Recordei-me hoje desta curiosa expressão, que ouvi pela primeira vez ao meu velho amigo e talentoso economista Miguel Beleza, quando li uma previsão que aponta para nova e acentuada descida das taxas de juro do Banco de Reserva Federal (FED) dos USA na sua reunião de amanhã.
Fala-se numa descida de 100 pontos-base, com a qual a principal taxa do FED baixará para 2,25%...com a inflação em 4,3%...
Quando nos encontramos em plena turbulência dos mercados financeiros, quando grandes bancos americanos começam a abrir brechas (“meltdown”) face à extraordinária perda de valor dos activos que negociaram, quando acabamos de viver mais um dia extremamente negativo nos mercados accionistas por todo o mundo, quando o US dólar atinge mínimos de há 15 anos – tudo por causa de um período demasiadamente longo de taxas de juro excessivamente baixas e das consequentes orgias de crédito a que esse período convidou – a resposta do FED é a continuação de uma descida dramática das taxas de juro...
Ou seja, na ausência de uma resposta mais consistente mas também mais dolorosa à indisfarçável crise, baixam-se as taxas sem qualquer outra preocupação que não seja a de os agentes económicos sentirem algum estímulo para continuar a contrair dívidas, a todo o custo, a fim de manter a economia a flutuar apesar dos múltiplos rombos que evidencia e que exigiriam reparação estrutural...
Parece-me vir perfeitamente a propósito a expressão “evite a ressaca...continue a beber!
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarPalmas para Trichet?
Não necessariamente, meu Caro, não necessariamente.
ResponderEliminarCreio aliás que Trichet deve ter já passado dos pesadelos para as cólicas agudas, o Homem já não sabe onde se meter...e daqui por 15dias pouco mais lá terá ele que se explicar de novo, numa sucessão de acrobacias verbais que o devem deixar arrasado ao final do dia...
Não esquecer que os nossos media mais laboriosos,há pouco mais de um mês davam como certa uma descida das taxas do BCE em Abril...a ver vamos...
“A gestão de risco nunca atingirá a perfeição e chegará sempre o momento onde fracassará e uma verdade incomodativa será posta a nú, provocando uma resposta inesperada e brutal”, escreve Greenspan.
ResponderEliminaraqui, Dr. TM:
http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1322843&idCanal=57
cumprimentos.
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarNão me parece que esta descida se destine à economia mas, apenas, aos cálculos. Boa parte dos activos dos bancos são empresas por via das carteiras de acções. É natural que o FED esteja preocupado em que a deterioração dos activos dos bancos se confine unicamente àquilo que é relevante economicamente e não à conjuntura resultante dessas perdas. Baixando a taxa de juro para níveis tão baixos vai fazer com que o valor dos dividendos previstos sejam mais elevados e, por isso, o valor das acções vai subir porque...sim.
Por outro lado, o facto das taxas descerem tão baixo vai fazer com que não existam depósitos proveitosos, o que mete o dinheiro na rua em consumo e investimento e, logo, as acções vão subir.
Em termos de crédito, os bancos não irão emprestar abaixo da inflacção.
Caro Dr. Tavares Moreira, ha-de convir que esta sequência de descidas das taxas de juro, apesar de entendíveis, ultrapassam de certo modo o espectável. Esperam-se ainda as consequências finais nas bolsas dos mercados asiáticos.
ResponderEliminarQuanto à frase emblemática proferida por Miguel Beleza... vamos ver se tanta bebida não vei deixar o Banco de Reserva Federal, afogado.
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ResponderEliminarNão será desnecessário baixar as taxas de juro? Não está ser uma medida à M. Pinho? Deitar a sujidade para baixo do tapete. A recessão mais tarde ou mais cedo terá de ser assumida. Um problema destes não se resolve com a enorme depreciação que o dóalr vem sofrendo. Penso que a solução passará pela reavaliação por parte do mercado, no que ao imobiliário diz respeito.
ResponderEliminarGreenspan deveria resguardar-se um pouco mais nesta ocasião. Ele foi um dos grandes culpados desta situação, ao ter uma taxa de juro muito baixa.
Sem prejuízo do brilhantismo do raciocínio - já habitual, de resto - permita-me que lhe diga, caro Tonibler, quanto me parece parcial ou redutora a sua análise.
ResponderEliminarCom efeito, reduzir tudo a uma tentativa de valorização dos activos financeiros/equity via dividendos que passam a comparar melhor com as taxas de juro dos activos/dívida é capaz de ser muito curto...
Parece-me claramente subjacente a esta política de (muito) agressiva descida dos juros uma vontade de manter o crédito à economia a flutuar, custe o que custar, esquecendo por ora quaisquer preocupações com os preços.
Repare na frouxíssima ou mesmo negativa reacção dos mercados às sucessivas baixas dos juros - que lhe parece?
Caro Bartolomeu,
Os mercados asiáticos estão em queda pronunciada há algum tempo - Shangai, Hong-Kong, Hanoi e Cª-, seguindo a regra geral.
O FED não se afogará mas provocará cheias em lugares já muito alagados, com certeza...
Caro André,
Já percebi que meu Amigo leu Alan Greespan...que lá vai lavando as suas mãos destes problemas como se nada tivesse a ver com eles...Ben Bernanke deve partir os dentes de raiva, ao ver seu ilustre antecessor limpar as mãos tão habilmente, sem poder morder-lhe pelo menos as pontas dos dedos...
Nòs sabiamos depois de muito tempo que ia acontecer,os sub-primes nâo foi nada mais que os expértos fizéram para irem buscar milhares de dolars.O deficite estava a ser monstruosamente enorme,o crédito tal como em Portugal està ficando irresponsàvel:com um défice de 5 mil milhôes de dolars,e uma guerra que nâo acaba instantaneamente,o pior està para vir,vamos ser apanhados tambem mas em menos medida,sò para tomar nota, uma banque que compra uma outra de quase a mesma talha ,é estranho a Morgans banque pertence em parte ao consòrtiomo DuPonte é longo mas podem procurar nas biografias dos mais ricos d'América e outros paises.É pena que uma quantidade enorme de Portugueses caia no vicio do crédito fàcil,sem olhar a consequencias futuras os que tem acçôes que tenham uma grande calma.Obrigado senhor Tavares Moreira
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