domingo, 2 de março de 2008

O desafio americano!...

Os Estados Unidos adjudicaram a um Consórcio europeu, a EADS (European Aeronautic Defense and Space), empresa que controla o fabricante aeronáutico Airbus, o segundo maior contrato militar de sempre, no valor de 23 mil milhões de euros. Trata-se da construção de 179 aviões de reabastecimento em voo, com base num modelo do Airbus 330.
A concorrente americana Boeing foi a grande derrotada, porque não conseguiu acompanhar a qualidade e o preço da proposta europeia.
Quer se queira ou não, os Estados Unidos continuam a dar lições, para mais num momento em que a sua economia experimenta algumas dificuldades. Podiam ter entregue o contrato à Boeing e não o fizeram. E não o fizeram porque, contrariamente aos europeus, onde o proteccionismo ainda continua bem arreigado nas mentes e nas políticas, os Estados Unidos sabem que uma indústria protegida estagna, porque não tem estímulos para maior produtividade e maior competitividade e para a inovação.
Uma indústria protegida é uma indústria falida.
Por cá, políticos, industriais e trabalhadores, em grande consonância, todos continuamos a implorar o apoio do Estado às nossas empresas. Todos pugnando por um capitalismo michuruca. Por isso, estamos onde estamos e como estamos!...

8 comentários:

  1. -Depois criticamos V. Putin e o seu capitalismo de estado, apenas estamos a meio caminho, falta percorrer outro tanto para chegarmos a ser uma verdadeira economia desenvolvida.

    ResponderEliminar
  2. Estas quesões de economia são os pilares de um desenvolvimento sustentado ou o fim de um país.

    ResponderEliminar
  3. Caro Dr. Pinho Cardão,
    Detesto persistir nas minhas opiniões, sobretudo depois de perceber que não colhem a concordância dos demais. Porem o assunto deste seu post, leva-me a reflectir sobre a eventualidade de nos estarmos a aproximar de um conflito armado de grande envergadura e em grande escala.
    Apesar de o caro Dr. Tavares Moreira, considerar que viajo pelas nuvens, a propósito do comentário que coloquei no seu post "Taxas de juro: BCE poderá não baixar...", gostaria, a proposito do presente post, colocar uma questão, para a qual evidentemente, possuirão V. Exªs. uma resposta muito mais acertada que eu: Para que raio quererão os americanos, 179 aviões de reabastecimento em voo? E porquê de tão grande capacidade como o Airbus? Se pensarmos que estes aviões estratégicamente colocados no ar, com todo o potêncial de abastecimento que possuem, possibilitarão raides aereos que colocarão vários esquadrões de aviões de guerra simultâneamente em variados ponto do globo...
    Bom, mas para que não me acusem de negativista, vou fingir que acredito na hipotese de os mesmos aviões poderem ser tambem utilizados para o transporte de água para aqueles países acoçados pela seca, onde as populações são dizimadas devido à falta de àgua.

    ResponderEliminar
  4. Caro Bartolomeu:
    Como bem compreendeu, o meu propósito não era discutir a finalidade dos aviões, mas a decisão de entregar o contrato de fabrico a uma entidade não americana,que terá apresentado condições mais competitivas, em preço e qualidade, do que uma empresa americana.
    Quanto à finalidade dos ditos, a finalidade próxima, dizem os americanos, é substitur os actuais, que estarão obsoletos. Para quê? Diz o Bartolomeu para uma guerra.
    Por mim, sou mais optimista, e lembro-me sempre do provérbio latino: "si vis pacem, para bellum", isto é, se queres a paz, prepara a guerra...Como curiosidade, refiro que há anos o nosso exército, e muitos outros, usavam as espingardas ou pistolas, não sei bem, "parabellum", designação que provém da junção das palavras latinas "para" e "bellum", prepara a guerra...
    Se vem aí uma guerra, em território europeu? A humanidade andou sempre em guerra.A última Grande guerra, que atingiu os europeus, resultou em milhões de mortos, economias destruídas,fome, miséria. Foi uma indignidade para os homens. A paz obtida nestes 60 anos no território europeu tem muito a ver com a memória que perdura da miséria, das mortes e das dificuldades sofridas. À medida que deixe de haver essa memória, pela passagem das gerações, a possibilidade de guerra acentua-se. E quanto mais tempo passar, maior será a probabilidade. Porque a natureza do homem não mudou.
    Apesar de tudo, o avanço dos sistemas democráticos, que vigiam os líderes, é um entrave decisivo a decisões levianas e mal pensadas. Decisivo, mas nem sempre actuante, como por vezes vemos.Mas um entrave, apesar de tudo...

