o mesmo utiliza.
É uma forma de as empresas envolvidas poderem tambem entrar no rol de potênciais responsáveis pelo ocorrido, o que fará certamente com que as suas vendas cresçam.
Afinal? O Governo pretende dinamizar as empresas, ou não?
Tonibler
ResponderEliminarTudo certo, mas que não se dê sinais contraditórios com esses objectivos. Ora, o que o Fernando Charrua diz - e muito bem - é que esta avaliação irá colocar os professores num dilema cuja solução poderá contrariar os principais objectivos das escolas.
O meu achismo subscreve em absoluto os achismos do comentário do Tonibler.
ResponderEliminarPara quê o estatuto? Os alunos não precisam de ler o estatuto, como não o lêem, para saberem os seus direitos. Os direitos são “naturais”, o resto são detalhes. Como é “natural” a autoridade do professor. E sendo natural, há quem a exerça bem e quem a exerça muito bem. E há também quem tenha dificuldade em exercê-la. Mas não é por causa de um qualquer regulamento que será facilitada a vida a estes. Há, de facto, uma forma de facilitar a vida a quem tem dificuldades em exercer a autoridade natural. Mas isso já não se chama autoridade mas sim autoritarismo.
E não me venham dizer que isto é muito diferente do que eu vi nas escolas no meu tempo. Em que até havia autoritarismo: director a ir às salas de aula defender um professor, professores agredidos por alunos, alunos castigados, expulsos, etc.
E agora a escola é mesmo para todos, o que não acontecia nesse tempo. Não chegavam lá todos e o aluno que começava “a complicar as coisas” era posto a andar. Ia trabalhar, tivesse 16, 14, 12, 11 anos. E menos!
Mas agora, um dos objectivos que exigimos à escola é mesmo que não ponha os miúdos de lá para foram antes dos 18 anos. E isto está bem e é mesmo assim que, pelo menos eu, quero. E acho que toda a gente quer.
Esta é a situação e isto é que é novo: a escola para todos e não queremos que eles de lá saiam antes da maioridade. Isto é que muda as coisas relativamente ao passado. A sociedade está diferente? E daí? Quanto mais não seja porque a escola que queremos ser tão diferente a sociedade não podia ser a mesma. Parafraseando o Dr. Pinho Cardão nos posts anteriores, as mudanças na sociedade não serão tanto uma causa mas talvez um efeito da forma como hoje é encarada a escola.
Por isso, não venham com soluções passado para uma escola que queremos completamente diferente daquela. O paradigma é outro.
E isto tudo faz a vida dos professores muito difícil? Pois vai, mas não há outro caminho. Eles é que são os profissionais, e praticamente os únicos, nesta “fábrica”!
Quanto a estas relações de causa e feito, como as do texto do Dr. Charrua, tenho a certeza, não resistirão a um estudo minimamente cuidado, se o fizerem. Os factos desmentirão as s teses. Meros desvios do foco do problema.
Bem, isto é o que eu ACHO.
Concordo quase em absoluto com os comentários de Tonibler e SC. Devolver à rua os estudantes problemáticos apenas transfere o problema, desta vez para local sem um mínimo controlo. Claro que mantê-lo na Escola pode tornar a vida de um Professor um verdadeiro Inferno, mas a questão terá que ser resolvida por meios menos "fáceis" ( para a Sociedade ) que a simples expulsão/irradiação do sistema.
ResponderEliminarO problema do mau comportamento nas Escolas estará a agravar-se? Posso apenas acreditar que sim, porque nada me liga ao problema além do dever de cidadania que é o de estar informado e interessar-me. Mas há 30 anos já Tia minha se queixava, na Amadora, de descontrolo dos estudantes e até de ameaças. Não é novo, e não aconteceu com a actual Ministra. O Professor Charrua sugere, aliás, que o nível intelectual dos petizes, nomeadamente os mais irrequietos, é inesperadamente elevado: leram atentamente a Lei e o Estatuto do Estudante.
Admito que os Professores possam ser injustamente penalizados pelo abandono de alguns alunos. Se essa ameaça existe é absolutamente essencial que se alterem os critérios de avaliação. Mas em vez disso parece-me que, na tão celebrada Manif, se pretendia mais: pretendia-se que não houvesse avaliação.
