Um dos principais problemas de saúde pública dos nossos dias tem a ver com a obesidade e a diabetes. A situação agrava-se de ano para ano estando na base de muitas mortes e incapacidades, grande parte delas prematuras. Portugal não foge à regra, ocupando posição de destaque dentro dos países mais pançudos! De um modo geral as artérias são as principais vítimas, acabando por se entupirem. Claro está que, quando entopem em certas zonas do corpo e o “canalizador” não chega a tempo, zás! Menos um! Outras vezes ficam com sequelas e limitações muito importantes. Neste último caso, os custos para a sociedade é muito elevado, tal como é também muito dispendioso compensar e acompanhar os portadores dos ditos factores de risco cardiovascular.
Hoje, através da simples medição do perímetro abdominal, é fácil prever o que poderá acontecer no futuro. Os homens que apresentarem perímetros abdominais superiores a 94 cm e as mulheres com mais de 80 cm correm riscos elevados de virem a sofrer mais diabetes, hipertensão, alterações do colesterol e, consequentemente, complicações cardiovasculares. Mas se o perímetro for superior a 102 e 88 cm nos homens e mulheres, respectivamente, o risco, então, é muito elevado. Ora, em Portugal, a percentagem de homens, mas sobretudo mulheres, a ultrapassarem os respectivos limites é verdadeiramente assustador.
Por esse mundo fora a preocupação em reduzir a pancinha é uma constante, mas não é fácil devido a vários factores, nomeadamente de ordem cultural. Mas o que interessa para o caso é o facto do comportamento assumido pelo governo japonês - sim, porque no Japão, também há barrigudos-, face a esta situação. O governo nipónico vai obrigar as empresas a medir o perímetro abdominal dos funcionários com mais de quarenta anos! Esta ordem vai entrar em vigor no próximo mês de Abril e as empresas deverão cortar em 10% o número de funcionários acima dos padrões estabelecidos (que são mais baixos do que os nossos) até 2012. Se não o fizerem terão de aumentar a contribuição para a previdência dos funcionários em 10%. Tudo isto, porque estão a ficar muito atrapalhados com as despesas em termos de seguro-doença.
Bonito! Se a moda pegar, para as nossas bandas, já estou a ver o dono da fabriqueta, o empresário de sucesso, o presidente de um banco, ou o director da minha faculdade, de fita métrica em punho, a medirem as barriguinhas à entrada acompanhado de algum comentário meio parvo, a dizer que assim não pode ser, a barriguinha está muito grande, dá prejuízo, o país não vai a lado nenhum, et cetera, et cetera. Quem sabe se não aparecerá na A.R. algum projecto-lei de algum deputado, particularmente preocupado com matérias de saúde pública, a propor alterações ao Código do Trabalho, permitindo o despedimento, “por justa causa”, aumentar o escalão do IRS e das taxas moderadoras dos barrigudos, só para falar de algumas idiotices tão apetecíveis para quem quer aumentar as receitas e diminuir as despesas, sempre na base de que é para o bem das pessoas.
Se quiserem explorar o filão da obesidade estejam à vontade, porque gordos e gordas não faltam por aí. Claro que tudo isto só faz sentido se os nossos governantes e deputados não ultrapassarem os limites abdominais de normalidade. Com base neste critério, alguns (e algumas!) terão que sair, ao passo que outros irão manter-se por muito tempo...
E tudo começou no tabaco, caro professor, com esses mesmos argumentos também...
ResponderEliminarCaro cmonteiro.
ResponderEliminarNão vale fazer confusões. No caso do tabaco existe o problema do fumo passivo que provoca prejuízos graves nos não fumadores. Que eu saiba ninguém "engorda" passivamente por estar ao lado dos que estão a comer!
Um abraço.
Mas o argumento em questão no seu post não é esse, caro Professor, e um dos principais argumentos contra o fumo é o mesmo que o contra os pezinhos de coentrada.
ResponderEliminarA questão do fumo passivo dá pano para mangas, estimado professor...
De repente está a passar-me pela cabeça a Avenida da Liberdade em hora de ponta!