    ResponderEliminar
  5. Caro Pinho Cardão,

    Tratando-se do complexo militar-industrial americano, esta não preferência pela Boeing (logo a Boeing, que é quem manda nos EUA há mais de 50 anos, juntamente com a GE e mais duas ou três companhias!) foi uma mera excepção, explicável por razões que não as que deu, de certeza, mas por outras que nunca se saberá.

    Eu não estaria assim tão confiante no não proteccionismo americano. Até porque eles são proteccionistas, em várias áreas da economia, como saberá decerto melhor que eu.

    ResponderEliminar
  6. Caro CMonteiro:
    Claro que também há proteccionismo na economia americana. Mas em nenhuma outra parte do mundo a concorrência é levada tão a sério e as virtudes da economia de mercado se comprovam. É por isso que a economia americana,salvo raras excepções, aparece permanentemente à frente de todas as outras, seja a nível de crescimento ou de emprego,para não falar de outros indicadores.
    Tal acontece, porque as empresas se habituaram a viver em competição interna e externa, inovam, criam produtos, colocam-nos no mercado. Os EUA constituem uma enorme economia aberta. Isto tem que ser reconhecido.
    Por isso, a adjudicação do contrato à EADS nada tem de estranho, face aos princípios liberais da economia americana. embora reacções proteccionistas logo se tenham também feito sentir.
    Perante a situação, a Boeing não vai ficar de braços cruzados e vai analisar bem as razões internas que levaram à perda do concurso. E provavelmente irá obter melhorias na aviação civil, aumentando aí as encomendas, em detrimento da Airbus. Por outro lado, sabe-se que a EADS, directa ou indirectamente, é apoiada por fundos públicos europeus. A suprema ironia até pode estar no facto de os europeus estarem a subsidiar a renovação do equipamento de guerra americano, através dos fundos públicos que injectam na EADS. Ou seja, os americanos a beneficiarem do proteccionismo europeu!...
    Como vê, virtudes do proteccionismo...

    ResponderEliminar
  7. Caro Drº Pinho Cardão.
    Sem pretender contrariá-lo "muito" (não sou expert na matéria), tenho alguma dificulade em reconhecer que o fabrico destes aviões de abastecimento foi entregue assim, sem mais nem menos, a um consórcio europeu, em detrimento das empresas americanas! Será que as empresas que sustentam as grandes máquinas políticas que elegem os governos, deixaram ir assim um negócio de milhões porta-fora? Humm!... Não farão parte do consórcio europeu, ora em apreço, algumas empresas filiadas das americanas?
    Bem sei que a economia americana assenta em pilares de livre iniciativa portanto, pouco proteccionista, mas daí a prejudicarem-se a si próprios...
    É que não estamos a falar de peanuts, mesmo para uma economia à escala da América!

    ResponderEliminar
  8. Anónimo14:53

    Bem, na realidade quem ganhou o contracto foi uma empresa americana, a Northrop Grumman que concorreu apresentando um modelo de tanker baseado na plataforma A330. A EADS/Airbus é um sub-empreiteiro que fornece a airframe, não me recordo agora de como se chama em Português, mas basicamente a estrutura do aparelho e os seus equipamentos. Depois, os motores são americanos, o kit de tanker é americano, etc, etc.

    É certo que foi uma vitória para a Airbus, sem dúvida, mas há que distinguir que o equipamento não é integralmente europeu e nem sequer a Airbus se apresentou a concurso directamente.

    A concorrencia da Boeing era muito fraca.

    ResponderEliminar