Até à Maioridade os jovens são representados, em sede de responsabilidade, pelos seus Pais. Na grande maioria dos casos, penso eu. Face à intervenção do Sr Procurador da República surgiram-me algumas dúvidas. A Justiça tem sido JUSTA na responsabilização dos "Encarregados de Educação", alguns dos quais completaram, com as mãos no corpo dos Professores, o que as suas adoráveis cranças já tinham começado? Tem sido JUSTA e TEMPESTIVA? Também deveriamos ir por aí.
E para concluír...
ResponderEliminar*grins*
... Pois eu "axo k bócêzes" estão todos a delirar e "axo k" os nossos alunos devem ter estatuto... e "axo k" os moços devem transitar de ano mesmo que não ponham os presuntinhos na sala de aula.
Resumindo: Se "bócêzes kerem" servir-se sozinhos nos MacDonalds deste país, isso é convosco. Eu "kero" ter alguém que me sirva cada vez que vou comer fora. Logo, se conseguem treinar um macaco para carregar nos botões de um computador, também conseguem treinar os putos a fazer a mesma coisa. Dá-se-lhes uma bananita (com uns choques eléctricos à mistura) e o assunto fica resolvido.
Que mauzinho, que eu sou lol...
ResponderEliminarJá vi que lá pelas suas bandas andam grandes obras, querido amigo antrahx!
;)
Não há como o Anthrax para pôr os pontos nos iis!...
ResponderEliminarPor mim, proponho o Anthrax para Avaliador- Mor, com decisões sem recurso. E começava logo por avaliar a Chefe e a Ministra!...
Eh eh eh eh eh :)
ResponderEliminarPois é jotac, ando em obras porque já estou enfadado com o "look" do bicho. Quero dar um outro ar ao blog (e ver se dá para acrescentar mais duas áreas, exclusivamente, dedicadas a outros dois temas), se conseguir fazer isto penso que o meu blog ficará mais interessante.
Dr. PC, não me diga uma coisa dessas que fico com aspirações a ser o próximo Torquemada. :)) No que respeita à chefe, devo dizer-lhe que já me trocaram o "brinquedo". Agora temos uma boneca nova. Veio cheia de ideias novas, cheia de vontade, muito mais simpática mas, não vai dar em nada porque já começou a tropeçar nos pedragulhos deixados pela outra. Aqui entre nós que ninguém nos ouve, no espaço de 2 meses, além da auditoria da CE, já nos cá cairam os polícias do OLAF (aka Gabinete de Luta Anti-Fraude da CE). Como se isto não fosse o suficiente assim para começar, também já levou com a cacetada das Tutelas a propósito da contratação de mais pessoas (a bem dizer, nós estamos extremamente sub-dimensionados e não temos capacidade de resposta face ao volume de trabalho e face às exigências da CE). Ora, «portantos», a moça a modos que anda um pouco apardalada (e já teve um princípio de esgotamento, o que é um pouco estranho porque a pobre só entrou em Janeiro, logo ainda é um pouco cedo para ter estas coisas).
Quanto ao estafermo velho, penso que ainda deve estar entupida com o meu anexo de 7 páginas à auto-avaliação (no qual aproveitei para lhe chamar tudo ao estilo do Anthrax). «Portantos», entrevista de avaliação foi adiada sem data prevista e eu tudo o que sei de momento, é que me vão aumentar o ordenado (o que já não é mau de todo).
Eu ainda gostava que alguém me explicasse, sobretudo o comentador SC, porque diabo deve a escola ser obrigatoriamente para todos e não apenas para os que dela aproveitam. Uma coisa é todos terem oportunidades e haver ensino com um abrangente leque de escolhas por forma a dar oportunidades a todos os alunos. Outra totalmente diferente é dizer que todos têm que estar na escola, todos têm que seguir a mesma cartilha, todos têm que seguir em filinha indiana muito bonita, igual para todos independentemente das suas capacidades e apetências.
ResponderEliminarE de caminho pode explicar também para que serve os alunos não chumbarem, não abandonarem a escola, não isto e não aquilo por forma a terem o diploma do 12º ano mesmo que não saibam distinguir uma vaca de uma ovelha. Apenas para inglês ver? É que com a diminuição da exigencia é isso que está a acontecer.
Parece que alguns dos comentários aqui deixados demonstram que a minha decisão de deixar a profissão de professor do ensino público não superior foi a mais acertada.
ResponderEliminarSe existem pessoas que consideram que mais importante que APRENDER é ser ENTRETIDO até perfazer os 18 anos à custa dos IMPOSTOS dos outros, então porque não entregar o certificado de habilitações equivalente ao 12º ano aquando da entrega do Bilhete de Identidade?
Esse raciocino é tão básico (tal como o da ministra da educação que até dá pena) que se esquecem que Portugal não esta sozinho no mundo. Esse raciocino parte do princípio ERRADO que Portugal é uma ilha isolada com uma economia próxima daquela da Albânia.
Meus caros, afinal o que querem? Querem condenar todos aqueles que não têm condições financeiras e/ou culturais a serem analfabetos funcionais? Querem transformar a escola pública, numa espécie de "escola" para os "pobres"?
Se é isso o que pretendem, continuem a defender o facilitismo, o entretenimento e a guarda de crianças e jovens na escola pública.
Sei bem do que falo, como já referi já fui professor do ensino não superior público durante 2 anos e fiquei de boca aberta com: a violência diária na escola, a indisciplina inacreditável, a tolerância inconcebível por parte de toda a gente (porque já estão habituados), o facilitismo inconcebível (para se ter uma ideia de 12 turmas que tive desde o 8º ano até ao 11º ano, posso garantir que menos de 10% sabiam a tabuada e menos de 5% sabiam o nome da capital dos Estados Unidos da América), a burocracia que fazia corar de vergonha qualquer país da antiga União Soviética, o centralismo saloio e indigno de um país que se diz pertencer à União Europeia, o desprezo social que a figura de professor acarreta (é simplesmente nojento), o facto REAL que neste país se considera que o professor é responsável por quase tudo, o salário ridículo que recebia (mil euros), as condições de trabalho serem próximas das praticadas nas antigas fábricas do sector têxtil em Vila Nova de Famalicão, não ter um gabinete com computador e resmas de papel, etc...
Acreditem, a médio prazo pouca gente quererá ser professor em Portugal...!
A propósito, hoje ganho 2,4 vezes mais e sou respeitado.
Continuem com essa filosofia que Portugal irá longe...
Justino, Valter e Lurdes, a mesma luta, o meu trio para a rua!...
ResponderEliminarDe facto, a qualidade de alguns comentários aqui deixados (que não a dos "posts" do blogue) falam por si e comprovam tudo o que se diz do ensino e de Portugal.
ResponderEliminarContinuem a bater palmas que daqui a uns anos choram...
Caro comentador Fartinho da Silva:
ResponderEliminarPermita-me que me solidarize com o seu "achar"~, principalmente nesta parte:
"...Meus caros, afinal o que querem? Querem condenar todos aqueles que não têm condições financeiras e/ou culturais a serem analfabetos funcionais? Querem transformar a escola pública, numa espécie de "escola" para os "pobres"?".
Cinco estrelas!
Pois meus caros, estou no alinhamento do Zuricher e do fartinho da silva.
ResponderEliminarAinda ontem comentava no Crackdown que isto era "Broken Windows", ou reparam agora as pequenas janelas partidas do edificio, ou quando derem por ela vão ter de reparar um quarteirão inteiro (e isso sim consome muitos mais recursos).
É a mesma coisa que se passa com a pequena criminalidade, ou agem eficazmente sobre ela enquanto é pequena, ou vão ter de lidar com ela quando esta for grande e depois fica tudo muito espantado sem saberem como se chegou a isto. No entanto, se forem à esquadra apresentar uma queixa, a criaturinha fardada que lá está vai fazer de tudo para vos demover de apresentar essa queixa e é assim que se pretende baixar a criminalidade em Portugal.
Como vêem, está perfeitamente em sintonia com o que se pretende para a educação.
CAro Zuricher,
ResponderEliminarA resposta à sua questão é: porque o custo vai lá estar sempre, ou na forma de educação, ou na forma de polícia, ou na forma de um médico para curar a facada que lhe deram. Este é o custo menor.
De qualquer forma, não se trata de entreter os putos até aos 18 anos, essa é uma forma redutora de encarar o problema e, provavelmente, a forma de criar um problema maior ainda.
Tonibler, efectivamente o custo vai lá estar sempre. E os custos a que alude na forma de polícia ou médico continuarão a estar independentemente de os meninos serem presos ou não na escola até aos 18 anos, queiram estar lá ou não. Aliás, com a desautorização das figuras tutelares da sociedade em geral e da sociedade escolar em particular esses custos aparecem cada vez mais cedo porque os meninos cada vez mais cedo passam de menininhos a patifinhos.
ResponderEliminarAgora, a pergunta é o que queremos que seja o custo da educação. Queremos que seja um investimento na efectiva formação dos nossos jovens, que eles aprendam, ganhem competências e conhecimentos para a sua vida futura? Ou será que queremos que seja uma mera despesa em que os jovens andam por ali, passam o tempo, vão passando de ano, obtêm um diploma do 12º ano mas, na realidade, não sabem absolutamente nada, não têm competências, não têm conhecimentos, enfim, perderam 18 anos da sua vida?
Investimento ou despesa?
Quanto ao entreter os miúdos até aos 18 anos, olhe que não anda longe da realidade e, a continuarmos assim, chegaremos à escola-circo, não duvide. Cada vez mais as famílias vêm na escola o sítio onde podem depositar os filhos enquanto andam nos seus afazeres em vez de verem a escola como um local de respeito, de aprendizagem, de ensinamento, de trabalho e de saber. O triste é que sucessivos governos têm fomentado este pensamento. Aceito que a criação de estruturas para as crianças serem depositadas e ocuparem o seu tempo enquanto os pais trabalham possam existir. Não se chamam é "escola".
Essa história da escola para todos e igual para todos é uma utopia. Uma coisa é todos terem oportunidade de dela beneficiarem. Outra bem diferente é todos quererem e terem a capacidade para aproveitar a sua bondade.
Concordo em absoluto com a opinião do Zuricher.
ResponderEliminarE o que dizer do «achismo» do Tonibler e outros? Compreendo-o porque até há uns anos pensava mais ou menos na mesma.
Até que, por razões familiares, passei a acompanhar a realidade escolar de perto. E percebi que a diferença entre o que eu achava e a realidade da escola era imensa.
Pena que quem decide também não perceba nada disto.
Caros Zuricher e Rom_8,
ResponderEliminarDepois de saber hoje que a professora autorizava os alunos a usar o telemóvel para ouvir música nas aulas, nem me falem mais em culpa de pais, depósito, etc...
A professora efectivamente não devia ter permitido o uso dos telemoveis para ouvir música, sem qualquer dúvida. Todavia esse pormenor não invalida tudo o resto que foi dito sobre a escola e a educação.
ResponderEliminarSabe Deus as pressões a que os professores vêm estando sujeitos por causa dos telemoveis e, ainda que não desejavel e motivo de censura, vislumbro o porquê de a professora ter permitido o uso para ouvir música, para mais sendo uma aula de teste.
A questão é que aparentemente a aluna extravasou o âmbito da permissão concedida - ouvir música - para atender uma chamada da mãe. Que diabo! Será que as pessoas não sabem ver onde está o risco contínuo e efectivamente não o pisar?
Caro Zuricher,
ResponderEliminarIsto mostra que qualquer monte de bosta pode ser colocado à frente dos nossos filhos como professor. E este parece-me ser ("ACHO") o primeiro problema a resolver, limpar as salas de aula de "profissionais" destes. Depois, quando estivermos a falar de professores de facto, então teremos outros problemas. Com este exemplo fiquei completamente convencido da necessidade de as escolas terem um patrão.
Caro tonibler depois de ter lido este seu último lamentável comentário, pergunto que tipo de profissional sem aspas poderá, para si, ser o professor dos seus filhos?
ResponderEliminarCaro Fartinho da Silva,
ResponderEliminarSe o pedreiro lhe encher a parede de cartão você sente-se roubado. Se a cozinheira lhe enfiar comida pôdre no prato você sente-se roubado. Se o taxista der a volta à cidade para fazer 1 km você sente-se roubado. Quando um professora de francês autoriza os alunos a ouvirem música no telemóvel nas aulas, eu sinto-me roubado. Qualquer um destes exemplos são exemplos de gente que rouba.
Um profissional sem aspas, é-o sempre, você consegue-o identificar num taxista, numa cozinheira, num pedreiro e, por maioria de razão, num professor.
Ah, e não é um problema dos meus filhos, é um problema dos nossos filhos porque são esses que são pagos com o dinheiro dos meus impostos.
Ou se calhar mesmo aqueles que eram bons professores, perante tanta desautorização que têm sofrido e face aos espartilhos que lhes têm vindo a ser impostos, já estão totalmente desmoralizados e resolveram baixar os braços.
ResponderEliminarDe qualquer forma, tonibler, note que eu concordo que os professores sejam avaliados também, mas isso sem qualquer margem para dúvidas. Não concordo é com esta avaliação e com estes parâmetros.
Mas esta discussão é sobre os alunos e estes, meu caro amigo, precisam sem dúvida nenhuma de um valentissimo banho de barrela com sais de disciplina, precisam voltar a aprender como aprendiam antigamente, em muitos casos com os mesmos professores - esta senhora do affair telemovel tem 60 anos - e eram disciplinados.
Caro Zuricher,
ResponderEliminarConhece alguma profissão em que a idade sirva de desculpa para se ser mau profissional? Ou que o desempenho passado justifique o mau profissionalismo actual? E mesmo que conheça, consome esse serviço se puder escolher?
Eu não concordo com avaliação nenhuma de professores. Essa está feita, temos uma das piores educações do mundo. Eu concordo com avaliações de escolas, os professores que sejam as escolas a escolher entre aqueles que lhes garantam as melhores avaliações. Porque, honestamente, estou-me nas tintas para o melhor professor, aquilo que o contribuinte paga é o melhor aluno e é aí que a avaliação está feita.
Eu não falei nem em idade nem em desempenho passado para justificar mau desempenho presente.
ResponderEliminarFalei, outrossim, em enxovalhos continuos, desautorizações, sucessivos nós nas mãos a ata-las, sucessivos ataques aos conteúdos educativos e à disciplina e, por corolário, aos jovens que ela deveria formar e que, no limite, causam a total desmoralização dos professores como em várias outras profissões.
Nada tenho contra a avaliação das escolas e a sua autonomia para comporem o quadro de professores da maneira que mais lhes aprouver, em absoluto. Isso seria um óptimo passo. Desde que esteja garantida a qualidade do ensino, isso é o que me interessa. É-me indiferente que o gato seja preto ou branco desde que cace ratos.
Mas, note o que eu disse: qualidade do ensino e esta é aferida por aquilo que os jovens aprendem efectivamente. Não por quantos passam de ano e chegam ao 12º ano.
Tonibler:
ResponderEliminarClaro que a professora não devia ter autorizado ouvir música na sala de aula. Mas compreendo-a. Vejo isso como um baixar dos braços face à impotência de controlar uma turma. Se isso significar que é menos um aluno a incomodar.
E julga que é caso único este baixar a fasquia da exigência? Conheço professores universitários que me dizem que o grau de exigência que pedem aos seus alunos não tem nada que ver com o que existia há 20 anos atrás. E porquê? Se fosse o mesmo não passavam quase ninguém dado o nível de conhecimentos com que os alunos hoje acedem ao superior.
Será que também se sente roubado? Afinal os seus impostos estão a pagar má ou pelo menos, deficiente, formação superior.
Caro Rom_8,
ResponderEliminarNão há notícia que, para além de ter baixado os braços, a professora tenha também baixado as mãos para deixar de ser paga por aquilo que decidiu que não consegue fazer.